SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.38 número117  suppl.1ApresentaçãoPsicopedagogia na pandemia da covid-19: experiências extensionistas na internacionalização universitária índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.38 no.117 supl.1 São Paulo  2021

http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210038 

ARTIGO ORIGINAL

 

Pandemia e a aprendizagem infantil - Percepção de pais e professores

 

Pandemic and childhood learning - Perceptions of parents and teachers

 

 

Alice Ferreira da SilvaI; Alicia Rodrigues Boettger RochaII; Mariana Dias BenedettiIII; Valéria Ribeiro LinardIV; Maria Rita Polo GásconV

IUniversidade São Judas Tadeu (USJT), São Paulo, São Paulo, Brasil
IIUniversidade São Judas Tadeu (USJT), São Paulo, São Paulo, Brasil
IIIUniversidade São Judas Tadeu (USJT), São Paulo, São Paulo, Brasil
IVUniversidade São Judas Tadeu (USJT), São Paulo, São Paulo, Brasil
VUniversidade São Judas Tadeu (USJT), São Paulo, São Paulo, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O mundo se encontra em um dos mais complexos cenários vividos na história, a pandemia do COVID-19, que assola todos os países do mundo, inclusive o Brasil. A pesquisa teve como objetivo investigar se a pandemia gerou impactos negativos ou não na aprendizagem infantil por meio da percepção de pais e professores. Para realizar a investigação, foram entrevistados nove adultos, dois pais ou responsáveis e um professor de cada ano do 2º, 3º e 4º do Ensino Fundamental acerca da sua percepção do ensino remoto entre setembro de 2020 e abril de 2021. Trata-se de uma pesquisa de campo do tipo exploratória qualitativa e o procedimento qualitativo consistirá na coleta de dados das informações por meio de uma entrevista semiestruturada com o objetivo de confirmar ou negar a hipótese de estudo. Os públicos responderam um questionário sociodemográfico e, em seguida, responderam a entrevista. Após a análise de dados, foram criadas categorias com base nos resultados para a discussão, sendo categorias de: Ordem Técnica; Ordem de Aprendizagem; Ordem Social e Ordem Emocional. O presente artigo permite concluir com base na análise dos resultados que a pandemia gerou impactos negativos no processo de aprendizagem infantil em crianças que estão em fase de alfabetização, sendo necessário realizar pesquisas futuras para o desenvolvimento de estratégias e intervenções eficazes para esse tipo de problemática.

Unitermos: Aprendizagem. Educação a Distância. Desenvolvimento da Criança. COVID-19. Pandemia do COVID-19. Educação On-line.


ABSTRACT

The world is in one of the most complex scenarios experienced in history, the COVID-19 pandemic, which plagues all countries in the world, including Brazil. The research aimed to investigate whether the pandemic generated negative impacts or not on children's learning through the perception of parents and teachers. In order to carry out the investigation, 9 adults, two parents or guardians and a teacher from each year of the 2nd, 3rd and 4th years of Elementary School were interviewed about their perception of remote education between September 2020 and April 2021. This is a survey qualitative exploratory field research and the qualitative procedure will consist of collecting data from the information through a semi-structured interview with the aim of confirming or denying the study hypothesis. The public answered a sociodemographic questionnaire and then answered the interview. After the data analysis, categories were created based on the results for the discussion, being categories of: Technical Order; Learning Order; Social Order and Emotional Order. The present article allows us to conclude, based on the analysis of the results, that the pandemic generated negative impacts on the child learning process in children who are in the literacy phase, being necessary to carry out future research to develop strategies and effective interventions for this type of problem.

Keywords: Learning. Distance Education. Child Development. COVID-19. COVID-19 Pandemic. On-line Education.


 

 

INTRODUÇÃO

Em 2020, o mundo se encontrou em um dos cenários mais complexos de sua história, a pandemia do coronavírus 2019 ou COVID-19. De acordo com o Ministério da Saúde1, "A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves". Iser et al.2 informam que a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que as variações de manifestações nos indivíduos podem se apresentar de forma leve como um quadro de gripe, como pneumonia ou como síndrome respiratória aguda grave.

Para diminuir a circulação do vírus entre a população, foram tomadas medidas preventivas, tais como, o isolamento de casos já confirmados, o incentivo a um hábito mais presente de higienização das mãos, uso de máscaras em locais públicos e o distanciamento social3. O distanciamento social que buscou diminuir a interação coletiva foi o que mais afetou o dia a dia da população brasileira. Aquino et al.3 informam que entre as ações estavam a interrupção de aulas presenciais em escolas e universidades, restrição de viagens nacionais e internacionais e a proibição de aglomerações.

Um dos maiores impactos sentidos pela sociedade brasileira em 2020 foi a interrupção das aulas presenciais e os fechamentos das escolas, tanto públicas como particulares. De acordo com a nota técnica Todos Pela Educação4, "Já são 91% do total de alunos do mundo e mais de 95% da América Latina que estão temporariamente fora da escola devido à Covid-19". Tanto em escolas de redes públicas como particulares as aulas foram suspensas por tempo indeterminado e a solução mais viável encontrada até aquele momento foi transferir o conteúdo e a presença pedagógica para o mundo digital4.

No Brasil, o método on-line veio com a intenção de reduzir os prejuízos desencadeados com a pandemia. O Ministério da Educação (MEC) autorizou inicialmente em março de 2020 a troca das disciplinas de forma presencial para a modalidade on-line por meio das tecnologias, visando a não interrupção da aprendizagem e ano letivo5.

