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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.37 no.112 São Paulo Jan./Apr. 2020

http://dx.doi.org/10.5935/0103-8486.20200005 

ESTUDO DE CASO

 

Dislexia, docência e êxito acadêmico/profissional: um estudo de caso

 

Dyslexia, teaching and academic/professional success: A case study

 

 

Clariane do Nascimento de FreitasI; Fabiane Adela Tonetto CostasII

IGraduação em Pedagogia e Educação Especial - Universidade Federal de Santa Maria; Mestrado em Educação - Universidade Federal de Santa Maria; Especialização em Psicopedagogia: abordagem clínica e institucional - Universidade Franciscana; Doutorado em Educação - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil
IIGraduação em Pedagogia - Universidade Federal de Santa Maria; Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria; Doutorado em Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Pós-Doutorado - Universidade do Minho; Professora Titular da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente texto tem como objetivo apresentar a trajetória acadêmica de uma professora universitária que tem o diagnóstico de dislexia e busca refletir sobre sua postura diante das suas especificidades. Aborda as implicações da subjetividade no processo de aceitação do diagnóstico e a forma como essa professora convive com a dislexia. Evidencia seu percurso acadêmico perpassando todos os níveis de ensino: da educação básica à superior, incluindo a pós-graduação (mestrado e doutorado). A investigação foi de abordagem qualitativa e constituiu-se como um estudo de caso. A coleta de dados ocorreu por meio de uma entrevista semiestruturada, a qual foi gravada em áudio e posteriormente transcrita. Os dados coletados foram analisados através da análise de conteúdo. Foram identificados como elementos importantes a subjetividade, a autoestima e a motivação para continuar estudando. Concluiu-se que, embora a dislexia afete na forma como as pessoas vivenciam sua relação com as questões da leitura e da escrita, não é o transtorno em si que define esse sujeito, mas sua atitude frente aos fatos é que constitui sua subjetividade e, consequentemente, sua personalidade. A dislexia é apenas uma das características que constituem a Professora Atena como sujeito e, diante de toda sua trajetória, este transtorno é um elemento do seu dia a dia, o qual não impediu que ela obtivesse uma profissão e mantivesse sua autoestima positiva. Estes fatos demonstraram também outra perspectiva diante do diagnóstico de dislexia: a visão de alguém que tem esse diagnóstico e obteve sucesso acadêmico e profissional.

Unitermos: Dislexia. Subjetividade. Autoestima. Educação Superior.


SUMMARY

This text aims to present the academic trajectory from a college teacher who has the diagnosis of dyslexia and seeks to reflect on his posture about its specificities. Approach the implications of subjectivity in the diagnosis acceptance process and the way this teacher lives with dyslexia. It shows its academic path through all levels of education: from basic to higher education, including postgraduate (masters and doctorate). The research was of a qualitative approach and constituted as a case study. Data collection occurred through a semi-structured interview, which was recorded in audio and later transcribed. The collected data were analyzed through content analysis. Subjectivity, selfesteem and motivation to continue studying have been identified as important elements. It is concluded that although dyslexia affects the way people experience their relationship with reading and writing issues, it is not the disorder itself that defines this subject, but his attitude towards facts is what constitutes his subjectivity and, consequently his personality. Dyslexia is just one of the characteristics that make up teacher Athena as a subject and, because of her career, this disorder is an element of her daily life, which did not prevent her from obtaining a profession and maintaining her positive self-esteem. These facts also demonstrated another perspective on the diagnosis of dyslexia: the view of someone who has this diagnosis and has achieved academic and professional success.

Keywords: Dyslexia. Subjectivity. Self Esteem. Higher Education.


 

 

INTRODUÇÃO

A dislexia é um transtorno de origem neurobiológica que afeta o sistema responsável pelo reconhecimento de palavras comprometendo assim a leitura e também a escrita1.

Encontram-se muitos estudos sobre a dislexia na infância, suas características, sintomas, diagnósticos, estratégias de intervenção1-3. Porém, estudos sobre a dislexia na adultez ainda são em número menor do que aqueles voltados à infância como, por exemplo: Mangas & Sanchez4, Corrà5, Inácio6, Moojen et al.7.

