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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.29 no.88 São Paulo  2012

 

ANAIS
RESUMO DOS TRABALHOS - CATEGORIA ORAL

 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Proposta de construcão de protocolos psicopedagógicos na rede municipal de ensino de Campos do Jordão - SP: relato de experiência

Autor: Ademar Alves dos Santos


RESUMO

O trabalho apresenta, por meio de Relato de Experiência, a constituição da proposta de Atuação Psicopedagógica nas Escolas da Rede de Ensino da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Campos do Jordão - SP. O trabalho se originou do projeto de Atuação Psicopedagógica desenvolvido pela Equipe de Psicopedagogos, que objetivava sistematizar, a partir de 2009, os protocolos de Atendimento Psicopedagógico. Naquele momento, indagavam-se quais seriam as atribuições do psicopedagogo e seus recursos, atuante no Ensino Fundamental. Para tanto, constituiu-se a proposta, utilizando-se um referencial teórico em Psicopedagogia, respaldado, principalmente, pelos pressupostos piagetianos e de seus colaboradores. Tais pressupostos estão presentes, também, nos referenciais teóricos que fundamentam o Projeto Pedagógico da Secretaria de Educação, pois se acredita que possam contribuir para a compreensão do processo de construção de conhecimento das crianças. Percebeu-se que a proposta de atuação do trabalho psicopedagógico no Ensino Fundamental, na Rede Municipal de Ensino, compreende que o atendimento está relacionado, principalmente, à aplicação de Protocolos Específicos e à formação continuada do professor, ou seja, intenta desenvolver um trabalho psicopedagógico preventivo, essencialmente. Entende-se que o trabalho do psicopedagogo escolar requer um constante pensar sobre o seu fazer, o que demanda frequentes diálogos com a equipe escolar. O Atendimento Psicopedagógico busca, principalmente, encontrar alternativas de ação que viabilizam a esse profissional e ao professor do Ensino Fundamental uma constante reflexão em torno da atuação docente, a fim de que se encontrem caminhos prováveis para se chegar à finalidade proposta: a de promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: TDAH: contribuições das técnicas corporais na clínica psicopedagógica

Autor: Alcione Marques


RESUMO

Este trabalho pretende abordar as principais intervenções psicopedagógicas para os problemas de aprendizagem em indivíduos portadores de TDAH, dando ênfase aos benefícios do uso de técnicas corporais nos atendimentos da clínica psicopedagógica, mais especificamente eutonia e relaxamento, a partir de pesquisa bibliográfica. Faz uma relação entre o movimento e a construção do psiquismo, assim como sua relação com a atenção. Apresenta e define a eutonia e algumas técnicas de relaxamento e seus efeitos benéficos sobre o controle motor e a atenção. Busca demonstrar que a aprendizagem se dá por meio do corpo, que o indivíduo com TDAH é um ser integrado em seus múltiplos aspectos e que os problemas de aprendizagem são processos complexos de muitas causas, sendo que para superá-los as intervenções psicopedagógicas deverão considerar o indivíduo em sua complexidade.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: A influência de fatores externos na aprendizagem: um caso de bullying

Autor: Ana Maria Rien Perez


RESUMO

Segundo Vigotski, o homem, sendo um ser essencialmente social e historicamente constituído nas relações com o outro, em atividades práticas comuns, intermediadas pela linguagem, se constitui e se desenvolve enquanto sujeito, internalizando a cultura local, seu modo de pensar, agir, enfim, relacionar-se com os outros e consigo mesmo. A escola, como formadora de sentidos para os alunos, sente-se responsável pela formação de cidadãos que, ao fazerem parte da sociedade, contribuam significativamente para a mesma e, para tanto, provê práticas voltadas para o desenvolvimento de todo o seu potencial, buscando incentivar nos alunos a autonomia e a busca do conhecimento. Porém, existem barreiras que impedem o total desenvolvimento do aprendiz, caracterizando os problemas de aprendizagem. Considerando os problemas de aprendizagem como aqueles que se superpõem ao baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar suas potencialidades. Apresentamos o processo de aprendizagem humana, na fala de Bossa, como um procedimento que pode seguir padrões normais ou patológicos, e que recebe influências de várias instâncias, tais como da família, da escola e da sociedade. Isto significa levar em conta as questões internas e externas da vida do indivíduo envolvido na aprendizagem. Segundo Fernández, o problema de aprendizagem, obedece fundamentalmente a duas grandes ordens de estruturas causais, que são os fatores situados no sujeito que aprende e seu grupo familiar ou na instituição socioeducativa e seu entorno social. Prosseguindo nessa questão, apresento aqui um estudo de caso de um aluno do ensino fundamental II, de uma escola particular, no interior de São Paulo, que intrigava-nos por seu baixo rendimento escolar, mesmo gozando de boa saúde física e mental e tendo ambos os pais com nível educacional superior. O aluno apresentava bom potencial cognitivo, ficando claro que fatores alheios a ele estavam interferindo em sua aprendizagem. Com isto, tenho como objetivo, neste relato de experiência, avaliar as repercussões das influências do meio no fator aprendizagem. Procuro chamar a atenção dessa influência na própria instituição socioeducativa e como poderemos, como instituição educacional, intervir nessa situação. Identificado o problema, formamos uma equipe interdisciplinar que se propôs a observar e entender as vivências e os relacionamentos do aluno. Essa observação e busca de entendimento abrangeu questões nos níveis individuais, como saúde, processos psicológicos, emocionais e acadêmicos, bem como as questões voltadas para o relacionamento com seu grupo de pares e com seus familiares. A equipe composta de uma psicopedagoga, uma orientadora educacional, uma coordenadora pedagógica, o pessoal do núcleo operacional (zeladoras, pessoal da cantina, monitores), o coordenador de disciplina e da diretora da escola, realizou, após as devidas observações e entrevistas com colegas de classe do aluno e com os pais e professores, uma reflexão inicial sobre quais fatores estariam interferindo nas questões de aprendizagem do aluno. Ao analisar todos os relatos coletados, concluímos que esse aluno estava sofrendo bullying dos colegas. Elucidado o problema, buscamos realizar uma intervenção junto aos colegas, à família e ao próprio aluno, com proposta de atendimento individual e psicológico para o aluno e seus pais, bem como conscientização dos colegas quanto ao bullying. A compreensão das condições em que se dá o processo de aprendizagem nos permitirá uma reflexão crítica mais atenta à pluralidade de sentidos, proporcionando condições da escola desenvolver práticas mais abrangentes em todas as dimensões educacionais.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Teste de Trilhas para pré-escolares e a avaliação da flexibilidade cognitiva em crianças

Autor: Ana Paula Prust Pereira

Coautores: Alessandra Gotuzo Seabra, Bruna Tonietti Trevisan, Natália Martins Dias


RESUMO

Na primeira infância, programas educacionais que efetivamente unam envolvimento emocional e motivacional com atividades destinadas a promover o desenvolvimento das funções executivas podem ser eficazes para o sucesso escolar. A prevenção e o tratamento dos distúrbios do desenvolvimento requerem a compreensão da função cognitiva normal e além, a existência de testes que possibilitem avaliar essas habilidades em idades precoces. O presente estudo possibilitou a análise do desenvolvimento cognitivo em crianças com desenvolvimento típico por meio da investigação de seu desempenho em uma tarefa de flexibilidade cognitiva em indivíduos de 4 a 6 anos de idade. Participaram 85 crianças de uma escola municipal de Educação Infantil da Grande SP, avaliadas no Teste de Trilhas para pré-escolares. Os resultados revelaram tendência a progressão no curso desenvolvimental da flexibilidade cognitiva. Assim sendo, os dados encontrados nesta pesquisa permitiram contribuir para a identificação do desenvolvimento da flexibilidade com a progressão da idade, dos 4 até os 6 anos de idade, e da série escolar, corroborando estudos acerca do desenvolvimento dessa habilidade mesmo em faixa etária bastante precoce.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: O ensino e uso da análise funcional na formação do psicopedagogo: uma experiência na Faculdade Ideal

Autor: Ana Sylvia Colino


RESUMO

Segundo os autores, análise funcional pode ser definida como o processo de compreender comportamentos complexos, identificando suas contingências. A contingência comportamental básica implica no reconhecimento dos antecedentes, resposta e consequentes, considerando pelo menos três histórias: filogenética, ontogenética e cultural. Segundo autor, a psicopedagogia é a área do conhecimento que se dedica exclusivamente ao estudo do processo de aprendizagem e como os diversos elementos envolvidos nesse processo podem facilitar ou prejudicar o seu desenvolvimento. Objetivou-se verificar a viabilidade do ensino e uso da análise funcional pelo profissional psicopedagogo como recurso na compreensão do processo de aprendizagem de um cliente atendido durante o estágio supervisionado do curso de especialização em Psicopedagogia na Faculdade Ideal. No período de três meses, o aluno dedicava, por semana, uma hora para atendimento do cliente e ou família e duas noites de supervisão presencial e em grupo. Após cada sessão, o terapeuta transcrevia o diálogo, preenchia uma tabela separando dados sobre a história prévia, atual, comportamentos saudáveis e problemas, consequências, hipóteses e planejamento para a próxima sessão. Na supervisão, o grupo e o supervisor ouviam a transcrição, preenchiam a tabela e discutiam possíveis divergências. Cada estagiário relatava como se sentiu atendendo e ou observando a sessão, pontuava aspectos positivos e a melhorar e refletia a respeito da problemática apresentada naquela sessão e os instrumentos que poderiam auxiliar na avaliação de áreas específicas. Tal procedimento mostrou-se eficaz, pois os resultados apontam que a análise funcional traz o esclarecimento das contingências que contribuíram para a construção da demanda de aprendizagem e quais podem estar mantendo certos comportamentos problemas. Mesmo sendo uma ferramenta da análise do comportamento, percebeu-se que pode ser aprendida e usada por profissionais de outras abordagens ou áreas de formação. Exemplificou-se com trechos de sessão a análise construída por psicopedagogos oriundos da educação. Na defesa da monografia sobre o caso atendido, os alunos demonstraram segurança e desenvoltura, descrevendo o processo de avaliação psicopedagógica e comprovando que o ensino e uso da análise funcional se configuram como alternativa de ferramenta teórica adequada.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Desempenho de estratégias realizadas em tarefas de compreensão leitora em crianças com dislexia do desenvolvimento

Autor: Andréa Carla Machado

Coautor: Simone Aparecida Capellini


RESUMO

A compreensão da leitura depende da ativação de relevantes conhecimentos que estão fortemente relacionados com habilidades linguísticas, habilidades de memória, capacidade de realizar inferências e da experiência do indivíduo, os quais são defasados em indivíduos com dislexia do desenvolvimento. O objetivo deste estudo é caracterizar do desempenho na leitura de textos por crianças com dislexia do desenvolvimento. Participaram deste estudo seis crianças com dislexia do desenvolvimento, de ambos os gêneros, de 3º ao 7º ano, de escolas públicas de uma cidade do interior do Estado de São Paulo, com idades de 8 a 13 anos em tarefas de compreensão de leitura: textos de perguntas e respostas e reconto de histórias. Os dados foram coletados no CEES - Centro de Estudos de Educação e Saúde da UNESP - campus de Marília, SP, onde os participantes foram diagnosticados por uma equipe interdisciplinar. O diagnóstico de dislexia do desenvolvimento dessas crianças foi realizado por equipe ao apresentarem, durante a avaliação multidisciplinar, dificuldades significativas na aquisição da leitura, escrita, compreensão, apresentando, dessa forma, desempenho substancialmente abaixo do esperado para a idade e escolaridade. Os resultados foram analisados de forma descritiva, os quais evidenciaram que as crianças com dislexia do desenvolvimento apresentaram alterações em relação a reconhecimento de palavras, tipo de abordagem da palavra, previsão linguística, velocidade, entonação ocasionando dificuldades globais na compreensão devido à defasagem na memória que parece estar intervindo no entendimento, impedindo que as informações se processem, comprometendo também as inferências, reduzindo a habilidade de compreensão. Crianças com queixas escolares devem ter a oportunidade de participar de avaliações específicas referentes às tarefas de leitura de textos, pois investigações futuras com amostras maiores podem ajudar a desenhar uma visão mais completa na compreensão de textos para crianças com dislexia do desenvolvimento.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: A função visual e aprendizagem: o que o psicopedagogo deve saber

Autor: Beatriz Picolo Gimenes

Coautores: Marcia C. Bestilleiro Lopes, Célia R. Nakanami


RESUMO

Pesquisas sobre problemas de aprendizagem em crianças com dificuldades visuais têm sido escassas. Talvez uma das causas esteja relacionada ao fato que o psicopedagogo teve a sua graduação não na área de saúde, daí, a relevância de sua pós-graduação promovê-lo a um agente facilitador do saber, bem como a um conhecedor de como esse processo acontece no organismo humano. Ampliar e aprofundar a formação do psicopedagogo sobre o desenvolvimento visual humano, atualizar seu conhecimento sobre as pesquisas em relação à funcionalidade visual, baixa visão e a aprendizagem para melhor habilitá-lo no trabalho em equipe multiprofissional da saúde. Levantamos as publicações da revista da ABPp (online), periódicos da MedLine e afins sobre dificuldade visual em crianças, encontrando somente 11 publicações brasileiras. Dentre essas, uma aborda sobre bebês; dos demais estudos com crianças, dois abordam a atuação do professor e dois relatam o envolvimento da criança com a família. Finalizamos com as etapas de desenvolvimento funcional visual e sua eficiência. Com bebês de 0 a 4 meses, houve protocolo avaliativo sobre os riscos das deficiências visuais e auditivas; crianças maiores, tivemos a identificação e análise das principais causas de prevenção e tratáveis de cegueira e baixa visão infantil, sendo a retinopatia da prematuridade ROP e glaucoma maiores causas; houve o estudo comparativo avaliativo da visão funcional em criança BV, 2 a 6 anos, com protocolo discriminativo, conclui que carece de novos estudos; com escolares, houve avaliação educacional com o teste IAR - Instr. Avaliação Repert. Bás. Alfabetiz adaptada ao Braille, em 3 crianças, 8 anos, com cegueira por ROP ou catarata congênita, que apontou o IAR ser eficaz para avaliar os escolares cegos instruindo profissionais e familiares; na avaliação cognitiva psicométrica e assistida, de 12 crianças com BV moderada, entre 5 e 9 anos, com provas - Jogo de Perg de Busca para Crianças DefVisual (Children Analogical Thinking Modifiability - CATM) e uma psicométrica (Escala Maturidade Mental Columbia - EMMC), resultou baixa classificação na prova psicométrica, necessitando adequação do CATM para essa população; quanto à atuação docente, houve a pesquisa com 84 professores da rede de ensino, com 20 anos de magistério, concluiu que a maioria não teve formação para sanarem os desafios do aluno com visão subnormal do ensino fundamental; semelhantemente, no estudo com 50 professores, também com 20 anos de atuação, resultou apenas 36% aproximadamente que tiveram informação para lidar com esses alunos; nas pesquisas seguintes é destacada a importância do treinamento da criança com baixa visão, empregando os auxílios ópticos para atingir a capacitação educacional; e quanto ao envolvimento familiar, houve as contribuições do psicopedagogo orientando a respeito da aceitação e do auxílio no desenvolvimento do filho com deficiência visual e o estudo com 11 mães que relatam sobre o medo da cegueira diante do diagnóstico de baixa visão do filho, daí a necessidade de bem compreender a situação. Por fim, o estudo com o detalhamento do desenvolvimento da eficiência visual (0 a 6m; 8/10m; 1 a 7 anos), para viver e bem aprender, segundo escala da American Foundation for the Blind. Somente duas fontes foram encontradas na ABPp, as demais vieram de investigações pela Oftalmologia. Sugere-se a implantação de um programa de saúde ocular em todo o sistema público de ensino, visando desenvolver ações de prevenção da incapacidade visual, promoção e recuperação da saúde ocular, orientando os docentes para melhor atuarem. E entre os psicopedagogos, que haja mais trabalhos publicados sobre os segmentos escolares, principalmente com dificuldades visuais específicas, como catarata, glaucoma, albinismo, entre outros.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Elaboração de protocolo escolar para avaliação de alunos com deficiência intelectual

Autor: Camila Miccas

Coautor: Maria Eloisa Famá D'Antino


RESUMO

A inclusão de crianças com deficiência intelectual na escola regular é uma realidade no sistema educacional brasileiro, e o caminho para que esse processo ocorra de forma adequada ainda está sendo construído, razão pela qual são necessários investimentos em estudos e pesquisas que respaldem essa construção. Para que os professores atendam às necessidades de aprendizagem de crianças com deficiência é necessário que se realize uma avaliação pela qual se possa obter a maior quantidade possível de informações e, assim, atender às suas demandas educacionais. Assim sendo, o uso de instrumentos capazes de mensurar dados com objetividade pode contribuir grandemente para a elaboração de programas de intervenção que sejam eficazes. Assim, estabeleceram-se como objetivo geral desta pesquisa, que foi elaborada para a obtenção do título de Mestre, a elaboração e a verificação da aplicabilidade de um protocolo de avaliação de alunos com deficiência intelectual, matriculados no Ensino Fundamental I da rede regular de ensino de um município paulista. A elaboração do Protocolo fundamentou-se na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e privilegiou os aspectos de atividades e participação. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma das classificações organizadas e editadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que surgiu pela necessidade de abarcar questões que não eram contempladas pela Classificação Internacional de Doenças (CID). Para alcançar o objetivo da pesquisa estabeleceram-se as seguintes fases: 1) Elaboração Inicial do Protocolo com base na CIF; 2) Ajustamento do Protocolo, segundo orientações da banca de qualificação; 3) Avaliação do protocolo ajustado por três juízes pesquisadores; 4) Ajustamento do Protocolo segundo recomendações dos juízes especialistas; 5) Verificação da aplicabilidade do Protocolo em estudo piloto com professores de alunos com Síndrome de Down, matriculados na rede regular; 6) Análise dos resultados obtidos com a aplicação do protocolo, dados referentes à aplicação do protocolo e também de questionário respondido pelos professores para avaliação de aspectos de clareza e utilização do protocolo em ambiente escolar. A versão final do Protocolo de Avaliação de Escolares com Deficiência Intelectual é formado por: a) Breve introdução com informações sobre os seus objetivos e forma de preenchimento; b) Identificação do aluno; c) 52 itens sobre Atividades e Participação (elaborados a partir da CIF); d) Três classificadores para os itens 1 a 40, a saber: "Não", "Às vezes" e "Sim"; e) Três classificadores para os itens 51 a 52, a saber: "Não realiza", "Realiza com ajuda" e "Realiza independentemente"; f) Tabela de Pontuação Total. O Protocolo foi preenchido por 15 professores do Ensino Fundamental I da rede regular de ensino, que o fizeram em relação a 15 alunos com SD (grupo SD) e a 15 alunos com desenvolvimento típico, que serviram de controle (grupo GC) para o entendimento do impacto de cada item de avaliação. Na análise das respostas dadas pelos professores que aplicaram o Protocolo em estudo piloto, verificou-se que todos eles julgaram os itens do protocolo claros e de fácil entendimento, assim como acreditam que a utilização de um instrumento como o proposto é útil para o planejamento das intervenções pedagógicas. Conclui-se que um instrumento para uso na escola seria bem aceito e que sua utilização beneficiaria, além dos processos avaliativos, como já explicitado, também os processos de planejamento das intervenções educativas, uma vez que o protocolo mostra ao professor as necessidades educacionais do aluno, mesmo porque, a avaliação sem vistas ao planejamento das ações educativas e sem reavaliação é desprovida de sentido.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Processos identitários: a relação possível entre o orientador educacional e o psicopedagogo

Autor: carmenssmail@yahoo.com.br


RESUMO

A identidade profissional, essencial e imprescindível para atuação nas mais diversas áreas da ciência, ocorre por um processo de construção social, isto é por meio, de representações sociais. Esses processos implicam na busca de identidade que, por sua vez, vincula certa subjetivação do sujeito em cenários de prática profissional. O problema de pesquisa se instaurou a partir do questionamento sobre o qual repousa a atividade do orientador educacional e do psicopedagogo na instituição, portanto: como esses dois profissionais experenciam sua identidade e sua prática profissional na busca de um trabalho integrado. Teve por objetivo evidenciar a identidade e a importância do psicopedagogo e do orientador educacional no ambiente escolar; apresentar a trajetória histórica dos profissionais em questão; clarear os campos de atuação e a identidade do orientador educacional e do psicopedagogo; refletir sobre a necessidade de um trabalho integrado entre o psicopedagogo e o orientador educacional na escola. O método de pesquisa foi do tipo bibliográfico fundamentada em teóricos que discorrem sobre o assunto tais como: Gasparian (1997); Barbosa (2001); Grinspun (2006); Bossa (1994); Luck (2007), entre outros. Acrescenta-se que a pesquisa bibliográfica, neste trabalho, não se constituirá em uma mera repetição do que já foi escrito sobre o assunto, mas sim em uma possibilidade de debate com os autores escolhidos, o que, provavelmente, possibilitará novas conclusões. Para Grinspun (2006), "a Orientação, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito mais abrangente, no sentido de sua dimensão pedagógica. Possui caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade nas escolas [...]. Pensar a identidade do psicopedagogo e do orientador educacional, na contemporaneidade, requer um desprendimento no sentido de superar a ideia de que sejam profissionais dispensáveis na escola. Nesse sentido, há necessidade de uma reflexão por parte de todos os envolvidos no processo educacional, que lhes permita avançar em busca da definição das atribuições a partir do qual se possa ter mais claro o papel do psicopedagogo e do orientador educacional. Constatou-se que a psicopedagogia (Fagali e Vale, 1993) busca, a partir de uma visão transdisciplinar, a organização de um corpo teórico específico, no sentido de construir uma identidade. Cabe aos profissionais da psicopedagogia que atuam nas instituições (Gaspariam, 1997), um repensar, na busca da construção de um corpo teórico a partir do qual se possa definir sua identidade e sua atuação juntamente aos educandos. Uma vez definido o papel do orientador educacional, esse profissional assume a função de dar suporte aos professores na busca de uma ação educativa integrada na promoção dos aspectos cognitivos, afetivos, psicomotores dos educandos (Luck, 2007). Esses processos identitários devem ser acompanhados de investimentos em pesquisas e publicações, que são estratégias essenciais para que haja visibilidade na atuação desses profissionais e na concretização de suas identidades profissionais nas instituições em que atuam. A identidade profissional não pode ser pensada como algo pronto, determinado a priori, mas em permanente mudança, haja vista a natureza da atuação do psicopedagogo e do orientador educacional na instituição.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: A construção da práxis psicopedagógica clínica em um estudo de caso de TDAH

Autor: Carolina Alvim Scarabucci de Oliveira


RESUMO

Este trabalho possui como tema principal a construção da prática clínica psicopedagógica a partir de um estudo de caso baseado nas dificuldades de aprendizagem, e mais detalhadamente com base no TDAH - Transtorno de déficit de atenção. As dificuldades e os transtornos de aprendizagem são conceitos estudados com muita profundidade atualmente, devido aos inúmeros casos de crianças que se encontram dentro desses perfis. São várias as contribuições de pesquisadores, em caráter multiprofissional e disciplinar, no intuito de compreender a complexidade de suas características. Aprender, assimilar e externalizar o conhecimento é particular de cada indivíduo, o que faz com que cada dificuldade e cada transtorno se evidenciem de uma forma diferente de um para outro. Partindo desse ponto, buscou-se descrever os processos intrínsecos ao diagnóstico e à intervenção, assim como a postura multidisciplinar da práxis psicopedagógica clínica, a partir do atendimento a uma criança, do sexo masculino, inicialmente com 7 anos, que fora encaminhada pela escola (pública) para atendimento psicopedagógico clínico, sob a queixa de dificuldade de interpretação e leitura. O mesmo fora desenvolvido com base na Resolução nº 196, de 10 de Outubro de 1996, que preza pelos princípios éticos envolvendo pesquisa com seres humanos, resguardando, assim, os direitos e deveres ali estabelecidos. O período de atendimento foi de 05/10/2009 a 12/12/2010, totalizando 53 sessões psicopedagógicas, na cidade de Uberlândia/MG. Foi realizada avaliação, diagnóstico e intervenção psicopedagógica sob supervisão, e amparada teoricamente pelas orientações de vários trabalhos. No transcorrer dos atendimentos, foi obtido parecer de outros profissionais, que passaram a integrar uma equipe multidisciplinar para analisar em conjunto o caso. Após apreciação dos resultados das atividades propostas no período do diagnóstico, e dos autores que contribuíram para o embasamento bibliográfico teórico do tema, chegou-se à conclusão da criança apresentar TDAH combinado. Foram trabalhados, no contexto interventivo, as dificuldades apresentadas utilizando suas potencialidades e habilidades. Aqui mudar-se-ia o enfoque na forma do trabalho dentro da clínica, mantendo os fatores pedagógicos que eram necessários. O trabalho foi construído em conjunto à criança, à família e à escola, em um amplo contexto vivencial, considerando-se as questões cognitivas, sociais-afetivas e motoras. Observou-se melhora significativa, tanto pedagógica quanto comportamental, com a intervenção pedagógica e apoio escolar, mesmo antes do início de uma terapia medicamentosa, com maior desempenho após uso da medicação. Este estudo reforça a necessidade de um diagnóstico e intervenção adequados para garantir o processo de aprendizado de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Estudo exploratório sobre as estratégias de aprendizagem de estudantes do ensino fundamental

Autores: Carolina Corbacho Sanmartin e Kelly Cristine Zaneti dos Santos

Coautores: Silva LV; Neves ERC; Netto MORF; Santos KCZ


RESUMO

Considerando o surgimento contínuo de novos conhecimentos e o fato de a informação se propagar aceleradamente, exige-se da sociedade um desdobramento de seus métodos de aprendizagem (Pozo, 2002). Para embasar este estudo, escolheu-se seguir a linha do Cognitivismo, que acredita que o indivíduo é dotado de consciência, capaz de se tornar ativo frente à própria aprendizagem, que, de acordo com a Psicologia Cognitiva, ocorre por meio de um processamento da informação recebida. O fluxo da informação é explicado pela teoria do processamento da informação (Sternberg, 2008). A qualidade do processamento e a possibilidade de resgatar posteriormente a informação dependem do emprego eficaz das estratégias de aprendizagem (Boruchovitch, 1999; Costa, 2000; Pozo, 2002). A literatura reconhece a importância de pesquisas acerca desse tema, contudo, os estudos na área são recentes e o conhecimento existente é escasso (Lins, 2011). Diante dessa realidade, surge a seguinte problemática: quais são as estratégias de aprendizagem utilizadas por alunos do Ensino Fundamental? O objetivo geral da pesquisa é conhecer quais as estratégias que alunos do Ensino Fundamental utilizam. Na busca por este objetivo, pretendeu-se: a) rever a literatura da área; b) entrevistar alunos do Ensino Fundamental de escolas públicas; c) categorizar as respostas dos participantes e d) Analisar os dados coletados. Esta pesquisa se realizou com 36 alunos, sendo 24 do sexo feminino e 12 do sexo masculino, de duas escolas municipais localizadas no Interior do estado de São Paulo. Os participantes possuem idade entre 7 e 14 anos e são alunos do 3º ao 9º Ano do Ensino Fundamental. Os estudantes foram entrevistados individualmente, por meio de questões abertas, sobre as estratégias que utilizam para aprender os conteúdos escolares. Após a análise de conteúdo, surgiram 21 categorias de respostas: Perguntar ao professor, prestar atenção, leitura, pedir ajuda (mãe, irmãos, colegas, professor), fazer exercícios, refazer exercícios, controle de atenção, controle de ambiente, olhar exemplos do livro, elaborar questões, responder às próprias questões, releitura, fazer anotações, resumir, pesquisar, pedir para alguém "fazer" perguntas, participar da aula, fazer anotações do entendimento, empenhar esforços, pensar antes de fazer, verificar aprendizado. Os resultados da pesquisa indicam que os estudantes fazem maior uso de estratégias cognitivas de processamento superficiais, como as de ensaio e de elaboração. Em relação às estratégias metacognitivas, tanto as afetivas quanto as de monitoramento foram mencionadas pela maioria dos alunos. Constatou-se, também, que os alunos mais velhos utilizam, em geral, mais estratégias que os alunos mais novos, e que tais estratégias tendem a se tornar mais complexas à medida que acontece o progresso escolar. Todavia, os mais novos utilizam mais estratégias como a de "pedir ajuda", a qual, contudo, tende a diminuir conforme os alunos avançam na escolaridade. Os mais velhos, por sua vez, citam mais estratégias como "controlar a atenção e o ambiente". Os estudantes do sexo feminino utilizam mais estratégias de aprendizagem do que os de sexo masculino, confirmando o que se encontrou na literatura. Visto que estudantes, de forma geral, fazem maior uso de estratégias cognitivas de processamento superficial, percebe-se a importância de programas de intervenção junto aos alunos do Ensino Fundamental, a fim de contribuir para o aumento do repertório de estratégias de aprendizagem, assim como o seu uso adequado. Julgam-se necessários futuros estudos em relação a essa temática em escolas públicas e particulares de diferentes estados brasileiros.