As escolas particulares conseguiram ingressar no mundo digital com uma facilidade maior após a suspensão das aulas, já as escolas públicas tiveram seu ingresso em maio de 20206. Macedo et al.7 mencionam que, entre as características da readaptação do ensino para o modelo on-line, deve ser levado em consideração o papel da escola como ambiente social influenciador à educação da criança, que estimula a integração e interação dos alunos, validando a elaboração da interpretação deles sobre o mundo.

Com as aulas suspensas ainda no ano de 2020, os professores tiveram que se encontrar numa situação de reinvenção em suas áreas profissionais, tornando a sua casa o seu ambiente de trabalho em tempo integral, tendo exposições de trabalho improvisadas ou até mesmo jornadas exaustivas. Ainda para os mesmos autores do estudo8, os professores passaram a realizar as suas tarefas por meio de recursos tecnológicos e plataformas digitais sem terem recebido materiais prévios ou orientações para o uso, exigindo, dessa maneira, que os professores se ajustassem ao novo formato de ensino, adequassem o seu local de trabalho e dividissem sua atenção entre as atividades profissionais e pessoais8.

Entendendo o papel da escola e os novos desafios dos professores, também é possível compreender que os papéis dos pais e responsáveis são diferentes dos da instituição de ensino e que não é possível reproduzir as funções de um no ambiente do outro7. Dessa forma, as autoras informam que um dos desafios encarado pelos pais e responsáveis foi a adaptação das funções da escola dentro de casa. De acordo com Medeiros & Carvalho6, as mudanças vieram de forma imposta e houve dificuldades de adaptação ao método adotado. Na pesquisa realizada pelos autores, as dificuldades mais relatadas pelos pais, durante a pesquisa, com o fechamento das escolas foi a dificuldade de acompanhar os estudantes em suas atividades acadêmicas e conciliar as aulas com o home office, sendo essa uma visão de pais de alunos de uma escola particular.

Grossi et al.9 informam que com crianças de 6 a 11 anos um acompanhamento na aprendizagem se faz necessário e que para todos os participantes de sua pesquisa foi difícil ser o interlocutor das tarefas escolares. Para os pais, também houve maior demanda de trabalho, mudança na rotina doméstica, como também ter que enfrentar a angústia e tristeza, entre outros sentimentos que as crianças sentiram com a saudade do ambiente escolar. As autoras ainda ressaltaram que os pais se encontravam exaustos pela quantidade excessiva de demanda que tinham que administrar9.

Apesar do advento e do fechamento das escolas devido à pandemia de COVID-19, foi necessária a continuidade do cronograma escolar para que milhares de estudantes não ficassem sem estudar. Escolas tiveram que adaptar e fornecer suporte pedagógico por sistema remoto. Devido à própria fase do desenvolvimento, muitos estudantes da educação básica podem não ter tido a maturidade ou condições fundamentais para se comprometer em assistir as videoaulas ou realizar as atividades sozinhos, sendo necessária a presença dos pais e de familiares, exigindo uma reestruturação quanto ao tempo de trabalho e com os filhos.

Diante desse cenário, o objetivo foi investigar se a pandemia de COVID-19 gerou impactos negativos ou não na aprendizagem infantil. Dessa forma, foram entrevistados pais/responsáveis e professores, a fim de compreender e comparar suas percepções do processo de aprendizagem no formato de sistema remoto.

 

MÉTODO

A presente pesquisa caracteriza-se por uma pesquisa de campo do tipo exploratória baseada em análise qualitativa. O procedimento qualitativo consistirá na coleta de dados das informações por meio de uma entrevista semiestruturada com o objetivo de confirmar ou negar a hipótese de estudo.

Com isso, teve-se como objetivo principal realizar uma pesquisa de campo do tipo exploratória qualitativa a partir de dois instrumentos construídos pelas autoras, sendo um questionário sociodemográfico com 18 perguntas, sendo que 13 são iguais para ambos os públicos e três perguntas específicas direcionadas aos pais e duas perguntas específicas direcionadas aos professores e uma entrevista semiestruturada com oito perguntas para os pais e oito perguntas para os professores, sendo que seis perguntas são iguais para ambos os públicos e duas são específicas para cada público, com o intuito de investigar e a analisar se a pandemia de COVID-19 gerou impactos negativos ou não no processo de aprendizagem infantil sob uma perspectiva dos pais ou responsáveis e dos professores, pelo cumprimento das atividades pedagógicas com as crianças do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental que estavam no processo de alfabetização em 2020.

Assim, a hipótese é de que a pandemia de COVID-19 gerou impactos negativos no processo de aprendizagem infantil em crianças que estudaram do 2º ano ao 4º ano do Ensino Fundamental no ano de 2020. De acordo com o Ministério da Educação10, no documento Base Nacional Comum Curricular, a alfabetização deve ocorrer até o 2º ano do Ensino Fundamental e os seguintes anos iniciais do Ensino Fundamental são reservados para o desenvolvimento do que foi aprendido durante a alfabetização. Dessa forma, foram escolhidos o 2º ano, o 3º ano e o 4º ano do Ensino Fundamental para compreender os impactos no processo de aprendizagem infantil no processo de alfabetização e o seu desenvolvimento. Foi eliminado o 1º ano do Ensino Fundamental, pois entende-se que 2020 foi o primeiro contato dos alunos com o Ensino Fundamental, contato esse já realizado pelo ensino remoto. Sendo assim, optou-se pelos anos em que as crianças tiveram contato com o processo de aprendizagem de forma presencial, o que ocorreu apenas em 2019.