Mangas & Sanchez4 analisaram as consequências das características da dislexia no âmbito pessoal e acadêmico desses sujeitos, indicando que a dislexia não interfere no progresso intelectual. Também perceberam que as dificuldades, a tristeza e os constrangimentos permanecem na idade adulta, embora alguns já consigam lidar melhor com essas situações, mas destacam a relevância de se fazer estudos sobre a dislexia nessa faixa etária.

Corrà5 destaca a carência de instrumentos de avaliação diagnóstica específicos para os adultos e apresenta recursos que foram adaptados para a faixa etária adulta. Inácio6 também menciona a escassez de estudos sobre a dislexia na vida adulta. Sua pesquisa investigou os déficits cognitivos específicos de adultos portugueses com dislexia e a possibilidade de usar estratégias de compensação para que essas pessoas possam acessar a educação superior.

Moojen et al.7 e Bonini et al.8 demonstram as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com dislexia e as estratégias por elas utilizadas para seguir estudando - quando elas não desistem em função dos obstáculos, conforme relatado por Bonini et al.8.

Assim, o objetivo deste texto é apresentar a trajetória acadêmica de uma professora universitária que tem o diagnóstico de dislexia buscando refletir sobre suas atitudes em relação às suas especificidades. Nesse sentido, o texto aborda as implicações da subjetividade nesse processo de aceitação do diagnóstico e a forma como essa professora convive com a dislexia. Evidencia o percurso transcorrido perpassando todos os níveis de ensino, da educação básica à superior, incluindo a pós-graduação (mestrado e doutorado) em que a professora teve de enfrentar as especificidades próprias do transtorno. Busca demonstrar outra perspectiva diante do diagnóstico de dislexia: a visão de alguém que tem esse diagnóstico e obteve sucesso acadêmico e profissional.

O estudo relatado neste texto fez parte de uma pesquisa de doutoramento que versou sobre a influência da subjetividade no processo de aprendizagem de acadêmicos de cursos de graduação que têm o diagnóstico de dislexia.

Antes de ir a campo realizar a coleta de dados com os sujeitos da pesquisa de doutorado, realizou-se uma entrevista-piloto com uma professora universitária que apresenta o diagnóstico de dislexia. O objetivo da entrevista-piloto foi verificar se as questões elaboradas para a pesquisa do doutorado atendiam à demanda do estudo.

Chegou-se até essa professora por indicação de uma colega do grupo de pesquisa que as autoras são membros. A escolha por esta professora deveu-se ao fato de que seu perfil se aproximava dos critérios do público-alvo da investigação de doutorado, ou seja, apresentar dislexia e estar no universo acadêmico.

Os dados coletados na entrevista com a professora não fizeram parte das análises da pesquisa, pois, conforme mencionado anteriormente, o estudo tinha como foco os acadêmicos de graduação com diagnóstico de dislexia. Além disso, outro critério para inclusão na pesquisa era estar no início da graduação para que a pesquisadora pudesse acompanhar o processo de adaptação desses sujeitos à rotina universitária. Contudo, o material coletado nesta entrevista-piloto pareceu tão interessante que suscitou algumas reflexões importantes, as quais são partilhadas aqui.

 

MÉTODO

Ao optarmos por explicar, entender, descrever uma realidade, adotamos uma abordagem qualitativa9. Como método de pesquisa, elencou-se o estudo de caso, pois, de acordo com Yin10, "um estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo ("o caso") em seu contexto no mundo real" (p. 2). A coleta dos dados realizou-se através de uma entrevista semiestruturada em que o roteiro estabelecido previamente foi o fio condutor daquele momento, sendo que outras perguntas foram acrescentadas para complementar as respostas obtidas.

A entrevista durou 41 minutos e foi gravada com a autorização da professora, que assinou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após a transcrição do material, utilizou-se a análise de conteúdo11 para identificar os principais elementos a serem discutidos/destacados. Estes dados serviram de base para este texto, entendendo a subjetividade como elemento motivador da trajetória da professora.

Para preservar sua identidade, ela foi identificada como Professora Atena. Atena, personagem da mitologia grega, era uma guerreira, a deusa da sabedoria, da guerra, das artes, da estratégia e da justiça, filha de Zeus. Foi atribuído esse nome à professora como forma de homenageá-la, para representar a força que ela demonstra ter para lidar com suas dificuldades e vencê-las no dia a dia.

