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Revista Psicopedagogia

versión impresa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.30 no.91 São Paulo  2013

 

ARTIGO ESPECIAL

 

A aquisição da linguagem por meio das interações promovidas pelo cuidador em classe de berçário

 

The acquisition of language through the interactions promoted by the caregiver in a nursery class

 

 

Cristina Ribas TeixeiraI; Adriana DickelII

IPsicóloga, Especialista em Psicopedagogia, atuação na área infantil e adulto, Aluna do Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
IIProfessora do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente artigo tem como tema a aquisição da linguagem por meio das interações promovidas pelo cuidador em classe de berçário. Visa investigar as mediações vivenciadas na escola de educação infantil pelas crianças por intermédio do adulto, suas representações por meio da palavra, ou seja, como as representações se materializam pela palavra. Por meio das observações realizadas em uma escola de educação infantil, foram coletadas informações acerca da interação cuidador/bebê. Essas informações foram divididas em episódios com o intuito de compreender como se estabelece esse processo por intermédio do adulto, a elaboração dos episódios se deu a partir dos diálogos entre cuidador e bebê de uma escola de educação infantil. Cada episódio faz referência a um dos indicadores eleitos para a análise do material, estabelecidos segundo o que se compreende como eixos fundamentais para o desenvolvimento da linguagem, são eles: o olhar, o corpo em movimento e a linguagem em si. Observou-se a importância de instigar as escolas de educação infantil a repensarem sua prática, bem como tornarem-se sujeitos transformadores de sua ação, contribuindo para uma educação de qualidade e, acima de tudo, facilitadora na formação de sujeitos desejantes de aprender. Considera-se que trabalhos dessa natureza possam contribuir para melhorar a qualidade da educação, principalmente, no que se refere ao ensino da educação infantil nas escolas de educação infantil, com o propósito de uma escola que leve em consideração a importância dos processos linguísticos para o desenvolvimento do sujeito de forma integral.

Unitermos: Educação infantil. Cuidadores. Desenvolvimento da linguagem.


ABSTRACT

This article focuses on language acquisition through the interactions promoted by the caregiver in a nursery class. It aims investigating the mediations experienced in school by children of preschool through adult, their representations through the word, that is, as representations materialize through the word. Through observations performed at a preschool education establishment, information was collected about the interaction caregiver / baby. This information was divided into episodes in order to understand how this process is established through adult, preparation of the episodes occurred from dialogues between caregiver and baby of a school of education. Each episode makes reference to one of the indicators chosen for the analysis of the material, determined in accordance with what is understood as fundamental pillars for the development of the language as being: the look, the body in movement and language itself. We observed the importance of instigating the preschools to rethink their practice and become subject transformers of their action, contributing to a quality education and, above all, facilitating the formation of desiring subjects to learn. It is considered that such work could help to improve the quality of education, especially in regard to the teaching of early childhood education in preschools for the purpose of a school that takes into consideration the importance of linguistic processes to the development of the subject in full.

Keywords: Child rearing. Caregivers. Language development.


 

 

INTRODUÇÃO

A década de 1990 foi marcada pela participação das mulheres no mercado de trabalho, fortalecendo cada vez mais a sua participação no processo produtivo e o aumento da responsabilidade no comando das famílias.

Sendo assim, nota-se a necessidade de que as mães deixem seus filhos cada vez mais cedo em escolas de educação infantil. Nesse contexto, a família passa a não ser mais o único agente educador na infância. Dessa forma, criam-se novos paradigmas com relação aos processos de aquisição da linguagem, às interações sociais que as constituem, mas principalmente em consideração ao adulto, como mediador dessa interação social.

Nesse contexto, esta pesquisa procura investigar as mediações que são vivenciadas na escola de educação infantil pelas crianças por intermédio do adulto, suas representações por meio da palavra, ou seja, como as representações se materializam por meio da palavra.

Para tanto, a exposição será dividida em três partes. Em um primeiro momento, se detém a referenciar as interações que possibilitam o desenvolvimento da linguagem nas crianças pequenas, os processos que constituem uma língua e os meios sociais facilitadores que possibilitam desenvolver uma linguagem.·

Num segundo momento, são discutidos os processos de aprendizagem de uma língua, os mecanismos que são usados para desenvolver linguagem, levando em consideração os processos do desenvolvimento e suas interações com o meio como facilitador dessa aprendizagem. Também é feita correlação entre as teorias que tratam desse assunto, embasado nos pressupostos teóricos de Vigotski, Bruner e Piaget.

Posteriormente, apresenta-se uma correlação entre as teorias estudadas e a observação realizada na escola de educação infantil, considerando as interações que a criança estabelece com o mundo cultural por intermédio do adulto.