 

 

Tema: Vida Adulta

Título: A importância da ressignificação do processo de aprendizagem dos pais para o processo de aprendizagem dos filhos

Autor: Carolina Ferreira Barros Klumpp


RESUMO

De um modo geral, segundo Chechia, a família pode ser considerada uma instituição com um espaço pelo qual os filhos atingem expectativas de papel, de valores e de atitudes sociais e educacionais por meio das relações interpessoais com os pais. A mesma autora ainda comenta que estudos recentes mostram que o apoio e a participação dos pais são formas importantes para melhorar o desempenho escolar do filho. Fernandez explica que determinadas modalidades patogênicas na aprendizagem correspondem-se afirmativamente com modalidades patogênicas de ensino nos pais. Por vezes, os pais não se dão conta da importância que exercem no aprendizado de seus filhos e que, as suas condutas servirão de modelo para os futuros estabelecimentos de vínculos afetivos do sujeito, sejam eles com o objeto de conhecimento ou com o ensinante. Pesquisa-intervenção: Este trabalho consiste em um recorte de uma pesquisa-intervenção realizada em 2011, que consistiu em uma intervenção psicopedagógica grupal com mães de pacientes portadores de dificuldades de aprendizagem, cujos filhos encontravam-se na fila de espera por atendimento na Clínica-Escola do UNIFIEO. Esta pesquisa teve como um dos objetivos principais proporcionar às mães participantes um espaço de ressignificação de seus processos de aprendizagem, a fim de que isso contribuísse positivamente na aprendizagem de seus filhos. Das mães participantes do grupo, apenas uma foi escolhida para ser citada neste trabalho. É importante ressaltar que este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição UNIFIEO. A coleta de dados nas sessões de intervenção constou de técnicas lúdicas, de atividades artísticas e da condução das dinâmicas espontâneas. Para analisar o material pertinente a esta pesquisa, foram realizadas análises estruturais gráficas e análises psicológicas das produções e das falas. A mãe R. tinha na ocasião da pesquisa 34 anos. Ela era operadora de caixa, vivia em Carapicuíba-SP, era analfabeta e tinha 3 filhos. A sua filha do meio, com faixa etária 8 anos, era a que estava apresentando dificuldades escolares. R. teve uma infância muito sofrida, pois ela morava no Nordeste com o pai e a madrasta, que sempre a maltratou. Quando fez 15 anos, seu pai faleceu e ela teve então que morar com a madrinha, que só a tratava como faxineira e escrava (palavras de R.). Nas suas produções e na sua fala, R. demonstrava sempre muita carência afetiva, e isso refletia-se constantemente em seu relacionamento com os filhos, pois ela sempre afirmava que seu maior problema era não conseguir ser uma mãe próxima e mais vinculada a eles. Com as sessões de intervenção psicopedagógicas R. pôde perceber o quanto esse fator era fundamental para uma melhora no aprendizado da filha e ela também pôde trazer para a consciência o quanto só estava reproduzindo a sua própria história com os filhos. Nas sessões finais, R. dizia que seu maior desejo era uma aproximação de sua mãe que sempre foi ausente na sua vida e que este sempre seria seu maior desafio. Na última sessão, foi questionado a R. a relação que ela via entre o processo terapêutico do qual ela participou e o aprendizado da filha e ela respondeu: "Acho que é isso, ficar mais perto da família". R. percebeu a importância de um vínculo melhor com a filha para que ela pudesse aprender. Segundo Andrade, é a família que vai prover a criança das questões materiais e emocionais, tanto dos aspectos objetivos quanto dos subjetivos. Dessa forma permitirá, através das trocas afetivas, o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo da criança. Foi através da ressignificação da sua própria aprendizagem que R. pôde compreender melhor os processos de ensino-aprendizagem da filha.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Diagnosticando um escolar: um estudo psicopedagógico

Autor: Cecília Cordeiro Burla de Aguiar Nicolau

Coautor: Luzia Alves Carvalho


RESUMO

O profissional psicopedagogo, ao atuar com o complexo mundo da aprendizagem infantil, precisa munir-se de conhecimentos múltiplos e diversificados, a fim de conseguir uma intervenção precisa, em vista da condução do sujeito ao sucesso. A psicopedagogia oferece o suporte teórico - prático necessário a esse empreendimento. Este estudo reporta à vida de um estudante trazido à clínica em função de queixa escolar. Analisa o caso em função dos fatos narrados pelo agente encaminhador e dos dados obtidos durante o trabalho investigativo, para identificar e conhecer as possíveis causas responsáveis pela paralisação desse processo ensino-aprendizagem. Percebe o sujeito como um todo, onde interagem os aspectos desiderativos, emocionais e relacionais necessários à aprendizagem. Este trabalho de pesquisa teve como finalidade primeira investigar os fatores externos e internos determinantes do processo de aprendizagem do escolar e encontrar a etiologia da(s) dificuldade(s) de aprendizagem apresentada(s). A pesquisa de abordagem qualitativa e caráter descritivo foi realizada por meio de consulta em clínica, técnicas de observação participante, entrevista semi-estruturada e aplicação de instrumentos de testagens como: Raven, TDE, Becasse, TML, CDI entre outros. Concluiu-se que a aprendizagem é pessoal e os mecanismos inerentes a ela são selecionados e relacionados com o meio ambiente. Infere-se, portanto, tratar de um adolescente com ambiente familiar alterado, onde cresceu e se desenvolveu à margem dos estímulos necessários ao desenvolvimento cognitivo. A imaturidade apresentada nos instrumentos de avaliação do desenvolvimento cognitivo demonstra que as dificuldades encontradas estão mais atreladas a uma possível incapacidade neurobiológica do que mera inadequação ao sistema escolar. Esse escolar desvelou-se um sujeito muito tímido e apático, com um nível cultural deficitário, especificamente no que tange ao vocabulário e conhecimentos gerais; uma inteligência pré-operatória com notória defasagem na linguagem e consciência fonológica, além de sintomas consideráveis de déficit de atenção, agravados por um provável quadro de estresse e depressão.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: A dimensão psicossocial na formação de professores das séries iniciais do ensino fundamental

Autor: Celeida Belchior Garcia Cintra Pinto


RESUMO

A formação inicial e continuada de professores tem sido alvo de debates na política educacional, em pesquisas e eventos científicos, abordando o tema sob o ângulo da competência docente, com ênfase na dimensão psicossocial, buscando refletir sobre as repercussões da formação acadêmica na atitude e na prática pedagógica de professores em processo de formação. O presente estudo aborda o tema sob o ângulo da competência docente, levando em conta a nova concepção de formação do professor como profissional reflexivo, intelectual crítico, investigador e mediador no processo ensino-aprendizagem, valorizando os processos interpessoais e interativos, sem perder de vista sua responsabilidade como membro ativo da organização pedagógica escolar. Fundamentou-se em uma pesquisa realizada junto a professores da rede pública, em formação, do curso de pedagogia, da Faculdade de Ciências da Educação e Saúde de um Centro Universitário de Brasília, DF. A análise centra-se em dados quantitativos e qualitativos da dimensão psicossocial da formação desses professores que concluíram o curso em 2007. Buscou-se analisar o sistema de formação de professores, utilizando-se de referenciais teóricos mais significativos publicados nos últimos anos, sobre a formação de educadores, buscando agrupar esses estudos em quatro perspectivas. A primeira, centrada na legislação vigente, buscou analisar a adequação da realidade aos instrumentos legais. A segunda categoria centrou-se na dimensão técnica do processo de formação de professores. A terceira categoria voltou-se para a dimensão humana, destacando a relação interpessoal presente no processo formativo, a comunicação e as condições em que se realizam as interações facilitadoras do processo de aprendizagem, numa abordagem humanista da psicologia, em que o processo de formação docente busca a aquisição de atitudes necessárias à valorização do ser humano. A quarta categoria é centrada no contexto socioeconômico e político em que se situa toda a prática de formação de educadores, por meio de uma prática transformadora que permeia todo o processo educativo. Com esses referenciais, foi possível perceber que competência evoca as ideias de formação e de desempenho. Os dados quantitativos e qualitativos são evidências de que, durante todo o curso, os professores vivenciaram uma dinâmica de construção da competência em suas diferentes dimensões. Porém, a satisfação, o otimismo e a consciência de suas conquistas, no âmbito da dimensão psicossocial, levam a sugerir que os cursos de formação de professores não podem prescindir dos aspectos humanos, que podem ser interpretados como o lado humano da formação profissional. Esses aspectos transcendem os da racionalidade técnica na construção da competência docente, como afirma Morin (2000). Verificaram-se, também, a importância das discussões em sala de aula para a construção do conhecimento e a formação profissional, bem como manifestações de satisfação, elevação da auto-estima, segurança, otimismo e outras, sinalizando que a formação de professores não deve prescindir desses aspectos transformadores do sujeito, uma vez que a dimensão psicossocial ou humana transcende a dimensão técnica na construção da competência docente.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: O processo de construção do conhecimento permeado pelas relações afetivo-cognitivas professor-aluno

Autor: Celeida Belchior Garcia Cintra Pinto


RESUMO

A presente pesquisa buscou analisar o processo de construção do conhecimento permeado pelas relações cognitivas e afetivas professor-aluno e suas consequências no sucesso do processo ensino-aprendizagem, por meio de um estudo de caso, envolvendo alunos e professores de três turmas de quinta série do Ensino Fundamental de uma Escola Particular de Brasília, em 2005. Teve como objetivo entender como se efetivam as interrelações no processo ensino-aprendizagem e desvendar o que está na base dessa atuação, na busca de meios para se adequar o processo de ensinar e aprender, a escola e o professor, à realidade de sua clientela, de forma a tornar-se possível o cumprimento dos objetivos da educação, garantindo, assim, o sucesso educacional. Objetivou-se apreender como a prática pedagógica se desenvolve, na transição da quarta para a quinta série, procurando analisar as características cognitivas e afetivas presentes na relação professor-aluno. A metodologia utilizada na investigação permitiu abordar o problema, com base na contribuição de professores e alunos, por meio de entrevistas, dinâmicas de grupo, observações e questionários semi-estruturados. Fundamentou-se no referencial teórico de Jean Piaget, Coll, Solé e outros, buscando entender as interrelações professor-aluno, permeadas pelos aspectos afetivos e cognitivos, no processo de aprendizagem e construção do conhecimento. Pela análise dos dados coletados junto aos gestores escolares, professores e alunos foi possível evidenciar que muitos problemas que nortearam a realização da pesquisa não eram alheios a eles. Não ignoravam as dificuldades de aprendizagem, a falta de motivação e o desinteresse de um número significativo de alunos, sentindo-se frustrados e, algumas vezes, impotentes diante das situações diagnosticadas. Pela percepção das interrelações afetivo-cognitivas entre professores e alunos, identificaram-se fatores que interferem na aprendizagem dos alunos de quinta série, constatando-se a diferença significativa em relação à quarta série, evidenciando-se a ruptura entre a primeira e a segunda fase do Ensino fundamental, na condução do processo de ensino e aprendizagem e nas intenções e crenças de muitos professores. A cada dia se valoriza mais o caráter construtivo do processo ensino-aprendizagem, priorizando um aluno capaz de selecionar, assimilar, processar e interpretar, conferindo significado à sua aprendizagem. Não se concebe mais a figura do professor e do aluno como simples transmissores e receptores de conhecimento. Valorizam-se os processos de interação professor-aluno, desencadeando e promovendo a aprendizagem. O processo de ensino implica a interação de três pólos: o aluno que busca aprender, o objeto do conhecimento e o professor que interage, buscando favorecer a aprendizagem, com base em propostas educacionais e modelos sociais e culturais vinculados ao contexto histórico, assim como nas motivações, interesses e expectativas dos elementos envolvidos. Concluímos, alertando para o fato de que as experiências afetivas e cognitivas de professores e alunos interferem no sucesso do processo ensino-aprendizagem. Apresentamos recomendações quanto às implicações da gestão escolar, dedicando atenção especial à orientação dos professores e demais elementos envolvidos no processo educacional, oportunizando sua formação e qualificação profissional, com vistas a favorecer o desenvolvimento harmonioso do educando e o sucesso do processo ensino-aprendizagem.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Avaliação e intervenção nas dificuldades de aprendizagem da matemática em alunos do 3º ano do Ensino Fundamental

Autor: Clarissa Seligman Golbert


RESUMO

Esta comunicação apresenta um estudo de avaliação e de intervenção nas dificuldades de aprendizagem da matemática (DAM) de alunos do ensino fundamental, desenvolvido, em 2010, com a finalidade de: verificar o desempenho matemático de alunos de 3º ano de duas escolas públicas do RS e compará-lo com o desenvolvimento linguístico; identificar os alunos com graves ou moderadas DAM; intervir psicopedagogicamente na aprendizagem de alunos. As dificuldades na aprendizagem da matemática são definidas como uma inabilidade severa em competências numéricas, que pode estar ligado a déficits na memória de trabalho, nos sistemas de linguagem ou nas habilidades visuoespaciais. A origem dos problemas pode ser encontrada em falhas nas competências numéricas básicas, no armazenamento e recuperação dos fatos básicos na memória de longo prazo e na dificuldade de representação visuoespacial da informação numérica. Vários estudos identificaram, também, as relações entre dificuldades na leitura e escrita e na matemática. Quarenta e dois alunos responderam ao Teste de Conhecimento Numérico (TCN). A média foi 29,85 (dp=3.04) e foram selecionados 14 alunos, entre 8 e 9 anos, que pontuaram abaixo da média, sendo quatro com graves dificuldades e os demais com dificuldades moderadas e cujos pais consentiram na intervenção. A linguagem destes 14 alunos foi avaliada através do Teste de Fluência Verbal, do Teste de Audibilização e do Teste de Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras. As intervenções - 19 sessões semanais de 60 minutos, em grupos de 3 ou 4 alunos - foram organizadas a partir das dificuldades identificadas na avaliação, ou seja, senso numérico, contagem e automatização dos fatos básicos aditivos. Os procedimentos incluíam ensino direto, utilização de materiais concretos e outros recursos visuais, comunicação verbal e incentivo à utilização de estratégias metacognitivas, prática continuada através de exemplos variados e sequenciais, e feedback imediato. Foram desenvolvidas atividades de identificação de quantidade, relação parte-todo, raciocínio numérico de aproximação e estimativa, contagens com e sem material concreto, atividades na reta numérica e estratégias de memorização dos fatos básicos aditivos. Ainda, incentivou-se o uso da verbalização da atividade matemática, oportunizando, aos alunos, o desenvolvimento de estratégias metacognitivas e auto-regulatórias. Todos os alunos atingiram resultados acima da média 29,85 no TCN. A comparação entre o pré-teste deste grupo (M= 26,64; DP= 2,44) e o pós-teste (M= 37,42; DP = 4,83) confirma o progresso alcançado. Seis alunos evidenciaram um conhecimento numérico muito avançado, 5 demonstraram um conhecimento numérico avançado e 3 alunos apresentaram um conhecimento numérico típico. Dos quatro alunos que apresentaram graves dificuldades no pré-teste do TCN, três, que contavam com bons recursos linguísticos, atingiram alta pontuação no pós-teste. O aluno AS, com graves dificuldades na matemática e na linguagem, atingiu um progresso menos significativo. O avanço mais expressivo foi constatado em alunos que apresentaram dificuldades moderadas, tanto na linguagem quanto na matemática. Os procedimentos de intervenção mostraram-se eficientes na solução das DAM. As habilidades desenvolvidas aumentaram a velocidade de processamento, reduziram as demandas feitas à memória de trabalho e permitiram mais compreensão e elaboração do raciocínio.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Um projeto de Psicopedagogia na terceira idade

Autor: Claudia Marques Cunha Silva


RESUMO

Este trabalho é realizado com os alunos do curso de extensão "Faculdade Aberta à Maturidade", que se destina às pessoas com mais de 45 anos que desejam atualizar seus conhecimentos, desenvolver atividades baseadas na convivência sadia e ainda reintegrar-se no convívio social. O projeto insere-se na filosofia da educação continuada e parte do princípio de que a educação não formal ocupa um importante lugar na sociedade brasileira atual. Tem como objetivos: promover um espaço de troca e partilha entre o grupo de participantes do projeto de extensão "Faculdade Aberta da Terceira Idade"; favorecer oportunidades para o aluno/ idoso reviver e refazer sua história de vida, pela compreensão de seu processo de aprendizagem; contribuir para levá-lo a uma forma mais feliz de olhar o mundo, congregando-o em torno de objetivos cognitivos, sociais e afetivos; estimular a autoestima, despertar a criatividade, aguçar o senso estático e a motricidade, trabalhando para realizar a plástica interior; auxiliar no processo de reinserção social de seus alunos, que através dos conhecimentos adquiridos e das atividades desenvolvidas poderão atuar na sua comunidade, com maior eficiência; despertar a crença de que a vida começa quando você desejar. O trabalho psicopedagógico foi proposto ao grupo na aula inicial do ano de 2012, partindo do seguinte questionamento: como manter o prazer de aprender na terceira idade, por meio de recordações das aprendizagens passadas, tornando-se autor de sua história. Visando trabalhar as aprendizagens no decorrer da vida, com as implicações decorrentes, pensando em propostas imediatas, de aplicação em curto prazo, capazes de trazerem benefícios concretos aos participantes. Desde o primeiro contato com os alunos percebe-se a dificuldade de expressarem suas aprendizagens e de se aceitarem como autores de suas escolhas. Inicialmente através de uma técnica projetiva: desenho da pessoa humana, realizado com o grupo, coletou-se informações e dados para a proposta. Segundo Weiss (2008), "através do projetivo é que se busca descobrir como o sujeito usa seus próprios recursos cognitivos a serviço da expressão de suas emoções, ante os estímulos apresentados pelo terapeuta." Propusemos ao grupo a confecção de um álbum no qual pudessem relatar sua vida, usando o recurso da escrita, desenhos, figuras e fotos. A atividade foi mediada pela psicopedagoga usando os critérios da E.A.M - experiência da aprendizagem mediada - propostos por Reuven Feuerstein. Nos início do trabalho, houve resistência por parte de alguns alunos, mas, por meio da mediação intencional, foi-se desenvolvendo a reciprocidade e interesse para o trabalho, que se tornou significativo. Cada sujeito foi trabalhado em sua singularidade - mediação da individuação - relatando para o grupo as atividades que gostava de realizar, o medo do aprender coisas novas, o medo do desconhecido, as coisas que ainda querem aprender, etc. Ao ouvir o relato do outro surgiam as interferências, trocas de experiências e o desejo de também querer participar. O registro de todo este trabalho é feito num caderno de desenho, que será exposto numa atividade festiva: tarde dos autógrafos. Desde o início da intervenção psicopedagógica, percebemos que os idosos passaram a compreender que podiam abrir-se para novas conquistas e aprendizagens. Fica evidente como a presença do psicopedagogo como mediador neste espaço para pensar, criar, registrar e reavaliar a vida, faz a diferença, intervindo, valorizando, incentivando e respeitando a história de cada um e permitindo que a autoria se apresente como personagem principal.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Projeto articulação: parceria entre a formação do psicopedagogo e a escola pública

Autor: Cristina Coronha Lima Vieira


RESUMO

A educação contemporânea impõe uma nova cartografia: rizomática, caracterizada pelo "complexus", pela multiplicidade. O desafio de hoje é o de pensar em termos de urgência planetária, planejando ações coletivas que articulem diversos saberes, aproximando quem ensina de quem aprende, quem planeja de quem executa, dando significação e circularidade à aprendizagem, numa iniciativa de responsabilidade social e exercício de verdadeira práxis. Cabe à universidade compreender seu novo papel social, provocando um movimento capaz de diminuir o hiato existente entre o que produz nos seus bancos universitários e a realidade / necessidade do mundo / da escola pública, estabelecendo um verdadeiro diálogo intercultural e solidário. O projeto Articulação "nasceu" dessa aspiração, no início de 2011, dentro da Universidade; conseguiu reunir futuros especialistas em Psicopedagogia e seus saberes múltiplos à realidade da escola pública, com seus múltiplos saberes, formando uma equipe de estagiários voluntários, que uma vez por semana se deslocam para escolas públicas do município de Juiz de Fora e de Argirita, no estado de Minas Gerais, para um trabalho clínico psicopedagógico de diagnóstico e de intervenção, individuais, dentro da escola, orientado para as dificuldades/transtornos da aprendizagem em relação à leitura e à escrita dos alunos do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Esta iniciativa, tal qual rizoma, vem produzindo conexões, novos mapas e "raízes", estendendo seu raio de alcance a outras escolas públicas, a muitos outros alunos e professores, todos interessados em fazer parte desse movimento relacional, de rede. Além disso, tem colaborado para a concretização do artigo 30 da Resolução CNE/CEB 7/2010, que orienta que os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a alfabetização e o letramento. A educação básica, destacando aqui as instituições públicas, tem apresentado resultados alarmantes, comprovados nas avaliações realizadas pelo MEC\INEP: crianças que concluem o 3º ano do Ensino Fundamental não aprenderam o que era esperado em relação à leitura e à escrita, são analfabetas ou analfabetas funcionais. Essa constatação inquietou gestores de algumas escolas públicas do estado de Minas Gerais, levando-os a implementarem o projeto Articulação em suas escolas, visando um trabalho psicopedagógico que favorecesse a readaptação pedagógica do sujeito, auxiliando na compreensão da modalidade de aprendizagem e na aquisição de conhecimentos. O exercício da escuta psicopedagógica tem contribuido para a percepção holística do fato educativo, a compreensão da escola, da família e do sujeito da aprendizagem, conduzindo a um planejamento responsável e efetivo. Essa iniciativa, de caráter curativo, tem gerado resultados crescentes e visíveis: dos 48 alunos assistidos no ano passado, 33 iniciaram o processo de alfabetização, apresentando uma evolução na fase da escrita ou no desenvolvimento, segundo Emilia Ferreiro e Piaget, respectivamente. Hoje somam 75 alunos atendidos e 16 "voluntários" do projeto. Um plano preventivo também foi elaborado envolvendo a capacitação do professor, através de palestras e reuniões para elevação e fortalecimento da autoestima, intercâmbio e estudo dos casos, bem como sugestão de práticas e estratégias docentes. O projeto Articulação conseguiu unir a psicopedagogia clínica e institucional num mesmo contexto, instrumentalizar alunos do referido curso para uma ação que, ao mesmo tempo cidadã, é efetiva em termos de competência técnica profissional, além de colaborar para a transformação da realidade escolar.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Refletindo sobre o cuidado de adolescentes na estratégia saúde da família: contribuições da psicopedagogia

Autor: Cristina Maria de Santana Soares

Coautores: Riksberg Leite Cabral; Aldisiane Sousa Costa; Manuela de Mendonça Figueiredo Coelho


RESUMO

A psicopedagogia institucional se constitui como uma área de estudo e atuação em organizações humanas que demandam intervenções no processo de aprendizagem dos colaboradores, a fim de contribuir para o alcance dos objetivos e cumprimento das metas institucionais, considerando os talentos e as motivações de cada trabalhador. Em Maracanaú/CE, município com predominância populacional juvenil e com indicadores de saúde que apontam para a necessidade de intervenções que contribuam para a qualidade de vida desse segmento, tem sido prioritária a expansão e consolidação das ações de cuidado à saúde de adolescentes e jovens através das equipes de Saúde da Família (eSF). Tal investida tem demandado intervenções junto aos trabalhadores da eSF, com um olhar atento e sensível às especificidades de cada território de atuação, suas potencialidades e fragilidades. O objetivo deste estudo é relatar as contribuições da psicopedagogia na experiência de supervisão e apoio institucional às eSF para o cuidado de adolescentes e jovens. A Gerência do Programa de Atenção à Saúde do Adolescente e do Jovem - PROSAJ, sob a condução de uma filósofa estudante de psicopedagogia, tem realizado desde o ano 2011 visitas de supervisão e apoio técnico às eSF, das quais participam médico, enfermeiro, dentista e agentes comunitários de saúde. Esses encontros foram programados como estratégia de diagnóstico situacional das ações realizadas pelas eSF no cuidado dos adolescentes, bem como para orientá-las quanto às diretrizes nacionais da política de saúde para este segmento e suas adequações na rede básica de saúde do município. Durante as visitas, foi expressiva a necessidade de explorar o componente educativo dessa intervenção, uma vez que os trabalhadores apresentavam percepções carregadas de preconceito sobre os adolescentes e, em algumas situações, sem motivação para empreender para tal investida. Diante disso, a supervisão redimensionou a postura do seu trabalho, estando mais atenta às demandas e necessidades dos trabalhadores durante as visitas, incluindo na programação leituras reflexivas acerca dos olhares sobre a adolescência bem como sobre a produção do cuidado desse segmento pelas eSF. Os trabalhadores das eSF responderam de forma positiva às adaptações na programação dos encontros, assumindo uma postura mais receptiva às supervisões e interagindo com maior disponibilidade para repensar suas atitudes e práticas no cuidado da saúde de adolescentes e jovens. O olhar mais sensível às demandas do grupo, uma breve leitura quanto ao seu estado de motivação para apreender orientações e implementá-las, aliada à introdução de elementos educativos no processo de trabalho da supervisão, foram fundamentais para prestar, de fato, apoio ao trabalho das eSF. A experiência evidenciou a contribuição da psicopedadogia para o fortalecimento da política de atenção à saúde dos adolescentes e jovens na Estratégia Saúde da Família.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Tecnologia educacional: a formação continuada empresarial frente às constantes inovações tecnológicas

Autor: Denise S. Levy


RESUMO

O presente trabalho aponta possibilidades do trabalho psicopedagógico na esfera empresarial junto às constantes inovações que permitem aliar tecnologia e educação. A formação continuada é um processo ininterrupto de aprendizagem que permite ao colaborador se atualizar frente às exigências do mercado corporativo. O treinamento presencial é, por vezes, economicamente inviável para empresas com postos de atendimento em todo o país. A educação à distância (EAD) possibilita a formação do maior número de colaboradores possível, otimizando o tempo e minimizando custos. O presente estudo foi baseado na experiência de diferentes cursos virtuais aplicados em grandes empresas, tais como bancos, supermercados e redes de lojas do varejo. Treinamentos corporativos exigem constante atualização. A EAD permite beneficiar a um só tempo um grande número de colaboradores que se encontram em regiões geograficamente distantes. A disponibilidade de banda larga e a acessibilidade de preço dos equipamentos incentivam o uso de novas tecnologias que trazem aportes operacionais e financeiros. Modernos conceitos educacionais e recursos tecnológicos de última geração possibilitam complexos programas de treinamento, com múltiplas interfaces de comunicação e sistemas de gerenciamento detalhados, que conferem qualidade ao curso e segurança para as empresas e seu efetivo. Soluções EAD envolvem análise, planejamento, aplicação e avaliação durante e após o treinamento, avaliando a apreensão do conhecimento e gerando dados para futuras referências instrucionais. No âmbito corporativo, o psicopedagogo pode analisar os diversos públicos, identificar práticas pedagógicas que potencializem o processo de aprendizagem, diversificar técnicas de ensino, compreender a relação de cada grupo com o aprendizado, promover ações eficazes que aproximem o colaborador do objeto do conhecimento. As boas práticas empresariais buscam participação integral do funcionário, trabalhando construção do conhecimento e aspectos relacionais. Por meio de cursos, jogos virtuais ou simuladores de sistema, a EAD oferece ferramentas diferenciadas, com estratégias inovadoras, oportunizando e potencializando a aprendizagem colaborativa e criando ambientes propícios a novos aprendizados. Novas ferramentas tecnológicas oferecem reais possibilidades de inclusão social e digital, permitindo um processo educacional de qualidade para colaboradores com deficiência. Uma solução EAD requer equipe multidisciplinar para desenvolvimento de conteúdo e material didático, equipe de produção e equipe tecnológica. Aliar formação empresarial e tecnologia implica um constante trabalho de pesquisa sobre possibilidades de acesso, analisando dados que podem balizar a eficácia da infraestrutura: número de computadores por empresa, proporção de funcionários que utilizam computadores, acesso remoto ao sistema, atividades realizadas por celular corporativo, velocidade média de download fornecida pelos provedores, políticas de restrição de acesso e outras informações relevantes, conforme a proposta do treinamento. Ainda, há que se considerarem aspectos legais, como no caso dos Programas de Aprendizagem, regidos por legislação específica. O treinamento empresarial contempla aprimoramento profissional, gestão do conhecimento e compartilhamento da informação. A intervenção psicopedagógica pode alavancar a formação continuada, valorizando o colaborador enquanto profissional e ser humano, promovendo ações que potencializem o aprendizado e otimizem o trabalho em equipe, levando a empresa a incorporar novos paradigmas educacionais e sociais para acompanhar, de forma humana e eficaz, as novas tendências mundiais em educação, gestão do conhecimento e formação pessoal.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Formação contínua de professores: sentidos e significados de aprendizagem em contexto colaborativo

Autor: Eliene Maria Viana de Figueirêdo Pierote


RESUMO

Este trabalho contempla discussão sobre a formação contínua de professores e foi desenvolvido no mestrado em Educação da Universidade Federal do Piauí, em uma pesquisa realizada com docentes que ministram a disciplina Língua Portuguesa no Ensino Médio do Instituto Dom Barreto, escola da rede particular de ensino de Teresina-PI. Na tentativa de compreender com maior profundidade o processo de aprendizagem escolar, fomos intensificando os estudos por meio da Psicopedagogia, área na qual atuamos há mais de doze anos e que tem por objeto de estudo a aprendizagem do ser humano, que na sua essência é social, emocional, cognitivo - o ser cognoscente, um sujeito que, para aprender, pensa, sente e age em atmosfera, que ao mesmo tempo é objetiva e subjetiva, individual e coletiva, de sensações e de conhecimentos, de ser e vir a ser, de não saber e de saber. Além disso, nas palavras de Portilho (2007), enquanto psicopedagogos, "[...] temos o compromisso de estudar o sujeito em todas as suas singularidades, a partir do seu contexto social e de todas as redes relacionais a que ele consegue pertencer". O objetivo geral que guiou este estudo foi investigar, de forma compartilhada e em contexto de colaboração, os sentidos e os significados que os professores do Ensino Médio atribuem à aprendizagem, para criar possibilidades de refletirem criticamente sobre a prática docente. De modo específico, procuramos identificar os sentidos e os significados de aprendizagem compartilhados pelos professores, compreender o movimento de reflexividade crítica sobre a prática docente, considerando os sentidos e significados de aprendizagem. A abordagem Sócio-Histórico-Cultural de Vigotski (2004, 2007, 2009) embasa o referencial teórico e metodológico desta pesquisa, classificada como colaborativa, porque negociamos responsabilidades na produção de conhecimento sobre os sentidos e significados de aprendizagem em contexto de reflexividade colaborativa. Considerando a natureza do objeto de estudo desta pesquisa, optamos em executar uma pesquisa colaborativa, que, de acordo com Ibiapina (2008), no âmbito da Educação, apresenta-se como coprodução de saberes, de formação, de reflexão e de desenvolvimento profissional, realizada interativamente por pesquisadores e professores com o objetivo de transformar determinada realidade educativa. Assim, para responder às questões suscitadas pela investigação, produzimos os dados a partir dos seguintes instrumentos: o questionário reflexivo, com questões abertas e fechadas; as sessões reflexivas, em que nos apoiamos em referencial teórico para as discussões e a videoformação, que consiste na filmagem da aula de um dos partícipes para discussão no grupo, com base nas ações da reflexão crítica proposta por Liberali (2008). No plano de análise dos dados, optamos pela análise do conteúdo do discurso, de acordo com Magalhães (2006), Orlandi (2005; 2009) e Bakhtin (1995). Essa técnica consiste em analisar o uso da língua, como produtora de sentidos e significados, e dos discursos, por seus efeitos múltiplos e variados, nos auxiliando a compreender as interlocuções que aparecem ao longo deste estudo. A análise destaca o processo de reflexividade colaborativo que resulta em novos olhares sobre o processo de ensino e de aprendizagem, estabelecendo relações com a prática pedagógica dos colaboradores desta pesquisa.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Psicopedagogia clínica: da intervenção possível à constituição do sujeito desejante de aprender no campo da saúde metal