A Professora Atena é atualmente professora adjunta de uma Instituição Federal de Educação Superior, vinculada a um curso na área de Ciências Sociais Aplicadas, o qual não será evidenciado para manter a confidencialidade. Ressalta-se que essa professora tem atuação bastante participativa na instituição, inclusive à frente da chefia de seu departamento.

Para melhor compreensão da reflexão aqui proposta, faz-se uma breve exposição acerca da dislexia e da subjetividade para, na sequência, através da fala da própria professora, tecerem-se considerações sobre a temática.

 

A DISLEXIA

O diagnóstico de dislexia deve ser realizado por equipe multidisciplinar, formada por profissionais das áreas da Psicologia, Fonoaudiologia e Psicopedagogia Clínica, sendo necessário que sejam descartadas as hipóteses de deficiência intelectual, problemas de acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou neurológicos e educação escolar inadequada.

Ou seja, deve-se verificar tais hipóteses, pois as dificuldades em relação à leitura e à escrita também podem ser manifestas nessas situações. Outra característica importante é a discrepância entre a capacidade intelectual e o rendimento escolar, ou seja, a pessoa tem habilidades cognitivas condizentes com sua faixa etária, mas seu desempenho nas atividades escolares não é satisfatório.

O diagnóstico em geral é realizado após o ingresso da criança na escola, pois como a dislexia afeta a habilidade de leitura, é no processo de escolarização e alfabetização que os sintomas se tornam evidentes, pois a criança terá dificuldades em associar os fonemas aos grafemas durante a escrita ou, ainda, terá um ritmo mais lento de leitura, o que, consequentemente, afetará sua compreensão leitora.

Além dessas características, destacamos: atraso na linguagem; omissões, trocas de sílabas e fonemas; dificuldade em perceber rimas; falta de interesse por livros; esquecimento de nome de objetos, pessoas, lugares; dificuldade em aprender sequências (dias da semana, meses do ano); leitura incorreta ou lenta e hesitante; adição, omissão ou substituição de letras durante a escrita1,3. As peculiaridades que acompanham a pessoa com esse transtorno tornam a aprendizagem escolar mais trabalhosa, exigindo mais tempo para que ela consiga aprender a ler e escrever.

É importante também mencionar que, apesar da dislexia ser de origem neurobiológica, o contexto familiar e social dessa pessoa pode influenciar na intensidade que o transtorno se manifesta, pois um ambiente estimulador e a disponibilidade de serviços especializados podem contribuir para que os sintomas/características da dislexia sejam minimizados. Embora seja complexo algum tipo de mensuração em relação aos níveis da dislexia, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM 512, ela pode se manifestar em diferentes graus de intensidade: desde o mais leve até o mais grave.

Segundo Snowling13, existem diferentes subtipos de dislexia com diferentes etiologias, sendo possível encontrar teorias tradicionais e também contemporâneas. A classificação mais difundida entre estudiosos e profissionais da área adota como referência as rotas de reconhecimento da palavra ou rotas de leitura. Considera-se um leitor fluente aquele que utiliza as duas rotas: a lexical e a fonológica.

Ao usar a rota lexical, a leitura das palavras é feita de forma global, através da análise visual, reconhecendo a palavra por sua imagem, a qual é associada ao sistema semântico do leitor. A rota fonológica constitui-se como um processo mais complexo de decodificação em que, durante a leitura, ocorre a conversão de letras em som14.

Seguindo a referência das rotas de leitura, a dislexia é classificada em três tipos:

a) Dislexia fonológica - comprometimento da rota fonológica durante a leitura. A dificuldade está centrada na conversão dos grafemas em fonemas, mas a pessoa pode utilizar a rota lexical para ter melhor desempenho com palavras mais familiares;

b) Dislexia lexical - compromete a utilização da rota lexical, tornando difícil a leitura, em especial de palavras irregulares, pois a pessoa precisa utilizar a rota fonológica, ou seja, ler para decodificar a palavra, sendo este um processo mais lento e que pode dificultar o entendimento do que está sendo lido;

c) Dislexia mista - as pessoas com este tipo de dislexia têm comprometimento das duas rotas.