 

AS INTERAÇÕES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

A linguagem é considerada a primeira forma de socialização da criança, pois é por meio dessa que ela se torna um ser falante. Essa capacidade que ela tem de produzir uma linguagem é a maior dentre o processo do desenvolvimento linguístico; por meio da linguagem, mesmo antes de aprender a falar, a criança tem acesso a valores, crenças e regras de sua cultura.

Para Chomsky (apud Coll et al.1), a capacidade de adquirir linguagem é exclusiva dos seres humanos, por ser uma condição geneticamente determinada, sendo assim, todos os seres humanos aprendem a falar, basta que desenvolvam suas capacidades inatas. Piaget (apud Montangero & Naville2) define a capacidade de linguagem nos seres humanos como uma capacidade cognitiva, na qual a linguagem é a expressão dessa condição. Muitas são as pesquisas nessa área, mas o que se percebe com as investigações realizadas é que, para o sujeito falar, implica desenvolver os processos cognitivos, que, por sua vez, permitem desenvolver a capacidade de simbolização. Então, segundo o autor, a linguagem é um sistema simbólico, portanto, para ser usada, é preciso que a criança tenha condições de significar, capacidade essa que a criança vai construindo durante seu desenvolvimento, mais especificamente, durante o estágio sensório-motor.

Aprender a falar é situar-se no contexto linguístico e extralinguístico, é saber usar a língua com adequação, mesmo antes de falar, a criança tem um repertório condutual que é a capacidade de representar e agir perante as coisas, se aprende com a possibilidade de experiência que o sujeito tem sobre o objeto.

Cole & Cole3 referem que, na medida em que aumenta a capacidade dos bebês distinguirem e produzirem sinais linguísticos, também ocorre maior interação com as pessoas e os objetos que os rodeiam.

Os bebês nascem em condições de dependência total, não conseguem realizar as funções que são essenciais para sua sobrevivência, como mamar, acompanhar os objetos a sua volta, entretanto, com a ajuda dos pais, que dão sustentação e significado à ação dos bebês, essas atividades se tornam parte de sua vida diária.

Sabe-se que é pelo campo da linguagem que o recém-nascido tem de ser acolhido, seja por meio do olhar da mãe, da fala, dos inputs maternos que dão significado aos seus desejos, propiciando-lhe desenvolver a capacidade de significar, o que lhe possibilita aprender a usar a linguagem mesmo antes de aprender a falar. Para estruturar-se como sujeito, é preciso estar atrelado ao outro, ou seja, ao desejo do outro, nesse caso, a mãe.

Na relação mãe/bebê, quando o bebê não consegue fazer associações, o outro primordial poderá fazer por ele, isso acontece com as necessidades que são "supostas" por uma significação, isto é, gestos e palavras que a mãe e ou/o cuidador lançam sobre o bebê são significantes, que instauram nele a capacidade de simbolização.

Percebe-se que a fala materna que é vivenciada pela criança está relacionada ao nível de habilidades linguísticas e cognitivas da mãe, portanto, os cuidados maternos no início do desenvolvimento infantil são tão importantes quanto as necessidades de alimentação.

Cole & Cole3 salientam que o vocabulário das crianças aumenta progressivamente durante os primeiros anos de vida e também com sua capacidade de comunicação mesmo antes de estabelecer uma conversação. "A intersubjetividade secundária é um precursor fundamental da aquisição da linguagem".

Na perspectiva da interação social, a criança adquire a linguagem por meio da interação dos aspectos biológicos com os processos sociais, sendo a interação um dos componentes necessários para que esta entre no mundo da linguagem.

O desenvolvimento de habilidades linguísticas é facilitado pelas interações da criança desde os primeiros dias de vida, prosseguindo até os primeiros anos de vida. Conforme destacam Luque e Vila (apud Coll et al.1), "o sorriso e o choro iniciais, que vão sofrendo uma progressiva diferenciação, constituem, juntamente com outros recursos vocais e gestuais, a base da comunicação pré-linguística".

Essa constatação fez com que os estudiosos da linguagem recebessem críticas, principalmente, dos inatistas como Chomsky, o qual defendia que a linguagem teria origem em mecanismos inatos e os princípios pelos quais ela se desenvolve não são os mesmos ligados a outros comportamentos, não sendo possível a criança aprender uma linguagem a partir de fontes externas.

Cole & Cole3 lembram que, segundo Chomsky, a criança tem um Dispositivo de Aquisição da Linguagem (DAL) que é acionado por meio de frases ou falas do adulto, consequentemente, pela interação com o adulto, esse dispositivo vai amadurecendo, possibilitando a geração da gramática que a criança está contextualizada, resultando na capacidade que o adulto tem de usar a linguagem.

Sobretudo para os interacionistas, o desenvolvimento da linguagem está atrelado às interações dos fatores sociais e biológicos, pois esses reconheciam que a linguagem é propensão inata do ser humano, mas se diferencia, por ser uma capacidade separada, e se desenvolve de acordo com as condições próprias do sujeito.