Autor: Emília Naura Santos Bouzada


RESUMO

A apresentação deste trabalho surgiu da prática clínica realizada em um Centro de Atenção Psicossocial para Infância - CAPSI, na cidade do Rio de Janeiro, onde se configurou uma experiência psicopedagógica clínica com crianças portadoras de Transtorno Mental e/ou Global do Desenvolvimento inseridas em um espaço de reabilitação psicossocial. No decorrer da prática vivenciada, deparei-me com a angústia do meu Saber, de um Saber Psicopedagógico, que me apontava a uma diretriz de trabalho, mas que na prática, no primeiro momento, não se sustentava por si só, faltava alguma coisa. Por isso e pela valorização do trabalho inter e multidisciplinar, pude reafirmar as convicções de que o trabalho com essas crianças só poderia efetivar-se, caso me destituísse desse lugar de saber, ou seja, colocando-me no lugar não só de sujeito ensinante, mas o de um ser aprendente, permitindo-me assim tornar-me um ser "aprendesinante" (Fernández, 2001). No lugar daquele que aprende e que ensina, ao mesmo tempo, que somente estando neste lugar, destituída de um saber arraigado, pude resignificar aquilo que poderia enfim estabelecer ações que pudessem vir a corroborar uma clínica que atendesse a criança em sua globalidade. Sendo assim, a proposta deste trabalho clínico procura demonstrar que, por meio da Intervenção Psicopedagógica Clínica, é possível constituir um sujeito desejante de aprender no campo de Saúde Mental. Para isso, recorro a Fernández (2001), que nos diz que a Intervenção Psicopedagógica Clínica difere da reeducação, pois esta última possui uma tendência à correção ou remediação, ou seja, as crianças ficam submetidas a uma metodologia reeducativa, estabelecendo uma "ortopedia mental", como se fosse possível a correção de "próteses cognitivas". No espaço já reconhecido pela Psicopedagogia, vislumbrei o valor da equipe multidisciplinar, sendo essa: Assistentes Sociais, Enfermeiros, Pedagogos, Psicanalistas, Psicólogos e Psiquiatras, que a partir dessa perspectiva abrem espaço para uma aposta na Intervenção Psicopedagógica de um caso clínico. O Estudo de Caso de uma criança com 12 anos, sexo masculino, portador de Transtorno Global do Desenvolvimento, foi utilizado como instrumento de estudo deste trabalho, a fim de elucidar a possibilidade de uma efetiva Intervenção Psicopedagógica no campo da saúde mental.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Psicopedagogia: espaço necessário de atuação entre a educação e a saúde

Autor: Flávia Teresa de Lima


RESUMO

A escolha deste tema deu-se inicialmente pela nossa vivência como terapeuta ocupacional, pedagoga e psicopedagoga, integrante de equipe do Departamento de Saúde Mental de município da zona oeste do estado de São Paulo e pela relevância dessa rede no cenário nacional, por suas características e especificidades. Atuando agora, não mais diretamente na área de saúde, mas como coordenadora de escola, sentimo-nos provocados por inúmeros questionamentos sobre a atuação dos profissionais da área de saúde mental e o trabalho oferecido à criança e ao adolescente que apresentam problemas em suas trajetórias escolares. Podemos enunciar nosso problema com a seguinte questão: como é feito o atendimento às crianças e aos adolescentes que chegam à rede pública de saúde, com queixa de dificuldades de aprendizagem e qual o retorno dado à rede educacional? Nossa hipótese é que a rede de saúde carece do profissional qualificado para realizar, juntamente com a equipe interdisciplinar de saúde, o diagnóstico e a intervenção adequados nos casos de problemas de aprendizagem. E esse profissional é o psicopedagogo. Para responder à nossa questão, tivemos por objetivo ampliar a compreensão sobre a coerência entre a prática profissional de equipe formada por profissionais oriundos de distintas áreas do conhecimento, no atendimento público em saúde mental, e as bases epistemológicas que definem a atual política de saúde mental no Brasil. Além disso, buscamos refletir sobre o papel do psicopedagogo atuando em uma equipe interdisciplinar na área de saúde mental. A metodologia utilizada neste trabalho é a da pesquisa-intervenção. Frente a uma situação instituída, por meio da pesquisa-intervenção, não se busca uma interpretação do que está acontecendo, mais sim, um entendimento da complexidade das dinâmicas subjetivas que estão atuando, bem como das relações institucionais estabelecidas, não se tratando, assim de um objeto de estudo estanque. Conclui-se que a articulação entre os diversos conhecimentos das disciplinas que compõem as áreas da saúde e da educação e os saberes subjetivos dos profissionais pode ser facilitada pelo psicopedagogo. Devido ao objeto de estudo próprio da Psicopedagogia, o processo de aprendizagem humano é construído e analisado a cada observação, a cada intervenção, isso faz com que a atuação desse profissional, nos casos de problemas de aprendizagem, seja necessária. Porém, a rede pública de saúde não conta com a atuação efetiva desse profissional, embora algumas experiências possam ser relatadas como satisfatórias. As crianças e adolescentes que apresentam problemas em seus processos de aprendizagem são encaminhados, dentro da rede pública, para psicólogos e fonoaudiólogos e, muitas vezes, essas intervenções tornam-se ineficazes pela especificidade dos casos que se apresentam. Faz-se necessário que a profissão do psicopedagogo seja regulamentada para que sua prática possa ser garantida em termos da lei e, como consequência, que o profissional psicopedagogo possa ocupar o lugar que lhe é devido, seja na área da saúde ou da educação, ou mesmo, no espa-ço que se estabelece entre ambas.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: Projeto Aprender em Grupo: adolescentes refletindo sobre autoconhecimento e aprendizagem

Autor: Francy Izanny de Brito Barbosa Martins

Coautor: Regina Celly de Brito Barbosa


RESUMO

O Projeto Aprender em Grupo é um trabalho sistemático desenvolvido mediante a prática psicopedagógica, no sentido de auxiliar o adolescente a desenvolver suas aprendizagens acadêmicas mediante a reflexão sobre o seu próprio ato de estudar. Observa aspectos da aprendizagem do adolescente ao longo do ano de preparação para o Exame de Seleção do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), dado que esse é um momento importante, pois promove uma prática emancipatória quanto à preparação do estudante para o Ensino Médio Integrado. A escolha do tema deve-se ao fato de pesquisarmos em educação e psicopedagogia, o qual nos apontou a necessidade de conhecermos o educando quanto à motivação em fazer exames de seleção, por percebermos, nos primeiros meses de aula, as dificuldades em organização com o estudo e o aprendizado. Entendemos que podemos colaborar para a reflexão sobre o processo de aprendizagem de adolescentes, uma vez que ao conhecer os fatores psicológicos que interferem no aprender do sujeito, percebemos como esse estudante pensa sobre si mesmo, sua motivação e sua aprendizagem. Alguns autores já teorizaram sobre questões aqui suscitadas como Vygotsky (1987), Tápia e García-Celay (1996), Sole (1998), Werneck (2000), Lima (2000), Alvarez (2002), Ribeiro (2002), Perraudeau (2009), Portilho (2009), entre outros. Este trabalho mostra-se importante, pois visa apresentar um relato de experiência que objetiva assistir o educando, ao longo de sua preparação para o Exame de Seleção do IFRN, na solução das dificuldades que enfrenta ao estudar, levando-o a refletir sobre si mesmo, sua modalidade de aprendizagem, suas decisões relativas à escolha do curso e o preparar-se bem para realizar a prova. Como ponto de partida metodológico, utilizamos uma abordagem interacionista, pois buscamos maior aproximação com o sujeito, no intuito de mediar o processo de aprendizagem no campo da motivação. Este projeto foi desenvolvido em grupos de, aproximadamente, vinte adolescentes e coordenado por uma psicopedagoga, que os auxiliava a pensar sobre suas atitudes e ações pertinentes a si mesmo e a suas aprendizagens. Seis módulos de trabalhos foram elaborados e realizados em seis sessões grupais, com duas horas de duração. Assim, consideramos que, por meio dessas linhas de ação em prol do autoconhecimento, da motivação e da aprendizagem dos educandos para o aprender a aprender, podemos proporcionar um projeto interativo, construtivo e significativo para o adolescente que está em busca do desenvolvimento de autonomia intelectual. Temos consciência de que essa é uma área escassa em pesquisa e produções científicas, o que nos oportuniza enriquecer esse campo de conhecimento e contribuir para maior amplitude no que diz respeito à educação e à psicopedagogia.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação do professor

Autor: Gilberto Gonçalves de Oliveira

Coautor: Gustavo Araújo Batista


RESUMO

Este estudo é parte de minha dissertação de mestrado em educação que buscou analisar a neurociência como um saber necessário na formação de professores. A Educação ganha importância inusitada no momento atual, quando se comprova que as estratégias pedagógicas no processo ensino-aprendizagem são eficientes durante o desenvolvimento e reorganização do sistema nervoso central, produzindo novos comportamentos. A proposta é apontar as contribuições da neurociência para a educação, especificamente quanto à compreensão do processo de aprendizagem; identificar conhecimentos em neurociências que levem à compreensão e aplicação de estratégias que facilitem o desenvolvimento humano em sua diversidade. O espaço proposto como comum e familiar entre a neurociência e a educação é a neuroeducação, delimitando um campo de intersecção da neurologia, psicologia e pedagogia. O objetivo da pesquisa foi embasar a discussão na tentativa de aproximar e entrelaçar conhecimentos em relação dimensões do cérebro humano e a aprendizagem se justifica numa abordagem hermenêutica, como proposto por Gadamer. Num diálogo de saberes relacionais propõe a hermenêutica como a arte de compreender o outro e se tornar compreensível pelo outro. A relevância do cérebro humano está na neurociência, que o estuda em suas inúmeras dimensões, e na educação, como ciência do ensino e da aprendizagem. Entender os aspectos biológicos envolvidos na aprendizagem, as habilidades e deficiências particulares ajuda educadores e pais na tarefa de educar. Aprender não é absorver conteúdos e exige uma complexa rede de operações neurofisiológicas e neuropsicológicas e Alvarez (2006) acrescenta a contribuição do meio ambiente. A aprendizagem é muito mais que a armazenagem de conhecimento no cérebro que pode ser recuperado em determinado momento. Aprender é obter um objeto (pensamento, ideia, conceito) e dele se apossar. Ensinar o que se aprendeu é transmitir a informação a alguém para quem se disponibiliza o objeto de conhecimento em uma fonte de busca. A atividade escolar promove a aprendizagem que molda, literalmente, a anatomia e a fisiologia cerebral. Aprender envolve a mente e o cérebro, o pensamento, as emoções, as vias neurais, os neurotransmissores, enfim todo ser humano. As pesquisas educacionais fornecem material para a pesquisa em neurociência que busca compreender o funcionamento do cérebro e da mente humana que interessam ao processo de aprendizagem, portanto, com interesses mútuos. Do ponto de vista da neurociência e aprendizagem, ocorre porque o cérebro tem a plasticidade necessária para se modificar e se reorganizar frente a estímulos e se adaptar. Os anos 90 do século XX ficaram na história como a "Década do cérebro". A primeira década do século XXI foi identificada como a "Década da mente", quando a neurociência trouxe importantes discussões sobre a relação mente-cérebro. O ser humano se torna humano pela e na cultura, sem ela o cérebro humano perde grande parte de seu significado.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: O acompanhamento psicopedagógico nas salas de atendimento educacional especializado

Autor: Gisele Virginia Kneip


RESUMO

As experiências com situações significativas nas salas de atendimento educacional especializado (AEE) levaram a autora a questionar os diagnósticos referentes às crianças apresentadas nessas salas como portadoras de dificuldades especiais ou de dificuldade de aprendizagem. O presente trabalho objetiva analisar e discutir as diferenças entre esses sujeitos-alunos em um momento em que a inclusão e a diversidade encontram-se tão presentes na realidade educacional do país. No ano de 2011, a autora desenvolveu um trabalho junto a alunos que frequentavam o contraturno em município da região do Rio Grande do Sul. Durante esse ano, foram realizadas atividades na tentativa de auxiliar crianças cujo processo de alfabetização encontrava-se diferenciado da maioria do grupo. Tais crianças chegaram à sala de AEE com identidades predeterminadas pela escola e também pela família. Alunos rotulados como atrasados mentalmente, hiperativos e disléxicos, após passarem por um período de atendimento, conseguiram alcançar grau de alfabetização acima da expectativa. Concluímos que o trabalho psicopedagógico é fundamental junto à sala de AEE, especialmente como parte do diagnóstico e da determinação de metas para que essas crianças, ditas especiais, possam alcançar o desenvolvimento cognitivo necessário para sua formação, alargando seus espaços de cidadania.


 

 

Tema: Vida Adulta

Título: Mediação familiar: intervenção alternativa e interdisciplinar na resolução de conflitos relacionais

Autor: Herta Grossi


RESUMO

O presente trabalho tem por escopo apontar a necessidade e expor os resultados e vantagens da estruturação e implantação de um Núcleo de Mediação Familiar dentro do Núcleo de Prática Jurídica de uma Instituição de Ensino Superior, apresentando o levantamento e análise dos dados relevantes obtidos por meio dos atendimentos efetuados no referido Núcleo, durante o ano de 2009. O Núcleo de Prática Jurídica presta atendimento jurídico à comunidade, contabilizando, no início do ano de 2009, mais de 800 processos ativos. Referidos processos estavam a cargo de três advogados, professores da Instituição, um assistente jurídico e, em média, seis estagiários da graduação do curso de Direito, que se revezavam semestralmente. Pela análise dos processos em andamento, bem como da procura feita pela comunidade, levantou-se que a grande maioria das questões dizia respeito a separação, divórcio, alimentos e guarda de menor. Pelo volume e tipo de processos (via de regra permeados por enfrentamentos de difícil solução, uma vez que envolviam em seu cerne questões de ordem legal e emocional), julgou-se imperiosa a existência de um Núcleo de Mediação Familiar, para dar agilidade às contendas, como uma alternativa à via litigiosa, mas, sobretudo, para auxiliar na reestruturação da família nuclear. Essa prática mediadora favoreceria o desenvolvimento de novos meios de interação nas famílias atendidas, por meio da reorganização da realidade conflitiva, estimulando-as a construírem uma nova maneira de funcionamento, entendendo os benefícios da solução consensual das questões controversas, preservando a prole no novo contexto relacional. Ademais, a mediação nos conflitos familiares, tendo em vista sua forma de atuação, onde as soluções são encontradas pelos próprios envolvidos, mediante intermediação de um profissional capacitado, contribui sobremaneira para o exercício da cidadania e a pacificação social, deixando nas mãos do judiciário apenas o que não foi possível acordar pela mediação. A implantação do Núcleo de Mediação familiar dentro da Instituição se deu por meio de uma parceria entre os cursos de Psicopedagogia e de Direito, sendo que a efetivação de referido núcleo poderá oferecer suporte teórico e prático às atividades desenvolvidas por ambos os cursos, garantindo a interdisciplinaridade que o próprio método de mediação propõe. O Projeto tem caráter social, destinado àqueles cujo poder aquisitivo não permite o pagamento de honorários a profissionais da rede privada, tendo como propósito oferecer aos envolvidos em questões familiares, um método mais célere, acessível e menos oneroso para a resolução de conflitos. Em nossa prática no Núcleo, devido ao volume de casos, foi selecionado o motivo separação, tendo sido considerados os seguintes dados para levantamento e análise: gênero, escolaridade, idade, escolaridade em relação ao cônjuge, atividade profissional, renda familiar, tipo de união, tempo de união, uniões anteriores, número de filhos, filhos de uniões anteriores, motivo da separação, violência (denúncia), informação ao cônjuge do encaminhamento da separação, separação como solução de todos os problemas, divisão patrimonial, guarda dos filhos, uso de medicamentos e forma de resolução do caso. A função da Mediação é educativa, auxiliando os envolvidos a transformarem o conflito e a se transformar, evidenciando que o importante em um conflito não é a sua supressão, mas sim a administração do mesmo, aprendendo a manejá-lo e a manejar-se nele (acordo evolutivo).


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: O desenvolvimento da linguagem infantil no exercício do jogo simbólico coletivo: um estudo com uma criança de 5 anos

Autor: Iara Feldman


RESUMO

No atual contexto educacional brasileiro, as crianças iniciam o ensino fundamental com idade cada vez menor. Com o sancionamento da lei nº 11.274, que regulamenta o ensino fundamental de nove anos (Brasil, 2006), crianças de 6 anos são submetidas ao esquema tradicional do ensino fundamental, onde os espaços lúdicos, que possibilitem a interação verbal entre as crianças, são menos valorizados, quando não abandonados por completo. Para Piaget e Inhelder (2007), o jogo simbólico e a linguagem seriam formas de manifestação da função simbólica ou semiótica que emergem por volta dos 2 anos de idade. Ao brincar de "faz-de-conta", a criança transforma o real por assimilação mais ou menos pura, ao sabor das necessidades do eu. O jogo de ficção possibilita que a criança se expresse livremente, sem as imposições de adaptação ao meio, criando uma linguagem simbólica que adapta o real às suas necessidades. Por outro lado, a linguagem verbal representa um esforço de adaptação ao meio, na medida em que a criança necessita compreender signos coletivos construídos pelo meio social e cultural. No presente trabalho, as crianças foram estimuladas a utilizar as duas formas de manifestação da função simbólica. As brincadeiras infantis coletivas permeadas de diálogos repletos de criatividade e imaginação sempre instigaram o espírito investigativo no sentido de fornecer material para trabalhos acadêmicos. Nossa experiência profissional permitiu acompanhar grupos de crianças de 0 a 6 anos interagindo em espaços de jogo e entabulando conversações com objetivo de comunicação. Para Piaget (1973), as conversações das crianças no estágio pré-operacional ainda não apresentam características predominantes de linguagem socializada, que serão construídas gradativamente, constituindo-se enquanto linguagem com o objetivo de comunicar, a partir dos 7 anos. Neste trabalho, selecionamos a observação da linguagem de um menino de 5 anos, de instituição pública de educação infantil do município de Vitória/ES, durante exercícios de jogo simbólico coletivo em espaço organizado para este fim, interagindo com outras três crianças da mesma idade, durante 6 encontros de, aproximadamente, 30 minutos, com intervalos de 15/20 dias entre cada sessão. A partir dos resultados obtidos, discutiremos a possibilidade da construção da linguagem socializada em crianças menores de 7 anos de idade, por meio do estímulo ao jogo simbólico coletivo. Os dados de Felipe (nome fictício) obtidos nos encontros foram transcritos e organizados em protocolos, contendo: transcrições das verbalizações, análise e classificação dos tipos e estágios de conversação e elaborada uma análise qualitativa da evolução da sua linguagem. Os resultados comprovam uma clara evolução. Ele iniciou a experiência emitindo sons de animais (cão/gato) e fazendo movimentos motores sem a utilização de linguagem verbal. Ao longo dos encontros, foi interagindo verbalmente com seus colegas, utilizando a linguagem verbal para negociar, cooperar na ação coletiva, mediar situações de conflito entre os pares no jogo e comunicar seus pensamentos. Conclui-se que a oportunidade de realizar o jogo simbólico coletivo estimula as crianças a utilizarem a linguagem verbal com o objetivo de se integrar ao grupo.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Intervenção psicopedagógica sob enfoque fonovisuoarticulatorio em crianças de risco para dislexia

Autor: Isabella Heinemann

Coautor: Cíntia Alves Salgado Azoni


RESUMO

No Brasil, as queixas de dificuldades na aquisição da leitura e escrita são constantes no âmbito escolar, clínico e familiar. Estudos internacionais evidenciam a importância da identificação/ intervenção precoces das dificuldades escolares em crianças no início da alfabetização, com desempenho abaixo do esperado aos seus pares em pré-requisitos do desempenho em leitura: conhecimento do alfabeto, nomeação rápida, repetição de pseudopalavras e habilidades de consciência fonológica. No Brasil, esses estudos são escassos, porém necessários para identificação e diagnóstico da dislexia. Essas crianças são denominadas na literatura internacional como crianças de risco para dislexia. Portanto, o objetivo desse estudo foi realizar intervenção, por meio da metodologia fonovisuoarticulatória, em crianças com dificuldade escolares no início da alfabetização, para observar o desenvolvimento desse processo, bem como encaminhar aqueles que após a intervenção não obtiveram melhora, para investigação interdisciplinar. Participaram do estudo 11 crianças de 1º ano do ensino público fundamental de ambos os gêneros, de 6 a 7 anos de idade, alfabetizadas pela metodologia com enfoque silábico. Todas as crianças frequentaram a educação infantil anteriormente ao início do 1º ano e pertenciam à mesma sala de aula. As crianças foram selecionadas previamente a partir do encaminhamento da professora. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas/Unicamp (nº841/2011). Todas as crianças foram submetidas aos instrumentos de avaliação (pré e pós-intervenção): Prova de Consciência Fonológica, Teste de repetição de não-palavras, Prova de ditado e Teste de nomeação rápida de figuras e dígitos. A intervenção foi realizada com material adaptado do Método das Boquinhas, que viabiliza o desenvolvimento da consciência fonovisuoarticulatória, pois se utiliza, além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Foram apresentados os fonemas /A/, /E/, /I/, /O/, /U/, /L/, /P/, /V/, /T/, /M/, /B/ e /F/ e trabalhadas habilidades fonológicas e cognitivas necessárias para uma boa aprendizagem da leitura e escrita. Foram realizadas 12 sessões individuais de 60 minutos, no contra período escolar. Quanto aos resultados dos instrumentos, observou-se que, na prova de consciência fonológica, houve melhora no desempenho pós-testagem do S1 em síntese silábica e fonêmica, rima, aliteração, segmentação silábica e manipulação silábica e fonêmica; do S2, em síntese silábica e fonêmica, aliteração, segmentação silábica e fonêmica e manipulação silábica e fonêmica; e do S3 somente em aliteração. Na prova de memória de trabalho fonológica, houve melhora no desempenho pós-testagem do S1 nos subtestes de repetição de não-palavras de 5 sílabas; o S2 de 2, 5 e 6 sílabas; e o S3 de 3, 5 e 6 sílabas. Quanto à prova de escrita sob ditado, houve mudança na fase de escrita: S1 passou da silábica alfabética sem valor sonoro para a silábica alfabética e o S2 da fase pré-silábica para a silábica alfabética. No teste de nomeação automática rápida, houve melhora no desempenho pós-testagem dos S1, S2 e S3 nos subtestes de nomeação de figuras e dígitos parte 1 e 2. Assim, pode-se considerar que essa intervenção foi eficaz quanto aos componentes do processamento fonológico, da leitura e escrita para as crianças com dificuldades escolares que indicavam risco para dislexia. A realização do programa de intervenção através da metodologia fonovisuoarticulatória foi eficaz para as crianças de risco para dislexia, comprovados pela melhora no processo de alfabetização em situação de pós-testagem em relação à pré-testagem.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Habilidades escolares e atencionais de alunos do ensino fundamental com queixa de fracasso escolar

Autor: Janete Dias Hammoud

Coautores: Suzelei Faria Bello; Andréa Carla Machado


RESUMO

O fracasso escolar crescente em nosso sistema educacional necessita de "um olhar mais sensível" diante dos alunos nessa condição. Nessa perspectiva, o desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e matemática está relacionado diretamente com o desempenho das funções atencionais, as quais podem ser divididas em: seletiva, sustentada, alternada e dividida. A atenção pode ser denominada como a capacidade de direcionamento dos processos mentais do indivíduo que atende aos estímulos que são considerados relevantes ou irrelevantes à tarefa desempenhada. O objetivo desse estudo foi caracterizar o desempenho das habilidades escolares e atencionais de alunos do ensino fundamental com queixa de fracasso escolar. Participaram do estudo oito alunos do Ensino Fundamental, do gênero masculino, com idade entre 8 e 13 anos, de escolas privadas pertencente a uma cidade de grande porte do interior do Estado de São Paulo. Os instrumentos utilizados para coleta dos dados aplicados individualmente foram: o Teste de Atenção por Cancelamento para avaliar o desempenho nas habilidades atencionais e o Teste de Desempenho Escolar para medir as habilidades em leitura, escrita e matemática. Os dados encontrados foram descritos e postos em discussão. Os dados evidenciaram que os alunos apresentaram dificuldade na realização do teste de cancelamento, especificamente, nas tarefas envolvendo a atenção sustentada e dividida, bem como obtiveram baixo desempenho nas atividades de cálculo e escrita ditada. Tal resultado aponta indícios de correlação entre alterações atencionais e baixo desempenho acadêmico, corroborando a literatura encontrada. Destaca-se a necessidade de mais pesquisas, com amostras maiores, com intuito de investigar, estatisticamente, a correlação entre as duas habilidades estudadas. Também se sugere que alunos possam ter a oportunidade de uma investigação mais pormenorizada em relação às suas possíveis queixas.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Contribuições das ideias das crianças à prática psicopedagógica

Autor: Janete Schmidt de Camargo Cesar

Coautores: Sérgio Goldenberg, Orly Zucatto Mantovani de Assis


RESUMO

Aprender a ler e a escrever se constitui num rito de passagem em nossa cultura e funciona como um bilhete de acesso ao mundo do trabalho e das relações sociais, portanto, é inaceitável o crescente número de alunos que sofrem com as dificuldades que apresentam para apropriar-se do sistema escrito. Sendo assim, a busca por caminhos que auxiliem na diminuição ou erradicação desse problema é de suma importância. Considerando esse fato, essa pesquisa teve por objetivo investigar, de forma qualitativa, as ideias das crianças a respeito de suas dificuldades de aprendizagem do sistema escrito através da utilização do Método Clínico Crítico, elaborado por Jean Piaget, que permite diagnosticar o estágio de evolução de determinados conceitos em que as crianças se encontram. Nosso referencial teórico se encontra alicerçado na Epistemologia Genética e no Construtivismo. O estudo foi realizado com 19 crianças entre 7 e 13 anos, selecionadas dentre 173 sujeitos participantes do reforço escolar, pertencentes a uma rede municipal de ensino do interior do estado de São Paulo. A escolha ocorreu através da avaliação da construção do sistema escrito, e/ou do sistema ortográfico. Para diagnosticar a natureza das estruturas de pensamento do sujeito utilizamos as Provas Piagetianas para determinação do comportamento operatório concreto. A fim de perceber se a criança compreende o significado do que é aprender e de como se dá esse processo, empregamos como referência os estudos realizados por Piaget e colaboradores sobre o Realismo Infantil: A Noção de Pensamento. Por fim, empregamos a Entrevista semi-estruturada sobre o não-aprender, que foi testada em projeto piloto. Esse instrumento foi elaborado por nós a partir da junção de elementos empregados na Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) com os do Método Clínico Crítico, valorizando o saber-fazer com o intuito de desencadear o processo de compreensão da criança desse saber a partir da proposição de uma situação hipotética, as crianças foram convidadas a indicar "atitudes pedagógicas", a fim de auxiliar os seus pares com dificuldades na construção do sistema escrito. A interpretação e a análise dos resultados se realizaram a partir da divisão da entrevista em três partes, a saber: 1. Produção espontânea; 2. Produção escrita, leitura e as respostas das crianças a respeito de suas dificuldades (crenças); 3. Opinião da criança acerca de como ajudá-la e aos seus pares. Os dados obtidos foram analisados por meio da Correlação Linear e do Estudo de Caso. Os resultados encontrados apontaram para uma correlação linear positiva média (índice de dispersão = 0,5595403) entre a noção de pensamento e o desenvolvimento cognitivo, o que sugere que o desenvolvimento cognitivo influência a noção de pensamento e vice-versa. No entanto, a análise da correlação entre idade e noção de pensamento não se mostrou significativa (índice de dispersão = 0,10007395), fato que creditamos à heterogeneidade dos sujeitos estudados. Os números fornecidos, analisados à luz do Estudo de Caso, nos permitiram perceber que é possível colaborar para a tomada de consciência das crianças sobre seus problemas de aprendizagem do sistema escrito, e que as crenças a respeito de suas dificuldades ou de seus pares sofrem a influência de recalcamentos, os quais atribuímos às idades e ao desenvolvimento cognitivo apresentado pelos sujeitos estudados. Quanto às soluções apresentadas para seus problemas, foi possível perceber que as crianças repetem o que vivenciam, fato que implica a importância da reflexão a propósito da metodologia de ensino adotada pelas escolas e, sobretudo, a concepção de desenvolvimento e aprendizagem apresentada pelo professor, que não foi investigado nesse trabalho.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Raciocínio quantitativo e memória de trabalho na aprendizagem da matemática: um estudo comparativo entre grupos

Autor: Joanne Lamb Maluf

Coautor: Clarissa Seligman Golbert


RESUMO

A presente pesquisa situa-se no campo dos processos cognitivos subjacentes à aprendizagem da matemática. Procurou-se avaliar a relação entre o raciocínio quantitativo e a memória de trabalho na aprendizagem da matemática em 30 alunos da 4ª série do Ensino Fundamental, com idades entre 9 e 10 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos - alto desempenho e baixo desempenho em matemática. O grupo de alunos com dificuldades de aprendizagem da matemática (D.A.M) constituem um grupo bastante heterogêneo em relação aos tipos de problemas que apresentam: falhas no domínio da sequência básica de contagem, falta de conhecimentos prévios armazenados na memória de longo prazo, falhas na recuperação de combinações matemáticas básicas, falhas na precisão e velocidade para efetuar operações e falhas nas estratégias utilizadas para a resolução dos problemas. A memória de trabalho é definida pelos autores como responsável pelo armazenamento e pela manipulação "on-line" da informação, necessária para as funções cognitivas superiores. A memória de trabalho está associada a todas as aprendizagens escolares. No que concerne às aprendizagens matemáticas, sua associação torna-se mais visível devido à complexidade do pensamento matemático e da exigência da memória de conhecimentos prévios que está presente em cada atividade matemática, como, por exemplo, os fatos básicos, as operações. O Raciocínio Quantitativo é caracterizado por Carrol como a habilidade de raciocínio indutivo e dedutivo, envolvendo relações matemáticas e quantitativas. A criança deve ser capaz de raciocinar com os números de forma indutiva e/ou dedutiva, a fim de encontrar soluções para as situações matemáticas apresentadas a ela. O método escolhido para basear esta pesquisa foi o método misto, o qual se utiliza de instrumentos que possibilitam uma análise qualitativa e quantitativa dos dados coletados. Trata-se de um estudo comparativo e correlacional. O problema de pesquisa foi analisar a relação entre a memória de trabalho e o raciocínio quantitativo em alunos com alto desempenho e em alunos com baixo desempenho em matemática. Do total de 73 alunos avaliados de acordo com a Prova de Aritmética, participaram desta pesquisa 30 alunos da 4ª série do Ensino Fundamental, com idades entre 9 e 10 anos (M: 9,1 DP: 0,55), provenientes de duas escolas públicas de Porto Alegre, escolhidas de forma intencional - Classificação do nível socioeconômico (Critério de Classificação Econômica Brasil). Foram selecionados os alunos de mais alto desempenho e mais baixo desempenho, a partir da média do grupo que foi de 45,93 (DP: 8,43). Os resultados apresentaram vantagens nas estratégias e domínios de contagem, bem como na capacidade de senso numérico em crianças sem dificuldades na matemática. Houve diferença entre as médias do desempenho dos grupos em que o grupo com bom desempenho em matemática apresentou média superior (M: 4,27; DP: 1,53) ao grupo com baixo desempenho em matemática (M: 3,67; DP: 0,9). A correlação estabelecida justifica e responde o problema anunciado nesta pesquisa. Os resultados encontrados reforçam a importância de se enfatizar o ensino da matemática, tanto na utilização de procedimentos e fatos como na compreensão de conceitos matemáticos. Nesta pesquisa, houve concordância com a literatura especializada, que afirma que alunos com alto desempenho em matemática possuem melhor span de memória, melhor raciocínio quantitativo e mais habilidade numérica.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Psicopedagogia Clínica: um saber, um fazer - Dialogando uma prática