Entendemos como grau leve aqueles casos em que o sujeito consegue criar estratégias e, mesmo em ritmo mais lento, tem autonomia na leitura e escrita; e, como grau mais grave, aqueles casos em que a pessoa apresenta dislexia mista, com comprometimento nas rotas fonológica e lexical.

Em muitas situações e por diversos motivos como, por exemplo, dificuldades em grau muito leve ou despreparo dos profissionais consultados, o diagnóstico acaba sendo feito tardiamente.

Há casos em que o indivíduo é diagnosticado depois de ingressar na educação superior. Em outros, recebe o diagnóstico na vida adulta quando, ao acompanhar as dificuldades de um filho, acaba identificando-se com o transtorno4,8.

Independentemente da época em que é feito o diagnóstico, cabe ressaltar que a dislexia acompanhará a pessoa ao longo da vida. Estudos mostram que algumas pessoas, com o passar do tempo, conseguem desenvolver estratégias que minimizam as dificuldades, mas não as eliminam7,15,16.

Considerando as dificuldades específicas desse transtorno, é compreensível que muitos desistam de estudar ou não se interessem por atividades que envolvem leitura. Contudo, há aquelas pessoas que aprendem a lidar com a sua condição e utilizam-se de diferentes estratégias e seguem sua vida acadêmica, como foi e é o caso da Professora Atena.

Considerando isoladamente os episódios da sua trajetória, pode-se dizer que a dislexia não foi um impeditivo para a Professora Atena. E, a princípio, não o foi, mas, ao analisar a entrevista concedida por ela, pode-se perceber alguns elementos que fizeram diferença no percurso dessa pessoa. Antes de seguir adiante com essa análise, faz-se necessário entender um elemento importante nesse processo: a subjetividade.

 

SUBJETIVIDADE

Constituímo-nos enquanto sujeitos através das interações sociais. O comportamento e as atitudes da criança são regulados, num primeiro momento, pela dimensão social, o outro, em especial através da linguagem.

Quando compreende e aceita esse comportamento, a criança o internaliza e o assume como seu. "Um indivíduo ordena e o outro cumpre. O indivíduo ordena a si mesmo e ele mesmo cumpre"17 (p. 113). Nesse processo ocorre a internalização de valores e atitudes que passam a fazer parte da personalidade de cada sujeito.

Por sua vez, a subjetividade é um sistema complexo que integra a personalidade, envolvendo a emoção e a cognição. Assim, as interações e relações sociais ganham sentido a partir das experiências já vividas por cada indivíduo. Mas cabe ressaltar que "a subjetividade não é algo que aparece somente no nível individual", porque a cultura, a qual também é constituinte da subjetividade, "representa um sistema subjetivo, gerador de subjetividade"18 (p. 78).

Entende-se que as representações sociais têm uma natureza subjetiva, pois os fenômenos subjetivos são os responsáveis pela forma da organização social. O autor supracitado também destaca a influência das emoções na constituição do pensamento, pois segundo ele, "no hay desarrollo intelectual separado del desarrollo de la persona"19 (p. 4).

Nesse sentido, compreende-se que o pensamento, uma das funções superiores, é também resultado dos sentidos que lhe são atribuídos e estes podem ser modificados de acordo com a carga emocional que a pessoa atribui a cada situação.

Consequentemente, entende-se que a constituição dos sentidos subjetivos é única e individual, mas não é uma ação isolada do indivíduo, considerando que o ser humano é constituído também pelos discursos sociais, pelos valores, pelas representações, pela cultura e pela própria história.

Acredita-se que a forma como cada pessoa constitui a sua subjetividade vai refletir em seu comportamento e, consequentemente, na forma como interage com o contexto em que está inserida e como lida com os desafios e dificuldades que se apresentam ao longo de sua vida.

A partir desta perspectiva, analisou-se o que relatou a Professora Atena e, a partir dessa narrativa, teceram-se algumas considerações, as quais serão evidenciadas a seguir.

