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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.32 no.98 São Paulo  2015

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos da primeira infância

 

Socio comunicative skills and shared attention in typical babies first childhood

 

 

Andréa Carla MachadoI; Suzelei Faria BelloII

IPsicopedagoga, Mestre e Doutora em Educação Especial pela UFSCar. Pós-doutoranda na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. São Carlos, SP - Brasil. Bolsista FAPESP. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Infantil - CPEDi - Neves Paulista, SP, Brasil
IIFonoaudióloga, Mestre, Doutora e Pós-doutora pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. São Carlos, SP - Brasil. Docente da UNILAGO - Faculdade da União dos Grandes Lagos. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Infantil - CPEDi - Neves Paulista, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A compreensão da habilidade de comunicação intencional em bebês tem sido alvo de indagações e debates de pesquisadores que estudam a cognição social infantil nos primeiros anos de vida. Assim, é importante investigar habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada, bem como verificar as intenções comunicativas dos bebês nas primeiras interações mãe-bebê, se os bebês interpretam o comportamento do adulto como intencional e a potencial relação entre contextos de atenção compartilhada, comunicação intencional e aquisição da linguagem. O presente estudo teve como objetivo apresentar dados referentes às habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos na primeira infância, buscando identificar as duas habilidades citadas e evidenciadas nos bebês, em quatro distintos períodos observados, bem como as diferentes configurações em cada idade. Participaram desse estudo quatro díades mãe-bebê. Os bebês tinham idades de três, seis, quinze e dezoito meses. As observações videogravadas foram realizadas nas residências dos participantes, numa situação de brincadeiras com brinquedos previamente selecionados, durante vinte minutos. Nas análises das observações, foram identificados marcos na trajetória evolutiva e diferentes configurações sociocomunicativas e de atenção compartilhada nas díades. Verificou-se que as aquisições de comunicação intencional e os diferentes contextos de atenção compartilhada redirecionaram e ampliam o curso das interações, em cada idade. Este estudo contribui para a discussão relativa à cognição social infantil, com ênfase nas relações entre atenção compartilhada, comunicação intencional e aquisição da linguagem.

Unitermos: Relações mãe-criança. Comunicação. Lactente. Relações Interpessoais.


SUMMARY

Understanding intentional communication skills in infants has been the subject of inquiries and debates of researchers studying children's social cognition in the first years of life. It is therefore important to investigate socio comunicative and skills shared attention, as well as check the communicative intentions of babies in the early mother-infant interactions, if babies interpret the adult behavior as intentional and the potential relationship between contexts of shared attention, intentional communication and language acquisition. The present study aimed to present data relating to socio comunicative skills and shared attention in typical babies in early childhood, trying to identify the two skills mentioned and highlighted in babies in four distinct periods observed, as well as the different settings in each age. This study participated in four díades mother-baby. The babies had ages of three, six, fifteen and eighteen months. Video observations recorded were held in the homes of the participants, in a situation of playing with toys previously selected, for twenty minutes. The analysis of the observations were identified marcos on evolutionary trajectory and different configurations socio comunicative and shared attention on díades. It was found that the purchase of intentional communication and the different contexts of shared attention reassigned and extend the course of interactions, in every age. This study contributes to the discussion on the children's social cognition with emphasis on relations between shared attention, intentional communication and language acquisition.

Key words: Mother-Child Relations. Communication. Infant. Interpersonal Relations.


 

 

INTRODUÇÃO

Antes mesmo de adquirirem a capacidade de se comunicar verbalmente com outros integrantes de sua cultura, os seres humanos transitam em contextos nos quais estão inseridos, por meio de ferramentas comunicativas, tais como ações e gestos. Esses instrumentos possibilitam as interações sociais, a desenvolver uma interpretação compartilhada de suas atividades conjuntas, por meio das trocas que se estabelecem com o outro, já no primeiro ano de vida1.