Autor: Jojemima Estevão de Mesquita Lucena


RESUMO

Este trabalho se propõe a dialogar uma prática constituída no cenário da clínica, apontando reflexões para a construção de intervenções no processo de aprendizagem. Aborda a necessidade do psicopedagogo refletir sobre sua prática, sendo ele mesmo seu maior instrumento de trabalho. Destaca a importância de intervenções na construção da aprendizagem, considerando a criatividade, a dinâmica e a sensibilidade do terapeuta em explorar a singularidade dos aspectos revelados pelo aprendente nas situações de aprendizagem. A psicopedagogia é uma área do conhecimento que focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem. O seu objeto de estudo é o sujeito em desenvolvimento e seu objetivo caracteriza-se em facilitar a construção da autonomia do indivíduo, identificando os obstáculos presentes nessa construção. Isso significa não apenas a construção de um olhar sensível para o aprendente, mas, também, a investigação de como esse sujeito aprendeu, como está aprendendo, em que condições as situações de aprendizagem estão ocorrendo e de que maneira se instalam as alterações nesse processo. Assim, configura-se a psicopedagogia clínica. Compreender os obstáculos existentes que dificultam a aprendizagem e, através da intervenção, promover ferramentas que possibilitem a reorganização da aprendizagem. Concordamos com Bossa (2007), ao afirmar que: O trabalho clínico se dá na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem de outro sujeito implícita no não-aprender. Isso significa que, nesta modalidade de trabalho, deve o profissional compreender o que o sujeito aprende, como aprende e por que, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem. Sob esse olhar, a psicopedagogia focaliza o sujeito nas diversas dimensões da aprendizagem, investiga as alterações que impedem a aquisição do aprender e mobiliza componentes que possibilitem a liberação da inteligência. De fato, o que está impedindo o sujeito de avançar na aprendizagem? Que área do conhecimento está mais comprometida? Essas questões nos remetem a refletir sobre o envolvimento do psicopedagogo no processo de investigação do não aprender. Não se trata apenas de estar frente a frente com o sujeito. É importante identificar os desvios e analisar as dificuldades, elencando componentes que contribuam para a construção de uma aprendizagem significativa. Nesse cenário, psicopedagogo e paciente devem estabelecer a meta que querem alcançar. É importante que o sujeito expresse o desejo de estar no espaço da clínica e revele suas necessidades e dificuldades. O descortinamento das revelações dependerá do vínculo construído entre o psicopedagogo e o aprendente. Weiss (1997) assim sintetiza esse aspecto: a maior qualidade e validade do diagnóstico dependerá da relação estabelecida terapeuta-paciente: de empatia, de confiabilidade, de respeito, engajamento. A relação de confiança estabelecida cria condições para o início de qualquer atendimento posterior. A psicopedagogia clínica abrange uma organização de atividades que se vinculam à singularidade de cada pessoa, adequando-se às suas necessidades e dificuldades. A reflexão da prática é fundamental para a formação pessoal e profissional do psicopedagogo. Afinal, nós somos o nosso maior instrumento de trabalho. É preciso nos conhecer, saber quem nós somos enquanto pessoa, para podermos nos constituir como psicopedagogos. Façamos da nossa prática, não um modelo a ser seguido, mas um espaço de possibilidades, crescimento e aprendizagem para nós mesmos e para os outros. Assim, acreditamos que a psicopedagogia não é apenas um compromisso com a aprendizagem, mas um estilo de ser e de viver a vida.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: Projeto de orientação profissional desenvolvido na UNESP/Araraquara: um espaço educacional com efeito terapêutico

Autor: Josefa Emilia Lopes Ruiz Paganini

Coautores: Josefa Emilia Lopes Ruiz Paganini, Maria Beatriz Loureiro de Oliveira, Sandra Fernandes de Freitas, Taisa Borges de Souza, Fernanda Gonzaga


RESUMO

O Projeto de Orientação Profissional é coordenado, desde 1989, pela Profª Drª Maria Beatriz Loureiro de Oliveira, junto a estagiários do curso de Pedagogia e equipe de profissionais do CENPE - que tem por objetivo a pesquisa, o ensino e a extensão de serviços junto à comunidade. Considerando-se o importante papel que a Orientação Profissional desempenha como instrumento para o conhecimento crítico da realidade socioeconômica e do desenvolvimento das potencialidades individuais, nosso projeto tem por objetivo proporcionar ao indivíduo a obtenção da consciência de seus determinismos e apreensão da realidade imediata, fatores fundamentais para uma ação transformadora. Para isso, o indivíduo precisa ter uma consciência crítica de sua realidade (social, econômica, política e cultural). Nesse contexto, nossa proposta torna-se importante instrumental de ajuda aos jovens, no sentido de que eles procedam a uma revisão radical das relações de trabalho e das profissões em uma determinada sociedade. Participam desse projeto jovens do 3º Colegial e Cursinho, advindos de escolas públicas e privadas. O trabalho acontece em grupo, em 16 sessões, com duração de duas horas, no período de março a agosto de cada ano. No mês de julho acontece a Feira de Profissões, estamos na 15ª edição, onde os jovens têm a oportunidade em três dias de obter informações da realidade de mais de 100 cursos universitários, além de receberem informações sobre os Vestibulares da UNESP, USP, UNICAMP, UFSCAR e sobre a Redação do Vestibular. Os pais participam desse projeto recebendo em reuniões, orientações e informações, sobre o processo de escolha do curso superior vivenciado pelos seus filhos. Nosso projeto se fundamenta na pesquisa ação, tem seu alicerce na leitura de Bohoslavky e leituras de autores como Levenfus, Dolto, Bock, assim como artigos sobre a adolescência, atualidades e sobre o mundo do trabalho. Para cada sessão existem atividades programadas, mas que são reprogramadas diante dos resultados de cada sessão. Os conteúdos dessas sessões são divididos em 5 fases: 1) Autoconhecimento: reorganização e reconstrução da Identidade, 2) Heteroconhecimento: reconhecimento de imagens que o jovem tem de si e do outro e como é visto pelo grupo, 3) Família: Família como Espelho, 4) Informações da Realidade: enfocamos o Desejável, o Possível e o Realizável, das escolhas e 5) Processo de Escolha e de Decisão: síntese do processo de orientação; responsabilidade das escolhas. O processo de escolha por um curso universitário é apenas umas das escolhas que o jovem vivencia. Esse projeto rompe com alguns paradigmas, trabalha com questões do mundo externo do adolescente, mas inicia-se com o mundo interno; oferece estratégias para que o jovem consiga lidar com as incertezas, com as inseguranças, que perceba que o saudável é ter jogo de cintura diante das dificuldades, que é encontrar caminhos alternativos para que nossos desejos/ escolhas se realizem, que cada um possui talentos diferenciados, que não escolhemos Profissão, mas sim Construímos uma Carreira, e o mais importante é saber que podem Recomeçar Sempre! Esse trabalho tem sido ao longo dos anos extremamente produtivo e positivo, os jovens, além de saírem com possibilidades de escolhas por um ou mais curso superior, saem fortalecidos para enfrentarem as mudanças futuras. Essa referência de trabalho tem demonstrando ser este um campo fértil de trabalho e de pesquisa, que coloca em evidência o papel dos psicopedagogos/orientadores profissionais.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Nível de estresse e prevalência de dependência de internet em adolescentes

Autor: Juliana Junqueira Arruda


RESUMO

Uma das maiores invenções do homem moderno, a Internet, atua como facilitadora para aproximar pessoas, ligar em instantes uma extremidade do mundo a outra, além de oferecer diversos serviços que antes eram de difícil acesso. Com suas inúmeras facilidades, a internet passou a causar graves consequências decorridas do uso excessivo, levando o indivíduo a poder desenvolver um quadro de dependência da rede, outras doenças e reações psicofisiológicas, entre elas o estresse. A internet passou a ser um estressor em potencial para adolescentes que passam horas conectados e chegam a desenvolver ansiedade para se sair bem nas conversas por bate-papo e ter seu perfil nas redes sociais aceito. Para o adolescente tornou-se necessário participar dos sites sociais, permanecer online diariamente, até mesmo na escola, por meio do celular, além, de conviver com as pressões familiares, seguir sua rotina de estudo para os vestibulares, entre outras situações que exigem uma adaptação, que pode causar o estresse. Apesar de ser um tema ainda pouco estudado, a dependência de Internet vem gerando discussões entre pesquisadores do mundo todo sobre o que caracteriza o problema, que causa preocupação em familiares que associam o aumento do isolamento social e piora nos rendimentos escolares e acadêmicos ao uso excessivo da internet. Dessa forma, a presente pesquisa buscou aprofundar os conhecimentos teóricos e práticos sobre o tema e as causas e efeitos do uso excessivo de internet por um grupo de adolescentes, na faixa etária de 18 a 20 anos. Esses jovens são alunos de um curso pré-vestibular que mesmo tendo diversas obrigações, entre elas o tão temido e esperado vestibular, priorizam cada vez mais o uso da internet. O presente estudo também traz uma importante revisão da literatura e observações sobre a correlação de níveis de estresse dependência de internet, na qual foi constatada que não há uma relação direta entre o nível de estresse com a dependência de internet da amostra estudada, podendo até mesmo ser observado um ganho em relação aos benefícios adquiridos pelo uso do meio virtual. Entretanto, outros estudos apontam os riscos para a amostra estudada. Adicionalmente, a este fato, sabe-se que os estudantes são cada vez mais motivados a utilizar a internet para pesquisas escolares. No estudo, 41% afirmaram passar de 1 a 3 horas conectados. Observou-se que estudantes para o curso de jornalismo apresentam uso maior das redes sociais e que estudantes que prestarão medicina utilizam o universo online para relaxar após horas consecutivas de estudos.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: O projeto pedagógico como estratégia para prevenção das dificuldades de aprendizagem

Autor: Juliana Laranjeira Pereira dos Santos


RESUMO

O estudo em pauta é referente a uma Dissertação de Mestrado, já defendida, que teve como objetivo investigar a proposta de prevenção das dificuldades de aprendizagem no projeto pedagógico de uma escola pública municipal de Salvador. Para investigar a problemática, foram utilizados, como aporte teórico, fundamentos e conceitos de estudiosos da gestão escolar democrática: Lima (2000); Paro (2000) e, no campo da aprendizagem humana: Visca e Visca (1999); Piaget (1983 e 1995) e Fonseca (1995). Para trilhar o percurso investigativo, consideramos a abordagem metodológica qualitativa do estudo de caso como pertinente para investigar o fenômeno educacional enfocado. Para obtenção dos dados, foram aplicados: entrevista semi-estruturada e a análise documental do Projeto Político Pedagógico (2002) e do Regimento Escolar (2005). Além do diário de campo, espaço para as anotações diárias das observações dos discursos e das práticas dos gestores e da professora. Quando das observações em sala de aula, nosso interesse principal dirigiu-se aos processos de aprendizagem no desenvolvimento das atividades educativas através do envolvimento e da receptividade das crianças. Ao mesmo tempo procuramos estabelecer relações de comparação dos princípios educativos da Escola com os registros dos documentos oficiais; como também, na postura e na prática discursiva do professor ao propor as atividades comparando-as com o que consta no Projeto Pedagógico da Escola, em termos de prevenção de dificuldades de aprendizagem e ação efetiva. A análise e a interpretação dos dados foram baseadas nas leituras do Projeto Pedagógico e do Regimento Escolar. Como instrumentos complementares, utilizamos os discursos dos entrevistados que entrecruzaram a problemática, com os dados das nossas observações e os fundamentos do quadro teórico apresentado no projeto de pesquisa. Percebemos que o entendimento de gestão escolar democrática para todas as entrevistadas superou o pensamento tradicional de uma direção administrativa da escola. Foi garantida e reafirmada na descrição da professora a relevância e a validade do projeto pedagógico ser concebido pelos integrantes da escola. Todavia, não ficou explicitado que a construção coletiva e o conhecimento do projeto pedagógico podem assegurar sucessão de resultados positivos na aprendizagem dos alunos. A formação dos docentes e uma efetiva gestão participativa são critérios importantes para um ensino que promova a aprendizagem, contudo, não nos parece suficientes. No Projeto Pedagógico da Escola e no relato das entrevistadas, fica evidenciada a importância de um processo ensino-aprendizado construtivo, valorizando a participação das crianças. Porém, não explicitam o entendimento das teorias - Epistemologia Genética (Jean Piaget), Psicogenética (Henri Wallon), Sociocultural (Lev Vygostky), Psicopedagogia (Vitor da Fonseca). Fundamental a compreensão de como o sujeito aprende, de como evolui de conhecimentos simples para conhecimentos complexos, de como fazer uso efetivo dos conhecimentos que as crianças trazem para a escola. Ficou evidente nas práticas e nos discursos que cumprir os conteúdos escolares é mais importante do que trabalhar para desenvolver as estruturas cognitivas das crianças, sendo essa última atitude a que proporciona evitar entraves na aprendizagem dos alunos. Concluímos defendendo a crença que, além dos requisitos materiais e funcionais, seja escola pública ou privada, deve desenvolver formação de educadores da Educação Infantil e das Séries Iniciais que lhes respalde competência necessária para essas instituições enfrentarem as demandas de uma educação dirigida ao sujeito contemporâneo.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: O que você faz para aprender? Um levantamento das estratégias utilizadas por alunos do ensino fundamental

Autor: Kelly Cristine Zaneti dos Santos

Coautor: Silva LV, Neves ERC, Prado JMK, Luz GCS, Netto MORF, Martins RC


RESUMO

A atual sociedade é marcada pelo excesso de informação, que traz tanto consequências positivas, como a democratização do conhecimento, quanto negativas, como algumas complicações ligadas ao esforço feito pelo aprendiz para acompanhar o ritmo acelerado no qual as informações são produzidas. Não é somente a necessidade de aprender muitas coisas, a questão é que são coisas muito distintas, diferentes; e isso requer ainda mais tempo, disposição e paciência, portanto, torna-se necessário o uso de estratégias que acompanhem as necessidades e situações de aprendizagem. Por isso, tornam-se cada vez mais necessários procedimentos capazes de tratar adequadamente com o fluxo de informações. Percebe-se, portanto, a importância das estratégias de aprendizagem, que são sequências de procedimentos ou atividades que os indivíduos usam para adquirir, armazenar e utilizar a informação. Tais estratégias são capazes de garantir que o aprendiz obtenha sucesso em sua jornada acadêmica. Diante dessa realidade, com base na psicologia social cognitiva, que tem por princípio a "agência humana", sob esta premissa o indivíduo possui controle sobre sua vida através de mecanismos de autoeficácia, do estabelecimento de metas e da autorregulação, e sob a perspectiva da teoria do processamento da informação, buscou-se compreender quais são as estratégias de aprendizagem empregadas por alunos do Ensino Fundamental. Para tanto, participaram da pesquisa 40 alunos do Ensino Fundamental do 3º ao 9º anos, de ambos os sexos, com idades entre 8 e 14 anos, matriculados em uma escola particular localizada no interior do estado de São Paulo. Os participantes foram entrevistados individualmente, por meio de questões abertas, sobre as estratégias que utilizam para aprender os conteúdos escolares. Após análise de conteúdo, surgiram 27 categorias de respostas: Perguntar ao professor, prestar atenção, leitura, pedir ajuda (mãe, irmã, colegas, professor), fazer exercícios, refazer exercícios, controle de atenção, controle de ambiente, olhar exemplos do livro, elaborar questões, responder as próprias questões, releitura, fazer anotações, resumir, pesquisar, pedir para alguém "fazer" perguntas, participar da aula, fazer anotações do que entendeu, empenhar esforços, pensar antes de fazer, verificar aprendizado, estruturar o material, decorar o conteúdo, comparar material, falar sobre o assunto, grifar, controlar o tempo. Os resultados da pesquisa apontam que os alunos utilizam mais as estratégias cognitivas de ensaio e elaboração, bem como as metacognitivas, de monitoramento e afetiva. Além disso, percebeu-se que os alunos mais novos utilizam em geral mais estratégias que os alunos mais velhos. Constatou-se também que especificamente os alunos do 3º ano empregam mais estratégias tanto cognitivas quanto metacognitivas, em relação aos demais alunos de outros anos. Verificou-se, em relação ao gênero, que meninos e meninas fazem uso das estratégias cognitivas de forma equivalente. Quanto ao uso das metacognitivas, embora a diferença não seja tão discrepante, as meninas utilizam mais que os meninos. Os resultados confirmam o que se encontra na literatura, ou seja, os alunos do Ensino Fundamental utilizam poucas estratégias de aprendizagem, e as que empregam são superficiais. Assim, percebe-se a necessidade de futuras pesquisas que contribuam para o ensino de estratégias que favoreçam a aprendizagem significativa.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Programa métodos e técnicas para estudos independentes: uma experiência psicopedagógica no ensino superior

Autor: Leila Aparecida Oliveira Tavares

Coautor: Silvana Bagno


RESUMO

Relato de experiência que objetiva demonstrar e refletir sobre a importância da Orientação Psicopedagógica para o processo de aprendizagem individual dos estudantes ingressantes no Ensino Superior, em uma Instituição de Ensino Superior da Baixada Fluminense, RJ, destacando o trabalho voltado para o desenvolvimento de hábitos de leitura e compreensão de textos, adaptação das vivências acadêmicas e orientação de hábitos de estudos. No contexto universitário, alguns alunos que trabalham e sustentam a família apresentam dificuldades em suas atividades estudantis, devido à insuficiência de tempo para os estudos, mesclada com o desânimo, cansaço e estresse. Seus maus hábitos de estudos podem prejudicar o rendimento. A partir da análise dos diversos significados que a "não aprendizagem" representa para um estudante que opta por um curso noturno em uma instituição privada e da consideração das condições, características e necessidades dos estudantes, foram pensadas as estratégias de intervenção utilizadas. O Programa visa ao fortalecimento do ensino-aprendizagem através de estratégias e técnicas facilitadoras da superação das dificuldades vivenciadas pelos estudantes, decorrentes da falta de habilidades necessárias ao bom desempenho no curso escolhido e salienta o papel ativo do aluno e responsabilidade por sua aprendizagem. Através da leitura das redações do Processo Seletivo (vestibular); dos depoimentos dos docentes em reuniões; dos problemas apresentados pelos discentes nas visitas às turmas; da aplicação da técnica CLOZE, identificamos a urgente necessidade de intervenção, propondo ações que objetivam minimizar tais dificuldades, diagnosticadas como: a) desajustes dos alunos com relação aos métodos de estudos; b) falta de interesse, motivação ou comprometimento com a aprendizagem; c) falta de criatividade; d) pouco êxito na compreensão dos textos. Priorizou-se: instrumentalizar os alunos dos períodos iniciais para superarem suas dificuldades, criando condições facilitadoras para o bom desempenho acadêmico; estimular os estudantes a identificar as causas e possíveis soluções para os problemas que afetam seus hábitos de estudos; favorecer a remediação e o desenvolvimento do hábito de leitura e compreensão de textos indispensáveis para a atuação profissional. O programa foi dividido em seis encontros, oferecidos através de inscrições, para alunos encaminhados. Estrutura dos encontros: - Projeto e planejamento de estudo: enfatiza a mudança de atitude e estabelecimento de metas direcionadas para obtenção de melhores resultados na vida acadêmica; - Técnicas favoráveis à atenção ativa e percepção: favorecer a identificação de lacunas no processo de percepção e atenção para minimizar as dificuldades; - Remediação de leitura e estratégias metacognitivas de leitura: desenvolver a compreensão em leitura e estratégias apropriadas e eficientes; - Organização da informação: visa ao desenvolvimento do entendimento, evocação, organização da informação. Processos básicos para a aprendizagem e realização cognitiva; - Técnicas favoráveis à memorização: valorização dos processos de armazenamento e codificação da informação; - Organização do tempo: favorecer a relação entre o tempo real de estudo e o tempo de horário de estudo.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Teacher assistent: os benefícios da mediação para a inclusão de alunos autistas na Educação Infantil

Autor: Liliana Azevedo Nogueira

Coautor: Luzia Alves de Carvalho


RESUMO

O presente trabalho objetiva apresentar o papel e os reflexos da ação pedagógica de um mediador no processo de aprendizagem de crianças autistas inseridas em uma Escola Infantil regular. Apresenta uma experiência com crianças portadoras de transtorno invasivo/espectro autístico iniciada desde o ano de 2008. As crianças são inseridas em salas de aulas regulares, recebendo atendimento especial de mediadoras (teacher assistent) para sua inserção ativa na dinâmica escolar. A mediação é realizada por psicopedagogas e estagiárias de um Curso de Pedagogia, com adequado conhecimento psicopedagógico e pedagógico para atuar com o referido transtorno, sendo acompanhadas por uma equipe multidisciplinar. É fundamental potencializar a socialização da criança autista, desenvolvendo atividades psicopedagógicas de estimulação às capacidades cognitivas, psicomotoras, sensoriais e afetivas realizadas no espaço escolar regular, tentando modificar o comportamento autístico para uma conduta mais autônoma no seu convívio e cotidiano social. Trata-se de uma prática que utiliza contribuições teórico-práticas de várias correntes, entre elas a Teoria do Processamento Sensorial, o Método Sunrise, o método Teaccher e a Teoria da Consciência Fonológica. Objetivamos mostrar no relato de experiência de que forma a atenção individualizada (teacher assistent), intermediando a compreensão de questões sociais, afetivas e cognitivas, através de material pedagógico personalizado e a inserção das crianças com TID num ambiente socialmente estimulador, pode gerar avanços na aquisição da linguagem e na aprendizagem escolar. A atuação do mediador é fundamental ao proporcionar situações e jogos visando à internalização de hábitos, conceitos e formas de ação para favorecer a participação ativa nas atividades escolares. No relato de experiência, demonstramos que as possibilidades de escolarização de uma criança autista inseridas no sistema regular de educação infantil são inúmeras e qualitativas através da presença e parceria entre pais - professores - tutoras e direção da escola. A estimulação para a aquisição e expressão da linguagem verbal de alunos autistas é uma das prioridades nessa prática, pois interfere no desempenho escolar. Nesse processo, o mediador (teacher assistent) atua como intermediário entre as questões escolares e sociais, utilizando práticas focalizadas na aquisição e desenvolvimento da linguagem. Alguns aspectos são estimulados e trabalhados cotidianamente com alunos autistas, como o desenvolvimento da comunicação espontânea e funcional, aumento do contato visual, reconhecimento das expressões faciais, estimulação da imaginação, utilização de informações verbais curtas e objetivas. A função e a ação prática do mediador no processo de aprendizagem do aluno autista estão em intervir nas ações e situações sociais, comportamentais, linguísticas, cognitivas, pedagógicas e lúdicas que ocorrem durante todo o processo de ensino aprendizagem, dando o suporte necessário ao aluno autista, mediando a aprendizagem e facilitando a inclusão no grupo social. Dentre os avanços, constatamos: evolução na habilidade social: pedir algo e brincar com outros colegas; atendimento aos comandos e maior interesse/satisfação na realização das tarefas pessoais e escolares; desenvolvimento da empatia, participação em atividades coletivas e culturais; participação na culminação de projetos; evolução da linguagem oral e escrita; recontagem de histórias; alfabetização.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Intervenção Psicopedagógica: uma proposta de atendimento em dupla

Autor: Lucia Maria de Melo Souto Boarin


RESUMO

Este estudo, um relato de experiência, está centrado principalmente na falta de organização do pensamento e na dificuldade de estabelecer a sequência dos fatos, elementos que resultam em significativas dificuldades na expressão oral e escrita, e que comprometem a elaboração das atividades escolares. Propiciar situação de interação entre duas crianças, para percepção das próprias dificuldades e das dificuldades do outro a partir da construção de um texto, na perspectiva de estimular a imaginação, a autoestima e a valorização da autoria, além de constituir-se num mecanismo de aprendizagem da leitura e da escrita, foi o objetivo primordial desta proposta de intervenção psicopedagógica. O trabalho de intervenção aconteceu com duplas de crianças, formadas a partir da constatação de estarem em níveis de leitura e escrita mais ou menos semelhantes. A estratégia foi desenvolvida com seis crianças, a saber, três duplas. A proposta se constituiu em oferecer para as duplas, que apresentavam as dificuldades citadas, revistas variadas para que cada criança escolhesse uma figura, recortasse e colasse a mesma numa folha de papel sulfite. Feito isso, cada uma iniciava a escrita da primeira frase de uma história, criada a partir da sua figura. Terminada a frase, passava a folha para o colega que precisava ler o que foi escrito e continuar a história, sempre com foco na figura colada na folha e continuando o pensamento do colega. Após seis frases, cada autor, de posse da sua figura, deveria elaborar o final da história depois de atenta leitura de tudo que estava escrito. O momento privilegiou a intersubjetividade, nascedouro da atividade criativa pensante, onde eu torno meu o que é do outro e dou ao outro o que é meu, num diálogo entre ensinar e aprender. "...somente na medida em que o pensar é entregue ao outro é que se pode tornar próprio, ou seja, o sujeito pode reconhecer-se autor e responsabilizar-se." A experiência de verificar a própria produção em conjunto com a do outro levou as crianças a apreciarem seus trabalhos e quererem aprender mais. "...o sujeito autoriza a si mesmo mostrar / mostrar-se no que aprende, ou seja, interagir com o outro. Às vezes, só se pode conhecer o que se sabe a partir de mostrar ao outro." A intervenção em dupla, propiciando que cada um se mostrasse ao outro, apresentou resultado significativo: a imaginação foi estimulada, as crianças passaram a criar situações diferenciadas nas histórias e a autoestima se evidenciou abrindo espaço para o processo de aprendizagem com prazer, com criatividade. "Uma experiência de aprendizagem bem internalizada e compreendida propicia uma mudança no olhar sobre si mesmo e sobre os outros". A constatação do aprendido e da empregabilidade do que se aprendeu, resultou em maior interesse pela leitura e pela escrita, despertou a necessidade e, por conseguinte, o desejo de escrever certo; surgiu o uso do dicionário para a grafia correta das palavras e a vontade de descobrir vocábulos novos, sinônimos. Houve uma mudança no olhar de cada um sobre si mesmo e sobre o outro, uma troca, uma interação onde cada um se sentiu participante de um processo de criação em conjunto, cada um constatou a responsabilidade de sua autoria, num contexto de interação. Na medida em que os trabalhos aconteciam houve até a descoberta de que poderiam escrever um livro de histórias e o interesse aumentou. Essa ideia resultou no projeto de elaboração de um pequeno livro, com as histórias produzidas, digitado e impresso no próprio consultório, acrescido de ilustrações desenhadas pelos autores.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Intervenção psicopedagógica em uma comunidade de periferia

Autor: Luzia Alves de Carvalho

Coautor: Liliana de Azevedo Nogueira


RESUMO

Constatamos hoje que políticas públicas proporcionam o acesso de crianças à escola, mas grande parte não tem sua aprendizagem garantida, chegando ao fim do Ensino Fundamental sem o domínio da leitura, da escrita e dos cálculos essenciais ao prosseguimento nos estudos. EsSa situação, presente também em nossa realidade, motivou um projeto de ação psicopedagógica, em comunidade carente, com o objetivo de oferecer um acompanhamento psicopedagógico a crianças e adolescentes em seu processo de aprendizagem do ser e do saber, procurando minorar as situações de fracasso escolar. O trabalho iniciou-se em março de 2011 com alunos de diferentes níveis, da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental, em geral, com dificuldades de aprendizagem e repetência. Sabe-se também que mesmo que apresente algum distúrbio ou dificuldade de aprendizagem, qualquer educando é capaz de ter sucesso acadêmico, desde que tenha apoio necessário. Utilizamos metodologias, estratégias de ação e recursos não convencionais, mas adaptados às crianças e jovens, seus interesses e necessidades. Entendendo que o sujeito que aprende está em processo de construção do seu conhecimento, e que não é determinado somente pelo seu potencial cognitivo, buscou-se a articulação desse com suas estruturas psicoafetivas e cognitivas, permitindo-lhes expressar suas dificuldades, temores, perturbações, problemas, fracasso escolar. O acompanhamento psicopedagógico constou de trabalhos para aquisição das habilidades de leitura, escrita e matemática, em períodos contraturno, com duração de 2 horas, em grupos diferenciados, com a utilização de recursos variados, atividades que possuem sons, imagens, movimentos que despertam sentimentos e favorecem a reflexão; trabalho com notícias, contos, poesias, listas diversas em diferentes produtores de texto: jornais, revistas, livros, computador, CDs, DVDs, enciclopédia. Estes são utilizados como ativadores cerebrais para levar os alunos desde as associações simples às mais elaboradas. Para isso são disponibilizados uma biblioteca com 2.450 livros, quatro computadores com atividades lúdicas, reflexivas e desequilibradoras, individualmente e em duplas. Esse trabalho é realizado diariamente por uma psicopedagoga e uma estagiária fixa do Curso de Pedagogia e outras do mesmo curso, que se revezam semanalmente nesse atendimento às crianças. Como não se pode falar em educação de crianças e jovens dissociada da família, o projeto contemplou o trabalho com as mães através de palestras, encontros, curso de pintura em tecido, decoupage para decoração de caixas, fabrico do sabão ecológico e detergente caseiro em vista da sustentabilidade. Isto as fez sentirem-se autoras, desejosas de instalarem na comunidade uma cooperativa de produtos feitos por elas. Esse desejo, germe de uma consciência autônoma, vem sendo gestado em parceria com as linhas de pesquisa do Curso de Pedagogia. Como resultado destacamos que a reprovação e a evasão, que eram comuns, foram reduzidas sensivelmente; seis crianças de 3º período e 1º ano do Ensino Fundamental foram alfabetizadas; nove alunos do 4º ano que não sabiam ler, dominam o processo de leitura; seis alunos repetentes obtiveram sucesso ao final do ano; e trinta e dois melhoraram seu nível em leitura e escrita. A vivência do projeto possibilita às alunas do Curso de Pedagogia exercitar-se no comprometimento social e a Comunidade crescer na vivência de relações mais afetuosas, conscientes, corresponsável na educação das crianças e jovens, hoje mais felizes, mais empenhados nos estudos, mais frequentes, competentes e solidários.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: Ressignificando o luto em Arteterapia