Na visão dos interacionistas, a linguagem está atrelada ao desenvolvimento dos processos cognitivo e à organização do ambiente sociocultural em que o sujeito está inserido. Já Bruner (apud Coll et al.1) afirma que a aprendizagem é um processo que ocorre internamente, por isso, a importância de desenvolver rotinas com o bebê que proporcionam estruturas que facilitam a sua interação com o cuidador, como propõe:

"A aquisição da linguagem não pode ser reduzida ao processo de rompimento virtuosístico de um código linguístico ou ao subproduto do desenvolvimento cognitivo comum, ou ainda, à aquisição gradual da fala do adulto por parte da criança, por meio de algum tour de force indutivo impossível. Trata-se, sim, de um processo sutil em que os adultos organizam o mundo de forma artificial, de tal modo que possibilite à criança obter sucesso naquilo que vem realizando culturalmente e no que está similarmente inclinada a fazer".

De acordo com Bruner (apud Cole & Cole33), a aquisição da linguagem acontece a partir de dois mecanismos, o primeiro deles está relacionado a uma força interna, que possibilita à criança adquirir linguagem, e o outro está relacionado à força com que a linguagem é absorvida do meio social por meio dos estímulos externos do adulto que convive com a criança no contexto em que a linguagem é usada.

O fato de o adulto estruturar o ambiente faz com que o pensamento da criança evolua com a linguagem, que resulta de uma aprendizagem, isto é, o sujeito aprende e se desenvolve.

 

O PAPEL DO ADULTO, DAS INTERAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM

O cuidador é capaz de estruturar as ações que a criança realiza por meio da interação com o outro. Esse cuidador poderá estruturar essa interação além do nível de desenvolvimento real, aproximando-a do seu nível potencial. Para Vygotsky4, aprendizado e desenvolvimento estão ligados desde os primeiros dias de vida do bebê. Mas é o aprendizado que, segundo ele, antecipa o desenvolvimento, pois cria a zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre o nível de desenvolvimento real da criança e o nível de desenvolvimento potencial. Dito por ele:

"Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes."

Essa estruturação possibilita à criança avançar de um nível para outro e, consequentemente, o que ela fez com a ajuda de outra pessoa poderá realizar sozinha futuramente, devido a sua capacidade de simbolização.

De acordo com evidências, essa capacidade de simbolização só é possível em razão dos processos internos de desenvolvimento que foram despertados pelo aprendizado e que são capazes de operar somente quando a criança interage com o outro, ocorrendo, dessa forma, a internalização dos processos que fazem parte do seu desenvolvimento.

Essa entrada do indivíduo no mundo simbólico da linguagem é que dá origem à subjetividade do sujeito, que é constituída pela inserção na linguagem e na cultura.

Segundo Winnicott5, a função materna poderá ser desempenhada por qualquer pessoa que realize os cuidados primários de forma "suficientemente boa", ou seja, tenha condições de satisfazer às necessidades do bebê de forma satisfatória, não faltando com os cuidados, nem cuidando em excesso, sendo assim, a função materna não precisa necessariamente ser desempenhada pela figura da mãe.

Winnicott5 prossegue discutindo sobre a mãe suficientemente boa, observando que:

"É aquela mãe que é capaz de satisfazer as necessidades iniciais do bebê e satisfazê-las tão bem que a criança, na sua saída da matriz do relacionamento mãe-filho, é capaz de ter uma breve experiência de onipotência. A mãe pode fazer isto porque ela se dispôs, temporariamente, a uma tarefa única de cuidar de seu filho. Sua tarefa se torna possível porque o bebê tem a capacidade, quando a função da mãe está em operação, de se relacionar com objetos subjetivos. Assim, o bebê pode chegar de vez em quando ao princípio da realidade, mas nunca em toda parte, de uma só vez; isto é, o bebê mantém áreas de objetos subjetivos juntamente com outras em que há algum relacionamento com objetos percebidos objetivamente, ou de objetos "não-eu".

A figura materna tem uma influência importantíssima para o desenvolvimento da linguagem da criança, entretanto, o papel materno pode ser realizado por um cuidador, sendo que a maneira como a linguagem é apresentada para a criança, o nível do seu desenvolvimento e o tipo de interação que se estabelece com o cuidador vão refletir na sua aquisição da linguagem.

 

A INTERAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM POR MEIO DAS OBSERVAÇÕES REALIZADAS

"Pensar a pesquisa como um fenômeno humano" foi o que disse Brandão6 em um minicurso ministrado na Universidade de Passo Fundo. Por esse viés que esta pesquisa foi pensada, tendo como base os pressupostos teóricos de autores já referidos anteriormente.