Em torno desse recorte evolutivo, os bebês evidenciam as seguintes habilidades: olhar na direção do olhar do outro; observar a face do outro, quando estão em uma situação ambígua; mostrar e compartilhar objetos com outros. Tais comportamentos destacam-se entre outras ações circunscritas denominadas atenção compartilhada.

Há um consenso entre os estudiosos no sentido de que o fenômeno da atenção compartilhada ou conjunta (AC) é um dos pilares da cognição social e da aquisição da linguagem. Essa questão é abordada inicialmente a partir da delimitação daquilo que vem sendo entendido por AC e cognição social infantil, fenômenos tidos como imbricados no estudo sobre o desenvolvimento infantil.

Estudiosos2,3 dessa temática têm verificado relações entre atenção conjunta e cognição social infantil, a qual é investigada a partir de habilidades sociocomunicativas de bebês, desde a mais tenra idade. A cognição social infantil envolve, mais especificamente, a habilidade para compreender outras pessoas, abrangendo o conjunto de capacidades perceptivas que habilita o bebê a discriminar pessoas de objetos. Abrange, também, o complexo inter jogo de pistas sociais, tais como o contato visual, movimentos do corpo, tom de voz e expressões faciais, que auxiliam o bebê na interpretação de comportamentos do outro4.

Os rudimentos dessas habilidades podem ser evidenciados em interações face a face mãe-bebê nos primeiros meses e até nos primeiros dias de vida. Elas são consideradas basilares para desenvolver formas mais complexas de habilidades sociocognitivas, tais como interpretar os comportamentos dos outros e utilizar uma comunicação simbólica. É importante mencionar5,6 que já havia destacado a atenção como uma das grandes funções da estrutura psicológica que embasa o uso de instrumentos num contexto social. Segundo ele, a habilidade para focalizar a própria atenção é um determinante essencial do sucesso ou não de qualquer operação prática, pois a criança deve prestar atenção para poder ver. A atenção, auxiliada pela fala:

"(...) cria condições para o desenvolvimento de um sistema único que inclui elementos efetivos do passado, presente e futuro. Esse sistema psicológico emergente na criança engloba, agora, duas novas funções: as intenções e as representações simbólicas das ações propositadas"6.

Nessa direção, alguns resultados extraídos de pesquisas corroboraram os dados e premissas de pesquisadores de referência nessa área7-9. Destacam-se, principalmente, aqueles relacionados à ideia de que os episódios de atenção compartilhada podem contribuir para o avanço do vocabulário infantil, admitindo-se que há uma variação e aumento do tempo de atenção estabelecido entre as díades, em função da idade de bebês e crianças.

Ainda sob a ótica desse autor, a atenção compartilhada pode ser entendida como uma habilidade de coordenar ações de atenção entre um parceiro social ou um objeto de interesse comum8.

Dessa forma, com o enfoque na intencionalidade como intenções que afunilam para as trocas dialógicas e fortalecem as interações sociais, preditoras do desenvolvimento infantil compartilhado, os conceitos10 da intencionalidade relacionados ao ato comunicativo que sustenta a habilidade de atenção compartilhada.

Tais observações se fazem relevantes ao entender a comunicação como uma complexa interação entre dois ou mais sujeitos que necessitam trocar turnos, codificar e processar a informação, e então fortalecer o diálogo, mesmo que tenham contribuições diferentes entre a comunicação verbal e não-verbal. Diante do exposto, o que se torna importante é a intenção de iniciar um diálogo, manter e ampliar e tais ações implicam em compartilhar a atenção entre os mediadores do sujeito.

Por isso, as condutas comunicativas de iniciar, manter e rever o ato comunicativo cria movimentação para ampliar o desenvolvimento, o que irá buscar uma competência comunicativa, ou seja, a tarefa primordial de oferecer intenção à comunicação do bebê, e, sobretudo às respostas diversas, como choro, sorriso, levantar os braços, balbucio será do cuidador que transformará a intencionalidade em intenção de comunicação11.