Autor: Magali Marques Macedo Martins

Coautor: Wilma Nascimento dos Santos Ganso Carvalho


RESUMO

Este estudo teve por objetivo realizar uma análise compreensiva de estudo de caso relacionado ao comportamento adolescente na ressignificação do luto. A questão a ser respondida é como a arteterapia pode ajudar neste processo de perda em adolescente? Os objetivos específicos foram: observar, psicodinamicamente, o conteúdo projetivo presente nas expressões artísticas do participante; relacionar informações sobre a história de vida e a história clínica do participante com os conteúdos projetivos das produções artísticas; estudar o material clínico pertinente ao caso descrito neste estudo, relacionando dados obtidos a partir de análise verbal e análise psicológica das imagens simbólicas projetadas nas produções artísticas. Este trabalho é uma pesquisa de intervenção e teve como base a abordagem qualitativa, adotando-se mais especificamente o método clínico-qualitativo, que permitiu compreender mais profundamente os aspectos subjetivos externalizados pela participante. O estudo contou com a participação de uma adolescente que cursava o Ensino Médio de escola da Rede Pública do Município, e que começou a frequentar o Atelier Terapêutico da Clínica-escola de IES localizada na região oeste do estado de São Paulo. A participante apresentou como queixa escolar, problemas de comportamento, frequentando nove sessões de arteterapia em grupo. Apesar da Arteterapia se apresentar como uma terapia não verbal, em algumas ocasiões ocorreu grande demanda para a expressão verbal, sendo usado também relaxamento e visualização como recurso para a redução da ansiedade ou como técnica favorável à posterior expressão artística. Os dados foram coletados em duas etapas: na primeira, foi realizada entrevista semi-estruturada, individualmente, com a duração aproximada de duas horas, sendo gravadas para posterior transcrição e análise. Em seguida, tiveram início as sessões de Arteterapia, que aconteceram semanalmente, em grupo, com duração média de 1 hora e 30 minutos. A coleta de dados nas sessões arteterapêuticas constou de técnicas lúdicas, de atividades artísticas e da condução das dinâmicas espontâneas, com o propósito dos participantes entrarem em contato consigo mesmos, externalizando seus sentimentos e emoções. Respeitaram-se os mecanismos de livre expressão, assegurando a autonomia criativa de cada participante. As técnicas de Arteterapia empregadas procuraram oferecer atividades livres /espontâneas e também dirigidas, visando proporcionar aos participantes a oportunidade de arriscar e experimentar linguagens e técnicas novas para eles. Quanto às técnicas espontâneas, livres, estas ofereceram total liberdade na execução das atividades e na manipulação de materiais. Quanto aos resultados da pesquisa: a participante do estudo consegue, em poucas sessões, observar e falar sobre o que sentia e fazer uma elaboração de seus conflitos internos. Suas representações, no início, eram fechadas, chegando a representar grades, fazer desenhos em cores fechadas, houve momentos de introspecção, não querendo expor suas representações, e em outros fazia e comentava muito sobre sua vida. Ao final das sessões, já conseguia olhar e fazer suas representações de uma forma mais clara, trazendo com mais tranquilidade o que sentia, e as cores mais alegres, demonstrando mais abertura para lidar com a vida, deixando em suas representações ainda a lembrança de alguém que se foi, mas não mais com revolta e angústia, como acontecerá no início, porém com saudade e, ao mesmo tempo, alegria de poder continuar mesmo diante da perda. Concluindo desse modo, que a Arteterapia ajuda nos processos internos, fazendo o indivíduo ter outro olhar diante das vicissitudes da vida, mostrando a ele ferramentas do seu próprio eu para enfrentar os obstáculos.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Diálogos possíveis entre saúde e educação no processo de ensino-aprendizagem da criança com paralisia cerebral

Autor: Marco Antonio Melo Franco

Coautores: Marco Antonio Melo Franco, Leonor Bezerra Guerra, Alysson Massote Carvalho


RESUMO

Abordar inclusão escolar não é somente trazer à tona modelos educacionais cristalizados e a dificuldade de se produzir e incorporar novas leituras desses modelos. Significa também evidenciar os programas, os projetos e as propostas atuais sobre o tema. Nesse sentido, a inclusão pode ser caracterizada como um novo paradigma capaz de modificar as estruturas excludentes próprias de modelos vigentes até o momento, promovendo a superação dos modelos cristalizados e reorganizando os sistemas sociais e educacionais. Dessa forma, para que a inclusão educacional de fato aconteça, torna-se necessária a reorganização do pensamento e do funcionamento social e escolar, bem como a ampliação das interlocuções e interdisciplinaridade entre diferentes campos de conhecimento. No caso do estudo aqui referido, abordamos a construção de estratégias pedagógicas no ensino de crianças com alterações neurológicas, particularmente, crianças com paralisia cerebral. Sabemos que a concepção de educação das crianças com paralisia cerebral tem passado por importantes modificações conceituais, nas últimas décadas. Historicamente, o lugar dado à criança com paralisia cerebral foi a escola especial. A entrada delas na escola regular tem provocado reações diferenciadas, múltiplas interpretações e, às vezes, práticas pouco pedagógicas. Nesse sentido, o estudo buscou identificar e analisar a constituição de práticas pedagógicas no processo de inclusão escolar de crianças com paralisia cerebral, com ênfase nos efeitos da interlocução entre profissionais da saúde e da educação. Acompanhou-se, ao longo de um ano letivo, 8 crianças com paralisia cerebral, com idades entre 6 e 12 anos, atendidas na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação. Aconteceram encontros bimestrais entre os profissionais da saúde e da educação, para esclarecimentos de diagnóstico, reflexão e elaboração de estratégias de ensino-aprendizagem. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas que aconteceram no início e no final do ano, seguindo roteiro único. Além disso, foram utilizados dados dos prontuários. A partir de dados da primeira entrevista identificou-se o desconhecimento, dos docentes, sobre o diagnóstico de paralisia cerebral e práticas pedagógicas baseadas em tentativa e erro. No final do período letivo, foram identificadas mudanças importantes na construção de práticas pedagógicas resultantes da interlocução entre os profissionais. Se num primeiro momento os educadores tinham como foco o aspecto motor e muitos seguravam na mão das crianças para desenvolver habilidades de escrita, esses mesmos professores fizeram um deslocamento do foco do aspecto motor para o cognitivo, compreendendo e valorizando os potenciais que as crianças apresentavam, e elaborando as práticas pedagógicas a partir dessa nova leitura. Alteraram formas de avaliar com adoção de práticas de avaliação oral para as crianças que apenas oralizavam e provas objetivas para crianças que lêem, mas não escrevem; economia de escrita para crianças que escrevem, porém são lentas e possuem dificuldades motoras; a inclusão em atividades recreativas e esportivas; a atenção mais individualizada; o envolvimento dos colegas de turma no processo de escolarização da criança, entre outros. Tais resultados permitem inferir que a interação entre diferentes campos de conhecimento pode gerar resultados produtivos, particularmente, quando eles possuem um objeto em comum, no caso, a criança com paralisia cerebral, seu desenvolvimento e aprendizagem. Tal interlocução pode contribuir para a formação docente, para um processo menos segregativo e para a construção de práticas pedagógicas que promovam a aprendizagem considerando a diversidade e a especificidade do sujeito aprendiz.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Escola e crianças "desatentas": cuidados e descuidos

Autor: Maria Alice Castello de Andrade


RESUMO

Dentre as principais questões percebidas como entraves ao desenvolvimento saudável de crianças nas escolas brasileiras, tem assumido especial destaque uma categoria nosológica amplamente difundida na atualidade: o TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. No dia-a-dia da clínica, em interlocuções tanto com profissionais das áreas de saúde e educação, quanto com famílias de crianças diagnosticadas ou sob suspeita de portarem o transtorno, tenho notado que a escola, a partir da identificação da desatenção como traço comprometedor do percurso escolar de seus alunos, tem assumido papel preponderante na disseminação dos casos, ainda que involuntariamente. A sequência de acontecimentos que, via de regra, se configura a seguir em torno desses sujeitos é preocupante: a) A circulação da suspeita de TDAH no contexto escolar e sua comunicação à família frequentemente dão origem a dinâmicas estigmatizantes; b) A localização do problema na criança favorece a desresponsabilização e o descomprometimento de familiares e educadores, que muitas vezes passam a não questionar e até desconsiderar sua participação na instalação e manutenção do quadro; c) Não raro a hipótese se transforma em diagnóstico e a criança passa a ser medicada com psicofármaco de uso controlado, ao qual se associa extensa lista de efeitos colaterais; d) O "incômodo" artificialmente controlado faz com que aspectos insalubres do ambiente escolar e familiar em que o indivíduo se desenvolve se perpetuem, evidenciando-se, assim, falhas éticas no cuidar e seus desdobramentos. Face ao exposto, considero imprescindível não só a compreensão das vicissitudes da problemática, mas também uma reflexão aprofundada, que possa levantar as bases para o estabelecimento efetivo de uma rede de cuidados em torno desses sujeitos, na qual não só suas necessidades fundamentais sejam contempladas, mas também o cuidar do cuidador, garantido. Para tanto, meu percurso na pesquisa de mestrado vem sendo norteado pelas seguintes questões: Afinal, o que é TDAH e por que há tanta controvérsia em torno do seu diagnóstico? Que características contextuais da contemporaneidade têm favorecido sua disseminação? Que concepções de 'atenção' e de 'prestar atenção' têm sido privilegiadas nesses diagnósticos e nas ações das escolas e quais as implicações decorrentes? Que contrapontos importantes são contemplados na abordagem psicanalítica do quadro de desatenção? Considerando a instituição escolar e os educadores como agentes de cuidados e o necessário equilíbrio no exercício de suas funções - das tarefas do cuidar - enquanto presença implicada e, concomitantemente, em reserva, que acertos e falhas permeiam a interação entre tais agentes e alunos considerados desatentos? Ainda em relação a esses sujeitos, que intervenções no ambiente escolar possibilitariam o estabelecimento de relações de fair shares e a operação efetiva da instituição enquanto objeto transformacional? Movida por tais inquietações é que me lanço a campo em busca dos olhares e das ações que vêm efetivamente permeando o atendimento escolar a tais crianças, mantendo como perspectiva de análise o referencial teórico psicanalítico, com ênfase nas articulações de Luís Claudio Figueiredo em sua teoria dos cuidados. Pretendo utilizar o material construído no percurso como ponto de partida numa próxima pesquisa acadêmica - a ser desenvolvida dentro de uma escola, no intuito de contribuir para o estabelecimento de relações mais justas e profícuas entre todos os envolvidos.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Panlexia plus: método de avaliação e intervenção para dificuldades de leitura e escrita

Autor: Maria Cristina Bromberg

Coautor: Veronicka Seegmueller, Sérgio Antonio Antoniuk


RESUMO

Aprender a ler e escrever em uma língua alfabética, como o Português, significa que a criança deve entender as pequenas unidades da fala. A consciência de que a língua é composta de pequenos sons é fundamental para aprender a ler e produzir a escrita alfabética. O fonema é o elemento fundamental do sistema linguístico, o elemento essencial de todas as palavras, faladas e escritas. Nem sempre o processo de aprendizagem transcorre de forma natural. Inúmeros fatores, neurológicos e não neurológicos, alteram a possibilidade da criança aprender. Provocam resultados significativamente abaixo do esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência. Os transtornos de leitura e escrita atingem de forma grave cerca de 10% das crianças em idade escolar; considerando-se os leves, o percentual chega a 25%. Essas crianças não apresentam uma boa percepção dos fonemas. O desenvolvimento da consciência fonológica pode explicar a maior parte dos casos de dislexia, disgrafia e disortografia. Profissionais que atuam na área precisam ter noções claras de fonologia e fonêmica e construir planos de avaliação e intervenção segundo esses parâmetros. Panlexia é uma metodologia de orientação diagnóstica, linguisticamente estruturada, bem como um programa abrangente de assistência pedagógica a pessoas com dificuldades na área da Linguagem. É fonológica, estrutural e propicia bastante reforço para cada elemento da linguagem. As atividades da Panlexia utilizam todos os sentidos envolvidos na leitura e escrita, sendo que cada uma tem um propósito definido: por exemplo, o desenvolvimento da habilidade de decodificar, do reconhecimento por similaridade. Os exercícios planejados reforçam o aprendizado, ajudam na compreensão da sequência das letras, enfatizam o novo padrão de dificuldade. A leitura e escrita estruturada das sentenças favorece a compreensão das palavras porque usadas em contexto, faz uma revisão das palavras aprendidas, reforça a memória visual. Os métodos de ensino da Panlexia são indutivos, o aluno recebe muitos exemplos de cada novo elemento, tornando a associação do som e do símbolo automática - como é para leitores regulares. O objetivos deste estudo é apresentar a eficácia da Panlexia na reeducação das Dificuldades Específicas de Linguagem através do desempenho de criança com dificuldades de leitura e escrita após quatro meses de intervenção. Triada pelo Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, a criança foi encaminhada para avaliação específica, realizada através de instrumentos próprios da Panlexia. A anamnese se deu pelos dados de questionário respondido pelos pais. O processo de intervenção foi realizado em 13 sessões de cinquenta minutos cada uma. Após esse período, os testes de avaliação foram reaplicados, de modo a verificar a evolução do desempenho. Os dados levantados mostraram 25,7% de melhora na leitura e 25,4%, na escrita. Em relação à questão fonológica, houve aumento de cinco anos na idade fonológica. O reteste do Screening demonstrou aumento no tempo de leitura. Na escrita, houve diminuição expressiva dos erros ortográficos, na proporção de 33,3%. A intervenção realizada com o Método Panlexia resultou em melhora significativa em todos os testes, refletindo positivamente no desempenho escolar da criança e reafirmando a postulação de Martins: "Não há como atuar na área de formação ou reeducação leitora sem levar em conta as postulações da disciplina da Fonologia, ramo da Linguística, entendida como estudo dos padrões de sons que são linguisticamente significativos, ou seja, fazem parte da organização mental dos sons da fala".


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Olhar do psicopedagogo para crianças e adolescentes em instituições de acolhimento

Autor: Maria Cristina de Paula Partida

Coautor: Partida M. Cristina de Paula


RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o olhar que Psicopedagogo necessita ter ao atender crianças e adolescentes que já estiveram em uma situação de vulnerabilidade social ou afetivo relacional e hoje estão dentro de um programa de proteção social especial de alta complexidade. Quando o psicopedagogo entra em contato com essas crianças e adolescentes para uma avaliação ou estimulação psicopedagógica, ele se depara com um universo totalmente diferente daquele habitualmente conhecido e exemplificado pela nossa literatura. O NEPACC- Núcleo de estudos, pesquisa e aplicação comportamental através do programa de responsabilidade social atende na clínica social crianças e adolescentes encaminhadas pelas instituições de acolhimento. Os profissionais que encaminham para avaliação e estimulação nem sempre compreendem o papel do psicopedagogo, muitas vezes apresentam uma expectativa alta, querendo que todas as questões sejam sanadas entre elas as comportamentais e educacionais. Ao longo da avaliação, o Psicopedagogo tem que administrar a falta ou fragmentação da estória de vida deste atendido, expectativa da instituição de acolhimento, desesperança do atendido, interrupções neste processo por faltas, mudança de profissionais na instituição de acolhimento, pensamentos distorcidos sobre o processo de ensino e aprendizagem e a falta de habilidade do educador ou orientador sócio educativo em lidar com essa demanda dentro da instituição. A criança ou adolescente sujeito deste olhar acaba sendo muitas vezes rotulado, massacrado e desestimulado para o processo de aprendizagem não só no que se refere à leitura, escrita e cálculos, mas a aprendizagem de habilidades sociais e cognitivas importantes para o seu desenvolvimento integral. Ao longo da avaliação pode-se perceber que a criança ou adolescente não apresenta distúrbio de aprendizagem ou mesmo questões neurológicas, mas sim falta de estimulação adequada nas diversas etapas do seu desenvolvimento. Resgatar, estimular, proporcionar um novo caminho é tarefa árdua, porém possível de acontecer desde que o trabalho seja feita em conjunto entre todos os envolvidos nesse processo. Minha experiência na clínica como Psicopedagoga reforça a importância desse olhar diferenciado que devemos ter ao atender crianças e adolescentes que hoje estão em instituições de acolhimento e, muitas vezes, longe dos familiares, rotulados dentro da escola e de outros espaços não conseguem desenvolver-se como merecem e é garantido pelas políticas públicas, principalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Saúde emocional nas escolas: a necessidade de aprender a se relacionar e a conviver com as diferenças

Autor: Maria de Betânia Paes Norgren


RESUMO

Na sociedade globalizada em que vivemos, as transformações sociais são frequentes; os valores são questionados; as informações são rapidamente transmitidas e os relacionamentos podem ter as mais diversas formas. Deparamo-nos cada vez mais com pessoas "conectadas" em rede a muitas outras, mas solitárias e com dificuldade de relacionamento. As famílias, muitas vezes, não conseguem auxiliá-las, pois estão sobrecarregadas com o seu sustento, passando por transformações que questionam seu papel e função. Nesse contexto, são comuns os casos de violência e desrespeito em todas as instâncias sociais.
Nas escolas deparamo-nos frequentemente com casos de intimidação entre colegas; desrespeito e agressão entre alunos e professores. Temos que lidar com o desafio de buscar relações menos hierárquicas, mais participativas e democráticas, nas quais haja respeito mútuo, autoridade verdadeira e limites consistentes e amorosos. Sem dúvida alguma, crianças e adolescentes precisam ter acesso a uma educação formal de qualidade, mas também devem se tornar cidadãos responsáveis, que evitem todo tipo de discriminação e violência. Para que a escola cumpra o seu papel de educadora, deve favorecer a convivência e a sociabilidade, respeitar e celebrar a diversidade, desenvolver a colaboração e a conduta ética. Ou seja, deve propiciar a aprendizagem socioemocional de seus alunos. Estudos longitudinais têm indicado que favorecer a aprendizagem socioemocional possibilita melhora no processo de aprendizagem. O aprendizado envolve múltiplas interações e parece haver relação significativa entre competência social e acadêmica. A aprendizagem socioemocional tem efeito positivo na aprendizagem (motivação, compromisso e aspirações); no comportamento (participação e hábitos de estudo); nas atitudes em relação à escola (melhor habilidade para lidar com estressores e menor índice de absenteísmo) e na performance acadêmica (o que e como se aprende; desempenho e competência nos estudos). Crianças populares, em geral, possuem boas habilidades cognitivas, bom desempenho escolar, são empáticas, assertivas, sabem resolver problemas sociais e ajudar os outros e oferecer apoio emocional. São autoconfiantes, capazes de se concentrar, reagem construtivamente à frustração e enfrentam positivamente os desafios da aprendizagem. Neste trabalho, serão abordadas intervenções primárias realizadas em escolas, que tiveram por objetivo desenvolver a competência socioemocional dos envolvidos e que comprovadamente demonstraram sua eficácia ao melhorar o clima escolar, propiciar relação interpessoal mais efetiva e favorecer os processos de aprendizagem. Várias das intervenções foram feitas com a utilização de recursos da arteterapia.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Dislexia e música: uma revisão integrativa

Autor: Maria Luiza Santos Barbosa


RESUMO

A principal questão a ser investigada foi: Qual o efeito da música em sujeitos com dislexia? O objetivo foi elaborar uma revisão integrativa sobre dislexia e música, através de coleta de dados, análise e discussão do material encontrado. Foram analisados 19 artigos selecionados de um total de 90 estudos. A seguir, os textos selecionados: A case study of music and text dyslexia; Associations between music education, intelligence, and spelling ability in elementary school; Auditory and motor rhythm awareness in adults with dyslexia; Dyslexia and music: measuring musical timing skills; Dyslexia and learning musical notation: a pilot study; Dyslexia and music: from timing deficits to musical intervention; How to explore the auditory perception of young dyslexics with modern music; Investigating the relationship of music and language in children; Rhythmic motor entrainment in children with speech and language impairments: tapping to the beat; Music, rhythm, rise time perception and developmental dyslexia: Perception of musical meter predicts reading and phonology; Musical training influences linguistic abilities in 8-year-old children: more evidence for brain plasticity; Relating pitch awareness to phonemic awareness in children: implications for tone-deafness and dyslexia; Rhythm reproduction in kindergarten, reading performance at second grade, and developmental dyslexia theories; Rhythmic processing in children with developmental dyslexia: auditory and motor rhythms link to reading and spelling; Sensitivity to rhythmic parameters in dyslexic children: a comparison of Hungarian and English; The effects of colored paper on musical notation reading on music students with dyslexia; The relation between music and phonological processing in normal-reading children and children with dyslexia; The use of music to enhance reading skills of second grade students and students with reading disabilities; Timing precision and rhythm in developmental dyslexia. Após a análise crítica dos estudos, pode-se concluir: em relação às questões fonológicas, os estudos sugerem que a música nos sujeitos com dislexia pode facilitar a transferência das competências do conhecimento de palavras para compreensão da leitura, como estratégia para ajudar os alunos utilizarem palavras adquiridas nas atividades musicais; em relação às questões temporais e de processamento fonológico, o efeito produzido pela música pode ser a facilidade na associação da reprodução rítmica e de leitura, com atividades que utilizam pulsação e ritmo juntamente com palavras, frases e textos, observando a acentuação métrica das palavras; em relação às questões temporais, confirmou-se que as dificuldades de processamentos rítmicos são problemáticas na dislexia. Nesse sentido, a música pode auxiliar o disléxico a manter um fluxo rítmico constante na leitura (com a ajuda de um metrônomo), seguindo a pulsação e o ritmo fornecidos pelo professor ou profissional que o estiver orientando; em relação às questões cognitivas, os efeitos da música demonstram relações positivas entre tocar um instrumento e as habilidades cognitivas em crianças. Estudos sobre a plasticidade cerebral sugerem que dificuldades de leitura podem ser diminuídas com diferentes treinamentos intensivos. Processos musicais podem contribuir significativamente nessa reorganização cerebral, pois exigem alguma especialização do cérebro e uma cooperação hierárquica entre os dois hemisférios. Em relação às questões musicais, a música provoca efeitos positivos relacionados às questões psicológicas, educacionais e sociais. Para a aprendizagem musical, todas as estratégias utilizadas pelo professor (por exemplo, papel colorido) devem ser utilizadas.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: A importância da afetividade nos primeiros anos do ensino básico para o ensino-aprendizagem

Autor: Maria Rosineide Saraiva Sombra


RESUMO

Atualmente, é possível observar na Escola um crescente aumento da violência entre os alunos e do desrespeito destes para com seus mestres, além de um desinteresse cada vez maior pelo aprendizado e pelos conteúdos ministrados. Esses problemas podem ser constatados desde as séries iniciais e vão se agravando à medida que as crianças crescem dentro desse ambiente escolar. Por entender que o ser humano precisa ser preparado desde a infância para lidar com os problemas que irá enfrentar durante toda a vida, faz-se necessário trabalhar na escola a questão da afetividade, atentando para o fato de que o professor também deve ter o necessário equilíbrio emocional para intervir de forma adequada nos conflitos de sala de aula e, dessa forma, ensiná-los, desde cedo, a como lidar com as relações conflituosas com base no respeito mútuo e na justiça. Diante do quadro educacional exposto, o foco da pesquisa está na investigação do papel que a afetividade pode desempenhar no ambiente escolar, como promotora e/ou facilitadora da aprendizagem. Além disso, visa analisar também os problemas que a falta da afetividade no ambiente escolar e, em especial, nas relações entre professores e alunos pode trazer ao processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, a pesquisa foi bibliográfica para o referencial teórico e de campo, do tipo descritiva, para o levantamento de dados. Utilizou-se a entrevista semi-estruturada, dirigida a professores e alunos, contendo questões que visaram compreender as percepções dos mesmos acerca da afetividade e das relações interpessoais entre eles mantidas. A pesquisa foi realizada em três escolas da rede pública do Ensino Fundamental de Fortaleza/CE. A amostra foi composta por 20 alunos e 20 professores de cada escola, num total de 120 entrevistados. Paralelamente, foram feitas observações de cunho marcadamente etnográfico, isto é, buscando apenas observar os costumes de seus integrantes, sem interferir nas ações dos mesmos. Os dados obtidos permitiram constatar que os alunos sentem necessidade de serem ouvidos, querem atenção e tratamento diferenciado, de acordo com o seu jeito próprio de ser. Em contrapartida, apesar de reconhecer que eles não são todos iguais, a escola trata a todos de modo unilateral. Até mesmo os professores deixam de valorizar as experiências individuais de cada aluno, situação que precisa ser alterada na relação escolar. Além disso, também foi possível observar indícios de que o distanciamento entre professores e alunos pode ser a raiz dos problemas de indisciplina. Em síntese, a impressão inicial obtida foi a de que os professores estão pouco atentos ao emprego da afetividade como instrumento pedagógico e, que os alunos, apesar de não atentarem para tal fato, carecem desse tratamento e anseiam por ele, sentindo-se cercados em suas liberdades, sem direito a ter voz e a expor suas opiniões e desejos. Diante dos resultados alcançados, entende-se que as questões de indisciplina requerem uma ação não apenas efetiva, mas também afetiva, para se buscar mudanças de valores e atitudes. A escola, como ambiente educacional, precisa trabalhar para a correção das falhas que, porventura, esses alunos manifestem em função de suas vivências, seja em família ou em sociedade. Espera-se que a afetividade seja vista pelos educadores, não apenas como um elemento do processo de ensino-aprendizagem, mas sim como fator primordial para que ele ocorra de forma efetiva, evitando que o distanciamento entre professores e alunos venha contribuir para o surgimento de entraves no ensino e na aprendizagem.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Habilidades psicomotoras e dificuldade de aprendizagem: análise de crianças com diagnóstico de DE, DA e TDAH

Autor: Mariana Coelho Carvalho

Coautores: Sônia das Dores Rodrigues; Sylvia Maria Ciasca


RESUMO

Rotineiramente, crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem são encaminhadas para avaliação (médica e não médica), com o intuito de se fazer o diagnóstico diferencial, ou seja, para se determinar se a dificuldade se deve a disfunção do sistema nervoso central, ou se o problema está relacionado a outros fatores, tal como é o caso de inadequação do contexto ambiental ou escolar. Na prática, o que se observa é que, independente da etiologia, ou seja, TDAH, distúrbio de aprendizagem ou dificuldade escolar, as crianças com problemas na aprendizagem costumam apresentar alterações no desenvolvimento psicomotor. O presente estudo teve como objetivo avaliar as habilidades psicomotoras de crianças com dificuldade escolar (DE), distúrbio de aprendizagem (DA) e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Especificamente, pretendeu-se identificar se haveria relação entre etiologia da dificuldade de aprendizagem (decorrente de fatores ambientais/pedagógicos e disfunção do sistema nervoso central) com pior desempenho nas habilidades psicomotoras. Foram incluídas no estudo 25 crianças atendidas em um laboratório de pesquisa. Todas as crianças foram submetidas à avaliação neuropsicológica de base, constituída por avaliação clínica e instrumentos padronizados (WISC-III, Raven, Bender, Bateria Luria Nebrasca-C). Os pais foram informados sobre o teor da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Após a avaliação da equipe foram selecionadas crianças que tinham quadro compatível com dificuldade escolar (11 crianças), distúrbio de aprendizagem (6 crianças) e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (8 crianças). Para avaliação psicomotora foi utilizado o instrumento proposto por Oliveira. Analisando-se os dados de todo o grupo verificou-se que havia defasagem em todas as habilidades psicomotoras avaliadas, ou seja, esquema corporal (68%), lateralidade (64%), orientação temporal (52%), orientação espacial (40%) e coordenação e equilíbrio (40%). No que se refere à etiologia da dificuldade de aprendizagem, constatou-se que o grupo com DA teve pior desempenho do que os grupos com TDAH DE. Os autores chamam a atenção para a importância do desenvolvimento psicomotor como estruturante de funções corticais, que são essenciais para o aprendizado infantil e, ainda, para a necessidade de intervenção psicomotora, como meio de superar ou ao menos minimizar os efeitos dos problemas acadêmicos.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: A construção do conhecimento sobre as diferenças sexuais: um estudo a partir do diálogo entre as teorias piagetiana e freudiana

Autor: Mariana Inés Garbarino

Coautor: Maria Thereza Costa Coelho de Souza


RESUMO

As diferenças sexuais constituem um objeto de conhecimento complexo construído a partir de uma dupla demanda que se apresenta para a criança: do meio e do próprio corpo. A relação da criança com esse saber se constrói a partir das possibilidades e limites próprios a seu desenvolvimento cognitivo e afetivo, estudado por Piaget e das fases do desenvolvimento psicosexual elaboradas por Freud, especialmente em torno do tema da origem dos bebês. Para estes autores, a origem dos bebês e a sexualidade constituem os pontos de partida para se perguntar sobre a origem das coisas em geral e se orientar em uma gradativa autonomia intelectual no mundo. De acordo com ambas as teorias, o Eu da criança se constrói em uma progressiva diferenciação Eu/não-Eu. Considerando as duas propostas teóricas, a pesquisa de Kohlberg sobre a constância de gênero defende a ideia de que a diferença genital não é um critério básico e a priori na classificação sexual e corrobora que, para as crianças mais novas, a diferença sexual é como uma etiqueta que varia a partir de elementos acessórios como o cabelo, a roupa e os estereótipos de gênero. O presente trabalho tem como objetivo mostrar a partir de que mecanismos representativos e elementos comuns, crianças de 4 a 9 anos entendem e explicam as diferenças sexuais. Nesse sentido, pretende apontar o enriquecimento de uma abordagem da progressão genética dessa construção a partir da consideração de duas teorias historicamente consagradas: a psicogênese piagetiana e a psicanálise. Para a coleta de dados, foram entrevistadas 80 crianças de 4 a 9 anos, com base no método clínico piagetiano, agrupadas em dois grupos etários: i) crianças mais novas, de 4 a 6 anos ii) crianças mais velhas, de 7 a 9 anos. Esse recorte se justifica nos estágios da inteligência abordados por Piaget (passagem do período pré-operatório ao operatório-concreto) e nas fases do desenvolvimento psicossexual propostas por Freud (passagem da fase fálica ao período de latência). Os resultados demonstram uma progressão genética qualitativamente diversa em relação aos grupos etários e que compartilha alguns dos aspectos verificados por Kolhberg na sua pesquisa. Nas crianças mais novas, os elementos selecionados remetem ao gênero, e as diferenças se explicam por acessórios e elementos externos, como a roupa, o cabelo ou atividades historicamente estereotipadas. Nas respostas das crianças mais velhas, predominam elementos anatômicos genitais ou secundários, como os seios. Porém, vale destacar que especialmente nas crianças mais velhas se corrobora uma vergonha mais ou menos implícita em falar acerca dos órgãos genitais com vocabulário científico (pênis-vagina) sendo utilizadas, maiormente, outras variações como "perereca", a "parte íntima" ou "isso do que não se pode falar". Os resultados demonstram ainda uma pequena participação da escola (5%) como fonte de informação acerca da sexualidade, sendo na maioria dos casos proveniente do entorno familiar, e muito especialmente da mãe. A partir dos dados coletados no presente estudo e nos referentes teóricos já apontados, pode-se afirmar que a construção das diferenças sexuais constitui um processo que progressivamente admite estabilidade e que depende tanto de fatores psicossexuais teorizados pela psicanálise como da capacidade, explicada por Piaget, de classificar objetos. Portanto, pode-se concluir que a compreensão da construção infantil das diferenças sexuais se amplia e aprofunda quando ambas as teorias são consideradas.


