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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.38 no.116 São Paulo May/Aug. 2021

http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210021 

ARTIGO ORIGINAL

 

Caracterização de clientela de atendimento psicopedagógico da rede pública de Barueri

 

Characterization of clientele of psychopedagogical assistance from the public Barueri network

 

 

Carolina Ferreira Barros KlumppI; Flávia Cristina Costa MorenoII

IDoutorado em Psicologia Educacional - Centro Universitário FIEO (bolsista integral CAPES); estágio doutoral modalidade sanduíche - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; docente de Curso de Pós-graduação (Lato sensu) do Centro Universitário Adventista de São Paulo, SP, Brasil
IIGraduação em Psicologia - Centro Universitário FIEO; Doutorado e mestrado em Psicologia Educacional - Centro Universitário FIEO; membro do grupo de pesquisas em Psicologia Educacional do Centro Universitário FIEO-UNIFIEO, Osasco, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo apresenta resultado de estudo retrospectivo desenvolvido com o objetivo de traçar o perfil de clientela atendida no ano de 2019 no atendimento psicopedagógico disponível na rede pública municipal de Barueri, SP. Para a coleta de dados, foi utilizado o banco de informações disponibilizado pelo Departamento Educacional Especializado da Secretaria de Educação de Barueri, o qual contém informações advindas de 335 prontuários referentes aos alunos atendidos. Os dados foram analisados de acordo com a estatística descritiva simples. O estudo demonstrou que a população atendida era predominantemente do sexo masculino (68,65%), sendo sua maior parcela alunos oriundos dos 3º e 5º anos do Ensino Fundamental, provenientes de famílias de baixa renda e moradoras de bairros periféricos. Em relação ao processo de aprendizagem destes alunos, a modalidade de aprendizagem patológica predominante foi a hipoassimilação-hiperacomodação (49%), sendo que 80% do total dos alunos possuía nível cognitivo abaixo do esperado para a faixa etária e 50% não se encontrava plenamente alfabetizada. Concluiu-se que os problemas de aprendizagem estão relacionados a fatores emocionais, pedagógicos e socioeconômicos (desigualdade social), bem como que o fracasso escolar é uma realidade para a maior parte do público encaminhado. Políticas públicas devem ser desenvolvidas para minimizar estes fatores.

Unitermos: Ensino-Aprendizagem. Fracasso Escolar. Escola Pública. Psicopedagogia.


SUMMARY

This article presents the result of a retrospective study developed with the objective of tracing the profile of the clientele served in 2019 in the psychopedagogical service available in the municipal public network of Barueri, São Paulo state. For data collection, the information bank provided by the Specialized Educational Department of the Education Secretariat of Barueri was used, which contains information from 335 records referring to the students served. The data were analyzed according to simple descriptive statistics. The study showed that the population served was predominantly male (68.65%), with the largest portion being students from the 3rd and 5th years of elementary school, from low-income families and residents of peripheral neighborhoods. In relation to the learning process of these students, the predominant pathological learning modality was hypoassimilation-hyperaccommodation (49%), with 80% of the total students having a cognitive level below the expected for the age group and 50% were not fully literate. It was concluded that learning problems are related to emotional, pedagogical and socioeconomic factors (social inequality), as well as that school failure is a reality for most of the referred public. Public policies must be developed to minimize these factors.

Keywords: Teaching-Learning. School Failure. Public School. Psychopedagogy.


 

 

INTRODUÇÃO

Este estudo pretendeu traçar o perfil da clientela atendida no ano de 2019 pelo serviço de Psicopedagogia disponível na rede pública municipal de Barueri, SP. Este ano foi escolhido por ser considerado o ano de consolidação do serviço voltado à avaliação e intervenção em uma abordagem psicopedagógica clínica, uma vez que a atuação psicopedagógica na rede anteriormente a 2018 ocorria de modo exclusivamente institucional.

Em 2018, os alunos que apresentavam queixas escolares em anos letivos anteriores e que eram acompanhados pela Psicopedagogia institucional passaram a ser encaminhados ao Departamento Educacional Especializado da Secretaria de Educação, de modo que fossem atendidos neste novo modelo de atuação, o qual passou por reformulações, contando com assessoria externa para capacitação da equipe e para refinamento dos instrumentos selecionados para avaliação psicopedagógica.