Esses pressupostos comportamentais de interação do ato comunicativo também foram apontados12, com ênfase nas manifestações de sorriso e balbucio, como deflagradores do contato social e, por sua vez, dos atos comunicativos, pois os bebes despertam nos adultos comportamentos de atenção, ritmo de fala diferenciado, disposição ao toque e à proteção.

Nos primeiros anos de vida, os sons rudimentares13, que vão sendo incorporados e aprimorados pelas habilidades sociais de sorrir, oferecer o contato visual, de tocar, de estender os braços, superam o desejo das trocas e instauram a comunicação não-verbal, que interpretada pela díade oferece identidade às interações sociocomunicativas e qualificam os sinais do parceiro e as funções progridem para meta representações e experiências que levam para a evolução da comunicação verbal.

Diante do exposto, este estudo teve o objetivo de apresentar dados referentes às habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos na primeira infância, buscando identificar as duas habilidades citadas e evidenciadas nos bebês em quatro distintos períodos observados, bem como as diferentes configurações em cada idade.

 

MÉTODO

Participantes

Participaram deste estudo quatro díades mãe-bebê nas idades de três, seis, quinze e dezoito meses. As mães dos bebês eram casadas, moravam em suas próprias residências, tinham idade média de 27 anos, (DP= 4,94) e nível de instrução a partir do ensino médio completo. Das mães participantes deste estudo, três eram primíparas e uma das mães, a criança era a segunda de três filhos. Segundo relato delas, os bebês não apresentaram problemas de saúde e nasceram a termo (idade gestacional maior que 38 semanas). A participação de cada díade ocorreu e foi autorizada mediante assinatura do Termo de Consentimento e Livre Esclarecido.

Instrumentos

Para conhecer os comportamentos comunicativos intencionais dos bebês foram utilizados uma câmera de vídeo e um roteiro com os itens relacionados à linguagem e socialização14,15. As díades foram observadas em suas residências, em situação de brincadeira com brinquedos previamente selecionados (Quadro 1). Esse tipo de contexto pode aumentar a probabilidade do surgimento de interação durante o evento, consideradas vitais para mudanças no desenvolvimento.

Procedimentos de coleta de dados

O contato com cada díade participante do estudo foi feito a partir do conhecimento de uma das pesquisadoras que conhecia as mães e seus bebês que se enquadravam nos critérios adotados, quais eram: díades mãe-bebê com as crianças na idade inicial de três meses, sendo as mães casadas, residentes em seus próprios domicílios e com nível de instrução a partir do ensino médio completo.

O primeiro contato com as mães foi feito por rede social e, uma vez concedida à permissão para a visita à casa da díade, foram coletadas as primeiras informações. Conforme disponibilidade da mãe, realizaram-se as sessões de observação. Na visita, as pesquisadoras expuseram os objetivos do estudo e solicitaram o consentimento para a realização dos registros das interações com o uso do vídeo.

Foi dada às mães somente uma instrução: que "brincassem com seus filhos da maneira como faziam usualmente". Durante as sessões de observação, estiveram presentes apenas as pesquisadoras, a mãe e o bebê. As díades foram observadas uma vez no mês referido (idade) de cada criança, iniciando com um bebê aos três meses, depois as crianças de seis meses e concluindo com a criança com quinze meses de idade, perfazendo um total de oitenta minutos de observação. Em cada momento evolutivo, as díades foram observadas durante 20 minutos revistos para análise, sendo desconsiderados o primeiro e o último minuto.

Este estudo teve o intuito de replicar alguns dos procedimentos utilizados no trabalho de Aquino e Salomão1, mas lançando mão de várias outros elementos/tarefas relacionados às habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada.