 

A TRAJETÓRIA DA PROFESSORA ATENA COM A DISLEXIA

A Professora Atena ingressou na escola aos 6 anos. Morava numa cidade do interior do Rio Grande do Sul onde não havia pré-escola. Então, sua mãe a "colocou na aula para fazer tipo um pré" (Professora Atena) metade do semestre antes de iniciar a 1ª série (equivalente ao 1º ano na estrutura atual). Além desse período 'preparatório', repetiu a 1ª série, então acabou cursando-a praticamente três vezes. Recorda-se que conseguiu ler e escrever de forma mais fluente quando estava na 5ª série (6º ano), aos 12 anos. Nessa época parou de estudar porque na região em que morava não eram ofertadas as demais séries (anos escolares).

Aos 15 anos de idade, mudou-se de cidade e voltou a estudar. Trabalhava durante o dia e estudava à noite. Em 1992, aos 24 anos, ingressa no curso de graduação bacharelado. Na sequência, complementa sua graduação cursando a licenciatura desse mesmo curso. Especializa-se na área e faz mestrado. Nessa mesma época iniciou sua experiência com a docência e, antes mesmo de iniciar seu doutorado, foi aprovada em concurso público como docente da Educação Superior. Já como docente concursada, fez doutorado, o qual abrangeu um período no exterior (doutorado sanduíche).

Assim como em outras histórias de vida, o diagnóstico também só se deu mais tarde. "Eu não sabia que eu era disléxica. Eu até descobri. Bem mais tarde!" (Professora Atena). Ela recebeu um diagnóstico profissional por volta dos 30 anos, quando já estava cursando mestrado e procurou por profissionais, embora já tivesse se "autodiagnosticado".

A professora explicou que descobriu inicialmente que era hiperativa e através da indicação de alguém buscou informações sobre essa condição. "Eu sempre me autopesquisei, então me auto-observei. Eu já tinha relacionado todos os meus as minhas características" (Professora Atena). Através de pesquisas, a professora identificou-se com o diagnóstico. "Eu mesma me diagnostiquei e depois eu fui tirar a limpo" (Professora Atena).

Ao comentar sobre sua trajetória escolar, a Professora Atena consegue apontar com clareza suas dificuldades, sentimentos iniciais em relação à escola e ao processo de leitura e escrita, assim como as estratégias utilizadas em relação à aprendizagem.

Era uma tortura para mim ir para a aula... era uma tortura! Eu queria desistir, se fosse por mim, eu teria desistido, mas meus pais que não deixaram, óbvio! Daí, passei então esses três anos me sentindo muito burra, né? Não conseguia ler, mas, gaguejando, a professora me passou adiante (Professora Atena).

Bonini et al.8 entendem que as dificuldades encontradas podem fazer com que se perca o interesse em ir à escola. A Professora Atena não comenta mais detalhes sobre como foi conduzida essa sua resistência em ir para a escola. Menciona apenas que seus pais insistiram. Em relação a esse sentimento de inferioridade, as autoras defendem que

O sentimento de baixa-estima merece uma atenção cuidadosa, pois quando o disléxico consegue acreditar no seu potencial, mesmo diante das dificuldades, ele pode, de forma positiva, superar e desenvolver habilidades que podem livrá-lo do fracasso8 (p. 315).

Seguindo sua narrativa, a Professora Atena recorda-se que só conseguiu ler um texto sem gaguejar na quinta série (6º ano). Bonini et al.8 dão ênfase para a autoestima das pessoas com algum tipo de transtorno de aprendizagem, pois, se elas se sentirem capazes, consequentemente reagirão de forma positiva em relação à aprendizagem motivando-se a enfrentar os desafios. Nesse sentido, embora a Professora Atena tenha comentado que se sentia "burra" (sic) naquela época, parece que o fato de haver conseguido aprender a ler de forma fluente teve um impacto positivo em relação à sua autoestima que reverbera até hoje.

Ao recordar sobre um episódio em que a sua professora da primeira série do ensino fundamental fazia questionamentos e ela acertava as respostas através da dedução das alternativas e não da associação dos grafemas e fonemas, declara: "eu já era inteligente!" Quando a autoestima for positiva, a criança "provavelmente enfrentará bem a vida, mesmo que suas habilidades acadêmicas sejam limitadas"8 (p. 314).