Os critérios de inclusão foram ser brasileiro (a), ter idade igual ou superior a 18 anos e ser pais ou responsáveis por crianças do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental e ser professor de crianças que estavam entre o 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental. Foram excluídos da pesquisa todos aqueles que não se enquadram nos critérios de inclusão. O questionário sociodemográfico foi disponibilizado no mês de março de 2021, sendo respondido pela plataforma Google Forms.

Os participantes foram convidados, tendo a amostra se dado por conveniência de acordo com a disponibilidade de cada participante ao participar e os que aceitaram assinalaram que concordam com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e então puderam participar da pesquisa. As entrevistas foram realizadas no mês de março de 2021 de maneira individual e pela plataforma Google Meet, com duração máxima de 30 minutos. Após a coleta de dados, deu-se início à análise das respostas obtidas pelo instrumento de pesquisa junto ao embasamento teórico visto para o presente trabalho.

Dez voluntários responderam ao questionário sociodemográfico, porém um deles não se enquadrava nos critérios de inclusão da pesquisa, sendo assim, foi descartado da pesquisa. A pesquisa foi ao todo realizada com nove voluntários, sendo duas mães de alunos do 2º ano, duas mães de alunos do 3º ano e duas mães de alunos do 4º ano. A duração média das entrevistas com as mães foi de 11 minutos a 22 minutos. Os dados sociodemográficos das mães encontram-se na Tabela 1:

Também foram entrevistadas uma professora do 2º ano, uma professora do 3º ano e uma professora do 4º ano. A duração média das entrevistas foi de 19 minutos a 28 minutos, sendo a expectativa máxima de duração de 30 minutos para ambos os públicos; dessa forma, a duração cumpriu com o esperado. Os dados sociodemográficos das professoras encontram-se na Tabela 2:

Após o estudo dessas respostas, os dados foram agrupados de forma semelhante, tendo como finalidade tornar a análise e discussão teórica dos resultados mais compreensiva e precisa.

O processo de análise se deu pela construção da análise de conteúdo realizada pela psicóloga Laurence Bardin11 em sua obra original. De acordo com Bardin11, "A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações." (p. 31). Ainda para a mesma autora Laurence Bardin11, a análise de conteúdo "Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações" (p. 31).

Os dados coletados por meio das entrevistas foram analisados conforme as etapas que são necessárias para a realização da análise de conteúdo. De acordo com Machado12, a análise de conteúdo possui diferentes fases necessárias para a compreensão do conteúdo, sendo elas: 1) a pré-análise, 2) a exploração do material e 3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. O referencial teórico foi dirigido e formulado com base na Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura e artigos científicos sobre as temáticas encontradas na pesquisa. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade São Judas, com CAAE 40372620.6.0000.008.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao realizar a leitura exaustiva das entrevistas conforme sugerido por Bardin11, foi possível encontrar cinco categorias mais presentes nas relações dos entrevistados, sendo elas:

1) Ordem Técnica, pelas dificuldades encontradas durante todo o processo de aprendizagem, seja pela falta de conhecimento em relação ao uso dos equipamentos ou pela falta de acessibilidade dos mesmos.

2) Ordem de Aprendizagem, pelas diversas mudanças de planejamento ou dificuldade de atenção e concentração por parte dos estudantes, bem como a reinvenção e adaptação necessária dos entrevistados para que pudessem ser realizadas as atividades. É importante ressaltar que nessa categoria houve percepção positiva e negativa acerca do tema.

3) Ordem Social, pela falta de socialização nas relações humanas que são consideradas importantes para o desenvolvimento humano.

4) Ordem Emocional/Psicológica, este é um tópico importante que surgiu durante a coleta de dados, embora não fosse foco do tema de pesquisa, resultando no relato dos entrevistados em como estavam se sentindo emocionalmente afetados pelas condições vividas.

5) Ordem Ambiental, que não foi abordada, pois sua discussão não foi significativa ao objetivo da pesquisa.

Para melhor compreensão e facilidade da leitura, os participantes serão identificados como F. 1, F. 2, F. 3, F. 4, F. 5, F. 6, P. 1, P. 2 e P. 3. Sendo F. os familiares e P. os professores. De acordo com os entrevistados, as escolas públicas e particulares adaptaram as aulas de maneiras diferentes. Na rede privada, os professores mencionaram que as aulas foram adaptadas para o formato de videochamada, na qual o tempo de aula era o mesmo das aulas presenciais e algumas escolas tiveram seu retorno presencial ainda em outubro de 2020.

Já na rede pública a adaptação foi diferente, sendo as aulas on-line na televisão em canal aberto. Os professores ficaram encarregados de passar atividades por meio de um drive on-line, de onde os alunos baixavam as atividades e as realizavam, logo após adicionavam a atividade realizada novamente ao drive. A comunicação com os professores da rede pública foi principalmente pelo WhatsApp para orientações e auxílio de acordo com as dúvidas dos pais e alunos. Alguns colégios públicos, por iniciativa própria, criaram outros caminhos para auxiliar no processo de aprendizagem e antes da utilização do drive os pais compareciam presencialmente nas escolas para retirarem as atividades. Quanto à escola pública, do início da pandemia e do isolamento social até a realização da presente pesquisa, não houve retorno presencial das atividades.