Análise dos Dados

A análise dos dados derivados das interações entre mães e bebês nos três períodos estudados buscou demonstrar os fluxos interativos característicos nas díades mãe-bebê em cada período observado. Privilegiou-se uma leitura minuciosa dos tipos de interações que ocorreram em cada episódio, na perspectiva de identificar as principais habilidades sociocomunicativas e atenção compartilhada evidenciadas pelos bebês e as possíveis modificações em cada idade das referidas habilidades. O critério utilizado para analisar as habilidades comunicativas dos bebês foi a evidência comportamental, que indica se a criança tem intenção de comunicar algo em relação a um objeto ou ao parceiro. Foi considerado um ato comunicativo o grupo de condutas não-verbais e/ou verbais produzidas por um emissor com a intenção de influenciar o comportamento e/ou o estado mental do outro. Exemplificam condutas intencionais nos bebês, comportamentos (movimentos corporais, atenção visual), vocalizações e formas de interação com as mães que abrangem: chorar; pegar objetos oferecidos pela mãe; estender os braços e tronco em direção a algo na presença do outro. A habilidade da atenção compartilhada ou conjunta (AC) se caracteriza como sendo os comportamentos infantis que servem para coordenar a atenção entre os parceiros da interação social, com o fim de compartilhar uma consciência dos objetos/ eventos. É um sistema que integra o processamento da informação interna sobre seu próprio campo de atenção visual e a informação externa sobre o campo visual do seu interlocutor, como, por exemplo, dirigir a atenção do outro por meio do olhar (mesmo que não intencionalmente); seguindo objetos ou voz, mostrar um objeto para a mãe; dar objetos espontaneamente; oferecer um objeto ao parceiro deixando-o muito perto deste; e apontar quais são importantes precursores do desenvolvimento da linguagem.

O processo de análise dos dados das interações videogravadas iniciou-se com revisão de cada sessão; durante as revisões cada cena ou episódio foi revisto com o intuito de registrar de forma minuciosa as interações e atividades que surgiram a partir da situação de brincadeira e as formas de comunicação verbal e não-verbal de ambos os membros da díade. Na segunda etapa, as sessões de cada díade foram marcadas no roteiro com as categorias pré-definidas em cada idade para identificar ações do bebê de natureza intencional e/ou não-intencional durante as interações. Por meio desse processo, foi possível identificar e caracterizar as principais modalidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada dos bebês em cada período analisado.

Para verificar a fidedignidade da codificação das habilidades dos bebês nos episódios interativos, o material e o roteiro foram preenchidos e analisados pelas duas pesquisadoras para que fosse obtido o índice de concordância na marcação das categorias analisadas. As porcentagens de concordância foram comparadas, obtendo-se concordância maior que 85%.

 

RESULTADOS

Após a análise das interações por díade, foi realizada uma análise por grupo de idade para demonstrar as possíveis variações ocorridas em termos de das habilidades dos bebês em interações com as mães. Para melhor visualização, os dados foram dispostos em figuras apresentadas a seguir.

Na Figura 1, observamos a frequência das habilidades dispostas em categorias e agrupadas nas idades de 0 a 6 meses. Os dados evidenciaram que os bebês mais velhos, ou seja, com seis meses, apresentam maior frequência nas habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada comparados ao bebê de três meses que ainda está adquirindo habilidades de jogos vocálicos, resposta de gestos com gestos, por exemplo, o qual obteve uma frequência menor nessas categorias.

 

 

Nessa amostra ficam evidentes que as formas não-verbais de comunicação estão presentes e os processos interativos reforçam a presença de cada item como preponderante para o desenvolvimento da comunicação verbal. Os primeiros níveis de comunicação não-intencional7,14 surgem por volta dos dois aos oito meses de vida, situação delineada por contato visual que segue trajetória de objeto ou de pessoa, vocaliza, chora com intenção biológica, demonstrando a intencionalidade sociocomunicativa dos bebês frente ao meio em que está envolvido. Em relação à atenção compartilhada, podemos ressaltar que os comportamentos, de natureza triádica, como por exemplo, responder gestos com gestos, responde por vocalizações e interações, jogos vocálicos; deram-se também em função das situações e atividades criadas pelas mães, o que evidencia que o caráter bidirecional dessas trocas seriam indicativos da habilidade comunicativa intencional8.