Percebe-se que, para esta pessoa, embora a dislexia seja um fator que dificultou o processo de aprendizagem, sua motivação em continuar estudando era maior. Mesmo tendo que trabalhar durante o dia, estudava à noite e quando passou no vestibular, do mesmo modo, conciliava a graduação e o trabalho.

Em outro trecho da entrevista, a Professora Atena declara: "Ir para a escola, era uma coisa [sentido negativo da expressão]... e é diferente de hoje: hoje eu tenho prazer em aprender!" Isso demonstra que sua relação com o processo de aprendizagem foi, ao longo do tempo, sendo ressignificada através de suas experiências.

Toda experiencia vivida se torna subjetiva dentro de la red de sentidos subjetivos que caracteriza la inserción social del sujeto en una multiplicidad de espacios sociales, cuyas consecuencias sobre la subjetividad aparecen de forma integral dentro de las configuraciones subjetivas que se organizan en toda expresión humana19 (p. 15)

Quando se tem uma situação de dificuldade, o modo como cada um maneja com a situação está relacionado ao modo como a pessoa enxerga essa experiência. Assim como pode comprometer o desenvolvimento do sujeito, pode ser também a motivação para que ele busque alternativas que lhe permitam compensar suas dificuldades e encontrar prazer/satisfação em algo que antes era penoso.

Como a Professora Atena só foi diagnosticada mais tarde, não recebeu nenhum tipo de apoio que a orientasse em relação à aprendizagem. As estratégias usadas por ela foram sendo criadas, de certo modo, intuitivamente, na medida em que as situações eram vividas. A Professora Atena diz: "Ler era muito difícil para mim. E o aprendizado, nesse sentido, era muito ruim por causa disso. Eu não conseguia 'ligar' [associar o grafema ao fonema e ainda, compreender a junção das letras para formar sílabas e palavras]", referindo-se ao processo de alfabetização.

Na sequência, a professora Atena comenta que hoje em dia sabe que existem diferentes metodologias que são mais acessíveis e indicadas para as pessoas com dislexia. Menciona que, para ela, a aprendizagem se torna mais efetiva com a utilização de recursos visuais, associando a palavra à imagem/imagens.

Assim como outras pessoas com dislexia, a Professora Atena necessita de mais tempo para a realização de atividades que envolvem leitura e escrita. Ao comentar como se preparou para o vestibular, comenta: "Eu tinha que ler duas [vezes], porque na primeira, tu entende pouca coisa. Aí na segunda, tu entende mais ou menos. Aí eu fazia a estratégia de ler duas, três vezes".

Quando a professora Atena menciona que ao entender a explicação do professor "ensinava um colega que não tinha entendido" e ainda acrescenta: "porque eu entendia o porquê ele não tinha entendido", constatamos que a professora, nesses momentos, também utilizava a metacognição para potencializar sua aprendizagem. A metacognição é compreendida como a habilidade de compreender seu próprio processo de aprender, ou seja, conhecer sobre seu próprio conhecimento.

Ribeiro20 destaca que a metacognição tem influência na motivação de cada pessoa, uma vez que ter este autoconhecimento permite maior confiança em suas potencialidades e, consequentemente, melhor aprendizado. Ainda, menciona que:

o conhecimento que o aluno possui sobre o que sabe e o que desconhece acerca do seu conhecimento e dos seus processos, parece ser fundamental, por um lado, para o entendimento da utilização de estratégias de estudo, pois presume-se que tal conhecimento auxilia o sujeito a decidir quando e que estratégias utilizar e, por outro, ou consequentemente, para a melhoria do desempenho escolar20 (p. 110).

Nesse sentido, identificou-se que a Professora Atena, ciente de suas dificuldades e potencialidades, utilizava todos os recursos de que dispunha para potencializar sua aprendizagem como, por exemplo, realizando a leitura diversas vezes, explicando o conteúdo para o colega, participando ativamente em sala de aula.

Como dissertação e tese são consideradas produções escritas mais extensas, a Professora Atena contou com outras pessoas que a auxiliaram a digitar os textos. Ela comenta que sua maior dificuldade é com a troca de letras em função dos fonemas semelhantes: "Quando tem som de 's', 'c', 'ç', 'z', pra mim é muito difícil". Mas, relata haver encontrado uma estratégia para auxiliá-la quando diz: "Feliz computador que tem corretor ortográfico! [risos]". Softwares e equipamentos eletrônicos têm sido utilizados como estratégias interessantes e importantes, em especial, para aqueles que estão no universo acadêmico/intelectual e que necessitam da leitura e da escrita.