No entanto, para a realização deste trabalho, foram selecionados alguns conceitos que são determinantes para o desenvolvimento da linguagem, sendo eles: o olhar, o corpo em movimento e a linguagem em si, dessa forma, a pesquisa foi tomando forma, assumindo uma posição interacionista, com um olhar psicanalítico voltado ao sujeito e à interação com o outro e o meio, possibilitando maior entendimento do processo de interação do adulto e a criança de uma escola de educação infantil, levando em consideração a realidade sociocultural da escola.

As observações realizadas foram focadas no eixo principal desta pesquisa, que é descobrir em que medida na escola de educação infantil as mediações são assumidas como tarefa do cuidador. A fim de verificar essa possibilidade, foi realizada uma pesquisa exploratória com a classe de berçário de uma escola de educação infantil no município de Passo Fundo.

Para os registros das observações, foi utilizado como instrumento de avaliação o diário de campo. Buscando entender mais claramente o processo que acontece na escola, o trabalho foi dividido em episódios, sendo que cada um faz referência a um conceito escolhido como determinante no processo de aquisição da linguagem.

Nesse sentido, Mortimer (apud Andreolla7) conceitua episódio como "um conjunto de atividades e discussões que têm por objetivo a construção de um conhecimento científico-escolar por parte significativa dos alunos", para observar as dinâmicas interativas no processo de ensino-aprendizagem.

A elaboração dos episódios se deu a partir de registros no diário de campo, os quais eram representados por diálogos entre o cuidador e o bebê de uma escola de educação infantil que tem 60 alunos distribuídos entre os turnos da manhã, tarde e noite. Na classe de berçário, lócus da observação, há 8 alunos matriculados, as idades variam entre 4 meses a 1 ano e 2 meses, tendo duas professoras como responsáveis.

Conforme relata a proprietária da escola, no período de inverno, diminui o número de crianças que frequentam a escola e, como as observações foram realizadas no mês de julho, acredita-se que havia menos crianças frequentando a escola do que no período do verão. Em outra fala, a proprietária também relata que, na escola, não tem a participação da família: "muitas vezes, a mãe liga, pergunta o valor e faz a matrícula do filho, sem mesmo vim conhecer a escola", "os pais não vêm à escola", "em alguns casos, esquecem-se de vim buscar os filhos, então, tenho que ligar [...]".

Pode-se perceber que a família não é mais o agente educador na infância, pois é na escola que a criança passa maior parte de seu tempo, sendo assim, é o lugar onde se manifestam todas as fases do desenvolvimento infantil.

Pensando nesse processo, foram selecionados três episódios que mais representam a relação da interação bebê/cuidador para os processos de aquisição da linguagem. Os episódios foram elaborados a partir de cinco observações feitas na escola, de cerca de uma hora cada, registradas no diário de campo.

Em cada um dos episódios, foram registrados os vocabulários estabelecidos entre o cuidador e a criança, e os tipos de falas que se produziram.

Os episódios a seguir não obedecem a uma ordem sequencial das observações, mas foram organizados conforme a sequência estabelecida no processo do desenvolvimento infantil. Os nomes das crianças são fictícios, para preservar a sua identidade.

Episódio A - O olhar constituinte do sujeito

10h15min - 11h15min

Cheguei para a observação, a prô estava com Ruy (cinco meses de idade) no colo, embalava ele, e Ana (nove meses de idade) estava no carrinho.

A prô falou para mim: está na hora dele dormir, por isso, está resmungando.

Enquanto isso, continuava embalando.

Perguntei: qual a idade deles, ela não soube dizer, disse que estava substituindo a prô do berçário que tinha faltado, continuava embalando Ruy (não conversava nada com a criança), às vezes, olhava para Ana que estava no carrinho em silêncio, deitadinha. Colocou Ruy no carrinho e ele começou a chorar, então, começou a embalar o bercinho com o pé e olhava para Ana que estava no outro carrinho deitadinha e quietinha.

Ruy começou a chorar, a prô pegou-o no colo e olhava para Ana no bercinho e, com voz baixinha, falava para o bebê: ela é quietinha, né, né???

Ana respondia com sorriso ao olhar da prô. A prô colocou Ruy no bercinho.

A prô falou para o bebê (com voz baixa): agora você vai ficar no carrinho.

Ligou o móbile (ele olhava para o móbile).

Para Ana, a prô deu um brinquedinho e falou: vamos olhar a fraldinha, olhou a fraldinha e falou: não tem nada e colocou de volta no carrinho.

A prô foi até a bolsa do Ruy, pegou um babador, colocou nele e falou (baixinho) poucas palavras: vamos arrumar!

Enquanto isso, Ruy resmungava e a prô falava: o que? Ahn, o que?

Ana ficou sentada no chão, a prô deu um chocalho para ela, mais outro brinquedo que fazia barulho, ela olhava para Ruy que estava deitadinho com um brinquedo na mão. Então, a prô aproximou os dois bebês e falava com os dois: vamos brincar? Quero ver!