 

 

Tema: Contribuições contemporâneas sobre a alfabetização

Título: Letramento e seu significado na formação do profissional da contemporaneidade: a importância do professor como agente de letramento nos cursos de graduação

Autor: Marilane da Costa Gonçalves


RESUMO

Este estudo propõe discutir a importância dos docentes das turmas de primeiro período dos cursos de graduação da UNISUAM como agentes de letramento. A partir do perfil do discente do 1º período, identificado em pesquisas anteriores, serão apresentados dados sobre a dificuldade do alunado, bem como as necessidades de uma intervenção efetiva, fundamentada numa proposta de ação pedagógica coletiva que considere a leitura e a escrita como responsabilidades de todos os docentes. Será discutida também a importância de uma formação acadêmica comprometida com as demandas da contemporaneidade, que contribua para a inclusão dos futuros profissionais no mercado de trabalho e promova o desenvolvimento local. No presente trabalho, partimos de uma pesquisa do perfil dos alunos dos primeiros períodos, aplicada nos diferentes cursos de graduação do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), localizado na Zona da Leopoldina, na cidade do Rio de Janeiro. Esses dados foram levantados pelo Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAPp), por meio de um instrumento com perguntas abertas e fechadas, aplicadas a um grupo de amostragem, que concordou em colaborar com a pesquisa. Dentre as várias dificuldades identificadas e que interferem no aprendizado desses alunos e na sua permanência no curso, destacam-se, em especial, as relacionadas à leitura e à escrita. Considerando-se que ler e escrever são habilidades exigidas em todas as disciplinas, se esse aluno não consegue ler de forma hábil, consequentemente terá prejuízos na interpretação e, por extensão na forma de expressar seu pensamento quando solicitado nas diferentes disciplinas. O presente trabalho tem como objetivo analisar as dificuldades da leitura e escrita e sua relação com a evasão e repetência de muitos alunos que chegam ao Ensino Superior da UNISUAM e não conseguem nele permanecer em virtude dessas dificuldades; o que nos leva a argumentar sobre a necessidade e importância da atuação do professor nas turmas de primeiro período como agentes de letramento, por meio do ensino dos diferentes conteúdos nas diversas disciplinas. A partir desses dados, questiona-se a possibilidade de os professores de diferentes disciplinas, dentro das áreas específicas, atuarem como mediadores para a minimização das dificuldades dos alunos em leitura e escrita, em especial nas turmas de primeiro período. Como fundamentação teórica serão utilizados Arruda (2006), Masetto (1998), Soares (2010), Rojo (2009). Quanto à metodologia, será utilizada neste trabalho a pesquisa descritiva e bibliográfica. Letramento e seu significado na formação do profissional da contemporaneidade. Um dos fatores que motivou essa pesquisa foi o incômodo provocado por frequentes queixas dos docentes em relação às defasagens de conteúdos com que os alunos chegam hoje às turmas de primeiros períodos na UNISUAM. Essas queixas dos docentes são fortalecidas pelas colocações dos discentes, nos atendimentos realizados no Núcleo de Apoio Psicopedagógico - NAPp. Assim, estudos anteriores realizados por Soares, (1998) e Rojo (2009) poderão nos ajudar a entender o porquê da defasagem nas habilidades de leitura e escrita, hoje tão frequentes no atual cenário educacional, tendo sérios reflexos na formação desses acadêmicos que chegam ao Ensino Superior. Nossa sociedade vai se modificando e as exigências sociais tornando-se cada vez mais complexas, o que demanda de seus atores novas práticas. Partindo do que nos relata Soares (1998), o letramento pode ser considerado o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita, que traz como consequências mudanças no estado daquele que dele se apropria.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Alegria na escola por adolescentes paulistanos com deficiência

Autor: Marta de Oliveira Gonçalves


RESUMO

O trabalho busca identificar e compreender o que provoca a alegria, como emoção e sentimento, em adolescentes com deficiência no contexto escolar. A coleta de dados foi feita a partir de redações de alunos que cursavam um Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos - CIEJA da rede municipal, na zona Oeste da cidade de São Paulo. Na análise, os dados foram aclarados pela teoria de desenvolvimento de Henri Wallon. Os resultados destacaram várias situações provocadoras para que a alegria se faça presente na escola. Essas situações estão relacionadas ao conhecimento, ao espaço e à rotina escolar, aos amigos, aos professores e algumas relações extra-escolares. Conclui-se que, conhecendo as condições indutoras da emoção e do sentimento alegria no adolescente com deficiência, podem-se intensificar momentos de satisfação escolar. Para isto, a escola deve ter um olhar atento ao aluno adolescente com deficiência para entender suas necessidades e tentar atendê-las sem deixar de compreender também os limites do professor que com ele interage. Este olhar será mais amplo com o auxílio da Psicopedagogia.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Representação social de professores universitários a respeito do trabalho e atuação do psicopedagogo

Autor: Míriam Gomes Avelar de Morais


RESUMO

A presente pesquisa se propôs a investigar as representações construídas pelos formadores de pedagogos sobre o papel profissional do psicopedagogo. A relevância da pesquisa reside no fato de que se acredita que as representações sociais expressam a maneira como as pessoas percebem e interpretam o mundo, pois o que se pretende aqui é conhecer a opinião de um determinado grupo a respeito de uma identidade profissional. Para esta investigação, buscou-se uma fundamentação teórica baseada na contribuição de diferentes autores colaboradores na construção do corpo teórico da Psicopedagogia. A proposta metodológica teve como base a pesquisa de abordagem qualitativa, envolvendo a pesquisa bibliográfica e de campo. A escolha da forma de realização dessa pesquisa foi almejando um processo de reflexão onde teoria, epistemologia e metodologia possam formar um círculo contínuo e influenciar-se mutuamente, oferecendo um entendimento da complexidade das dinâmicas subjetivas. A coleta de dados foi realizada por meio da associação livre de palavras e de entrevistas individuais semi-estruturadas. Esses instrumentos foram aplicados junto a professores do curso de Pedagogia de duas universidades de Goiânia, estado de Goiás. Para analisar os dados utilizou-se a técnica da análise de conteúdo. Os resultados indicam que, por um lado, existem aqueles que reconhecem um papel específico do profissional psicopedagogo em sua atuação interventiva nos sintomas das dificuldades de aprendizagem. E, por outro lado, aqueles que criticam ou questionam a existência desse profissional.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Perfil motivacional para leitura de crianças do 5º ano do ensino fundamental

Autor: Monilly Ramos Araujo Melo

Coautores: Émille Burity Dias; Carla Alexandra da Silva Moita Minervino; Kriscieli Fonseca


RESUMO

A leitura é entendida como um comportamento social, essencial para aquisição de conhecimentos, e principal forma de socialização. Para que ocorra, necessita, além de aspectos cognitivos, aspectos afetivos. Esses aspectos afetivos abordam as questões referentes à motivação. Alunos envolvidos em suas atividades de leitura são motivados a ler para diferentes fins, utilizando conhecimento prévio adquirido em experiências antes vivenciadas, gerando novos conhecimentos e participando significativamente de atividades sociais. A incidência de importantes problemas educacionais referentes à leitura é devido, entre outros fatores, ao declínio da motivação. O baixo rendimento escolar pode ser causado pelo não envolvimento da criança com a atividade proposta a ela. Diante da importância que a motivação exerce para o comportamento da leitura, este estudo tem por objetivo descrever o perfil motivacional para leitura de estudantes de uma escola pública, matriculados no quinto ano do ensino fundamental. Para isto, participaram 15 crianças entre oito e catorze anos, de ambos os sexos, do quinto ano do ensino fundamental, repetentes e não repetentes, com alto e baixo rendimento escolar de uma escola pública. Foi utilizado o Questionário de Motivação para Leitura, para traçar o perfil motivacional dessas crianças, este aborda a motivação para leitura em cinco dimensões: curiosidade e importância da leitura; prazer; reconhecimento social; razões sociais e autopercepção da competência em leitura. Após análise descritiva dos dados obtidos, entende-se que as crianças dessa turma apresentam baixo nível para a dimensão razões sociais e autopercepção da competência em leitura, esse resultado também foi observado nas crianças com baixo rendimento. Referente ao gênero, os meninos apresentaram melhor desempenho na maioria das dimensões, ao contrário dos estudos de Mata, onde as meninas obtiveram melhores escores. Em relação aos estudantes repetentes, observou-se que seus resultados situaram-se abaixo do nível em todas as dimensões analisadas. Frente aos resultados, percebe-se que a necessidade de formular estratégias que incitem a partilha de materiais de leitura e o envolvimento dos pais e cuidadores nas atividades de leitura. Também se faz necessária a implementação de atividades que sejam interessantes e atraentes para o engajamento na leitura se tornar mais fácil e confortável para o estudante e, consequentemente, ele se sentir bem e confiante ao ler, obter bons resultados e mudar favoravelmente sua percepção sobre suas leituras. Estudos acerca da motivação para leitura no ensino fundamental é de imprescindível importância para o conhecimento do perfil motivacional dos alunos e o conhecimento sobre as dimensões que mais afetam o envolvimento na leitura, assim a contribuição será mais evidente para a formulação de estratégias mais eficazes, por parte dos educadores, para incitarem o interesse pela leitura.


 

 

Tema: Contribuições contemporâneas sobre a alfabetização

Título: Processamento auditivo e leitura: um estudo com pré-escolares

Autor: Monilly Ramos Araujo Melo

Coautores: Estephane Enadir Duarte Lucena Pereira; Gabrielle Cordeiro Rocha de Assis; Carla Alexandra da Silva Moita Minervino


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar o processamento auditivo em crianças de pré-alfabetização. Para adquirir a leitura, se faz necessária uma série de processos cognitivos, bem como habilidades precursoras dessa competência. Essa temática tem despertado inúmeras investigações, as quais procuram compreender os processos subjacentes ao aprendizado da leitura. Dentre as habilidades inerentes a essa aquisição, destaca-se o processamento auditivo, habilidade fundamental para o desenvolvimento da linguagem, da leitura e da escrita. O processamento auditivo refere-se à capacidade de captar informações de fundo, distinguir um entre vários ruídos, localizar e, ao mesmo tempo, integrar, processar e compreender as mensagens auditivas. Nessa perspectiva, o processamento auditivo envolve discriminação, memória e percepção auditiva. A discriminação auditiva é responsável pelo agrupamento de sons de acordo com a similaridade ou diferença, a memória auditiva é responsável pelo armazenamento e recuperação da informação e a percepção auditiva, pela recepção e interpretação de sons ou palavras. Estas competências são relevantes na compreensão da palavra falada, na leitura e na escrita. Nesta investigação, para coleta de dados, foi utilizado o protocolo de avaliação de habilidades cognitivo-linguísticas (PAHCL), utilizando-se apenas as provas do processamento auditivo da versão individual e o Inventário de identificação de sinais disléxicos em pré-escolares: percepção do professor (ISD-P), que objetiva identificar sinais de transtorno de leitura em pré-escolares por meio da percepção dos professores. Foram investigadas 15 crianças da pré-alfabetização, com idade de cinco anos, de uma creche localizada no município de João Pessoa - PB, de ambos os sexos e uma docente responsável pelas crianças. Diante da aplicação dos instrumentos observou-se que os estudantes obtiveram uma pontuação abaixo do esperado nas provas de memória direta de dígitos, repetição de palavras e pseudopalavras e no ritmo. Evidenciando com isso uma dificuldade no processamento auditivo. Em um estudo similar, com 45 escolares do 2º ano e fazendo uso do mesmo instrumento utilizado na presente pesquisa, constatou-se que tanto a habilidade de discriminação fonêmica quanto a repetição de pseudopalavras estão correlacionadas com a fluência e acurácia de leitura. O que reitera a importância do processamento auditivo para a leitura eficiente, tornando necessária a estimulação das habilidades inerentes ao processamento auditivo, uma vez que estas podem comprometer a leitura competente. Diante da complexidade e da relevância da temática, nota-se que os resultados advindos deste trabalho poderão contribuir na construção de práticas preventivas e interventivas no processamento auditivo, uma vez que o conhecimento sobre essa variável poderá contribuir para o entendimento e a reflexão acerca dos processos inerentes à aquisição da leitura, subsidiando os profissionais de saúde e educação em sua atuação.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Intervenção psicológica em escolas: construção de novas práticas em psicologia e saúde

Autor: Mônica Cintrão França Ribeiro


RESUMO

A educação brasileira tem enfrentado, nas últimas décadas, vários problemas e isso se refletiu nos serviços de atendimento psicológico oferecidos pelos estabelecimentos de saúde à população. Estudos demonstram que a maior parte dos encaminhamentos feitos pelas escolas ou pelos profissionais de saúde, para Unidades Básicas de Saúde ou Clínicas-Escola, referem-se não a distúrbios emocionais ou problemas familiares, mas a problemas no processo de escolarização do aluno em relação à aprendizagem da alfabetização e às dificuldades de comportamento. Da mesma forma, o atendimento psicológico oferecido tem se reduzido a um fenômeno psicopatológico: concepção que entende a queixa escolar como um problema individual, de pertencimento à criança encaminhada. São recentes as pesquisas que apontam um trabalho de atendimento visando a não redução dos problemas de escolarização à criança, mas aos funcionamentos escolares e sua relação com o fracasso e sofrimento dos alunos. Esse trabalho tem dois objetivos: apresentar os critérios de triagem para serviços de atendimento psicológico às queixas escolares em duas clínicas-escola na cidade de São Paulo; e apresentar o atendimento realizado por estagiários do último ano do curso de Psicologia às queixas escolares no âmbito da clínica, com foco no indivíduo atendido em sua relação com a instituição escolar. Foram desenvolvidas oficinas psicopedagógicas com alunos do ensino fundamental I de uma escola pública na região norte da cidade de São Paulo, no período de março a junho de 2011, visando à desconstrução da queixa e o fortalecimento interno da criança, retirando-a da condição de não aprendente em que foi colocada e resgatando o seu desejo de aprender por meio de outro modelo de vinculação. Aos professores foram propostas oficinas temáticas para reflexão sobre as dificuldades vivenciadas no cotidiano escolar e a construção coletiva de estratégias para sua superação. Além disso, foram realizados plantões psicológicos na escola como proposta de atendimento às demandas cotidianas da comunidade escolar. Os resultados indicaram uma mudança na dinâmica do fazer pedagógico na escola a partir de uma perspectiva de intervenção em psicologia que possibilita a construção de uma rede mais significativa tanto na ação do psicólogo como no funcionamento da comunidade escolar em seu cotidiano. Além disso, indicaram procedimentos de atendimento à queixa escolar na perspectiva que se opõe às práticas tradicionais, considerando os pertencimentos sociais para além do próprio sujeito ou grupo familiar. Por fim, apontaram a necessidade e importância de investigar-se, na avaliação e intervenção psicológica, a rede de relações que se estabelecem no cotidiano escolar, muitas vezes produtoras de funcionamentos adoecidos e adoecedores, interferindo diretamente na constituição psicológica do aluno. Com isso abre-se a perspectiva de novos estudos para se investigar o funcionamento escolar e a dinâmica das relações por meio do resgate e construção do significado do aprender.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Reconsiderações sobre o agressor e o agredido nas práticas de bullying

Autor: Olga Araujo Perazzolo


RESUMO

O trabalho constitui uma abordagem teórica derivada de investigação sobre representações sociais relativas a práticas de bullying. O processo envolveu o estudo de filmes dirigidos predominantemente à faixa adolescente, por meio da análise de conteúdo, conforme proposições de Bardin. O embasamento metodológico pautou-se no suposto de que dos filmes ecoam vozes amplificadas das representações sociais, timbradas com tons artístico-midiáticos e socioeconômicos, reincorporados na dinâmica das representações. Assim, são instrumentos, ao mesmo tempo, de leitura e de construção da realidade. Dentre os resultados destacam-se os indicativos de que os agressores tendem ser percebidos como tendo superioridade física, estética e socioeconômica; a pertencer a famílias estruturadas e não violentas, e que valorizam os atributos de extroversão e "liderança" de seus membros. Situação inversa marca o perfil do agredido, cuja tendência é a proveniência de meios com restrito poder aquisitivo, famílias desfeitas ou desestruturadas, e em situações de risco. No exame dos traços de personalidade do agressor destacaram-se as características de expansividade, inteligência, tendência à dominação, desenvoltura, confiança e ousadia. Já os agredidos foram caracterizados, basicamente, pelo traço da timidez. A partir dos dados, cabe refletir sobre o equívoco possível de que os agressores tendam a advir, via de regra, de famílias violentas, desestruturadas e que por frustração e conflitos buscam vitimar pares, necessitando de ajuda, tanto quanto o agredido. Além disso, as características do agressor parecem ser valorizadas por toda a sociedade e não apenas pelos iguais, e os atributos opostos (falta de coragem, medo, receio da rejeição) são desqualificados socialmente, potencializando as dificuldades de enfrentamento da vítima. Se considerado que os jovens tendem a reproduzir comportamentos de modelos socialmente valorizados, inclusive por aprendizagem vicária, pode-se compreender o comportamento do agressor como fonte de inspiração para jovens, particularmente em idade escolar, e como fator interveniente no aumento progressivo das práticas de bullying. Cabe, ainda, considerar que a timidez, e não os estigmas, seja o aspecto mais contributivo à vitimização, apontando direções para intervenções precoces em âmbito escolar. De outra parte, as soluções idealizadas para a contenção da violência dão conta de que a única forma de cessá-la é inverter as posições de força e poder, embora isso não derive, necessariamente, em inverter também o papel do agredido em agressor. Nessa direção, os agredidos poderão: a) conquistar prestígio e popularidade superiores as do agressor; b) revidar o ataque; ou, principalmente, c) contar com o apoio de outro mais forte e/ou mais velho, indicando que, no imaginário social, as vítimas precisam, efetivamente, da ajuda de alguém para cessar a agressão. Nesse sentido, para além das ações preventivas e de sensibilização para relações mais empáticas, há que refletir sobre ações repressivas/punitivas adotadas, em especial, no espaço escolar, atingindo agressores e agredidos de forma indiscriminada e que não defendem o agredido de forma a assegurar-lhes a devida proteção.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Psicopedagogia Hospitalar: equipamentos digitais e aprendizagem

Autor: Patricia Midões de Matos

Coautor: Flávia Teresa de Lima


RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi esclarecer a atuação do psicopedagogo no hospital. A indagação inicial foi saber como se estabelece a Psicopedagogia Hospitalar na prática. O desenvolvimento desse texto se deve a leitura e análise da experiência dos profissionais que estão ligados à classe hospitalar e à brinquedoteca, alguns sendo psicopedagogos de formação. Além dos cuidados com a saúde, uma criança ou um adolescente internados precisam também de uma atenção com a continuidade de seu processo de aprendizagem. Assim, auxiliados por profissionais inerentes à área da saúde, como enfermeiros, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, dentre outros, apreciamos também a importância do psicopedagogo no ambiente hospitalar e o seu trabalho com atividades diversificadas que vêm colaborar na recuperação da criança e do jovem em benefício de sua saúde, desenvolvendo atividades preventivas de ordem cognitiva e afastando dessa forma possíveis entraves no processo de aprendizagem que possam se instalar durante o tratamento de saúde. Acreditamos que, mesmo no ambiente hospitalar, os objetos tecnológicos e recursos digitais podem estar presentes como instrumentos de atendimento psicopedagógico. Estes equipamentos, muitas vezes, já fazem parte do cotidiano da vida da criança, desde os celulares, passando por brinquedos como legos-eletrônicos, Digital System (DS), até os computadores portáteis. A utilização destes recursos pode ser uma forma de inclusão digital e uma oportunidade de desenvolver a capacidade cognitiva da criança, pois, todos os equipamentos, desde que bem utilizados, podem favorecer a aprendizagem. Acreditamos que toda a equipe se beneficie com a presença do profissional psicopedagogo que venha contribuir com os conhecimentos sobre seu objeto de estudo, o processo de aprendizagem humana, almejando uma atenção transdisciplinar, como sugerido nos Cadernos da PNH - Política Nacional de Humanização. Por meio de visitas formalmente agendadas, conversas com os profissionais que trabalham dentro do hospital e observações de suas práticas, levantamos questões sobre o assunto e discutimos com outros profissionais. Para tanto, fez-se necessário registrar essa experiência em forma de texto acadêmico, a fim de que esse trabalho pudesse colaborar para a formação específica do psicopedagogo e colaborar também para a profissão de um modo geral. Além disso, revimos e ampliamos o entendimento de quais habilidades podem ser trabalhadas dentro do hospital, sugerindo autores e caminhos a serem seguidos seguramente, desde norteamentos para fazer o diagnóstico dinâmico, com sugestões de intervenções lúdicas e de ordem prática por meio de equipamentos digitais e jogos eletrônicos. Concluímos nosso trabalho com a certeza da importância do psicopedagogo enquanto profissional atuante na equipe hospitalar e apresentando alguns parâmetros para a atuação psicopedagógica focada na utilização de equipamentos e jogos digitais dentro do ambiente hospitalar e que amplia a ideia da Psicopedagogia como uma área do conhecimento pertencente às áreas da Saúde e Educação e necessária ao atendimento da criança e adolescente internados.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Desempenho de alunos de oitava série no jogo Sudoku

Autor: Patrícia Thomásio Quinelato

Coautor: Lino de Macedo


RESUMO

É conhecido o alto índice de reprovação de alunos da Escola Fundamental II e Ensino Médio em avaliações de sistema na área da Matemática. A considerar apenas variáveis cognitivas referentes aos alunos, pode-se supor que suas dificuldades se devem ao domínio insuficiente dos conceitos relativos aos conteúdos verificados, bem como aos insuficientes recursos de raciocínio na compreensão e na resolução dos problemas propostos. Esta pesquisa analisa a segunda variável, ou seja, observou modos de resolução de um problema, em que a dimensão lógica das relações envolvidas é mais desafiadora do que os conteúdos ou informações requeridas para sua solução. Tratou-se, no caso, de se propor a resolução de partidas do jogo Sudoku em duas versões simples, mas que requeriam o uso do raciocínio por exclusão. O objetivo da pesquisa é, assim, descrever o desempenho de alunos de oitava série da Escola Fundamental, pública, na resolução de 20 jogos Sudoku, sendo 16 em uma matriz 4x4 e os restantes em matriz 6x6. O Sudoku é um jogo de regra, que implica completar números, sem repetição do mesmo número nas linhas, colunas e blocos de uma matriz. Trata-se de um jogo lógico que supõe o uso do raciocínio de exclusão para se decidir, observando e coordenando informações, qual é o único número pertinente a cada uma das casas da matriz. Supõe, por isso, respeitar o objetivo e a regra do jogo, mas igualmente aprender a regra lógica, ou seja, o procedimento de sua resolução. Jogos de regra são instrumentos psicopedagógicos que ocupam lugar especial nos processos de desenvolvimento e, consequentemente, na construção do conhecimento (Piaget, 1980/1996). No caso do Sudoku, o desafio é observar e coordenar aspectos espaciais (lugar dos números já colocados) com aspectos temporais (preencher primeiro as casas para as quais há informações suficientes) como condição para identificar ou descobrir o único número de cada uma das casas vazias. O procedimento de coleta de dados consistiu em, primeiro, apresentar o objetivo e as regras do Sudoku aos alunos. Segundo, em duas aulas, propor a resolução de 16 jogos Sudoku 4x4, apresentados em folhas de papel para ser resolvidos individualmente pelos alunos, que as devolviam para a professora quando concluída a tarefa. Em seguida, a professora comentava os erros cometidos e renovava o objetivo e as regras do jogo. Terceiro, nas quatro aulas seguintes, foram propostos mais quatro jogos, matriz 6x6, sendo um para cada aula, obedecendo-se os mesmos critérios. Os 16 jogos Sudoku 4x4 foram resolvidos por 13 alunos e os quatro jogos 6x6 por 12 alunos. Nos jogos 4x4, verificou-se que nenhum aluno resolveu corretamente os 16 jogos, mas que a maioria dos alunos (N=11) resolveu de 12 a 15 jogos. O mesmo não se verificou nos quatro jogos Sudoku 6x6. Dos 12 alunos, nove não conseguiram resolver a metade dos jogos, e, além disso, todos necessitaram de uma aula inteira para trabalhar com apenas um jogo. Tal fato chama a atenção quando se considera que, pela idade e série escolar deles, se poderia esperar um bom desempenho mesmo em jogos de uma matriz 9x9. Aliás, era esta a princípio a intenção do trabalho: começar com matrizes simples para fixar bem o objetivo, as regras do jogo e o uso da exclusão para deduzir o número nas casas vazias, para, finalmente, analisar o desempenho dos alunos em jogos 9x9. Mas, diante dos resultados observados para os jogos 6x6, se decidiu concluir a pesquisa nesse ponto. Esta pesquisa permite concluir que a variável raciocínio pode explicar o baixo desempenho na aprendizagem de conteúdos de Matemática, sugere que se dê o devido valor aos processos de aprendizagem de formas lógicas de pensar e que o jogo pode ser um recurso útil para isso.


 

 

Tema: Vida Adulta

Título: Aprendizagem de jovens e adultos no ensino médio integrado

Autor: Rejane Bezerra Barros

Coautores: Fábia Maria Gomes de Meneses; Francy Izanny de Brito Barbosa Martins


RESUMO

O campo de estudo sobre a aprendizagem de jovens e adultos apresenta-se como importante no cenário acadêmico, à medida que se constitui numa possibilidade de resposta às indagações feitas pela maioria dos educadores que atuam no Ensino Médio Integrado. Nesse sentido, entende-se como um desafio para os professores atuarem nessa modalidade sem ter tido em seu processo formativo o embasamento teórico-prático necessário para lecionar nessa modalidade de ensino. Trabalhar com Educação de Jovens e Adultos (EJA) requer uma atenção especial do educador para a importância da reflexão e da ação no sentido de constituir uma educação inclusiva, com tomada de decisões fundamentadas cientificamente nesse complexo campo da educação escolar. O presente trabalho é fruto de reflexões acerca da necessidade de espaços formativos para essas discussões no interior das escolas, apresentando uma introdução ao estudo do desenvolvimento da aprendizagem, necessária para a compreensão do tema em questão. Apresenta diferentes abordagens da Psicologia relativas ao desenvolvimento da aprendizagem humana, buscando caracterizar a aprendizagem no sujeito jovem e adulto. Procurou-se privilegiar a discussão baseada na Teoria Histórico-Cultural como um dos referenciais para análise, sob a orientação filosófica do materialismo histórico-dialético, uma vez que essa abordagem concebe a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio cultural, possibilitando o caráter ativo da aprendizagem enquanto sujeito do conhecimento. Enfatiza-se a construção do conhecimento como uma interação do sujeito com a realidade, considerando-se diversos fatores intervenientes ao processo de construção do conhecimento, como: motivação, formação de conceitos, memória, inteligência, percepção, linguagem, desejo de aprender, dentre outros fatores considerados importantes para a promoção da aprendizagem. Desse modo, busca-se uma reflexão sobre o processo de aprendizagem de jovens e adultos como sujeitos que estão inseridos no ensino integrado da educação profissional e tecnológica, com a finalidade de orientar e proporcionar a formação teórico-metodológica necessária aos profissionais da educação, na perspectiva da formação continuada. Salienta-se que é preciso fomentar a discussão entre os educadores nas instituições de ensino sobre esses sujeitos que retornam ao ambiente escolar em busca da retomada dos estudos e do resgate da dignidade humana, trazendo consigo uma carga significativa de experiências de vida e, na maioria dos casos, experiências laborais que precisam ser consideradas pela instituição educativa. Faz-se necessária a promoção de debates, aprofundamentos teóricos e trocas de experiências na perspectiva da formação continuada, para ampliar as discussões sobre a temática, especialmente junto a educadores da modalidade EJA. Busca-se conhecer as especificidades da aprendizagem do jovem e do adulto e como esses sujeitos aprendem, a partir de uma perspectiva ampla, entendendo-se que em cada período de vida a aprendizagem acontece diferentemente, uma vez que depende da inter-relação entre o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, cultural e orgânico. Entende-se que a ação docente deve estar fundamentada teórica e metodologicamente para ampliar o conhecimento sobre a realidade desses sujeitos, visando contribuir para construções significativas para o aprender do estudante, considerando-o como um ser histórico-social que requer uma formação humana e integral por meio do ensino de qualidade na perspectiva da integração entre Ensino Médio, Educação Profissional e Educação de Jovens e Adultos.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Síndrome de Tourette: do diagnóstico ao conhecimento

Autor: Renata Pereira Martins Giovannini


RESUMO

A Síndrome de Tourette é uma síndrome caracterizada por tiques (espasmos) motores e vocais, não necessariamente ao mesmo tempo. Os tiques surgem por volta dos sete anos, idade escolar da criança. A criança que tem a síndrome pode apresentar Transtorno Obsessivo Compulsivo (50% dos casos), Distúrbio Hiperativo e Déficit de Atenção, TDAH (36% dos casos). A neurociência, juntamente com a neuroaprendizagem, são de grande valia àqueles que convivem com essa criança. O presente artigo relata a maneira pela qual pedagogos e psicopedagogos, por meio do conhecimento da Síndrome de Tourette, podem ajudar a criança portadora da síndrome em seu desenvolvimento cognitivo e emocional, possibilitando sua inserção, tanto na possibilidade do aprender, quanto no seu processo de socialização. Faz-se necessária essa compreensão como mecanismo de intervenção, para o melhor preparo dos profissionais envolvidos no processo de neuroaprendizagem. As respostas obtidas neste trabalho confirmam que essa intervenção e orientação aos profissionais é de grande valia para a melhora e inserção dessa criança no meio social.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: A prática psicopedagógica em clínica-escola - Relato de experiência no Núcleo de Psicopedagogia da Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA Foz do Iguaçu - PR