Em 2019, o atendimento psicopedagógico clínico passou a vigorar, o qual tem como público-alvo crianças e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem consideradas severas, evidenciadas principalmente pelo baixo desempenho escolar e queixa persistente, ou seja, suas dificuldades devem permanecer após o período de um bimestre de submissão a estratégias diversificadas pelos professores e recebimento de suporte pedagógico necessário, como atividades complementares e aulas extracurriculares. Este modelo está estruturado em dois eixos principais: diagnóstico e intervenção.

O diagnóstico refere-se à avaliação dos aspectos cognitivos, sociais e emocionais que podem estar interferindo no processo de aprendizagem do aluno. Neste momento, a criança ou adolescente responde a instrumentos e técnicas específicas, bem como participa de atividades lúdicas que podem contribuir para elucidar ao profissional os fatores associados às suas dificuldades para aprender.

Os objetivos principais do processo avaliativo consistem em verificar a existência de modalidade de aprendizagem patológica, averiguar nível de raciocínio-lógico e de alfabetização, bem como analisar fatores emocionais/inconscientes que podem estar interferindo no processo de ensino-aprendizagem. Além da identificação destas variáveis no diagnóstico, os profissionais devem verificar sinais de transtornos ou indicadores de outras possíveis patologias.

Nestes casos específicos, o aluno é encaminhado para avaliação multidisciplinar e/ou para outros serviços disponíveis na área da saúde. Ressalta-se que no momento do diagnóstico a família é convidada a participar (momento de anamnese), para que a dinâmica familiar seja conhecida pelo psicopedagogo, bem como para que haja o levantamento do histórico de patologias e outros aspectos relacionados ao desenvolvimento e aprendizado do sujeito investigado.

Este momento do processo avaliativo consiste em 5 sessões, com duração de 50 minutos cada, na frequência de uma vez por semana. No final do processo, na 6ª sessão, a família recebe a devolutiva, bem como é entregue às equipes gestora e docente um relatório descritivo sobre a avaliação, cujo conteúdo aborda ainda orientações específicas para os professores.

Já o processo interventivo consiste na participação do aluno em atividades específicas que visam auxiliar na melhoria dos aspectos comprometidos identificados na avaliação psicopedagógica. A intervenção tem como objetivos específicos trabalhar a alfabetização, promover o desenvolvimento do raciocínio-lógico, restaurar a modalidade de aprendizagem considerada patológica, promover o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas, auxiliar na elaboração de aspectos inconscientes e/ou emocionais, bem como no desenvolvimento de habilidades relacionadas a funções executivas.

A intervenção é realizada em oficinas de aprendizagem, em 12 encontros, podendo ser individuais, com duração de 50 minutos cada, na frequência de uma vez por semana; ou grupais, com duração de 90 minutos, na mesma frequência. A equipe psicopedagógica é composta por 10 profissionais, sendo que 5 atendem no período matutino e 5 no vespertino.

Em relação à compreensão das queixas escolares, a literatura aponta sobre o motivo principal do encaminhamento a este serviço, que as causas estão associadas a diversos fatores, como ao neurodesenvolvimento do aluno - casos de transtornos específicos de aprendizagem e transtornos globais do desenvolvimento; e também aos aspectos psicológicos, familiares, orgânicos e sociais1-3.

Salienta-se que os alunos que comumente são enviados ao atendimento apresentam uma jornada escolar desgastada, conflituosa, na qual as experiências neste ambiente são muitas vezes reprodutoras das dificuldades de aprendizagem, gerando cronificação dos sintomas, fazendo com que o próprio sujeito acredite em sua incapacidade de aprendizagem4.

Ainda sobre as queixas escolares, destaca-se o fato de que as mesmas manifestam-se de diversas maneiras, como, por exemplo, por meio de comportamento passivo, apatia, lentidão e não realização de tarefas; e de comportamento agressivo, rebeldia, relações conflituosas com colegas e professores. Esses tipos de comportamento podem provocar na figura do professor uma paralisação, uma vez que o mesmo pode se sentir despreparado para o manejo das atitudes do aluno e para efetuar uma intervenção adequada.

Neste sentido, torna-se fundamental uma ruptura de paradigma, o qual atualmente tende a deslocar o problema de aprendizagem no aluno ou na incapacidade do professor em ensinar, dando menor ênfase nas condições educacionais e sociais, as quais podem estar associadas diretamente ao fenômeno5.