Durante as entrevistas, a F. 2 relatou que para o ano de 2021 optou por colocar o filho em rede particular, para que ele pudesse ter acesso a recursos melhores de ensino aprendizagem. E a F. 6 informou que em 2021 preferiu contratar uma professora particular para auxiliar a filha no processo de aprendizagem, pois notou que apenas com o formato de ensino da rede pública não estava acontecendo um aprendizado adequado, necessitando dessa maneira de um reforço à parte.

Ordem Técnica - Pais/responsáveis x Professores

Essa categoria teve como objetivo identificar se houve dificuldade por parte dos entrevistados quanto ao uso da tecnologia e os recursos necessários para a realização da aprendizagem.

Ainda de acordo com o Decreto Nº 9.05713:

Art. 1º Para os fins deste Decreto, considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. (p. 1)

A distância nessa perspectiva, de acordo com Oliveira & Santos14, deve ser entendida como uma separação geoespacial entre aqueles que estão envolvidos no processo educacional, podendo ser os estudantes como também os professores. Partindo dessa ideia, os autores apresentam dois meios diferentes de se ter educação a distância, por meio de videoconferências, onde os alunos estão juntos, mas em lugares distintos do professor ou por meio da Internet, onde alunos e professores estão em locais diferentes e possuem acesso aos materiais e recursos didáticos de maneiras diferentes. Sendo assim, essas duas modalidades evidenciam esses recursos proporcionados pelo Ensino a Distância.

Por parte dos pais/responsáveis, foi observado que a maioria relatou que houve dificuldades na adaptação ao modelo virtual. Foram relatadas as dificuldades do não conhecimento de como usar os equipamentos de tecnologia por parte dos pais/responsáveis e dos professores, a falta de aparelhos tecnológicos e instabilidade nos recursos tecnológicos utilizados. Ficou evidenciado no seguinte relato:

F. 1 "A princípio foi pelo celular, porque tinha câmera, essas coisas e eu não conseguia achar a webcam. Nossa, como foi difícil achar uma webcam, depois quando nós conseguimos aí colocamos no nosso computador e elas começaram ter aula pelo computador."

Quanto aos professores, foi observado que esse público em questão teve mais dificuldade quanto aos recursos tecnológicos, dividindo as dificuldades nas seguintes subcategorias:

Adaptação à forma on-line

Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas15 em parceria com a UNESCO com o seguinte tema: Educação escolar em tempos de pandemia revela que "No Brasil, 81,9% dos alunos da Educação Básica deixaram de frequentar as instituições de ensino. São cerca de 39 milhões de pessoas. No mundo, esse total soma 64,5% dos estudantes, o que, em números absolutos, representa mais de 1,2 bilhão de pessoas [...]." (p. 1)

Com a pandemia, grande parte dos setores e áreas da sociedade se encontraram na obrigação de precisar se reinventar ou se adaptar às suas atividades. Em 2020, a Educação a Distância foi o meio mais viável e alcançável que as instituições de ensino encontraram para poderem continuar levando o acesso à educação a todas as pessoas16.

É possível também afirmar que a maioria dos professores tiveram dificuldades em se adaptar ao ensino on-line, uma vez que muitos deles estavam acostumados apenas com as aulas presenciais e o contato diário com o aluno. Houve também a percepção por parte dos professores do impacto sentido no planejamento de atividades, no conteúdo que precisou ser resumido e também revisto mais de uma vez pelos alunos. É possível identificar essa questão no relato abaixo:

P. 1 " [...] na verdade as ferramentas digitais pra mim foi muito complicado no início, né?, eu ter que lidar, a gente usou um da Microsoft, o Teams, então tudo foi por lá, então até eu me adaptar eu apanhei bastante, aí foi indo, e a segunda coisa que foi difícil pra mim foi estar pensando em que recurso estar utilizando para chamar a atenção das crianças, né?"

Acessibilidade ao equipamento

A maioria dos professores relataram ter tido dificuldades em relação à mudança das aulas presenciais para o ensino remoto. A maioria relata a falta de recursos necessários para o acesso aos softwares tecnológicos e até mesmo encontrar algo que fosse ideal para cada turma e aprendizado, bem como o avanço das novas ferramentas tecnológicas. Como relatados nos seguintes trechos:

P. 3 " [...] a gente se adaptou, pegou os nossos equipamentos próprios, né?, essa foi uma dificuldade nossa também, porque a gente teve que adaptar o nosso serviço porque até então o estado não nos deu nada, a gente tava fazendo tudo de casa, então a gente teve que adaptar tudo isso pra estar trabalhando com as crianças [...]"

P. 1 "nós tivemos que mudar principalmente por conta dos recursos, como eu te disse, né?, a gente via que não estava funcionando tal recurso, então a gente tinha que dar um jeito pra poder levar a aprendizagem ali pra criança.".

Pontos positivos dos recursos tecnológicos

A pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas15 em parceria com a UNESCO aborda aspectos importantes que mostram o impacto da pandemia nessas categorias. Quando se trata da rotina, foi notado um aumento na rotina de trabalho e o uso das mídias e digitais como o principal recurso estratégico no auxílio das atividades. Quanto às estratégias educacionais, professores contaram com o apoio dos pais para a realização das atividades, mas também houve um aumento de preocupação quando se trata de organizar um tempo para conversar com os alunos.