Ana começou a chorar e a prô falou (voz leve): o que foi? e pegou-a no colo.

A prô falou: o que aconteceu? Neste momento, Ruy começou a chorar no chão.

A prô olhou e perguntou: o que foi? A prô continuou com a Ana no colo e deu o bico para o Ruy, que continuou chorando no chão (a prô não falou nada)

Colocou a Ana no chão e ela começou a chorar.

A prô pegou o Ruy no colo, colocou-o no carrinho, começou a balançá-lo e falou (fala fraca): calma! Quer dormir? Tá soninho? Ele continuou chorando forte, enquanto isso, Ana estava no chão e chorou um pouquinho. A prô fez sons para Ruy dormir, ele continuou chorando forte, então, a prô embalou o carrinho e ele foi se acalmando. Enquanto isso, Ana no chão chorava e a prô olhava e dizia: o que foi?

Chegou o Murilo de 1 ano e 2 meses, a prô o levou para a sala e começou a conversar com ele (essa fala foi com tom forte): o que você quer brincar? Vamos brincar?

Ruy acordou, a prô pegou-o no colo e levou para brincar junto com o Murilo. A prô arrumou as almofadas para Ruy ficar sentadinho e perguntou para as duas crianças: o que vocês querem brincar? O que querem fazer?

Após uma hora de observação, fui embora.

Sabe-se que, para a criança manter-se viva, é preciso que o outro a impulsione a viver, visto que é pelo olhar do outro que ela se constitui. Nesse episódio, percebe-se que o olhar do cuidador não é um olhar que sustenta as necessidades básicas do bebê, que atribui significado, não se percebe um reconhecimento afetivo por parte do cuidador, sendo este a base para todo o reconhecimento humano.

No episódio relatado, o cuidador ficou numa posição muito passiva, colocando também a criança numa posição de passividade, não possibilitando a ela um espaço criativo, onde pudesse entrar em contato com o mundo externo e sua subjetividade. Assim, a criança ficou à mercê do outro, que não lhe possibilitou se apropriar das condições necessárias para o acesso ao mundo cultural e, principalmente, a sua constituição subjetiva.

O desenvolvimento infantil está atrelado ao outro, em decorrência do desejo desse outro, sendo assim, os seres humanos começam sua vida subjetiva a partir da rede do imaginário e dos significantes criados pelo outro, por isso, a importância da posição desejante da mãe, conforme refere Yañez8:

"Gritos, choros, movimentos e demandas indiferenciadas são decodificados pela mãe, que responde a eles com palavras, sons, cantos, carícias e abraços (diálogo tônico), acompanhando os cuidados corporais com olhares, palavras e toques que erotizam e marcam o corpo do seu filho, "corpo receptáculo", olhado, tocado, falado, e inscrito pelo Outro. Essas marcas e inscrições permanecem no inconsciente, tornando-se presentes nas produções simbólicas e imaginárias".

Para a autora, é de fundamental importância a nomeação dos movimentos e das sensações que a mãe e ou cuidador faz com a criança, o que não foi percebido no episódio relatado acima. As marcas e inscrições, quando sinalizadas, foram poucas e com pouco investimento por parte da cuidadora, entretanto, quando isso aconteceu, mesmo de uma maneira superficial, as crianças responderam a esses sinais com sorrisos, indicando a abertura para iniciativas de tal natureza e a sua capacidade de atribuir significado.

Que imagens corporais essas crianças terão de si se falta um investimento por parte do cuidador?

Pois bem, sabe-se que, conforme forem realizadas as inscrições na criança e seus desejos e ações forem sinalizados, será a imagem que esta criará de si mesma, uma vez que a imagem corporal de si está atrelada à imagem corporal que o outro tem de si. Nesse aspecto, relata Bergés9 que "o corpo é, antes de qualquer coisa, um receptáculo, um lugar de inscrição, uma trama implacavelmente destinada a imprimir-se com os cenários, as cores de outrem, a começar pela servil cópia do motivo". Isto não apareceu no episódio, porque o cuidador, preocupado em cumprir com sua tarefa de trabalho, em não deixar as crianças chorarem, não olhou para elas como seres que estão se constituindo, atrelado ao seu desejo, que, no caso, está substituindo os cuidados maternos.

O outro primordial tem função importante na suposição, de dar sentido, tirar do real, dessa maneira, o sujeito é simbólico, pois está sendo lançado ao simbolismo do outro. Por isso, um corpo que não está inscrito terá o campo simbólico comprometido. O corpo receptáculo é o corpo simbólico à representação, então, todo o conhecimento humano é construído por meio de experiências vividas.

O corpo se constitui na primeira infância, quando surge a corporeidade, em que o corpo simbólico está se organizando a partir das marcas constituídas pelo outro. Sendo assim, é muito importante como são feitas essas inscrições, pois disso dependerá o desenvolvimento do letramento na criança, neste caso, na escola observada, esse processo não está acontecendo como deveria, o que pode proporcionar às crianças dificuldades nos processos do desenvolvimento da linguagem.