Autor: Rita de Cássia Sawaya

Coautor: Dimara Marques Ribeiro


RESUMO

O Núcleo de Psicopedagogia da Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA iniciou a prestação de serviços em psicopedagogia no mês de março de 2007, com o objetivo de atender crianças e adolescentes da comunidade local e também os acadêmicos dos diversos cursos de graduação da instituição. O núcleo funciona em conjunto com a clínica de Psicologia que também iniciou os atendimentos na mesma data, desde então, o trabalho ocorre em parceria entre os profissionais dos dois setores, com constante troca de ideias e informações sobre a necessidade de avaliação e acompanhamento. O trabalho específico do Núcleo de Psicopedagogia está voltado para o diagnóstico e a intervenção especializada nos casos de dificuldades de aprendizagens, com o objetivo de propiciar um espaço de reconhecimento das potencialidades individuais, que servem de impulso para superação das dificuldades. Os atendimentos ocorrem através dos acadêmicos que realizam estágio supervisionado, provenientes dos cursos de graduação em Psicologia e/ou Pós-graduação em Psicopedagogia. Os estagiários são supervisionados por professores com formação em Psicopedagogia e experiência clínica na área. Ao longo dos cinco anos de funcionamento, o núcleo já acumulou dados significativos relativos ao atendimento psicopedagógico nas dificuldades de aprendizagem, dados esses que merecem ser compartilhados para ampliar as discussões e troca de ideias a respeito do atendimento psicopedagógico em clínicas-escola, sendo esse o objetivo principal deste artigo. Para realizar este estudo, optou-se por analisar os diagnósticos psicopedagógicos realizados no período de julho de 2007 a dezembro de 2009, tendo como público-alvo os pacientes/clientes que tivessem entre 6 e 11 anos de idade e procuraram a clínica por apresentarem dificuldades de aprendizagem. De acordo com Moojen e Costa, a sociedade competitiva atual tem impulsionado muitos pais a cobrarem de seus filhos excelência no desempenho escolar, e, algumas vezes, essa expectativa não é correspondida, fator que leva essas crianças a passarem por diversos especialistas, que por sua vez sentem a necessidade da avaliação complementar de um psicopedagogo. Pensando nisso, a pesquisa priorizou entender se o motivo da consulta ou queixa inicial realmente condizia com o resultado do diagnóstico, bem como investigar o tipo de atenção e a modalidade de aprendizagem de cada criança atendida. No período estabelecido, foram atendidos 29 casos que se enquadram nos critérios desta pesquisa. Essas crianças estavam cursando entre a primeira a quinta série do Ensino Fundamental. A queixa é o motivo da consulta, da solicitação de avaliação que, segundo Rubstein, é o eixo condutor da investigação psicopedagógica. No que se refere à atenção, Montel e Seabra demonstram em seus estudos que a seletividade na atenção é fator fundamental para o processamento e o armazenamento da informação em qualquer processo de aprendizagem. Sobre a modalidade de aprendizagem, Fernández expressa que ela representa a organização de um conjunto de aspectos, da ordem da significação, da lógica, do simbólico e da corporeidade. A pesquisa apontou que a predominância da queixa foi "problemas de atenção". No estudo relativo ao tipo de atenção, a predominância foi da baixa seletividade e, com relação à modalidade de aprendizagem, a maioria estava apresentando o tipo hiperassimilativa, que, segundo Fernandéz, está relacionada com a internalização prematura de esquemas, dificultando a acomodação. A partir da análise desses aspectos foi possível identificar que o principal motivo das queixas recebidas é condizente com os resultados obtidos durante o diagnóstico.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Intervenção coletiva em nível preventivo: aplicação em escola pública

Autor: Roselaine Pontes de Almeida

Coautor: Toledo-Piza CMJ; Miranda MC


RESUMO

O presente trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, de caráter mais abrangente, que objetivou adaptar o modelo de Resposta à Intervenção (RTI) ao contexto educacional brasileiro. A RTI é uma abordagem que visa prevenir e remediar dificuldades de aprendizagem, baseada na identificação precoce das dificuldades por meio da resposta dos alunos à instrução de alta qualidade. Na primeira etapa do estudo, objetivou-se capacitar professoras de primeiro ano do Ensino Fundamental para aplicarem intervenções coletivas. Na segunda etapa, essas profissionais aplicaram a RTI em suas próprias salas de aula. Para atender aos objetivos da primeira etapa, foi elaborado um programa de capacitação que visou promover a reestruturação didática das aulas voltadas à alfabetização, com vistas a novas práticas pedagógicas baseadas na instrução explícita e sistemática das habilidades de leitura, incluindo a manipulação mental de elementos linguísticos correspondentes à consciência fonológica, ampliação do vocabulário, reconhecimento de letras e desenvolvimento de habilidades lexicais. Participaram dessa etapa 2 professoras de uma escola pública do município de Guarulhos - SP. A capacitação ocorreu na escola, durante todo o mês de fevereiro/2011, na sala e horário destinados à Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e contemplou o esclarecimento e a discussão de conceitos e estratégias pedagógicas, a execução de atividades práticas e a elaboração de um cronograma de atividades a serem aplicadas pelas docentes durante a implantação da intervenção coletiva. Durante os encontros, além da leitura de textos e o debate de ideias, houve momentos para a exposição de situações pessoais das professoras em sala de aula, como forma de compartilhar experiências de sucesso e fracasso. Após o período de capacitação, cada professora aplicou a intervenção coletiva em sua própria sala de aula. Assim, a RTI foi aplicada a 51 crianças de duas salas de 1º ano, denominadas turmas A e B: 26 alunos eram da Turma A, 14 meninas e 12 meninos (média de idade=6,4 anos, DP=0,49) e 25 alunos eram da Turma B, 11 meninas e 14 meninos (média de idade=6,2 anos, DP=0,28). As crianças foram avaliadas, antes e após o período de intervenção, com a versão brasileira do The Reading Decision Test, por meio dos subtestes Leitura de Letras e Leitura de Palavras. O desempenho escolar em leitura, escrita, linguagem oral e matemática foi caracterizado através do Protocolo de Caracterização de Desempenho Escolar dos Alunos, preenchido pelas professoras. Para análise dos dados foram realizados cálculo de z-scores e gráficos, além da análise de frequência para os resultados do Protocolo de Caracterização de Desempenho Escolar dos Alunos. Esse conjunto de dados evidenciou que 23,7% das crianças da Turma A (n=6) e 16% (n=4) das crianças da Turma B apresentaram dificuldades de aprendizagem. Esses resultados indicam que a RTI mostrou-se um modelo de trabalho capaz de promover a triagem dos estudantes que apresentaram problemas acadêmicos, indicando a necessidade de intervenção precoce. O estudo contribui para a ação psicopedagógica, uma vez que disponibiliza um modelo de intervenção coletiva que pode ser aplicado em diferentes instituições. Aponta, ainda, para a possibilidade de atuação do psicopedagogo na instituição escolar enquanto formador de educação continuada dos professores, promovendo debates e reflexões sobre a importância do trabalho preventivo relacionado às dificuldades de aprendizagem, além de orientar a equipe técnico-administrativa no sentido de propiciar infraestrutura de apoio aos docentes, para que esses se sintam preparados para trabalhar de forma diferenciada, buscando auxílio e recorrendo à formação continuada como forma de aperfeiçoamento de seu trabalho na escola.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Avaliação neuropsicológica das funções executivas: planejamento e inibição numa perspectiva psicopedagógica

Autor: Sandra Guimarães


RESUMO

O presente trabalho abordou a importância da avaliação neuropsicológica em criança com avaliação de QI entre 70 e 90, sujeito diagnosticado com dificuldade de aprendizagem na categoria limítrofe/Borderline cognitivo, o termo pode estar vinculado a um déficit nas funções executivas e a explicação se situa em um nível mais primário: funcionamento executivo. O termo Limítrofe/Borderline Cognitivo é muito utilizado por médicos, psicólogos e psicopedagogos para indivíduos que apresentem um QI entre 70 e 90. Não existe nenhuma definição, que possa identificar os indivíduos com inteligência limítrofe como pertencentes a uma entidade nosológica definida. O objetivo deste estudo foi estudar o psicodinamismo do sujeito com dificuldade de aprendizagem; analisar o seu modo de relação com os objetos e situações de aprendizagem; identificar as possibilidades de desenvolvimento do sujeito. Pesquisa qualiquantitativa, utilizando os seguintes recursos: história de vida; entrevista; observação; tarefas neuropsicológicas. O presente trabalho apresenta o caso de um menino com 10 anos de idade, frequenta regulamente a escola da rede particular, reprovado uma vez na primeira série do Ensino Fundamental. A queixa inicial é a manifestação de reações violentas com os colegas e professora, falta de atenção, não copia e não realiza as tarefas propostas. As relações familiares são tensas e ocorrem principalmente quando as questões se referem às atividades escolares. A Psicopedagogia como área de conhecimento que trabalha com as relações de aprendizagem buscou apoio na Neuropsicologia promovendo a avaliação da área do planejamento: meta proposta ao indivíduo para elaborar e por em execução um plano estrategicamente organizado de sequências e ações, e a avaliação da área de inibição que é a interrupção de uma determinada resposta que geralmente é automática. O estudo revela a importância da avaliação neuropsicológica das funções executivas e do comportamento sócio adaptativo da criança referente ao afeto e a estimulação. Há prejuízos na organização, planejamento, eficiência da memória, capacidade de julgamento crítico e senso comum, gerando inadequações nas interpretações e na condução das questões sociais. A avaliação neuropsicológica é fundamental no desempenho das atividades da vida diária no aspecto individual, social e escolar e de alta relevância nas interações sociais. Propiciou o desenvolvimento de um programa próprio de intervenção e de novas estratégias de avaliação respeitando a natureza lúdica da criança.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Grupo de Apoio a Diversidade Escolar (GADE): tecendo novos olhares para as demandas escolares

Autor: Sandra Mára Bueno De Almeida

Coautores: Cristine Marques Blumm; Melissa Pires; Ana Alice Rezende


RESUMO

Este trabalho relata a experiência do projeto desenvolvido na APAE de Estância Velha - RS e tem como público alvo os educadores da rede regular de ensino. Consiste em um projeto chamado "Grupo de Apoio a Diversidade Escolar", com encontros mensais, no qual, o principal objetivo é pensar a pluralidade dentro do espaço escolar e repensar as intervenções nestas demandas. Visa, através das trocas de experiências, estudos e reflexões, a construção de uma docência com olhar receptivo às singularidades e, portanto, inclusivo. Que compreenda a inclusão não como algo relacionado apenas à integração de alunos com deficiência explícita, mas sim, como o acolhimento, a compreensão e o respeito à diversidade inerente à subjetividade humana. Também atua na meta de constituir ações de enfoque sistêmico que visem possibilitar o processo de aprendizagem e desenvolvimento do corpo discente. O "GADE" iniciou em 2005 como GAI (Grupo de Apoio à Inclusão), objetivando desenvolver um trabalho voltado ao apoio ao professor, que recebia alunos com deficiência intelectual

e/ou múltipla, encaminhados pela APAE. Desde então, passou por significativas transformações, especialmente porque as construções, possibilitadas pelo trabalho, levaram o grupo a perceber que os desafios que se apresentavam ao fazer do professor, não diziam respeito apenas ao atendimento dos alunos com deficiência. Esta mudança na percepção possibilitou a ampliação do "olhar" lançado à realidade escolar. Se antes a leitura feita era de que as dificuldades no trabalho se deviam ao fato de os alunos apresentarem necessidades educativas especiais, agora se passa a perceber que grande parte dos alunos possui necessidades educativas especiais, não pela deficiência marcada e diagnosticada, mas pela diversidade que os constitui. Baseamos-nos no que diz a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) sobre o conceito de Necessidade Educativas Especiais, que abrange todo educando cujas necessidades envolvam deficiência ou dificuldade de aprendizagem. Conforme Mader (apud Mantoan,1997), a diferença é inerente ao ser humano, e reconhecendo a diversidade como algo natural, em que cada ser pode usar de seus direitos coletivos na sociedade, surge o conceito, por nós também adotado, de Inclusão. Estudos estatísticos sobre os resultados obtidos a partir do trabalho do GADE ainda não foram realizados. Contudo, é possível apontar como um resultado qualitativo a mudança no olhar lançado aos desafios que a escola e os educadores encontram em seu fazer diário. Anteriormente a opinião circulante era a de que os desafios advinham dos alunos chamados "de inclusão" (referência feita aos alunos que possuíam alguma deficiência explícita e encaminhados à rede regular de ensino). Tais concepções foram desconstruídas, e deram lugar ao entendimento de que as demandas desafiadoras se relacionam muito mais diretamente com a diversidade de que é constituída a população escolar, do que com a chegada de alunos acometidos de alguma patologia. Isto fica evidenciado pela própria trajetória do GADE, cuja mudança de nome (de GAI para GADE) assinala uma alteração no foco do trabalho proposto, refletindo em transformação também no posicionamento da escola sobre sua responsabilidade diante das demandas diversas que seus alunos apresentam no processo de aprendizagem e no papel e comprometimento do educador na visão das possibilidades de cada educando.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: A difícil ruptura de padrões de aprendizagens deficientes: um estudo de caso

Autor: Sandra Meire de Oliveira Resende Arantes


RESUMO

O presente trabalho focaliza a compreensão e contribuição do fazer psicopedagógico para a "difícil ruptura de padrões de aprendizagens deficientes", em uma estrutura de apreender e pensar o mundo, por parte de um sujeito adulto que percebe, reconhece, sofre e tem o desejo de transformar tais padrões de aprendizagem. O sujeito em estudo é um adulto, aqui nomeado de B, que procura os recursos psicopedagógicos, em função de severas dificuldades, no âmbito da compreensão textural e memória de trabalho. Tais dificuldades ocasionaram inúmeras intercorrências, no setor profissional deste sujeito, com iminência demissional. Os primeiros atendimentos, centrados no diagnóstico psicopedagógico, sinalizaram aspectos deficientes na estrutura do pensar, com expressão na oralidade de B, que sugeriram à profissional solicitar uma Avaliação de Processamento Auditivo Central. A conclusão da fonoaudióloga incluiu as observações iniciais da psicopedagoga: os dados encontrados sugeriam falha (disfunção) na habilidade que envolve "decodificação" (figura-fundo, interação bineural e integração auditiva). Portanto, neste cenário, orientou-se que B fizesse uma terapia fonoaudiológica específica para Processamento Auditivo Central, conjuntamente ao acompanhamento psicopedagógico, a fim de melhor contribuir para o sucesso do tratamento. O presente diagnóstico fonoaudiológico, dentre outros fatores, orientou a práxis psicopedagógica para as questões centradas na memória de trabalho. A intervenção psicopedagógica, inicialmente, centrou-se em facilitar a B: 1) Reconhecer a sua modalidade de aprendizagem: seus enfoques e estratégias, sob o ponto de vista prático. 2) Compreender as estratégias metacognitivas utilizadas por ela. 3) Identificar os recursos de aprendizagem, ligados às modalidades de aprendizagem e à metacognição que facilitaram e dificultaram a sua relação com a aprendizagem, até então. 4) Oferecer novos recursos, na relação com o aprender, a fim de "quebrar os padrões antigos aprisionantes" e construir novas condutas, na estrutura do aprender. A saudável parceria entre as duas profissionais tem ampliado sobremaneira as suas práxis, bem como sustentado uma segurança em B, pois a mesma percebe uma comunhão de postura e direcionamento para com seu tratamento. O grau de ansiedade, insegurança pessoal e baixa estima de B orientaram a psicopedagoga a sugerir a B que iniciasse um auxílio psicoterápico, pois tais variáveis estavam interferindo, significativamente, no tratamento. A sugestão foi muito bem aceita pela paciente. Intentar uma conclusão deste estudo é uma postura prematura. No entanto, é possível apontar resultados, até então, pois os mesmos são evidenciados no contexto psicopedagógico e no cotidiano profissional de B: 1) Melhoras na compreensão, análise e síntese "daquilo" que lê e ouve; 2) Melhora em sua memória de trabalho; 3) Aumento dos resultados quantitativos, em seu contexto universitário; 4) Melhor desempenho no trabalho; 5) Reconhecimento e atuação das etapas operacionais, em seu di-a-dia, pautadas nas modalidades de aprendizagens percebidas em si mesma; 6) Sustentação de uma organização e disciplina na realização de tarefas, nos diferentes setores. Com base em uma realidade particular, o objetivo deste estudo está em demonstrar a relevante parceria entre profissionais que comunguem do mesmo ponto de vista, frente às dificuldades de aprendizagens, para facilitar e promover mudanças na relação com o aprender e com a aprendizagem. Nesse sentido, almeja-se que esta proposta possa contribuir para a formação do psicopedagogo, no que tange a sua participação, especificidade e atuação, em equipes multiprofissionais.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: A importância do espaço de escuta na escola

Autor: Selma Aparecida Geraldo Benzoni

Coautor: Randal Alves dos Santos


RESUMO

O psicólogo, dentro da instituição deve ter um "olhar clínico", levando em consideração a estrutura do seu trabalho, que se dará junto a um campo amplo de relações e de interações complexas. Cabe ao psicólogo na área escolar possibilitar um ambiente de escuta e compreensão, sem que o foco interventivo seja esquecido. Tendo em vista que a intervenção buscará sempre o aperfeiçoamento e o desenvolvimento do aluno, o olhar se dirige à escola como um todo, não se fragmentando o corpo docente e discente, mas sempre entendendo uma relação dialética, onde as influências serão concebidas como recíprocas, isto é, a ação realizada com um membro da instituição terá reflexos na ação de outros. Este trabalho foi realizado numa ETEC do interior do estado de São Paulo, como atividade de estágio em Psicologia Escolar. O primeiro contato foi realizado com a coordenação da escola, em seguida trabalhou-se junto aos professores com o propósito de conhecer suas queixas, através de conversa temática, levantaram-se questionamentos sobre a convivência entre alunos e professores e entre alunos, bem como a falta de respeito às regras internas da instituição. Foi designado pela instituição que o trabalho ocorresse junto aos alunos do 2º ano do Ensino Médio (40 alunos), durante as aulas de sociologia, com a presença do professor, com 50 minutos de duração. Primeiramente, solicitou-se aos alunos que depositassem em uma caixa, papeis, sem identificação, relatando quais assuntos gostariam de discutir nos encontros; dentre os temas apontados pelos alunos os que tiveram maior incidência foram: medo, amor, sexualidade, vestibular, amizade, idealização dos professores para com os alunos, o significado da vida, padrões de beleza, drogas, aborto e sentimento de fracasso. Ouvir os alunos é parte do trabalho na escola para que não ocorra a estigmatização dos mesmos por parte do corpo docente como discute Patto. A demanda não possui em si um único fator, mas uma multivariedade dos mesmos que pode ser unificada a partir de diferentes categorias que se intercalam. O trabalho foi proposto com o objetivo de englobar todas as categorias: o desenvolvimento do adolescente em seus aspectos psicossociais. Foram realizadas 13 intervenções com dinâmica de grupo cujo objetivo geral era gerar a reflexão nos alunos, dar "voz" aos mesmos, proporcionar espaços propícios para a reflexão sobre a realidade circundante e a capacidade de mudá-la ou de compreendê-la de forma mais ampla. Numa dialética onde a construção da realidade é feita por professores e alunos, um dos objetivos é também desmitificar possíveis discursos por parte dos docentes da instituição, discursos que muitas vezes são intolerantes em determinados contextos escolares, reduzindo a compreensão do processo de adolescer. Foi observado pelo professor de sociologia mudança na postura dos alunos, o qual relatou que os mesmos se tornaram mais reflexivos sobre suas próprias posturas, levando em consideração a alteridade e uma visão mais ampla sobre os acontecimentos e temas do dia-a-dia. O professor ainda ressaltou que é de extrema importância que o aluno perceba a si mesmo e que a partir desta percepção, possa se desenvolver de forma mais humana, o que reflete o desenvolvimento de habilidade que Minto chama de habilidades socais. O autor ressalta que tal desenvolvimento amplie os caminhos de intervenção junto às escolas, visando sempre a busca de "lugares de encontro", onde alunos e professores possam refletir juntos sobre novas possibilidades de ensino e de relações. Uma vez que o professor faz também a reflexão, isto pode levá-lo a repensar a sua própria postura docente e os alunos a pensarem sobre suas posturas frente ao adolescer, percebendo que a escola pode ser um lugar de encontro.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Compreensão leitora e raciocínio lógico não verbal: busca por identificação de alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular

Autor: Silas Ferraz


RESUMO

A escola encontra-se diante de um novo paradigma educacional que a conduz a uma ruptura organizacional. Necessitando adaptar-se para incluir e identificar os alunos com necessidades educativas especiais, rompendo com o conservadorismo, sem, no entanto, ter clareza de como fazê-lo. Embora semelhantes, a inclusão e a integração são teórica e metodologicamente divergentes. Na integração são os alunos que se integram a escola e na inclusão o foco é deslocado para a escola, que precisa estar apta para receber esse aluno, que em alguns casos, já se encontra inserido na escola, pois a tendência é a de se considerar também os alunos com baixo desempenho como alunos de inclusão. Assim, além da adaptação, a escola precisa desenvolver uma forma diferenciada de avaliar. É nessa premissa que se insere a avaliação formativa, que em sua essência objetiva conduzir o professor a uma reflexão sobre o que é o conhecimento e quão sensível deve ser para poder avaliar o aluno. Essa modalidade de avaliação se compõe sob três métodos básicos: a observação, a tarefa e a entrevista clínica, os quais permitem identificar as necessidades do aluno, de famílias, da escola e dos professores, possibilitando uma avaliação inclusiva. Neste foco, o presente estudo objetivou buscar evidências de alunos com necessidades educativas especiais dentro do ensino regular. Participaram do estudo 38 alunos, entre 10 e 12 anos - matriculados no 6º ano do ensino fundamental de uma escola da região metropolitana de Porto Alegre. O estudo foi composto pelo teste de Cloze que avalia a compreensão leitora e pelo teste de Raven que avalia o raciocínio lógico não verbal. Para categorizar os alunos, converteu-se a pontuação do Cloze em níveis funcionais de leitura: Independente, funcional e frustração. O teste de Raven complementou a análise. A correlação foi de r=0,397 e p=0,014 sendo estatisticamente significativo. A média na compreensão leitora foi de 69,11 e dp=18,06. 52,6% dos alunos ocuparam o nível independente, o que significa uma leitura com fluidez, precisão e compreensão da maior parte do texto; 34,3% ficaram no nível instrucional, o que mostra uma leitura medianamente fluída, com dificuldades no reconhecimento das palavras e falhas na compreensão e 13,1% ficaram no nível de frustração, pois demosntram muitos erros de reconhecimento de palavras e compreensão deficiente. Assim, 47,4% dos participantes foram incapazes de alcançar um nível de independência, sugerindo que estes alunos não utilizaram um nível de processamento mais profundo, uma vez que os itens acertados são os considerados fáceis, favorecidos pelo efeito da previsibilidade8, que é a tendência apresentada por cada palavra da frase de ser previsível com base nas palavras circundantes. O teste de Raven mostrou que 73,7% dos testados foram classificados como definitivamente acima da média na capacidade intelectual e 21,1% como intelectualmente médio. Apenas 2,6% foram classificados como intelectualmente superior enquanto que 2,6% foram classificados como definitivamente abaixo da média na capacidade intelectual. Este resultado indicou a presença de alunos no nível de frustração e abaixo da média esperada para a idade. Isso sugere que esses alunos deveriam ser incluídos em um processo educativo com uma proposta que lhes assegurasse recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais, garantindo o desenvolvimento de suas potencialidades. A necessidade de novos estudos é evidente, principalmente quando se trata da educação inclusiva. Portanto, espera-se que a preocupação voltada a tais problemas impulsione mudanças no sistema educacional, no intuito de se atingir um ensino de equidade das séries iniciais ao ensino superior.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Uma leitura psicopedagógica de "O catador de pensamentos"

Autor: Siloe Pereira


RESUMO

Grande número de estudiosos da educação tem como preocupação central o desenvolvimento de competências que possibilitem a crianças e jovens se valerem da realidade imediata para transcendê-la, potencializando processos psicológicos e ferramentas para enfrentar as demandas que a vida lhes apresenta. Tornam-se assim fundamentais as estratégias e os recursos pedagógicos e psicopedagógicos a serem utilizados em diferentes âmbitos psicoeducacionais. Entre esses recursos figura a literatura infantil. Nesse contexto, o presente trabalho faz uma análise da obra literária O catador de pensamentos, de Monica Feth. Levando em conta o texto e alguns elementos paratextuais, pauta-se em referenciais cognitivistas e sociointeracionistas, com apoio principalmente em Pozo e Vygotsky, e em concepções psicanalíticas de Winnicott e Bion. Aponta a leitura de O catador de pensamentos como valioso instrumento psicopedagógico para favorecer ao leitor o alcance da necessária mobilidade e flexibilidade de pensamento. Para tanto, desenha fatores a serem considerados no trabalho psicopedagógico, particularmente quando voltado à família e à escola na perspectiva do desenvolvimento de recursos pessoais, grupais e institucionais, priorizando-os à recuperação de danos que possam ser identificados. As proposições cognitivistas de Pozo, para quem os seres humanos podem desenvolver equipamentos que lhes permitem lidar de forma sofisticada com a realidade imediata constituem elementos fundamentais; seres humanos que podem se movimentar numa dança incessante entre o passado, o presente e o porvir, reconstruindo vivências, antecipando acontecimentos, projetando-se no futuro, construindo mundos possíveis e mesmo impossíveis, realizando no imaginário saltos que pareceriam impensáveis. Também são úteis as formulações de Vygotsky que tratam das funções psicológicas superiores, entre as quais figura o pensamento, concebido como um mecanismo psicológico altamente elaborado; um mecanismo desenvolvido filogeneticamente pela espécie humana, similarmente ao que ocorre com a criança na sua ontogenia, com as mudanças qualitativas que gradualmente opera. Na perspectiva psicanalítica, destaca-se Winnicott, que concebe os termos objeto e fenômeno transicional referindo-se a objetos e situações que povoam a tenra experiência infantil, e argumentando que tais objetos e fenômenos figuram numa área intermediária, povoada por elementos das realidades interna e externa. O trabalho ainda se assenta nas teorizações de Bion, o qual em sua teoria do pensamento caracteriza o pensar como uma atividade resultante de dois importantes processos mentais: o desenvolvimento dos pensamentos e o desenvolvimento de um aparelho capaz de pensá-los. Ou seja, o pensar se realiza para dar conta dos pensamentos que se impõem à psique para serem por ela apreendidos, transformados, significados. E na sequência, destaca que a leitura da obra oportuniza o avançar no estabelecimento de relações mais complexas com a realidade, favorecendo ao leitor descobrir-se como ser pensante, que porta autonomia para desbravar a realidade, apropriar-se dos pensamentos e transformá-los, construindo-se autor, a exemplo da personagem principal da história. Finalizando, o trabalho enfatiza a qualidade literária da obra, que convoca ao exercício do pensamento: sem dispor de elementos concretos de realidade, o leitor vai deslizando pelo universo do imaginário. A imaginação flui inaugurando novas possibilidades e permitindo que o leitor torne seus os pensamentos anunciados pelo autor do texto. E nessa vivência ele vai construindo um novo texto em Coautoria, a múltiplas vozes: a do autor, a do leitor e as das tantas outras pessoas com quem mantém interlocução.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Estimulação precoce e salas de atendimento educacional especializado: um estudo de caso

Autor: Sirlene de Faria Santos Zuim


RESUMO

A partir da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a Deficiência assume novos rumos frente à Educação brasileira, o que nos permite buscar caminhos e possibilidades àqueles que até muito próximo lhes era negado o direito de sobrevivência. Partindo desse princípio este trabalho teve como objetivo por meio de pesquisa bibliográfica e estudo de caso, apresentar os métodos e técnicas existentes empregadas na estimulação precoce que podem trazer resultados significativos quando utilizadas em programas multidisciplinares junto às Salas de Atendimento Educacional Especializado na rede pública de ensino, enquanto contribuição para todas as crianças, mas também principalmente àquelas que apresentam ou possam vir a desenvolver alguma Deficiência. Este estudo seguiu as seguintes etapas: Seleção dos sujeitos do estudo; Aplicação de técnicas e métodos de estimulação; Depoimentos dos professores e profissionais envolvidos, Organização, análise e interpretação dos dados, o que confirmou a necessidade dessa relação de proximidade entre especialistas e professores do Atendimento Educacional Especializado, parceria que evidenciou de forma definitiva neste trabalho, os benefícios e progressos alcançados pelas nossas crianças.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Experiência Psicopedagógica Clínica no Núcleo de Psicopedagogia da Uniamérica - Faculdade União das Américas - Um Estudo de Caso

Autor: Stevam Lopes Alves Afonso

Coautor: Bruna Carla Fidel Vicinguera; Rita de Cássia Sawaya


RESUMO

As queixas relativas às dificuldades de aprendizagem cresceram significativamente nos últimos anos, mas os sistemas municipais de atendimento seja nos setores da Saúde ou Educação não dão conta de atender a essa demanda. É neste contexto que se vê a importância da prática de estágio supervisionado, como ocorre no Núcleo de Psicopedagogia da UNIAMÉRICA, que vem prestando serviços à comunidade, atendendo à população estudantil na avaliação e orientações relativas a estas dificuldades. Em atividade desde março de 2007, tem um número significativo de casos estudados, com dados já sistematizados que merecem ser apresentados. Dessa forma o objetivo principal deste trabalho é apresentar como se dá a organização dos atendimentos psicopedagógicos nesse núcleo através da apresentação de um estudo de caso, apontando o perfil de atendimento e orientação específica da Psicopedagogia, com os instrumentos utilizados na avaliação e a orientação específica após a avaliação. O caso em questão chama a atenção pelo fato de como a falta de orientação aos pais, tanto por parte do sistema escolar, como do sistema de saúde pode prejudicar o desenvolvimento da criança e retardar a estimulação adequada. De acordo com Moojen e Costa a avaliação psicopedagógica propõe-se a verificar a compatibilidade entre o nível de desempenho da criança na escola e sua faixa etária e/ou escolaridade, assim a proposta neste caso foi justamente avaliar as condições de aprendizagem de uma criança do sexo masculino, com 10 anos de idade e que frequentava a classe especial há dois anos, sem que a mãe percebesse evolução em sua aprendizagem. Neste caso foi necessário realizar sete sessões de cinquenta minutos, com periodicidade semanal. Como menciona Rubinstein o processo de avaliação psicopedagógica parte fundamentalmente da investigação, que implica em questionamentos, levantamento de hipóteses, reformulações, mostrando-se sempre dinâmico. Para estabelecer as hipóteses, neste caso, optou-se por instrumentos variados, tais como os que avaliam a consciência fonológica, que, segundo estudos de Seabra e Capovilla, representa um tipo de consciência metalinguística, ou seja, a habilidade de desempenhar operações mentais a respeito do que é produzido por mecanismos envolvidos na compreenção de sentenças; o diagnóstico operatório, que para Visca tem como objetivo avaliar o estágio de operação mental em que a criança se encontra, incluindo subtestes de conservação, inclusão de classes, seriação, entre outros e também a bateria de testes psicomotores, que para Fonseca possibilita a compreensão de quais áreas psicomotoras devem ser estimuladas para auxiliar no desenvolvimento cognitivo. Os resultados obtidos nessa avaliação demonstraram que existia realmente uma defasagem cognitiva que poderia ser minimizada, se nas aulas regulares da classe especial fossem estimuladas as áreas em defasagem, principalmente a leitura, escrita e raciocínio lógico, através de métodos diferenciados; além de ser de extrema importância a orientação aos pais e o encaminhamento a profissionais que pudessm trabalhar as habilidades já adquiridas, melhorando a autoestima da criança. A partir da experiência obtida por meio dessa avaliação, ficou clara a necessidade de propor um instrumento padronizado, por meio do qual todos os profissionais que lidam com as dificuldades de aprendizagem possam desenvolver pelo menos uma comunicação mais eficaz, favorecendo inclusive a orientação mais adequada para a família e a criança.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Um olhar psicopedagógico para educação infantil