Além disso, o fracasso escolar é um fator presente nesta população, e pode estar diretamente relacionado aos problemas de desenvolvimento e aprendizagem do aluno, principalmente quando estes não são identificados e tratados corretamente. Este tipo de fracasso, por sua vez, caracterizado pela multirrepetência e/ou evasão escolar, pode trazer consequências nocivas para o futuro destes alunos, como a baixa autoestima, dificuldades para ingressar no mercado de trabalho, desmotivação e isolamento no que se refere às relações interpessoais; além de poder intensificar o cenário de desigualdade social de nosso país6.

Ilustrando esta realidade, estudos epidemiológicos realizados na primeira década dos anos 2000 mostraram que 88,6% das crianças brasileiras que estavam matriculadas no ensino público completaram o primeiro ciclo do Ensino Fundamental, 57,1% finalizaram o Ensino Fundamental e apenas 36,6% o Ensino Médio7. Ressalta-se ainda sobre estes dados que 59% dos alunos de quarta série não conseguiam ler, 22% não conseguiam realizar provas por não compreenderem o enunciado, e cerca de 50% apresentavam dificuldade específica em matemática4.

De acordo com Santos et al.4, uma das formas possíveis de minimizar os impactos decorrentes destes problemas é o reconhecimento e detecção das possíveis causas associadas às queixas escolares, bem como o direcionamento de medidas preventivas e técnicas de intervenção voltadas para as necessidades específicas do aluno, contribuindo assim para o seu desenvolvimento mais saudável.

É neste contexto que o presente estudo se insere, tendo como objetivo principal caracterizar a clientela atendida pelo serviço de Psicopedagogia, de modo que os dados resultantes possam elucidar possíveis inferências dos diversos fatores associados às queixas escolares, indicando caminhos para a implantação de políticas educacionais que minimizem a incidência destas queixas, além de contribuir com a atualização de informações a respeito do atendimento de crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem em contextos amplos, como em redes de ensino.

 

MÉTODO

Este estudo possui abordagem quantitativa e adotou a pesquisa documental como referencial metodológico.

Os dados foram levantados de 335 prontuários de atendimentos realizados no ano letivo de 2019 pelo serviço de Psicopedagogia disponível na Secretaria de Educação do Município de Barueri, sendo que as informações coletadas constavam em um banco de dados do Departamento Educacional Especializado. Ressalta-se que os dados não contêm informações que podem identificar os participantes e que todos foram cedidos pela Secretaria de Educação, para fins de pesquisa. A divulgação dos nomes de algumas escolas foi autorizada pelo mesmo órgão cedente.

Os dados foram analisados de acordo com a estatística descritiva simples, em que as variáveis foram apresentadas por meio de frequências relativas (percentuais) e de frequências absolutas (N).

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados e discutidos de acordo com dois eixos principais, sendo que o primeiro irá abordar resultados referentes à caracterização da população atendida, contendo as seguintes variáveis: adesão ao serviço, idade, gênero, ano e unidade escolar. O segundo irá tratar dos resultados específicos relacionados ao processo de aprendizagem dos alunos, contendo as variáveis modalidade de aprendizagem patológica, níveis de alfabetização e raciocínio-lógico.

Caracterização da população atendida

Adesão ao serviço

Do total de alunos convocados para serem submetidos aos processos de diagnóstico e intervenção psicopedagógicos (n=335), 68,66% (n=230) aderiu a todas as etapas do atendimento. Já em relação aos 31,34% dos alunos restantes (n=105), os motivos relacionados à desistência ou interrupção do tratamento referem-se aos possíveis itens:

I) Dificuldade de um responsável pelo aluno disponível para acompanhá-lo nos atendimentos, pois muitos familiares têm que trabalhar e não dispõem de tempo hábil para este tipo de acompanhamento, ou os demais adultos da família cuidam de outros menores na casa, não sendo possível o deslocamento com todos para o local de atendimento;

II) Falta de clareza dos familiares em relação à importância deste tipo de serviço para o processo de aprendizagem e desempenho escolar da criança ou adolescente, uma vez que a escola é a responsável pelo encaminhamento do aluno ao Departamento Educacional Especializado, e os pais/responsáveis podem não entender a motivação da escola claramente e, como há fila de espera para o atendimento, a queixa inicial pode ter sido anulada ou modificada com o passar do tempo;