É importante ressaltar que houve percepção positiva dos três professores acerca das atividades que acontecem on-line, sendo dois de escola particular e um de escola pública. Para os entrevistados, a presença da tecnologia fez com que existisse a possibilidade de manter as aulas e que também houvesse uma maneira de tentar facilitar o contato com o aluno via WhatsApp e aulas realizadas pelo Google Meet, como apontado no seguinte relato:

P. 3 "Assim, usamos a tecnologia pra nos ajudar, hoje a gente faz aulas, grava as aulas, utiliza o Meet pra dar aula para as crianças, né?, então, o Meet, a videochamada pelo WhatsApp facilita muito né, então às vezes um conteúdo que a criança tinha muita dificuldade por você mandar o áudio na hora que você a carinha dele mesmo na Internet e tem esse contato mesmo que seja virtual eles tem mais essa facilidade, né?, então, essa, acabou nos ajudando em relação a isso.".

Ordem de Aprendizagem - Pais/responsáveis x Professores

Nesta categoria buscou-se analisar a percepção dos pais/responsáveis e professores sobre os aspectos da aprendizagem das crianças durante a pandemia e como isso afetou o desenvolvimento da aprendizagem de cada um. Após a análise de dados dessa categoria, foram desenvolvidas subcategorias que contribuíram ainda mais para essa temática.

Tabile & Jacometo17 informam que a aprendizagem é estruturação particular por meio de mudanças nos comportamentos, sendo um processo complicado que abrange noções cognitivas, emocionais, orgânicas, psicossociais e culturais. Afirmam ainda que "O processo de aprendizagem acontece a partir da aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes através do estudo, do ensino ou da experiência" (p. 79).

Lefrançois18 informa que Albert Bandura desenvolveu a Teoria Social Cognitiva, que é conhecida como aprendizagem por observação. Bandura diz que a aprendizagem acontece com base de um modelo e esse processo de aprendizagem baseia-se na interpretação que se faz desse modelo pelas circunstâncias cognitivas e emocionais17. Os modelos orientam o indivíduo a como realizar determinados comportamentos, assim como conhecer as consequências de suas ações, podendo esse modelo ser pessoas como também símbolos e objetos18.

Pontos Positivos x Pontos Negativos

De acordo com Azevedo19, a teoria de Bandura aborda alguns temas que compõem a Teoria Cognitiva Social na aprendizagem. Um deles é a Teoria da Modelação, na qual ele informa que há três formas de modelação.

A primeira é pela aprendizagem observacional de um novo comportamento, que se caracteriza pela necessidade de o modelo inserir informações prévias para que o novo comportamento ocorra. A segunda é pela facilitação de um comportamento anterior aprendido, que se dá pela expressão de um comportamento aceito pela sociedade, comportamento esse que não acontecia anteriormente por falta de motivação. Já a terceira é a diminuição ou aumento de um comportamento já aprendido, que consiste na observação de um modelo que influencie o sujeito a ser mais ou menos propenso a realizar um comportamento19.

Nos relatos das entrevistas, quando se trata de aspectos negativos, a maioria dos pais/responsáveis relataram dificuldades por parte das escolas em oferecer um conteúdo que de fato ajudasse as crianças no processo de alfabetização. Vale ressaltar que os pais/responsáveis, em 2020, tinham seus filhos matriculados em escolas públicas e no decorrer das entrevistas informaram que as dificuldades das escolas se deram pela diretoria de ensino e não pelo corpo docente da escola.

Foi relatado que não houve aspectos positivos no ensino remoto e que a maioria das crianças terão defasagem em suas aprendizagens. Além disso, há relato por parte dos entrevistados das dificuldades que as crianças tiveram para compreender as atividades e tarefas sem o auxílio do professor, principalmente porque a maioria dos conteúdos tiveram que ser resumidos e replanejados, como relatado no seguinte trecho:

F. 1 "Achei que teve muita dificuldade para eles aprenderem, porque foi um resumo na verdade, né? Passava uma lição, muitas vezes a lição era até mesmo, vamos supor, ela passava uma lição que tinha passado uns 2 meses atrás. Então era complicado para os próprios professores estarem ali, administrando tudo, entendeu? Então, não vejo muita coisa positiva não.".

Em relação aos aspectos positivos, é possível concluir que a maioria dos pais/responsáveis considera que as únicas ações a serem consideradas positivas são questões de ordem físicas e materiais como a locomoção do aluno, o cuidado mais próximo em relação à saúde, a flexibilidade de poder resolver os problemas com mais praticidade e a facilidade das crianças da nova geração em conseguir aprender rápido a mexer nas novas tecnologias, como relatado a seguir:

F. 4 "[...] as futuras crianças, né?, vão manjar muito, mexer na Internet, tudo que é eletrônico para eles, né? [...]. Tecnologicamente falando, nossa, abriu o mundo, tanto pra os pais quanto pra eles, mas as demais coisas acho que ficaram mais complicadas, se tornaram mais complicadas.".

Compreendendo a Teoria da Modelação, sendo ela a aquisição, aprimoramento e/ou o aumento e diminuição de um comportamento com base em um modelo, entende-se que não houve como realizá-la pelo pouco contato que os alunos tinham com seus professores. Assim, não houve a possibilidade de adicionar novas informações de forma adequada, como também acompanhar a aquisição dos conhecimentos anteriormente estudados.