Episódio B - O corpo em movimento

10h30min - 11h30min

Cheguei e Ana, que tem 9 meses, estava sentada na cadeirinha de comidinha, a prô pegou-a no colo, sentou em uma poltrona, olhava para ela e mostrava um bichinho.

A prô falou (pouca fala e com tom fraco): olha! Viu? Mexia nas mãos da Ana, aí chegou a irmã da Ana, que tem 3 anos e também está na escola, beijou a irmã, começou a olhar para ela, brincou com suas mãozinhas e saiu.

A prô colocou Ana na cadeirinha, deu um brinquedinho, um dado de pelúcia para ela brincar e ela ficou olhando para os lados.

A prô falou: o que você quer? Tá com fome? Vamos comer? Ana resmungou.

A prô bateu com a mão na mesinha, fez barulho e Ana olhou.

A prô saiu, foi à cozinha, Ana ficou ali sentadinha, olhava para mim (eu conversava com ela), enquanto isso, na cozinha, a prô conversava com outra prô.

11h a prô levou o almoço (feijão esmagadinho com sustagem).

A prô falou para mim que a mãe reclama que a escola não dá comida para a Ana, mas ela tem um problema de estômago, por isso, é magrinha e não engorda.

A prô dava comidinha para ela e falava: come! Tem que comer! Ana não queria comer, a prô pegou uma mamadeira com água e dava para ela também, uma colher de comidinha e um pouco de água e falava: mais água? Deu comidinha na boquinha até que Ana não quis mais, comeu bem pouco. Ana ficou na cadeirinha brincando com o brinquedo de pelúcia e olhando para ele.

A prô não falava com ela e Ana ficou ali sentada até a hora que eu saí, às 11h30min.

Ruy estava na escola, mas permaneceu dormindo durante todo o tempo da observação.

Sabe-se que, para a criança se apropriar do corpo, terá que realizar sucessivamente importantes conquistas em relação ao seu espaço, movimentos, posturas, gestos, sendo o corpo o lugar dos movimentos expressos por suas ações, é pelo corpo que a criança se comunica com o outro.

Partindo dessa ideia, reflete-se como as crianças se apropriam de seu corpo quando não se estabelecem esses movimentos, não lhe é possibilitado desbravar seus espaços, seus movimentos, criar sua própria imagem corporal.

Não foram proporcionadas brincadeiras para as crianças, que são muito importantes, uma vez que, por meio delas as crianças entram em contato com seu corpo, os movimentos corporais se estabelecem, surgem as imitações e, consequentemente, as descobertas acontecem.

Assim sendo, as brincadeiras são verdadeiros estímulos ao desenvolvimento intelectual, portanto, quanto mais informações a criança receber, mais registros ocorrerão em seu cérebro. Vivenciando, manipulando as coisas e experimentando, as crianças descobrem a possibilidade de dar forma ao mundo de acordo com as suas impressões.

No episódio relatado, percebe-se que a criança manteve-se muito passiva, sem movimentar-se por muito tempo.

Piaget (apud Montangero & Naville2) relata que os progressos do conhecimento do bebê acontecem a partir da sua interação com o objeto de conhecimento, interação que é possibilitada pelos mecanismos de assimilação e acomodação. Para o autor, o "desenvolvimento cognitivo consiste na coordenação de esquemas que produz formas mais complexas e melhor adaptadas de comportamento".

Essa interação de que Piaget fala não aconteceu no segundo episódio, já que, como se percebeu, o bebê ficou durante o tempo da observação sentado, sem interagir com outros objetos, sem movimentar-se, não houve interação com o objeto e nem com o cuidador. Sabe-se que o ser humano possui corpo formado por estruturas orgânicas, que apresenta uma fisiologia real, mas também possui um corpo que é imaginário, simbólico. A junção do corpo real com o imaginário é o que forma o ser humano, assim, quando a criança se movimenta, brinca, ela representa e o seu corpo se transforma, podendo ser o que ela criou em seu imaginário. Todavia, isso não aconteceu no episódio, não foi possibilitada para a criança essa capacidade de significação, comprometendo seu campo simbólico.

O corpo, para poder representar, tem que ser um corpo receptáculo, o outro primordial tem função importante na suposição, dando sentido, tirando do real, desse modo, o sujeito é simbólico, já que está sendo lançado ao simbolismo do outro.

O corpo receptáculo é o corpo simbólico à representação, então, todo o conhecimento humano é construído, isto é, a criança aprende por meio de experiências vividas, pois é através do movimento e da percepção que entra em contato com o mundo que a cerca, mas, para que isso aconteça, é preciso a participação do outro.