III) Dificuldades financeiras para a locomoção de suas residências ao local de atendimento (ressalta-se sobre este aspecto que a Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Transporte, fornece passe-livre para o aluno e acompanhante, porém o trâmite para a liberação desta liberação pode demorar mais de um mês, fazendo a família em alguns casos desistir por não ter como arcar com os custos até a finalização do processo do passe-livre, como também o fato de só um adulto receber o benefício para acompanhar o menor ao atendimento dificulta familiares que cuidam de outras crianças e adolescentes na casa, os quais teriam que ir junto ao atendimento com o responsável;

IV) Falta de interesse/motivação por parte do aluno para não permanecer nos atendimentos, demonstrando possível fragilidade relacionada ao vínculo terapeuta-paciente/ensinante-aprendente, identificada por meio do relato dos próprios profissionais, os quais sinalizavam para a gestão que a família destes alunos informou que a desistência se devia ao fato do paciente apresentar muita resistência para ir ao atendimento; ou em alguns casos o próprio aluno manifestava o seu sentimento para o psicopedagogo durante a sessão.

Sobre estes resultados de adesão ao serviço, a literatura aponta que há uma taxa de aproximadamente 30 a 65% de pacientes que desistem do processo terapêutico após as primeiras entrevistas em instituições/clínicas-escolas de universidades8.

Em uma pesquisa realizada em 2016 que objetivou mapear o índice de desistência e abandono do serviço-escola de Psicologia de uma universidade pública do estado do Paraná, observou-se um total de 24% de desistência do processo de Psicoterapia durante o tratamento, estando entre a principal causa ligada ao público infantil a dependência das crianças em relação aos pais para o comparecimento no serviço, sendo que muitas famílias não compreendem a importância do processo terapêutico e muitas vezes não verificam um resultado imediato nas queixas do filho, interrompendo assim o tratamento. Esse estudo apontou ainda outros fatores envolvidos ao abandono, como problemas vinculares com o terapeuta, dificuldades de locomoção, entre outros relacionados à própria instituição9. De um modo geral, percebe-se que muitos destes resultados convergem com o cenário das principais dificuldades identificadas na população atendida na Rede Municipal de Barueri.

Além destes aspectos, ressalta-se que o fator socioeconômico se sobressai sobre as principais dificuldades relacionadas à adesão ao serviço, principalmente pelo fato de os familiares em alguns casos não contarem com recursos financeiros e com suporte social para conseguirem acompanhar seus filhos nos atendimentos.

Idade e ano escolar

O Gráfico 1, a seguir, mostra a distribuição dos alunos encaminhados ao atendimento por idade, enquanto o Gráfico 2 refere-se à distribuição de acordo com o ano escolar que o aluno se encontrava no momento do encaminhamento.

 

 

 

 

Os gráficos referentes à idade e ao ano escolar evidenciam que a maior parte do público encaminhado para atendimento psicopedagógico é proveniente dos 3o e 5o anos do Ensino Fundamental, com idades predominantes de 8, 10 e 11 anos, mostrando que estas são consideradas fases "críticas" relacionadas ao processo de aprendizagem, uma vez que necessitam de uma atenção maior por parte dos gestores e educadores, pois podem estar associadas à mudança de ciclos e a outras variáveis específicas, como questões ligadas à alfabetização e reprovação de ano escolar. Sobre este aspecto é importante ressaltar que os gargalos da educação são historicamente a passagem de etapas, portanto, merecem uma atenção especial.

Ainda referente a estes resultados, é importante destacar que no 3o Ano do Ensino Fundamental já é esperado que a criança possua habilidades necessárias para a alfabetização, e que tenha avanços significativos nesse processo, uma vez que a criança já foi inserida no universo letrado, de forma intencional e sistematizada, durante sua jornada na Educação Infantil, além de ter recebido mediação para seu desenvolvimento integral; como também teve ao menos dois anos de investimento específico com metodologias de alfabetização desde que ingressou no Ensino Fundamental.

Além deste aspecto, vale ressaltar que são exigidos dos alunos que passam para o segundo ciclo do Ensino Fundamental competências prévias de literacia e numeracia para que consigam apresentar um desempenho escolar satisfatório10. Neste contexto, as dificuldades de aprendizagem se tornam mais evidentes neste ano escolar, por isso, existe um número mais expressivo de encaminhamentos de alunos de 5ºs anos.