Autor: Teresinha de Jesus de Paula Costa


RESUMO

A Educação Infantil é modalidade importantíssima no processo de ensino e aprendizagem. Para atender sua cliente necessita de profissionais qualificados, com boa formação acadêmica, comprometidos com o fazer pedagógico, bem orientados no desenvolvimento da sua práxis (RCNEI, 1998). Contudo, ainda é uma área desprezada por muitos que desconhecem a seriedade do trabalho nesta área. A esse respeito Perrenoud (2000) aponta dez novas competências para ensinar. Com tantas atribuições será que, se os profissionais que atuam na Educação Infantil possuírem formação em Psicopedagogia ou forem orientados por quem tenham tal formação poderão consolidar uma educação de melhor qualidade? Objetiva-se refletir sobre as contribuições da Psicopedagogia para os profissionais que atuam na Educação Infantil, já que esta área requer entendimento do processo de aprendizagem, conhecimento de métodos e técnicas diferenciadas, um olhar e um fazer aprimorados, os quais podem ser alcançados com as contribuições da psicopedagogia, tanto na prevenção quanto na intervenção nos problemas de aprendizagem, conforme assinala Bossa, 2002. Na reflexão teórica priorizou-se a dinâmica da Educação Infantil, enfatizando a organização dos conteúdos pedagógicos; o lúdico no desenvolvimento infantil; o olhar da psicopedagogia para a educação infantil e o recorte das suas contribuições para a práxis dos profissionais que atuam nesta área, portanto, para uma educação de melhor qualidade. Também se fez uso de depoimentos de pós-graduados em psicopedagogia e estudantes de pós-graduação em psicopedagogia que atuam na Educação Infantil. Levando-se em conta o campo de atuação da Psicopedagogia conforme Código de Ética (2011) e as competências desenvolvidas pelos psicopedagogos como ressalta Beauclair (2004) e os depoimentos coletados, constata-se que, quando o docente da Educação Infantil é orientado por uma profissional que tenha formação em Psicopedagogia, pode realizar um trabalho de melhor qualidade, visto que o seu olhar torna-se mais apurado para com as questões da aprendizagem, também para o uso de estratégias de ensino diferenciadas, para a compreensão das diferentes modalidades de aprendizagem das crianças. Ao receber orientação de um psicopedagogo adquire mais confiança nas ações que já está desenvolvendo ou nas inovações validadas por este orientador. A Psicopedagogia contribui para muitas áreas do conhecimento, também, para melhorar a qualidade da práxis docente na educação infantil, por meio do trabalho de um orientador pedagógico que tenha formação nesta área; na formação continuada dos docentes; na possibilidade da prevenção e da intervenção precoce nos problemas de aprendizagem detectados no cliente da Educação Infantil, pois assim evita-se que estes se agravem quando a criança ingressar no Ensino Fundamental. Quando o professor de Educação Infantil possui formação em Psicopedagogia, esta contribui para a qualidade de sua atuação, já que o profissional terá um olhar e um fazer pedagógico mais apurado sobre sua práxis.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Contribuições da Psicopedagogia aos graduandos com transtornos na aprendizagem

Autor: Teresinha de Jesus de Paula Costa


RESUMO

As Instituições de Ensino Superior têm recebido alunos de diferentes classes sociais visto que a formação acadêmica é uma exigência para o mercado de trabalho. Os jovens estão ingressando em cursos diversos, independente da situação financeira das famílias, pois é possível contar com financiamentos bancários, convênios de empresas e, ainda com programas governamentais do Estado ou Federal, possibilitando o acesso dos interessados que, num primeiro momento, teriam dificuldades financeiras para manter-se em um curso superior. Estas iniciativas tornam-se instrumentos de democratização do ensino superior. Mas as finanças não são os únicos obstáculos, pois muitos estudantes ingressam nos cursos de graduação, porém encontram dificuldades em acompanhar as exigências acadêmicas. Compartilhar a realização de atendimento psicopedagógico aos graduandos com dificuldades de aprendizagem numa instituição de ensino superior que oferta cursos na área de Educação e Tecnologia. Levando em conta que a Psicopedagogia dispões de recursos diversos (Costa, 2008) para auxiliar os graduandos com transtornos de aprendizagem (CID 10. 2003) na construção da autonomia cognitiva. Reflexão teórica a respeito da constituição da Psicopedagogia, dos recursos que são utilizados pela psicopedagoga no atendimento aos graduandos com transtornos de aprendizagem. O atendimento psicopedagógico foi iniciado em 2006. Dentre os atendimentos tivemos dez (10) de ambas as Faculdades, houve (5) casos da Faculdade de Educação, do curso de Pedagogia e 5 (cinco) da Faculdade de Tecnologia, oriundos dos cursos de Gestão Financeira, Gestão Ambiental e WEB. Todos os casos foram atendidos considerando as dificuldades na aprendizagem. Dentre elas, houve dificuldades na interpretação dos dados para organização de cálculos; na leitura e interpretação de textos; na escrita, ou seja, na produção de textos; preparação para as avaliações; administração do tempo, dentre outras. Assim, a intervenção foi realizada considerando a importância da leitura, interpretação e escrita, sendo feita à orientação de estudos, uso de anotações nas aulas, diferentes métodos de estudos, atenção e concentração, organização e otimização do tempo. No atendimento psicopedagógico fez-se da entrevista aberta, para conhecer modo de vida dos graduandos, os motivos da escolher o curso, seu desenvolvimento na Educação Básica, enfim a origem do transtorno. Depois de colhida as informações procura-se conhecer a modalidade de aprendizagem do graduando para compreender o funcionamento cognitivo do sujeito. Apesar de saber da relevância da família na constituição da modalidade de aprendizagem, no atendimento dos graduandos, nem sempre podemos contar com as informações da família, por conta do respeito à autonomia que o sujeito conquista ao ingressar no curso superior. Para Orientação de Estudos faço uso do instrumento do Programa de Hábitos e Desempenho no Estudo (PHD) da Editora Vetor elaborado por Carlos Del Nero (1997). Os programas do governo estadual e federal, assim como outras iniciativas privada ou pública contribuem para aumentar o acesso dos interessados aos cursos de graduação. Porém, a sustentação econômica só não basta. Pois é necessário que o graduando conclua seu curso superior com qualidade e consiga inserir-se no mercado de trabalho. Neste sentido, a Psicopedagogia vem contribuindo para a superação dos transtornos de aprendizagem. O apoio psicopedagógico no ensino superior tem se tornado em instrumento para a democratização do ensino, por promove a superação do não aprender e a construção da autonomia no aprendizado, consequentemente, na formação social e profissional.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: A sistematização como foco no atendimento do paciente com TDAH

Autor: Vera Helena Peres Jafferian

Coautor: Marisa Irene S. Castanho


RESUMO

Relato de um caso clínico referente à avaliação psicopedagógica e atendimento de um paciente encaminhado com diagnóstico de TDAH - Transtorno de deficit de Atenção com Hiperatividade, onde houve a possibilidade de se construir um espaço onde a transposição do pensamento para a linguagem foi acontecendo pela atividade da criança no mundo. O foco do trabalho se deu apartir da modalidade de aprendizagem de sua família e na falta de sistematização nas suas atitudes frente ao aprender. Assim percebeu-se que a criança não tendo esta sistematização vai ficando com buracos na aprendizagem onde algumas etapas não acontecem e vão surgindo dificuldades cognitivas. Neste contexto, o sujeito não se autoriza a aprender ocasionando desinteresse e falta de atenção com as questões escolares. Apartir das intervenções adequadas o paciente começou a perceber suas dificuldades e foi aos poucos permitindo-se tentar, mesmo errando. Houve orientações familiares e a parceria com a escola em paralelo ao atendimento.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Corpo, escola e vida: o uso do corpo, o movimento e a exploração do espaço, como dispositivos para o aprender. Discussões na formação de professores

Autor: Viviane Bastos Forner


RESUMO

Esta pesquisa, vinculada à linha Universidade Teoria e Prática - Formação de Professores, procurou destacar e analisar a importância que professores e formadores de professores atribuem ao uso do corpo, como facilitador, nas situações de ensino-aprendizagem. O desafio investigativo desse trabalho por meio da prática ao longo de 24 anos de clínica psicopedagógica explicitou novas pistas, para a formação de professores. O estudo do movimento e da propriocepção corporal abre caminho para que todos os envolvidos no ensino e na aprendizagem alcancem uma maior capacidade de atenção. Nesse sentido, acredita-se que uma escolaridade calcada em vivências significativas e que trata o conhecimento de forma interdisciplinar terá muito mais chances de ser uma educação real. Foram analisados currículos da formação de professores, estabelecendo um contraponto entre o conteúdo descrito entre as diretrizes do MEC e os currículos e súmulas das duas IES envolvidas na pesquisa. Os dados obtidos apontam a necessidade de qualificar o ensino, por meio de conteúdos que instiguem o conhecimento de aspectos básicos da ação psicomotora, para os educadores que irão atuar no Ensino Básico, contribuindo com o desenvolvimento neuropsíquico e afetivo dos alunos. A metodologia empregada no estudo foi qualitativa, e o método, o de Estudo de Caso. Observou-se a prática de estagiários do Curso de Pedagogia, de duas Instituições de Ensino Superior - e fez-se posterior entrevista semiestruturada. O estudo também resultou de análise das mudanças apontadas pelos currículos das IES pesquisadas, estabelecidos a partir de 2007, obedecendo à Resolução CNE/CP nº 1, 15 de maio de 2006. Na discussão, foi feito o contraponto entre o pensamento de autores destacados, no contexto do tema em questão e na análise e discussão dos dados reflete-se o pensamento de autores que confirmam este pensamento: Exemplo é Bergés, que em seu estilo particular de dialogar com os leitores, questiona: Qual é o corpo envolvido na escrita? O corpo envolvido na escrita é o corpo do alicerce, da postura, da posição dos ombros, do pescoço, da cabeça, é o corpo escritor. Reflete-se, ainda a questão, a partir do que dizem Lapierre e Aucouturie. Apontam no livro: A Simbologia do Movimento, que: Toda pedagogia que não se renova, esclerosa-se rapidamente e as "inovações" cedo perdem-se numa rotina mais ou menos disfarçada, na segurança do "já feito", na facilidade do "previsto", que justamente protegem da inovação. Entre outros autores, são citados na pesquisa: Ajuriaguerra, Bergès, Le Boulch, Piaget e Vayer. A pesquisa evidenciou que os licenciandos utilizam, em suas aulas, poucos momentos de exploração do espaço e atividades que envolvem o uso do corpo como recursos facilitadores da aprendizagem. Parece que, o currículo do curso de Pedagogia, das disciplinas oferecidas pelas Universidades pesquisadas, oferece algumas disciplinas em que aparece o fundamento da educação psicomotora, mas não o suficiente para contribuir com o desenvolvimento global dos alunos. Assim, são feitas sugestões, visando a qualificar os Cursos de Pedagogia: que os conteúdos nos currículos instiguem o conhecimento de aspectos básicos da psicomotricidade, e que, no planejamento e ação dos professores, exista interdisciplinaridade real, para efetivo aproveitamento dos conteúdos trabalhados nas diversas disciplinas. Crianças que não compreendem bem o sentido da escola e se vêem, muitas vezes, entediadas diante da (suposta) proposta de aprender, incomodadas com a prática do silenciamento e da imobilização de um corpo que pulsa desejo de movimento e de conhecimento-vida.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Um olhar psicopedagógico às gestantes de Canoas-RS

Autor: Viviane Cristina de Mattos Battistello

Coautores: Ana Vita dos Santos Martins; Rafaela Gusatti Schmidt; Grasiela Aragão Mauer


RESUMO

A gestação propicia momentos especiais na vida de uma mulher. Entretanto é um período de constantes modificações físicas, psicológicas e sociais. Tais mudanças atingem também os pais/família que, muitas vezes, se sentem excluídos da relação que se estabelece entre a mãe/bebê durante e após a gestação. Refletindo sobre este assunto verificou-se a importância de sanar algumas necessidades que as mulheres, em especial participantes de um projeto social, na grande maioria, jovens em situação de risco enfrentam na sua rotina durante os meses da gestação. Deste modo, objetiva-se incentivar as gestantes com dinâmicas que estabeleçam o desenvolvimento do vínculo mãe/ bebê, bem como laços de afetividade através de atividades de estimulação, para que seja possível a ressignificação do seu lugar de mãe. Bem como, identificar que tipos cuidados elas utilizam na sua vida de gestante. Rever os aspectos da interação mães /bebê, em uma abordagem sistêmica, em termos de detectar aspectos de saúde e das funcionalidades existentes nestas famílias. Além de identificar os tipos de estratégias e solução de problemas educativos que poderemos utilizar para reintegrar essas mães à nova fase de suas vidas. Tais intervenções realizaram-se por meio de uma conversa psicopedagógica na piscina terapêutica, esclarecendo dúvidas pertinentes ao período gestacional, desenvolvendo dinâmicas para melhorar o bem estar da mãe e do bebê. A pesquisa baseia-se nos pressupostos teóricos de Vygotsky, Piaget, Bowlby, Pichon e Winnicott. A metodologia caracterizou-se pela realização de uma pesquisa qualitativa de natureza participante tipo grupo focal, com vinte e oito gestantes, divididas em dois grupos. Para composição dos dados dos sujeitos, utilizaram-se entrevistas semanais de forma semiestruturadas individuais e em grupos, e para análise dos discursos, adotou-se diário de campo das sessões. Durante a realização dos grupos houve mediação feita por uma psicopedagoga/terapeuta familiar e monitoras voluntárias dos Cursos de Graduação e Especialização de Psicopedagogia, realizando um trabalho preventivo referente ao parto e pós-parto. Os resultados parciais mostraram que as mães expressam trazer um padrão de repetição na aprendizagem familiar, dificuldades de lidar com estresse e problemas em relação à estrutura familiar. Conclui-se que a relação estabelecida entre mãe/bebê foi compreendida como uma relação geradora de vínculo e fundamentada em sentimentos de carinho, amor e fraternidade. Tais intervenções beneficiam uma gestação saudável além de transformar a maneira de ser, agir e pensar das futuras mães, desencadeando um desenvolvimento mais singelo e significativo. Assim, as atividades aquáticas, palestras, dinâmicas em grupo desenvolveram sentimento de afetividade e ressignificação do vínculo mãe/bebê, além do bem-estar, noções de comportamento e higiene, visando passar às futuras mães informações de cuidado com o bebê.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: E a borboleta rompe o casulo: o sabor de saber em família

Autor: Viviane Rossi

Coautor: Siloe Pereira


RESUMO

O trabalho descreve e discute um estudo de caso realizado com Tiago, menino de 11 anos, derivado pela escola especial que frequenta com a queixa de que não aprende a ler e escrever; apenas consegue escrever o seu nome. A mãe refere ser viúva do primeiro marido, com quem teve três filhos, todos já adultos e com suas vidas organizadas de forma independente. Do atual casamento são dois os filhos, Tiago e Matheus, este último contando oito anos. Matheus também vem apresentando dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita, bem como na aquisição de conceitos matemáticos, e frequenta a mesma escola especial. Segundo a mãe, os demais filhos não apresentaram dificuldades de aprendizagem na escola. Ela cursou até a quinta série primária, já o pai dos meninos não conseguiu se alfabetizar e abandonou os estudos. O sustento da família é de responsabilidade do pai, que trabalha como pedreiro. A mãe informa ainda que o pai queria muito ter filhos, e por isso ela quis realizar o sonho dele. Sobre as dificuldades, principalmente as de Tiago, a mãe se diz frustrada e impaciente, não conseguindo ensiná-lo por muito tempo. E diz que o pai não pode fazê-lo, porque "não sabe ler e escrever"; ele não tem este saber. Considerando-se os dados preliminares, o trabalho foi planejado buscando contemplar não apenas Tiago, o paciente identificado, mas os diferentes espaços de aprendizagem no sistema familiar. Algumas perguntas contribuíram para essa definição. O que se passa nessa família que impede os dois filhos de aprenderem, de desbravarem o universo do saber? Que tipo de vínculo existe entre o pai e seus filhos? E entre o pai e a possibilidade de aprender? O que aconteceria se ambos os filhos aprendessem? Que saber/poder têm o pai e a mãe? O trabalho vem sendo conduzido na direção de reconhecer e valorizar os saberes que as crianças já construíram e encorajá-las a se aventurarem por outros caminhos. Ao mesmo tempo, procura ampliar e fortalecer saberes com que a família conta. Assim, a mãe é encorajada a contar histórias aos filhos. Quanto ao pai, sempre que consegue ajustar seu horário de trabalho e participar das sessões, também são colocados em destaque os seus saberes, os quais inclusive lhe permitem manter o sustento da sua família. Os resultados do trabalho, que conta cinco meses aproximadamente, são animadores. No desenvolvimento da escrita, Tiago alcançou o nível silábico-alfabético. Também vem apresentando evolução em termos de pensamento lógico-matemático e, principalmente, quanto à curiosidade e ao desejo de aprender, evidenciando maior interesse e confiança ao enfrentar novos desafios. A mãe, por sua vez, identificando-se com a psicopedagoga, também se mostra mais tolerante e segura para ensinar. Gradualmente começa a apostar nos recursos dos filhos, e em casa vem promovendo diariamente sessões de leitura com eles. Enfim, aos poucos toda a família começa a viver o sabor de saber: saber ler e escrever, saber desenhar, saber ensinar. De alguma forma, vão se modificando os vínculos com a aprendizagem, de modo que todos têm algo a aprender, mas também a ensinar. Hoje, Tiago se arrisca a ensinar Matheus, ou seja, ele já dispõe de um saber para compartilhar, de forma que todos aprendem e todos ensinam. E tal como a borboleta que se transforma, se desprende, rompendo o casulo e vivendo a magia das cores e do espaço, Tiago e sua família começam a descobrir a beleza de ser e saber.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Influência do estresse na aprendizagem: um debate atual

Autor: Weruccy Lacerda Gervasio

Coautores: Mariângela Estevam Leite; Mônica Dias Palitot


RESUMO

O estresse é uma reação do organismo decorrente de alterações psicofisiológicas que acontecem quando uma pessoa enfrenta situações que podem irritá-la, amedrontá-la, excitá-la, confundi-la ou mesmo proporcionar intensa felicidade. Assim, qualquer evento que favoreça uma quebra do equilíbrio do organismo exigindo adaptação pode ser fonte de estresse. Partindo do pressuposto da importância da presença do estresse no desempenho acadêmico dos estudantes, acredita-se que as mesmas interferem diretamente no processo de aprendizagem já que determinam como o estudante apreende as informações, compreende e transforma o conhecimento. O termo estresse tem sua origem na física, onde designa a tensão e o desgaste a que estão expostos os materiais, é usado pela primeira vez do ponto de vista fisiológico em 1936, pelo médico Hans Selye na revista científica Nature. No artigo ele trouxe como grande contribuição a descrição de uma resposta não-específica a qualquer demanda que se imponha ao corpo. Posteriormente, Malagris e Castro conceituam estresse como uma reação do organismo decorrente de alterações psicofisiológicas que acontecem quando uma pessoa enfrenta situações que podem irritá-la, amedrontá-la, excitá-la, confundi-la ou mesmo proporcionar intensa felicidade. Assim, qualquer evento que favoreça uma quebra do equilíbrio do organismo exigindo adaptação pode ser fonte de estresse. O estresse infantil pode ser causado por excesso de atividades e também por vários fatores como: separação dos pais, morte de alguém na família, nascimento de irmão, hospitalizações e mudança de escola ou residência, maturidade e independência precoce, permissividade sexual excessiva, exposição a pessoas desconhecidas, mudança na rotina, impedimento físico para o alcance de algum objetivo, assim como também pelo contato com membros da família que estejam sob estresse (raiva interpessoal, ausência de suporte social) e ainda quando a criança não recebe cuidados adequados diariamente. Com relação à aprendizagem, o prejuízo na capacidade de aprender, anteriormente atribuído apenas a déficits cognitivos, tem sido associado, nos últimos anos, à exposição a eventos estressores específicos, que acabam por acarretar um baixo rendimento escolar. Na infância e adolescência, os estressores costumam estarem associados a situações com os pais e outros membros da família, professores, colegas, mudança de escola, doenças, deficiências no desenvolvimento físico ou emocional ou mesmo condições socioeconômicas específicas. Para realização do presente trabalho realizou-se uma pesquisa do tipo revisão não-sistemática da literatura sobre a temática, buscando-se as principais bases de dados da área de Psicologia e de Educação, através do portal da Capes, a saber: Education Resources Information Center (ERIC), SciELO (Scientific Eletronic Library Online), entre outras, tendo como descritores: estresse e rendimento escolar. Como podemos observar no presente estudo, o estresse sendo causado por fatores internos e externos que quebram o equilíbrio do indivíduo, tem como consequência o aparecimento de sintomas físicos e psicológicos. A escola como instituição que atua diretamente com crianças, pode desencadear um estresse mais intenso prejudicando a aprendizagem e seu desempenho acadêmico.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: A dança espontânea e o despertar do ser cognoscente

Autor: Wilma Carla do Amaral


RESUMO

Essa pesquisa originou-se no campo científico da Psicopedagogia, dentro da área da Arteterapia, tendo como fundamentação teórica o estudo da dança espontânea no processo de construção e aplicação do conhecimento. O estudo foi realizado numa instituição denominada CEFRAN-Centro Franciscano na luta contra a AIDS, com adultos de 21 a 65 anos com baixa instrução (analfabetos ou no máximo com o ensino fundamental II). Ao abordar esse assunto, pode-se perguntar se, uma vez que o índice de pessoas com dificuldades de aprendizagem é cada vez maior, o trabalho de dança espontânea poderia promover o surgimento do ser cognoscente. Mesmo conhecendo a encefalopatia subaguda causada pelo HIV+ que surge como a primeira demência infecciosa em 40 a 60% dos casos. A metodologia utilizada foi a pesquisa-intervenção que visa conciliar a teoria estudada com a prática da pesquisa. Como método de procedimento, utilizou-se a observação participante. Segundo Lima, é uma abordagem qualitativa, onde se considera uma abordagem dinâmica entre o mundo real e o sujeito, o que promove o estabelecimento do vínculo entre a subjetividade do sujeito e o mundo objetivo. Levantou-se então, como hipótese, a dança espontânea como uma proposta para a Psicopedagogia no sentido de ressignificar o processo de aprendizagem para que a pessoa em questão descubra-se como capaz de construir estruturas próprias, e estabelecer relação com outras pessoas, tornando-se um ser relacional, pensante e desiderativo e assim, perceber-se como um ser cognoscente. Para Fernández, o corpo estabelece um diálogo com o organismo, ou seja, é capaz de acumular experiências diferentemente do organismo que, juntas, promovem a inteligência e o valor desiderativo pela aprendizagem. Pode-se considerar o corpo como um templo de toda aprendizagem e de acordo com Leloup, a pele é a ponte sensível do contato com o mundo, um local de profundas memórias. Para Briganti, o corpo sempre transfere. É a expressão da resistência em determinado momento. Tomar consciência aqui e agora da resistência, é ter consciência daquele momento corpóreo, daquela expressão, rigidez, movimentos, registrados como aprendizagem naquele momento. Para Fux, concilia-se dança e criatividade nos movimentos, para veicular o processo de aprendizagem nessa comunicação com o mundo. Tanto a criação quanto à improvisação, geram a descoberta de alternativas de movimentação tanto corporalmente, como psiquicamente. Tal experiência lúdica é o elemento desencadeador do processo criativo e capaz de solucionar problemas que geram novos nós existenciais. Pode-se afirmar, de acordo com Laban que a dança promove o conhecimento do corpo, ao conhecimento da relação psique-corpo e ao conhecimento de si mesmo. No início percebeu-se que a maioria dos participantes apresentava uma postura de retraimento e até de defensiva diante das atividades. Quando se iniciou o trabalho com a expressividade corporal, os indivíduos começaram a entrar em contato com seu universo e buscaram alternativas para reestruturarem-se. Tal aprendizagem contribuiu para o desenvolvimento da criatividade, o espírito de liderança e a exteriorização de seus sentimentos. Dentro desta perspectiva, pode-se considerar a dança espontânea como uma proposta eficaz para desenvolver a consciência corporal, fortalecendo um sujeito transformador do seu tempo e espaço. Deve-se ressaltar que todas as atividades eram convite, não havia obrigatoriedade de participação e todo trabalho deu-se de maneira espontânea. Os encontros efetivados ao longo do ano motivaram a postura de emponderamento. Os relatos dos sujeitos expressaram a mudança de olhar, de comportamento, frente às situações quando começaram a descobrir a mensagem que o corpo retinha.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Efeitos de uma intervenção na modalidade de avaliação formativa no desempenho algébrico de alunos com dificuldades na aprendizagem matemática

Autor: Yasmini Lais Spindler Sperafico

Coautor: Clarissa Seligman Golbert


RESUMO

O ato de avaliar vai além de classificar educandos como os que dominam e os que não dominam um saber anteriormente exposto pelo educador. Avaliar é realizar um diagnóstico visando o desenvolvimento de intervenções no processo de ensino e aprendizagem, ou seja, avaliar é formar. Nessa perspectiva, insere-se a Avaliação Formativa que tem como objetivo obter informações que possam auxiliar o professor a planejar uma instrução eficaz para o sujeito, investigando os obstáculos que impedem o aluno de prosseguir em sua aprendizagem e desenvolvendo um plano que o auxilie a transpor essas barreiras, tornando-o capaz de aprender com autonomia. Assim, destaca-se a importância deste outro olhar avaliativo no ensino de álgebra, já que este campo impõe diversos desafios para a aprendizagem dos estudantes, pois esses deverão dominar conteúdos mais complexos pertencentes ao patamar da generalização. Dessa forma, uma das maneiras de tornar o estudante ativo em seu processo de aprendizagem é por meio de práticas que o auxiliem a refletir sobre o desenvolvimento de suas tarefas, adquirindo o hábito de auto-avaliar-se, ato indispensável a qualquer empreendimento de formação. Portanto, é tarefa do educador diagnosticar o aluno e auxiliá-lo a atingir o patamar da auto-avaliação como forma de corrigir seus erros. Para isso, o educador deve dispor de métodos diversificados, como tarefas, observação e entrevista clínica. O presente relato, de cunho qualitativo, apropriou-se desse último método que tem por objetivo compreender o pensamento do sujeito e como esse está organizado, através da observação de suas ações sobre os objetos e da verbalização de seus atos. Participaram da intervenção dois estudantes com dificuldades na aprendizagem da matemática, Alfa (14 anos) e Épison (15 anos), do 8º ano do Ensino Fundamental de uma escola Municipal da região metropolitana de Porto Alegre. Por meio de uma lista com quatro problemas algébricos, os sujeitos foram questionados com o propósito de verificar seu pensamento e possíveis dificuldades, buscando conduzi-los a compreensão dos erros cometidos. Foi realizada apenas uma sessão individual de intervenção com tempo médio de 50 minutos. Observou-se que os estudantes possuíam dificuldades anteriores ao conteúdo algébrico, apresentando erros conceituais relacionados ao conhecimento aritmético, como a falta de compreensão das operações elementares e suas relações, conhecimento mal estruturado sobre os números racionais e sobre o sinal de igualdade, não o admitindo como equivalência entre membros. Além disso, foram observadas dificuldades relativas à interpretação textual e tradução do problema para símbolos matemáticos, bem como em relação à compreensão das letras como variáveis. Por meio das constantes intervenções, realizadas após a resolução de cada problema, foi possível observar crescimento dos estudantes em relação à auto-reflexão sobre o resultado encontrado e o procedimento de resolução adotado, já que, no primeiro problema, não demonstraram refletir sobre a resolução, encontrando, por vezes, resultados não coerentes com a situação apresentada no problema. Entretanto, após serem questionados sobre o resultado e os meios empregados, verbalizando seu pensamento, passaram a refletir sobre a resolução e admitir possibilidade de erro e, no caso de Alfa, a identificar e compreender o erro cometido. Posto isso, observa-se a importância desta modalidade avaliativa para compreender o pensamento dos estudantes e auxiliá-los a superar suas dificuldades. No entanto, cabe ressaltar como limitação do estudo o curto tempo de acompanhamento dos estudantes e alerta-se para o fato de que um acompanhamento sistemático pode evidenciar resultados mais significativos do que os encontrados.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Subjetividade no processo de ensino e aprendizagem

Autor: Yoná Eliane Silva da Cruz

Coautores: Angela Alencar; Francisco de Souza; José Nilton de Lima; Yolanda Valois


RESUMO

O presente artigo objetiva compreender o que significa subjetividade para professores da educação básica e como este conceito interfere no processo de ensino aprendizagem. Entendemos que a produção de sentido pelos educadores sobre a subjetividade passa por uma construção contínua e envolve aspectos cognitivos, emocionais e afetivos. Neste sentido procuramos identificar e analisar o conceito de quinze professores, cinco de cada modalidade de ensino, em relação a subjetividade e sua interferência no ensino e na aprendizagem. Foi utilizado questionário aberto com professores da rede pública do estado de São Paulo. Os dados foram analisados qualitativamente e revelam a necessidade de uma formação continuada dos professores que favoreça novas possibilidades de realizações em sua prática docente e que esta formação pode ser conduzida pelo trabalho do psicopedagogo na instituição de ensino. Concluímos que a teoria da subjetividade é uma importante contribução neste percurso.