Nesse sentido, observa-se que a aprendizagem está vinculada e atrelada ao desenvolvimento psicomotor da criança, o qual proporciona conhecimento, conquistas para as crianças, favorecendo novas percepções e renovadas experiências.

Quando uma criança engatinha, vai descobrindo espaços e as relações entre ela e os objetos. Além do mais, o desenvolvimento psicomotor está articulado também com os aspectos subjetivos e cognitivos indispensáveis ao processo de aprendizagem. Ao contrário, crianças com problemas psicomotores terão dificuldades em elaborar conteúdos, descobrir conceitos espaços-temporais, organizar sua imagem e esquema corporal e de se relacionar com o mundo que as rodeia, haja vista que, no transtorno psicomotor, o corpo atrapalha a produção da criança, ela cai, tropeça, o corpo perturba as conquistas simbólicas por estar altamente presente pelo transtorno, interferindo nos processos de aprendizagem.

Episódio C - A linguagem que sustenta

14h10min - 15h10min

Cheguei, havia três bebês no berçário, que estavam dormindo.

O ambiente estava pouco iluminado.

A prô fazia Ruy dormir, ele estava no carrinho.

A prô dava palmadinha na bundinha e cantava baixinho dorme nenê e assoviava, então, ele dormiu.

Chegou Romeu (1 ano e 8 meses), ele estava com sono e começou a chorar.

A prô falou para ele: se você chorar, vai acordar os outros bebês!

A prô estava com Romeu no colo, então, perguntou para ele: o que aconteceu?

A prô falou para mim: quem traz ele é a mãe, tem dias que ele chega bem, mas quase sempre ele chega chorando.

A prô o colocou no chão, deitado com a bundinha para cima, dava palmadinhas na bundinha para ele dormir e falava: dorme nenê, tá soninho. Ele se acalmava e cochilava, mas quando a prô saia de perto, ele acordava e chorava, então, ela falava para ele: tá soninho? Dorme! A prô vai ficar aqui!

Teve um momento que ele acordou, sentou, procurou a prô, olhou, quando a viu, deitou e dormiu.

Maria (7 meses) também acordou e Ana começou a chorar.

A prô balançou o carrinho com o pé e falou: já vou pegar você! Mas, ela ficou chorando no carrinho e a prô não a pegou.

Continuou com Ruy no colo e ele chorava. Romeu acordou uma das crianças que dormia (ele passou a mão na cabeça da criança), a prô chamou a atenção dele, falando: Romeu, como! Por que você fez isso? Ele olhou e riu.

Esta prô pegou a Ana, colocou-a sentadinha no chão, começou a dar comidinha (papinha de bolacha Maria) e conversava com ela: que linda! Vamos comer papinha! Olha que gostosa! Dava comida na boquinha dela e falava: quer comidinha? Quer? Essa prô conversava, interagia, olhava para a criança e falava: mas que linda que ela é!

Ruy chorou, a prô que chegou depois pegou-o no colo e falou: o que você quer bebê? Por que tá chorando, heim?

A prô auxiliar pegou um telefone de brinquedo e falou para a Ana e o Ruy: vamos ligar para a mamãe, fala alô mamãe! Fala mamãe! Colocava o telefone no ouvido das crianças.

Encerrei a observação.

Bruner & Watson10 afirmam que a aquisição da linguagem começa quando a mãe e a criança criam uma estrutura e é dentro dela, pelas transações que acontecem, que se constitui a entrada os inputs linguísticos pelo quais a criança tem acesso à gramática. No caso do episódio acima, com relação às ações do cuidador, pode-se pensar que a forma de referir, significar e realizar suas intenções comunicativas acontece muito vagamente, mas, quando acontece, os bebês respondem a essas intenções.

De acordo com Bruner & Watson10, para as crianças aprenderem gramática, precisam da ajuda do adulto, então, é muito improvável que as crianças aprendam gramática pelo simples prazer de aprender, seu domínio parece um fator instrumental. No episódio acima relatado, as falas emitidas pela professora não acompanham o nível de habilidade linguística e cognitiva das crianças, em alguns casos, a professora não responde às falas delas. Além disso, não aparecem na fala da professora os aspectos afetivos e cognitivos, ela não nomeia as sensações sentidas pelas crianças, as falas das crianças, os usos de sons, as rimas não dão significado às suas intenções e desejos, de forma a não contribuir para o desenvolvimento linguístico.

Jerusalinsky11 fala sobre os aspectos instrumentais, como aprender a ler, escrever, enfim, todos os aspectos instrumentais têm efeitos estruturantes sobre o desenvolvimento da criança, sendo que esta se apropria desse funcionamento, sustentando, assim, esse lugar de sujeito. O mesmo autor refere que as funções orgânicas se organizam pelo efeito de transformação que a estruturação psíquica opera na biologia, possibilitando diferenciar, no desenvolvimento, aspectos estruturais e instrumentais.

