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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.27 no.84 São Paulo  2010

 

RESENHA

 

Educação à distância

 

 

Resenha: Geraldina Porto Witter

Doutora em Ciências, Livre-docente em Psicologia Escolar; Professora Emérita da UFPa, do UNIPE e da UNICASTELO, Coordenadora Geral da Pós-Graduação Stricto Sensu da UNICASTELO e Membro da Academia Paulista de Psicologia

Resenha do livro: Moraes RC. Educação à distância e ensino superior: introdução didática a um tema polêmico. São Paulo: Editora Senac; 2010. 120p

Correspondência

 

 

O surgimento dos microcomputadores e da Internet ampliaram as possibilidades de atendimento a segmentos maiores da população. Ao mesmo tempo, o que pode representar uma ação de democratização do ensino, vista por alguns como meio de redução de custos, conforme cresceu a Educação à Distância (EaD), também aumentaram as polêmicas decorrentes de seu uso.

O livro aqui resenhado tem por foco o uso da EaD no Ensino Superior e as polêmicas que emergiram. Foi escrito por Reginaldo C. Moraes, docente da UNICAMP. Em nota da editora, há esclarecimento de que o livro está inserido no esforço da mesma para, nos moldes de outros países, contribuir com o empenho do SENAC na EaD.

A obra compreende Introdução, cinco capítulos e considerações a guisa de conclusão. Como apêndice, apresenta três modelos de EaD propostos em documentos da University of Maryland: Sala de aula distribuída, Aprendizado Independente e Ensino aberto e sala de aula.

Na Introdução, o autor enfoca o que educação, desenvolvimento e inovação apresentam em comum, que são conceitos subjacentes ao apresentado e discutido no livro. Contrasta o que em países carentes de desenvolvimento não se avançou ou seguiu caminho distinto dos países em que o ritmo do progresso foi mais avançado e, ao mesmo tempo, mais abrangente.

O primeiro capítulo é dedicado às definições de universidade, de ensino superior e de EaD. São feitas apresentações sucintas, mas claras, e ao mesmo tempo, subjacentes ficam as possibilidades de variação e flexibilidade.

No capítulo seguinte, o autor trata de alguns desenvolvimentos em EaD no exterior. É de interesse especial para justificar a necessidade desta forma de ensino-aprendizagem ao longo da vida, face ao curto prazo de validade do conhecimento na atualidade, decorrente do rápido evoluir das ciências e tecnologias. Entretanto, faz alerta sobre pontos de estrangulamentos possíveis. Tem por referência as universidades abertas.

O tema tem continuidade no capítulo 3, em que faz uma apresentação de algumas experiências internacionais de EaD, apresentando vantagens e limitações de várias propostas, áreas abrangidas e inovações, apresentadas de forma objetiva. É o capítulo mais volumoso, apresentando um panorama de realizações pertinentes e indicando aspectos a requererem a atenção dos estudiosos e pesquisadores da área, bem como, aos que definem políticas para a área.

No penúltimo capítulo, o autor retoma a consideração geral de que a EaD tem seguido quatro abordagens: histórico-descritiva, analítico-teórica, pragmático-normativa e apologético-promocional. Destaca-se a busca de elaboração de referenciais teóricos, o que implica em considerar uma concepção de aprendizagem, modelos de ensino e as características institucionais compatíveis com o que se pretende concretizar. Há, ainda, a considerar perspectivas diversas, a equipe, associações, redes e pólos presenciais.

O último capítulo é voltado para aspectos mais técnicos, concernentes à organização de cursos em EaD, levando em consideração os recursos disponíveis no que diz respeito às tecnologias e à gestão. Subjacente está a questão de custos com desenvolvimento, implantação, operação, manutenção e infraestrutura. Há na literatura várias sugestões para redução e/ou contenção de custos no que concerne ao corpo docente, tecnologia e tamanho da turma ou classe. De qualquer forma, a tendência é que o custo de um curso tenda a se manter estável, depois de algum tempo, a ficar progressivamente mais barato para o aluno. Quanto maior a turma, mais barato fica. Neste mesmo capítulo, o autor trata de problemas de organização.

O livro se fecha com o texto Algumas considerações a guisa de conclusão, apresentando a educação como uma cadeia de valor, sendo relevante, em sua opinião, a intervenção do setor, como: formação de quadros (professores, tutores, especialistas em mídia), apoio e estímulo para a produção de material instrucional básico, programas de estímulo e regulação, certificação, difusão dos cursos e avaliação. Fecha com algumas sugestões do que é possível fazer nas instituições convencionais dedicadas ao ensino superior, entre elas estão: criação de centros de EaD, estímulo aos docentes para uso de EaD, previsão de recursos e apoio técnico, integração de projetos, cuidado dos direitos autorais dos materiais produzidos, arquivamento eficiente do realizado, acesso a várias plataformas e criação de banco de cadastro do realizado e dos docentes envolvidos. São sugestões úteis para administração e preservação da história.

É um livro de leitura útil e agradável, que apresenta uma perspectiva geral, apontando pontos positivos e negativos. Viabiliza ao leitor tomar suas decisões com base em informações bem organizadas. Certamente, é um complemento apreciável para a introdução ou revisão da matéria que conta com farta bibliografia, conforme o leitor mais interessado poderá constatar nas bases bibliográficas.

 

 

Correspondência:
Geraldina Porto Witter
Av. Pedroso de Moraes, 144, apto 302
Pinheiros - São Paulo, SP, Brasil - CEP 05420-000
E- mail: gwitter@uol.com.br

Artigo recebido: 19/11/2010
Aprovado: 28/11/2010

 

 

Resenha realizada na Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO, São Paulo, SP, Brasil.

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