É possível afirmar que, em relação as suas demandas para aprender, como professora da Educação Superior, essas estratégias por ela adotadas têm sido eficientes.

Ao analisar sua fala, compreende-se que sua dificuldade para seguir estudando não era apenas em função da dislexia, mas do tempo que era escasso pela necessidade de trabalhar concomitantemente, como também por ter de administrar a hiperatividade e a ansiedade que estava associada a esse quadro.

A professora comenta que passou por dois momentos de crise de ansiedade: o primeiro na época de sua especialização e o segundo durante o mestrado. No doutorado ela foi buscar ajuda para controlar a ansiedade. Sobre essa questão comenta:

Daí já também, mais velha, sabendo, me administrando... não, agora tu vai conseguir! Tu sempre chegou até o ouro, tu tem histórico, foi difícil, mas tu sempre finalizou, sempre saiu bem e tudo o mais assim. Mas tem esse histórico assim, de ser de ser diferente (Professora Atena).

Fica evidente nessa fala a autodeterminação, autoconfiança e motivação para superar os desafios. Consequentemente, percebe-se que a Professora Atena tem sua autoestima bastante positiva, entendendo-se aqui autoestima como

o conjunto de atitudes que cada pessoa tem sobre si mesma, uma percepção avaliativa sobre si próprio, uma maneira de ser, segundo a qual a própria pessoa tem ideias sobre si mesmo, que podem ser positivas ou negativas21 (p. 85)

Ao longo de seu percurso, a Professora Atena foi aprendendo estratégias para manejar suas dificuldades e alcançar seus objetivos. Entende-se que suas experiências se constituíram como referência para que ela tivesse consciência de seu potencial.

Assim, utilizando o conceito de subjetividade, podemos dizer que as experiências vivenciadas pela Professora Atena ao longo de sua vida constituíram sua subjetividade de tal modo que hoje ela sabe de seu potencial e, mesmo com as dificuldades, reage de forma positiva frente aos desafios.

Contudo, outros elementos de sua fala também chamam nossa atenção. Quando relata sobre sua experiência na educação básica comenta: "eu sempre me esforçava". Em vários trechos da conversa diz: "é difícil". E em outro momento da entrevista a professora Atena confidencia: "Mas eu 'vô' te dizer uma coisa: eu tenho vergonha até hoje! Quando eu erro, quando eu não sei".

Na entrevista não se investigou a relação da Professora Atena com as suas professoras durante a escolarização. Entretanto, supõe-se que esse sentimento esteja relacionado às vivências escolares, em que muitas vezes o fracasso escolar é atribuído à criança, sem que seja considerada a estrutura da instituição escolar, que muitas vezes contribui significativamente para a perpetuação desse fracasso22,23.

Nessa direção, a vergonha que a Professora Atena manifesta ao errar demonstra a imagem que é imposta a todos na escola: de que aquele que erra é repreendido e não terá expectativa de sucesso, o que contradiz toda a trajetória da Professora Atena. Mas apesar disso, mesmo com sua trajetória de sucesso, o "fantasma" do fracasso ainda existe e causa desconforto, o que evidencia também o quanto a subjetividade repercute nas atitudes de cada pessoa.

Tais "fragilidades" foram percebidas apenas porque a Professora Atena as verbaliza, pois ao analisar a trajetória dessa mulher pelo seu currículo constatou-se que ela é uma profissional comprometida, participante de diferentes projetos, chefe de departamento e com formação diferenciada, uma vez que parte de seu doutoramento foi na Europa.

Sua trajetória ratifica mais uma das características que delineiam o quadro de dislexia, ou seja, embora haja essa dificuldade com a leitura e a escrita, a inteligência das pessoas com este diagnóstico não é afetada, podendo estas pessoas inclusive demonstrar um nível intelectual elevado24.