Bruner & Watson10 explicam que, para a criança aprender uma linguagem, ela precisa ter capacidade para tal habilidade, algo como Chomsky chama de Mecanismo de Aquisição da Linguagem, mas, se não tiver o apoio do adulto nessa interação, o que acontece no episódio acima, esse mecanismo não funciona, portanto, o adulto precisa estar atrelado a esse mecanismo e a uma dimensão transacional.

Tal dimensão que é controlada pelo adulto possibilita um Sistema de Apoio de Aquisição da Linguagem (LASS), sistema que marca a estrutura da entrada da linguagem e a interação com os mecanismos de aquisição da criança, o que implica fazer funcionar o sistema. A criança entra na comunicação linguística e, ao mesmo tempo, na cultura pela qual a linguagem lhe permite aceitar através da interação entre os mecanismos de aquisição da linguagem e o sistema de apoio à aquisição da linguagem. Sendo assim, Bruner & Watson10 afirmam que "essa capacidade depende da apropriação que o homem tem dos modos de pensar e de atuar, isso não está nos genes, mas, sim, na sua cultura".

Uma cultura que não possibilita ao sujeito desenvolver sua capacidade para pensar e atuar não auxilia nos processos de aquisição da linguagem e foi exatamente isso que aconteceu nesse episódio, uma vez que a relação recíproca entre bebê e cuidador foi muito superficial, não aparecendo a inserção dessas crianças na cultura pela ação do cuidador, não sendo possibilitada às crianças uma estrutura linguística de acordo com seu nível linguístico, capaz de sustentar a ação destas. Os inputs maternos, no caso realizados pelo cuidador, apresentam uma ausência de atenção, não apresentam respostas às necessidades das crianças, não possibilitando o desenvolvimento de sua capacidade simbólica.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo pretendeu suscitar a importância da educação infantil nos dias de hoje, levando em consideração que as crianças estão indo cada vez mais cedo para as escolas. Os aspectos da infância estão sofrendo ampliações e, consequentemente, ocorrem implicações sobre a constituição subjetiva da criança, principalmente, quando as primeiras inscrições, como o olhar da mãe e ou cuidador, o desejo que aparece no Outro, os inputs linguísticos, não são realizados, de forma que a dimensão simbólica possa sofrer falhas nos processos constitutivos do sujeito.

A maneira como o cuidador atua no processo de desenvolvimento da criança repercute na maneira como esta percebe o mundo a sua volta, os impasses na primeira infância podem implicar em fracasso na constituição do sujeito, pois o reconhecimento afetivo é a base para todo o reconhecimento humano.

No processo de interação cuidador/bebê, é importante que o cuidador esteja atento às necessidades do bebê, oferecendo-lhe atenção e respostas às suas necessidades. É preciso maior envolvimento com as crianças, possibilitando desenvolver a sua capacidade exploratória, o cuidador atua como um agente da inserção da criança no mundo cultural, mas, para que esse processo aconteça, é necessário que este seja conhecedor dos processos que envolvem o desenvolvimento infantil.

Nesses casos, fica evidente a necessidade de pensar em políticas de Estado para a educação infantil e desenvolver mecanismos para a melhoria da qualidade da infância, começando pelas instituições que formam profissionais para atuarem nessa área.

Observou-se a importância de mobilizar as escolas de educação infantil a repensar sua prática, assim como tornarem-se sujeitos transformadores de sua ação e facilitadores na formação de indivíduos desejantes de aprender.

Entende-se que trabalhos dessa natureza podem auxiliar a melhorar a qualidade da educação, em especial, no que tange à educação infantil nas escolas, com o propósito de desenvolver uma escola que tenha a consciência da importância dos processos linguísticos para o desenvolvimento do sujeito de forma integral.

Ao final deste artigo, fica a sensação de ter sido possível ampliar os conhecimentos quanto às possibilidades de interação com os processos de aquisição da linguagem, além de comprovar a necessidade de avançar diante da inesgotabilidade do tema, principalmente, quando reconhecido que a educação infantil é um desafio para a contemporaneidade.

 

REFERÊNCIAS

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9. Bergés J. O corpo e o olhar do outro. 3ª ed. Porto Alegre: Centro Lydia Coriat; 1988.         [ Links ]

10. Bruner JS, Watson R. El habla del nino: aprendiendo a usar el lenguaje. Barcelona: Paidós; 1983.         [ Links ]

11. Jerusalinsky A. Psicanálise e desenvolvimento infantil. 5ª ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios; 2010.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Cristina Ribas Teixeira
Rua Capitão Eleutério, 337/ 603 - Centro
Passo Fundo, RS, Brasil - CEP 99010-060
E-mail: cristina@upf.br

Artigo recebido: 30/11/2012
Aprovado: 19/2/2013

 

 

Trabalho realizado na Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.