Estes dados vão ao encontro de pesquisas realizadas na área. Estudo que pretendeu traçar o perfil sociodemográfico e clínico da clientela de programa de atendimento psicopedagógico desenvolvido no âmbito da clínica-escola de instituição de Ensino Superior da região oeste do Estado de São Paulo, atendida entre os anos de 2000 e 2009, evidenciou que a faixa etária predominante desta clientela referia-se a crianças e adolescentes entre 7 e 13 anos, correspondendo a 83,9% do total analisado (n=5852)11.

As autoras explicam este fenômeno o associando com o período de consolidação das conquistas cognitivas e socioemocionais da criança, enfatizando que esta fase é considerada crucial pelo acúmulo de novas demandas tanto acadêmicas quanto interpessoais com que o aluno se defronta a partir do ingresso no Ensino Fundamental11.

Já outro estudo, publicado em 2017, que analisou o perfil de 48 casos provenientes da mesma clínica-escola atendidos em 2010, constatou que 79,16% dos pacientes encontravam-se na faixa etária entre 7 e 11 anos. Referente aos principais motivos que levaram os pacientes ao atendimento psicopedagógico (queixas), o que mais se destacou foi dificuldades na alfabetização, com 67% dos casos, de acordo com as autoras12.

Gênero

Em relação ao gênero dos alunos encaminhados para o atendimento psicopedagógico, do total analisado (n=335), 68,65% (n=230) eram do sexo masculino e 31,35 (n=105) do sexo feminino. Nota-se que é composto de alunos do sexo feminino e do sexo masculino. Proporções similares são encontradas em outros grupos de transtornos e síndromes13, como também na população clínica analisada em outros estudos11,14, destacando assim maior prevalência em indivíduos do sexo masculino.

Unidade escolar

Em relação às escolas que encaminharam alunos para avaliação psicopedagógica, de acordo com a proporção (número de encaminhamentos dividido pelo número de alunos de cada unidade escolar), nenhuma escola encaminhou mais que 2,7% do total de alunos. As unidades escolares com maior incidência de queixas de aprendizagem, evidenciadas pelo maior número de encaminhamentos ao serviço, referem-se a escolas localizadas em três bairros de Barueri, sendo estes, de acordo com a ordem decrescente, Jardim Paulista (EMEF Roberto Luis de Araújo Brandão), Chácara Marco (EMEIEF Prof. João Tibúrcio Silva Filho) e Engenho Novo (EMEF Jorge Augusto de Camargo-Prof.).

Esses três bairros são periféricos e, de acordo com as Propostas Pedagógicas das respectivas unidades escolares, possuem em sua constituição uma maioria de famílias de baixa renda. Contudo, guardam algumas especificidades, conforme informações cedidas pela Secretaria de Educação.

A EMEF Roberto Luis de Araújo Brandão está situada no bairro Jardim Paulista, um dos mais populosos da cidade de Barueri, com crescimento vertiginoso e consequente desorganização urbana. Existem muitos pontos de tráfico de drogas nas proximidades dessa escola, principalmente por tratar-se de uma unidade compartilhada (municipal e estadual), atendendo o Ensino Fundamental e o Médio.

O compartilhamento com as escolas estaduais é desafiador, pois requer o estabelecimento de diferentes regimes de trabalho e normas de condutas, além disso, a escassez de funcionários de apoio na rede estadual impossibilita a manutenção de condições salutares à aprendizagem, como: organização, respeito, ordem, planejamento e limpeza.

Já a EMEIEF Prof. João Tibúrcio Silva Filho, situada na Chácara Marcos, também vive uma realidade cercada pelo tráfico de drogas e pobreza. O diretor dessa unidade escolar tem feito um importante trabalho de busca de sentidos e perspectivas, pois ele constatou que o nível de autoestima e autoconfiança dos alunos adolescentes era muito prejudicado e, embora tenha tido bons resultados, trata-se de uma situação complexa que requer atitudes em rede.