Quanto aos professores entrevistados, a falta de acessibilidade da maioria dos alunos com os recursos tecnológicos, como a adaptação e reinvenção do professor e a redução do conteúdo escolar, foram os aspectos mais negativos para a aprendizagem. Já nos pontos positivos, dois professores relataram haver em relação à aprendizagem, ambos são de escolas particulares e em suas avaliações puderam afirmar que houve aprendizagem por parte das crianças nessa nova modalidade de ensino. Como observado por um dos relatos dos professores de escola particular:

P. 2 "No aprendizado? Então, na verdade, eles também tiveram que se reinventar, não fomos só nós, né? Então, assim, eu acredito que trouxe, trouxe um positivo sim pra eles, que tanto a gente como teve que se reinventar, eles também na forma de criar novos trabalhos. [...] então o que era antes e o que é hoje você vê que eles, eles, eles estão mais, como eu posso dizer, eles, é como assim estão colocando mais pra fora o que eles sentem, o que eles acham, então isso muitas vezes é positivo.".

Nas escolas particulares, na qual dois professores trabalhavam, o contato com o aluno era mais próximo e assim os professores tiveram a oportunidade de inserir novos conhecimentos, motivar seus alunos e acompanhar o desenvolvimento deles com os conteúdos abordados em aula.

Dificuldade de atenção

Lefrançois18 informa que processos de atenção, retenção, reprodução motora e motivacionais são incluídos na aprendizagem observacional de um novo comportamento.

O autor relata que os processos de atenção se dão pela atenção que o sujeito dá para um possível modelo. A atenção é dada pela importância que o modelo tem para o indivíduo ou a relevância que tal comportamento possui. Outros fatores importantes são a facilidade e dificuldade de emitir o comportamento, como também a qualidade do modelo apresentado e o benefício que esse comportamento pode gerar. O autor também explica que comportamentos mais complicados de compreender e/ou realizar, muito ou pouco habituais, têm a tendência de chamarem menos a atenção do indivíduo.

Em seus relatos os professores informaram sua percepção em manter os alunos atentos às aulas on-line, relatando que presencialmente já é um trabalho difícil a ser realizado e com as aulas a distância acabou piorando; essa subcategoria, portanto, foi a considerada mais difícil por parte dos professores. Os pais/responsáveis também notaram que as crianças desviavam sua atenção para outras atividades, conforme o relato a seguir:

F. 4 "a criança em casa se depara com o brinquedo, elas se deparam com a televisão, elas se deparam com o videogame [...]".

Essa piora na atenção pode ter ocorrido pela mudança de ambiente do aluno, de maneira que ele teve acesso a outros estímulos mais atrativos, como também menos complicados de compreender e realizar.

Forma de Ensino x Mudança no Planejamento

Outro ponto abordado por Azevedo19 é a aprendizagem de Forma Atuante e Vicariante. A primeira diz respeito a aprendizagem pela execução e a experiência com ela, já na segunda a aprendizagem se dá pela observação direta do modelo, como por leitura e outros materiais observáveis. Ele complementa que quando a aprendizagem é mais complexa é necessário a utilização de ambas em conjunto.

A subcategoria forma de ensino foi identificada nas entrevistas realizadas com os pais/responsáveis e a maioria dos pais/responsáveis relataram mudanças na forma de ensino utilizada pela escola, como diminuição no horário de aula, tarefas mais pontuais, ausência de contato com o professor do aluno, aulas on-line para o Brasil inteiro e muitas vezes o material escolar que se perdia nos drives on-line utilizado pela instituição, como exemplificado no relato abaixo:

F. 5 "Porque na verdade elas nem têm aula on-line com a professora, tudo é uma matéria que vem pelo aplicativo Google Class e a gente faz e manda para eles de volta.".

Já a subcategoria mudanças de planejamento foi identificada nas entrevistas com os professores, que relataram haver a necessidade de mudanças no seu planejamento e realizar coisas que antes nunca haviam sido realizadas, como por exemplo tornar as aulas mais lúdicas de maneira a despertar atenção nas crianças, mudanças na realização de atividades práticas de maneira a facilitar a realização dessas, mudanças no horário em relação ao atendimento das crianças e na forma como atendê-los, como exemplificado no relato a seguir:

P. 3 "[...] mesmo a gente passando as aulas, eles tiverem que, a gente teve que se adaptar a eles em relação a isso, né?, tivemos que mudar o planejamento em relação às atividades mais práticas, mais fáceis deles tarem entendendo, às vezes uma atividade muito longa, de uma atividade assim complicada, a gente teve que adaptar as atividades para ficar mais fácil deles entender.".

Pelas mudanças realizadas na forma de dar aula, os alunos obtiveram aprendizagem apenas de forma vicariante, tendo menor experiência nas atividades passadas pelos professores.

Auxílio dos pais x Contato com o professor

Azevedo19 relata que a autoeficácia é a capacidade do indivíduo compreender as habilidades que tem para a realização de seus comportamentos. Lefrançois18 diz que o entendimento da autoeficácia se dá por quatro aspectos, sendo os impactos de um comportamento, o resultado de comparações dos comportamentos, a convicção de suas capacidades pela percepção particular e de terceiros e o emocional.