A Figura 2 apresenta a frequência das habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada para os bebês com idade de quinze e dezoito meses. Verificamos que todas as categorias relacionadas às habilidades sociocomunicativas e atenção compartilhada, mais elaboradas, são dominadas por bebês típicos a partir dos 15 meses. No entanto, somente a produção de cinco palavras diferentes, nomeação de brinquedos, produção de sons de animais, respostas positivas de "sim" e "não" e a imitação de sons foram realizadas pela criança de dezoito meses.

 

 

Nessa fase, inicia-se a comunicação pré-linguística, ou seja, tende a verbalizações mais elaboradas, já com intencionalidade nos atos comunicativos, pois a criança emprega recursos elementares para agir sobre o outro, inicia diálogo, usa uma gama pequena de vocabulários, responde com vocábulos simples, procurando, assim, expressar seus desejos; obter algo com o uso da comunicação; focar a atenção para o ato comunicativo ou ainda iniciar um comentário da situação3,4,15. Também atos dos bebês nessas idades que indicam a habilidade em participar da interação via jogo de papéis, tais como entregar brinquedo à mãe, quando solicitado, imitar o adulto utilizando o objeto e vocalizar olhando para a mãe, sugerindo que os bebês compartilhavam os passos de cada atividade da interação.

Contudo, é importante ressaltarmos que, mesmo os bebês sendo caracterizados como típicos do desenvolvimento infantil, é mister lembrar que há uma variabilidade de perfil para a execução de algumas categorias descritas, não cabendo aqui neste trabalho generalizações, mesmo porque fatores extrínsecos estão envolvidos nas construções dessas relações/interações.

 

CONCLUSÃO

Este estudo teve o objetivo de apresentar dados referentes às habilidades sociocomunicativas e de atenção compartilhada em bebês típicos na primeira infância, buscando identificar as duas habilidades citadas e evidenciadas nos bebês, em quatro distintos períodos observados, bem como as diferentes configurações em cada idade.

A configuração de movimentos, de contatos visuais, gestos e expressões faciais tornou-se mais coordenada, e esse conjunto de aporte neuropsicomotor caminhou lado a lado com as mudanças qualitativas nos formatos comunicativos observados durante as interações. E também a análise dessas interações permitiu desenvolver a compreensão de que a habilidade de atenção compartilhada de bebês, no primeiro ano de vida, engloba, além da habilidade de focar conjuntamente um mesmo objeto que o parceiro da interação, o aspecto maturacional da função psicológica 'atenção', os estilos comunicativos maternos, a responsividade das mães aos comportamentos e iniciativas dos bebês durante as interações.

No entanto, sugere-se que estudos longitudinais sejam realizados acompanhando de forma contínua o surgimento das habilidades sociocomunicativas no primeiro ano de vida, o que pode favorecer uma melhor compreensão acerca da transição da habilidade comunicativa não-intencional para a intencional.

Ademais, esses estudos podem fornecer dados importantes para a detecção de prejuízos na comunicação e na linguagem, e subsidiar intervenções precoces no campo da cognição social infantil e da linguagem.

 

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Endereço para correspondência:
Andréa Carla Machado
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Infantil (CPEDi)
Rua Rui Barbosa, 416 - Centro - Neves Paulista, SP, Brasil - CEP: 15120-000.
E-mail: decamachado@gmail.com

Artigo recebido: 23/3/2015
Aprovado: 8/7/2015

 

 

Trabalho realizado no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Infantil - Projeto por Você! para o auxílio a crianças com atraso no desenvolvimento a partir da primeira infância, Neves Paulista, SP, Brasil.

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