Por fim, a EMEF Prof. Jorge Augusto de Camargo está situada no bairro do Engenho Novo, também fruto de crescimento vertiginoso e receptor de muitos imigrantes, dentre eles bolivianos e haitianos. Contudo, no mesmo bairro temos outras escolas com características de clientela aproximadas e dinâmicas diferentes. Nesse caso, infere-se que seja a gestão um dos pontos determinantes no alto índice de queixas de aprendizagem escolar encaminhadas, levantando hipóteses sobre distorção na percepção e na conduta pedagógica da própria escola referente à discriminação entre encaminhamento externo e interno.

Nota-se que a demanda de alunos com dificuldades/transtornos de aprendizagem encaminhada à Secretaria (protocolo comum desde 2001) está associada à concepção desses conceitos pela gestão escolar em termos práticos. Em geral, os números tendem a ser maiores onde não há clareza do papel da escola enquanto lócus de intervenção didático-metodológica. Já nas escolas em que a gestão tem mais bem definidos esses conceitos, há também maior responsabilização e moderação nos encaminhamentos.

Problemas de aprendizagem

Modalidades de aprendizagem patológicas

Para que possa haver compreensão sobre como o sujeito aprende, o profissional deve verificar como é a relação do aluno com outros elementos de sua vida, não só com o escolar, como, por exemplo, compreender como o indivíduo se relaciona com as demais pessoas, amigos, professores, pais; consigo mesmo; com o alimento; com o brincar; com as atividades em geral. Todas estas formas de se relacionar irão indicar como o sujeito se relaciona com o objeto de conhecimento e como percebe/significa a relação ensinante-aprendente.

A esta forma de se relacionar, a qual é constituída inicialmente dentro da estrutura familiar, na relação com os primeiros ensinantes (pais), e fortalecida nas demais relações por meio de experiências no meio social/escolar, é que se cria o molde relacional, denominado "modalidade de aprendizagem", e esse molde de esquema de operar vai sendo utilizado nas diferentes situações de aprendizagem15.

A modalidade de aprendizagem pode enrijecer, acarretando uma patologia do processo de assimilação-acomodação. De acordo com Fernández15, há três grupos de modalidades (classificações) que perturbam o processo de aprendizagem: I) hipoassimilação-hipoacomodação; II) hiperassimilação-hipoacomodação; e III) hipoassimilação-hiperacomodação.

Klumpp & Andrade16, ao compilarem as explicações trazidas pelas autoras Paín2 e Fernández15 sobre as modalidades de aprendizagem patológicas, trazem as seguintes definições sobre cada uma delas:

Hipoassimilação: pobreza de contato com o objeto de conhecimento, que acarreta esquemas mentais empobrecidos, déficit lúdico e criativo;

Hiperassimilação: internalização prematura dos esquemas, com o predomínio lúdico e da subjetivação, desrealizando o pensamento do sujeito;

Hipoacomodação: pobreza de contato com o objeto de conhecimento e dificuldade na internalização de imagens. A criança possivelmente sofreu a falta de estimulação ou o abandono. Pode aparecer também quando não foi respeitado o tempo da criança nem a sua necessidade de repetir muitas vezes a mesma experiência.

Hiperacomodação: pobreza de contato com a subjetividade. Há uma superestimulação da imitação, falta de iniciativa, obediência acrítica às normas, submissão. A criança pode cumprir com consignas atuais, mas não dispõe com facilidade de suas experiências prévias.

Sobre a clientela atendida no ano de 2019 pelo Município de Barueri, o Gráfico 3, a seguir, sumariza a proporção das modalidades identificadas de acordo com os resultados das avaliações psicopedagógicas realizadas (Diagnóstico), sendo que estes dados são referentes apenas aos alunos que frequentaram todo o processo de atendimento (n=230).

 

 

Vale ressaltar que, para identificar as modalidades de aprendizagem dos alunos, foram utilizadas duas técnicas projetivas gráficas (Desenho da Família Cinética17 e Desenho do Par Educativo18) e a Hora do Jogo Psicopedagógico, analisadas de acordo com o sistema de interpretação disponibilizado por Andrade19.

Em relação às técnicas projetivas gráficas, além da verificação e análise de indicadores cognitivos e emocionais presentes nos desenhos, a presença ou ausência de alguns itens pode também indicar modalidades de aprendizagem patológicas, como, por exemplo, ausência de mãos nas figuras humanas, olhos vazados, desenho feito rapidamente e sem cor, elementos que não são coerentes com o contexto solicitado, entre outros.