E completa que esses aspectos se baseiam, em parte, pelos pais/responsáveis e professores e assim eles devem expor atividades em que há oportunidade de vivenciar o sucesso por parte da criança. Schumuck & Scumuck, em 1997, informam que os alunos devem trabalhar tanto individualmente como em grupo a fim de que cada criança se sinta autora da realização de suas atividades, sendo o professor quem irá incentivar esse acontecimento18*.

O autor diz que se o professor relata para o aluno que ele é ou não capaz de realizar uma atividade isso vai influenciar na crença da criança de ela ser capaz ou não de realizar tal atividade. Lefrançois18 também comunica que para a aprendizagem os professores são um dos modelos mais importantes, sua fala e comportamento influenciam na construção da autoeficácia da criança, na qual ela se sinta capaz em suas realizações. Caso não haja uma boa autoeficácia, a criança tende demonstrar menos interesse e se sentir mais ansiosa.

Nas entrevistas, foi relatado pela maioria dos pais/responsáveis as dificuldades que eles tiveram em auxiliar as crianças em casa nas atividades escolares, muitos relataram a frustração em ser cobrados por algo que eles não foram treinados para fazer, como ser professor. Algumas dificuldades surgiram por parte dos pais/responsáveis, como criar ações que fizessem as crianças terem atenção, muitos tiveram que ministrar as aulas devido à ausência do professor, além de terem que adaptar suas rotinas conforme a rotina das crianças.

Complementando ainda essa temática, muitos pais/responsáveis relataram a importância do contato direto com o professor e como a ausência desse contato afetou a aprendizagem, a falta de contato visual, a ausência do professor sentida pelas crianças e o próprio professor das crianças que pudessem acompanhá-las. Além disso, um aspecto importante a considerar é que a maioria dos pais/responsáveis relataram que se a pandemia não estivesse em um risco tão alto eles preferiam mandar as crianças para as escolas novamente. De acordo com o relato abaixo:

F. 2 "Eu realmente não fui treinada pra dar aula, eu talvez não soubesse fazer aquilo ser tão interessante como uma professora sabe fazer. E eu sempre falava, o áudio pra prof.ª, graças a Deus por vocês, porque eu estou lutando com um e vocês ficam em sala com 30, com 20, eu, gente vocês são sensacionais, porque vocês têm um didática de conseguir prender atenção e eles de fato aprendem, né?".

Com as aulas em casa, os pais/responsáveis foram os responsáveis pelo contato das crianças com a aprendizagem, porém, eles perceberam que não obtinham o conhecimento e habilidades técnicas que os professores possuem. Foi notado que houve a falta do professor como modelo, motivador e mediador de conhecimento. Assim, as crianças tiveram menos conhecimento de suas capacidades, podendo ser esse um dos fatores para que os alunos não tiveram interesse nas aulas remotas.

Apoio da Escola x Ausência dos Pais/responsáveis

Foi conversado com os pais/responsáveis o papel da instituição escolar no processo de aprendizagem. Vale ressaltar que todos os pais/responsáveis entrevistados tinham seus filhos matriculados em escolas públicas, na qual a dinâmica de ensino não é estabelecida apenas pelo corpo docente.

A maioria dos pais/responsáveis informaram que os professores e as escolas nas quais seus filhos estavam matriculados se esforçaram para atender os alunos da melhor forma, criando estratégias para que a aulas pudessem ser continuadas no formato remoto e tendo auxílio deles. Porém, apesar dos esforços, alguns pais/responsáveis relataram falhas no ensino, conforme descrito abaixo:

F. 6 "É uma boa escola, mas ainda precisa melhorar mais. Não é por causa da escola, às vezes é o estado que não dá, que não manda mais [] os professores é que são bons, mas não às vezes não manda um ensino melhor. Porque eles têm que seguir a apostila e o governo que manda [...]".

Com os professores, foi discutido sobre a ausência dos pais/responsáveis no momento de auxiliar no processo de aprendizagem. Apesar dos professores terem notado essa ausência, os motivos foram diferentes na rede pública e na rede privada.

Os professores da escola privada contaram que a ausência do pai/responsável se deu nos horários em que a aula ocorria, horário em que muitos estavam trabalhando e por isso não conseguiam acompanhar as aulas com os filhos. Já o professor da escola pública comunicou que a ausência se deu pela dificuldade de se adaptar ao ensino remoto, falta de tempo e por não quererem auxiliar o filho. Na rede pública ainda foi ressaltado que alguns pais/responsáveis também não acompanhavam a educação do filho de forma presencial, pois entendiam que esse era um papel exclusivo da escola e, assim, quando migrado para o ensino remoto, a postura continuou a mesma. Conforme descrito a seguir:

P. 3 "Tem relatos de família também que continuam acompanhando, então eu acho assim que quem tinha essa rotina de acompanhar, de zelar pelo estudo, continuou se adequando a rotina e não parou de fazer, agora aqueles pais que tiveram mais dificuldade, porque as crianças têm dificuldades na fase de alfabetização, ou não tem paciência, tem muitos filhos, tá sendo mais difícil, esses aí querem, tem uma recusa muito grande, eles não querem participar.».

Além dos professores terem dificuldade de auxiliar os alunos, por motivos que lhes fogem ao controle, os professores notaram que houve pais/responsáveis que não tentaram auxiliar no processo de aprendizagem, motivando, mediando o conhecimento e sendo um modelo. Dessa forma, as crianças tiveram menos acesso à aprendizagem e, assim, menos conhecimento de suas capacidades.