Ainda sobre o sentimento de constrangimento, a Professora Atena reflete sobre a diferença no tratamento entre as pessoas com transtornos de aprendizagem que não trazem consigo nenhuma característica física/evidente e as pessoas com alguma deficiência mais aparente como as pessoas cegas ou cadeirantes. Comenta: "ela [a pessoa cadeirante] atrai uma certa compaixão das pessoas porque tu vê que ela tem uma dificuldade! Uma dislexia ninguém vê! Então tu acha assim, que a pessoa não tem nada" (Professora Atena).

A Professora Atena segue sua reflexão revelando que o fato de ter de falar que tem dislexia e que por esse motivo, às vezes, não entende rapidamente o que está escrito, a deixa constrangida.

Diferentemente daqueles que não precisam anunciar que têm uma especificidade, pessoas com algum transtorno como o dela precisam declarar sua dificuldade. Obviamente, esta não é uma tarefa fácil, pois a pessoa tem de chamar a atenção para algo que, a partir de sua vivência, ela tem consciência de que não é visto de forma positiva. Compreende-se, assim, o sentimento de inferioridade da Professora Atena ao ter de declarar aos outros as suas dificuldades. Portanto, ressalta-se novamente a questão da autoestima, pois cada pessoa constrói ao longo da vida a sua autoimagem21. No caso específico da Professora Atena, demonstrou-se o quanto ela tem sua autoestima elevada e o quanto isso a motiva a prosseguir.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar a trajetória de vida da Professora Atena a partir da entrevista concedida por ela, destacam-se alguns aspectos importantes. O primeiro deles se refere ao desenvolvimento da autoestima e, consequentemente, da motivação que levaram a Professora Atena a ter uma trajetória de sucesso. Entende-se que estes são aspectos fundamentais para que as pessoas possam construir sua história de modo a potencializar suas habilidades e impulsionar seu desenvolvimento.

Por outro lado, destaca-se um outro aspecto: o sentimento de vergonha revelado pela Professora Atena. Num primeiro momento, estes aspectos (autoestima e vergonha) parecem contraditórios. Mas, retomando a análise sob o prisma da subjetividade, é possível compreender a relação que existe entre eles.

A autoestima também é um processo cultural, pois é construída por cada indivíduo a partir de suas vivências e dos valores culturais de seu contexto sócio-histórico. Desse modo, quando se fala de autoestima elevada, isso se refere a um autoconceito construído positivamente com base em vivências positivas, as quais estão inseridas num contexto interrelacional. Ter uma dificuldade de aprendizagem e superá-la a ponto de ter uma carreira acadêmica de sucesso permitiu à professora Atena o desenvolvimento de uma autoestima bastante elevada. Ela sabe de seu potencial, mesmo com as dificuldades específicas da dislexia.

O sentimento de constrangimento surge no momento em que é necessário expor ao contexto social em que ela está inserida sua fragilidade, a qual atinge diretamente seu percurso de trabalho e acaba evidenciando um aspecto de sua individualidade que afeta a sua imagem perante o grupo social.

Contudo, por ser um transtorno, a dislexia acompanhará a professora ao longo de sua vida e ela terá de "lidar" com isso. Como a própria professora comenta: "Eu lido com ela, mas ela continua ali. Eu lido com esse problema". Assim, compreende-se que o constrangimento, por vezes ocorrido, é um dos elementos que fazem parte do "problema" com o qual a professora convive.

Embora o fato de ter dislexia afete na forma com que as pessoas vivenciam sua relação com as questões da leitura e da escrita, não é a dislexia que define esse sujeito, mas sua atitude frente aos fatos é que constitui sua subjetividade.

A dislexia é apenas uma das características que constituem a Professora Atena como sujeito, sendo o transtorno um elemento do seu dia a dia. Estes fatos nos possibilitam perceber outra perspectiva diante do diagnóstico de dislexia: a visão de alguém que tem esse diagnóstico e obteve sucesso acadêmico e profissional.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
Clariane do Nascimento de Freitas
Av. Nossa Senhora Medianeira, 1600/102 - Centro
Santa Maria, RS, Brasil - CEP 97060-002
E-mail: clarianenf26@gmail.com

Artigo recebido: 11/11/2019
Aprovado: 12/3/2020

 

 

Trabalho realizado na Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.

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