Por sua vez, a Hora do Jogo Psicopedagógico tem como objetivo principal identificar a modalidade de aprendizagem do sujeito, por meio de observação e análise de como a criança ou adolescente interage e brinca com os objetos que se encontram dentro de uma caixa surpresa19.

De acordo com este levantamento, a modalidade de aprendizagem patológica prevalente é a hipoassimilação-hiperacomodação, correspondendo a aproximadamente 50% do total de alunos atendidos, o que preconiza que os problemas de aprendizagem destes alunos advêm possivelmente de questões emocionais, indisponibilidade de utilizar recursos próprios e de desenvolver autoria de pensamento/autonomia.

Klumpp & Andrade16 explicam que na hipoassimilação o sujeito rejeita o contato com o objeto de conhecimento, tendo um comportamento muitas vezes desanimado e apático frente ao novo e aos estímulos que recebe. Explicam que possivelmente há um bloqueio inconsciente que impede o contato com o objeto de conhecimento, o qual está na esfera inconsciente, pois há uma mensagem de proibição ao ato de pensar e conhecer.

Já a hiperacomodação, para as mesmas autoras, refere-se ao indivíduo que possui dificuldades para entrar em contato com o seu mundo interno, com sua história de vida, sentimentos e emoções. Há uma tendência deste aluno em ser copista, bem como submisso a figuras de autoridade e necessidade constante de agradar os demais, que seja aceito. Desse modo, tende a ter uma postura passiva perante às mais diversas situações. As suas dificuldades podem estar associadas à necessidade de resgatar inconscientemente o seu objeto amoroso perdido (ligado à figura materna), o que faz com que haja sempre uma tentativa de agradar os demais tentando esse resgate, ocasionando assim o distanciamento de seu contato com a subjetividade.

Níveis de raciocínio-lógico e alfabetização

De acordo com o resultado das avaliações psicopedagógicas, mais especificamente dos resultados das Provas Piagetianas, do total de alunos atendidos em 2019 (n=230), apenas 20% apresentou nível de desenvolvimento do raciocínio-lógico dentro do esperado para a faixa etária. Vale ressaltar um dado relevante: os resultados mostraram ainda que, quanto mais avançada a idade do aluno, maior sua defasagem no aspecto cognitivo, uma vez que a fase mais crítica foi evidenciada em alunos com 11 anos ou mais (n=119), os quais se encontram de um (71%) a dois níveis (13%) abaixo do esperado para as respectivas idades, como mostram os Gráficos 4 e 5, a seguir.

 

 

 

 

Em relação à alfabetização, aproximadamente 50% do total de alunos avaliados não se encontravam plenamente alfabetizados. Para a verificação do nível conceitual de escrita, os psicopedagogos se utilizaram da sondagem da leitura e da escrita19. No estudo supracitado realizado por Andrade & Castanho11, as autoras verificaram que 66% dos alunos atendidos na clínica-escola tinham como principal queixa problemas de aprendizagem da escrita, enfatizando que esta realidade refletia o cenário nacional da época, no qual alunos avaliados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) não alcançaram ao menos o nível médio das expectativas de habilidades de leitura, escrita e interpretação de textos.

Em 2019, os resultados do SAEB indicaram que 45% dos alunos avaliados estão com 4 ou menos pontos em uma escala que varia de 0 a 8 níveis, o que enfatiza que as dificuldades relacionadas à proficiência em Língua Portuguesa permanecem no Brasil. Em relação à matemática, 50% dos alunos também encontram-se neste patamar20.

Outro dado relevante que se associa às dificuldades na escrita refere-se a aspectos emocionais. Um estudo mostrou que alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (pertencentes ao ciclo de alfabetização) que apresentavam poucas dificuldades na escrita demonstraram menos tristeza e baixos níveis de agressividade21. Questões ligadas à autoestima e autoconceito também podem interferir no desempenho escolar e escrita do aluno22,23. Estes resultados se associam à modalidade de aprendizagem predominante identificada nesta pesquisa (hipoassimilação-hiperacomodação).

