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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.26 no.79 São Paulo  2009

 

RESENHA

 

Psicopedagogia dos fantoches: jogo de imaginar, construir e narrar

 

 

Resenha: Janua Celi Rodrigues

Psicopedagoga e Professora de Didática da Alfabetização no curso de Psicopedagogia

Correspondência

 

 

Resenha do livro: Santos DP. Psicopedagogia dos fantoches: jogo de imaginar, construir e narrar. São Paulo:Vetor; 2006.

A paixão pelo mundo mágico dos fantoches acompanha Dilaina Paula dos Santos desde os anos de sua infância, em que expressava o gosto de manipular fantoches de bruxas, fadas e princesas, experimentando bem cedo o prazer de inventar histórias.

No livro Psicopedagogia dos fantoches: jogo de imaginar, construir e narrar, baseado na sua tese de mestrado, a psicopedagoga e arteterapeuta compartilha esta paixão com o leitor, quando nos convida a refletir sobre o processo de produção de narrativas em crianças, por meio do trabalho criativo com fantoches.

A autora trata, de forma singular, questões centrais da aprendizagem da linguagem escrita: a brincadeira simbólica e a construção estética na ampliação do repertório narrativo; a geração de idéias e a intervenção no processo de criação de narrativas.

No início do livro, faz uma radiografia do contexto de ensino da linguagem no Brasil e seus reflexos nas crianças e adolescentes. Diz ela: "esses meninos e meninas apresentam uma dificuldade significativa de expressão verbal, uma vez que não conseguem organizar adequadamente o pensamento e exprimi-lo por meio da linguagem oral e escrita".

Com esta inquietação Dilaina percorre a história das teorias de ensino que nortearam as escolas no decorrer do século XX até os dias atuais, propondo ao final uma concepção psicopedagógica, enfatizando a importância da subjetividade no ato de aprender: "conhecer algo está intrinsecamente relacionado aos desejos do sujeito". Para ela, é na brincadeira e na construção estética que a criança se percebe autora, significando sua ação.

Desta forma, munida de teóricos como Vygotsky, Dewey, Winnicott, Fernandez e outros, vai fundamentando de forma primorosa o poder do jogo na construção de narrativas, direcionando o leitor para o encontro principal: os fantoches. Relata, em seguida, passo-a-passo, sua preciosa pesquisa. Trabalhou com um grupo de crianças da 3ª série do ensino público, com idades entre 9 e 10 anos.

Dilaina dialoga o tempo todo com o imaginário das crianças, numa abordagem dialética e interacionista, em que a constituição da autoria se realiza no vai-e-vem das conversas, brincadeiras e apresentações.

O leitor há de sentir-se comovido com a sensibilidade que perpassa todos os encontros realizados com o grupo, desde a conversa sobre os fantoches, sua confecção, a escrita das histórias inventadas e a apresentação final, observando que a ação infantil de imaginar, construir e narrar é mesmo considerada um jogo, por meio da arte de ensinar e aprender.

 

 

Correspondência:
Janua Celi Rodrigues
Rua Dr. Miranda de Azevedo, nº 640 apt.44 - Pompéia
São Paulo, SP - CEP: 05027-000
E-mail: januacr@uol.com.br

Artigo recebido: 11/2/2009
Aprovado: 24/3/2009

 

 

Resenha realizada na Faculdade Mozarteum de São Paulo, SP.

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