De um modo geral, o que se infere sobre estes resultados é o fato de que o fracasso escolar já está instaurado em metade dos alunos encaminhados ao serviço psicopedagógico.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo tinha como objetivo principal caracterizar a clientela atendida pelo serviço de Psicopedagogia clínica inserido na Secretaria de Educação do Município de Barueri, de modo a contribuir com a compreensão dos diversos fatores associados às queixas escolares/problemas de aprendizagem dos alunos atendidos, elucidando por meio das análises possíveis caminhos para a implantação de políticas educacionais que minimizem a incidência destas queixas, além de contribuir com a atualização de informações mais recentes sobre o atendimento de alunos em contextos similares.

Sobre os principais achados identificados neste estudo, merecem destaque a influência do fator socioeconômico como uma das causas determinantes associadas às dificuldades de aprendizagem, uma vez que famílias provenientes dos bairros das unidades escolares que mais encaminharam alunos para o serviço psicopedagógico possuem como características principais baixa renda, pobreza, e outras situações sociais mais sérias, como o tráfico de drogas presente nestas regiões.

Autores renomados na área da Educação, como Patto24 e Freire25, há décadas já explicavam o fenômeno do baixo desempenho acadêmico, analfabetismo e dificuldades escolares como provenientes de uma sociedade desigual que produz o fracasso escolar. Sobre este aspecto, além do fracasso escolar ter um viés político, em que a cultura escolar mantém as relações de poder, o mesmo deve ser concebido ainda como uma questão de cunho institucional, em que a escola muitas vezes torna-se excludente e seletiva, tentando enquadrar todos os alunos em métodos e políticas educacionais "progressistas", focando na homogeneização dos sujeitos e em ciclos de aprendizagem padronizados, desconsiderando, assim, na tentativa de controlar o fracasso, as particularidades do sujeito26.

Neste contexto, políticas públicas devem ser desenvolvidas em esferas federal, estadual e municipal que visem a promoção de uma sociedade mais equalizada, de modo a reduzir as desigualdades socioeconômicas, impactando assim de modo mais consistente e significativo no âmbito educacional. Assim como a instituição escola deve ser concebida como local de desenvolvimento das potencialidades do sujeito, colocando-se como mediadora entre o aluno e o conhecimento, respeitando as suas particularidades, bem como o seu processo de ensino-aprendizagem, de modo a favorecer espaços de produção de sentidos e significados, capazes de romper com a alienação causada por um sistema capitalista, contribuindo para a minimização das injustiças sociais.

Outro fator que se destacou foi o baixo nível de desenvolvimento do raciocínio-lógico e de alfabetização da maior parte dos alunos encaminhados, o que mostra que estes problemas já estão instaurados quando o aluno é convocado para a avaliação e intervenção. Embora o atendimento psicopedagógico clínico seja destinado à esfera individual, quando os problemas de aprendizagem já estão fixados no aluno, não há como negar a importância de uma visão mais sistêmica sobre este fenômeno, uma vez que tornam-se necessárias ações na esfera institucional.

Observações sobre o ambiente educacional e seu entorno, que vão desde as relações interpessoais (relação família-escola, professor-aluno) e contexto social, até as questões de cunho pedagógico, como tipo de metodologias empregadas nas aulas e didática do professor, devem ser consideradas, de modo a fornecer informações que gerem o desenvolvimento de propostas de atuação em um nível preventivo, diminuindo, deste modo, a prevalência de alunos com dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.

Além destes fatores, outro dado importante identificado refere-se ao fator emocional associado aos problemas de aprendizagem destes alunos, ressaltando, assim, a importância de projetos e profissionais que promovam suporte emocional em âmbito educacional; além de alertar sobre a importância de um olhar mais acurado sobre este aspecto.

Por último, em relação às limitações deste estudo, destacam-se que outras variáveis associadas às queixas escolares e problemas de aprendizagem não puderam ser analisadas pela falta de informações no banco de dados disponibilizado/prontuários dos alunos atendidos. Salienta-se a necessidade de mais estudos similares e um aprofundamento em algumas questões aqui abordadas em pesquisas futuras.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
Carolina Ferreira Barros Klumpp
Universidade Ibirapuera (UNIB)
Avenida Interlagos, 1329 - 4o - Chácara Flora
São Paulo, SP, Brasil - CEP 04661-100
E-mail: carolfbk@gmail.com

Artigo recebido: 10/1/2021
Aprovado: 25/5/2021

 

 

Trabalho realizado na Universidade Ibirapuera (UNIB), São Paulo, SP, Brasil.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.

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