Reinvenção

Além da dificuldade de atenção das crianças nas aulas on-line, a maioria dos professores relataram que tiveram que se reinventar como profissionais em suas áreas. Os professores tiveram que dominar novas ferramentas que não utilizavam anteriormente, saindo de sua zona de conforto e trazendo aos alunos novas metodologias para que eles pudessem compreender melhor o conteúdo ministrado, conforme relatado abaixo:

P. 1 "[...] mas sim, sim, sabe qual foi o ponto positivo, o desafio, a gente saiu ali da nossa zona de conforto, sabe a gente teve que buscar ali, a gente teve que se reinventar, eu digo que em 2020 eu tive que me reinventar como profissional [...], então meio que a gente saiu da zona de conforto pra poder se reinventar e você acabar se descobrindo uma nova profissional, né?, então eu até brinco que agora posso colocar no meu currículo que além de professora presencial eu também posso ser ali professora ali também, né?, virtual que deu certo [...]".

Os professores que lecionam na escola particular tiveram maior contato com os alunos e ao se reinventarem conseguiram realizar a Modelação para a Instrução. Azevedo19 informa que a Modelação para a Instrução é onde o professor explica o comportamento a ser adquirido usando-se de exemplos e demonstrando como se realiza, para então mostrar o resultado aos alunos. Em seguida, o professor irá auxiliá-los a realizar o comportamento verificando se eles compreenderam o que foi solicitado. Por fim, ao notar que os alunos estão realizando de forma correta, o professor só monitora a atividade, deixando os alunos realizarem o comportamento de forma independente.

Ordem Social - Pais/responsáveis x Professores

Essa categoria foi identificada após a leitura exaustiva do material, na qual há presença na maioria dos relatos de pais/responsáveis e professores sobre o quanto a socialização é importante para o desenvolvimento da aprendizagem e o quanto a falta disso impactou no processo de educação.

Socialização

A maioria dos pais/responsáveis relataram que a falta de interação das crianças com outras crianças foi prejudicial à aprendizagem. Também informaram que os filhos sentiam falta de estar com outras crianças, brincando, conversando e ajudando umas às outras em suas dúvidas, facilidades e dificuldades. Alguns pais/responsáveis mencionaram que presencialmente os filhos possuem uma participação maior nas aulas e que têm o hábito de ajudar os colegas. Junto à interação com outras crianças, os pais/responsáveis expressaram a necessidade da interação da criança com o professor, tanto pela comunicação do aluno com o professor como pela postura mais assertiva que o professor tem em sala de aula. Um dos pais/responsáveis ainda ressaltou que a difícil relação do professor com seu filho influenciou na aprendizagem antes do ensino remoto ser uma realidade.

F. 2 "Que é o que, essas duas escolas as professoras tinham, [...] Eles pegam aquelas crianças que têm uma facilidade de entendimento e geralmente quando tem uma criança que tem alguma debilidade no entendimento e não conseguindo acompanhar, eles fazem parzinhos com esses outros alunos, então assim, [...] ele fazia par pra ajudar os colegas que tinha dificuldade, então a professora explicava, ele fazia exercício junto, ele ajudava a explicar e ele acha isso muito legal, ele ama ajudar, entendeu. Então, o fato de estar junto é necessário.".

Socialização também foi um tema notado nas entrevistas realizadas com os professores. Os professores informaram que a interação com os alunos é um fator importante na aprendizagem. A maioria relatou que é necessário criar um vínculo com o aluno para poder transmitir da melhor forma a aprendizagem. Também relataram que para algumas atividades era necessário um auxílio que fosse além das instruções, podendo ajudar a mexer em algo, o que não foi possível no ensino remoto.

P. 2 "Então assim, por exemplo, o terceiro ano que eles fazem, todo o uso com compasso, é complicado porque ali você precisa ter o tato com eles, deles fazerem o exercício com compasso.".

Dessa forma, de acordo com o relato dos professores e pais/responsáveis, é necessário que haja interação entre os alunos uns com os outros e com o professor. Com essa interação, as crianças têm maior proveito da aprendizagem por observação tendo o professor e os outros colegas como modelos. Porém, de acordo com as entrevistas, a interação ocorre melhor nas aulas presenciais, sendo assim, os alunos tiveram déficit no processo de aprendizagem.

Ordem Emocional/Psicológica - Pais/responsáveis x Professores x Crianças

Essa categoria foi identificada após a leitura exaustiva do material, na qual há presença na maioria dos relatos de pais/responsáveis e professores em como a saúde emocional e psicológica dos alunos, professores e pais/responsáveis influenciou no desenvolvimento da aprendizagem e o quanto as emoções sentidas por ambos os públicos impactou no processo de educação.

Emoção e Adaptação das Crianças

Para Livingston, em 1982, "os sintomas depressivos podem se manifestar de diversas maneiras no ambiente escolar, alguns deles podem ser tristeza, mudança na disposição em realizar as atividades, isolamento, fracasso escolar, pensamentos negativos e diminuição do rendimento" (p. 8)20**. Ainda para Nogueira et al.20:

[...] as áreas cognitivas, como a atenção e a concentração, são afetadas pela depressão na infância. Ou seja, a criança pode apresentar perda significativa da atenção nas aulas, levando ao desinteresse e dificuldades para se concentrar em determinados conteúdos ocasionando assim dificuldades de aprendizagem. (p. 8)

Ambos os pais/responsáveis e professores notaram impactos psicológicos nas crianças. A maioria dos pais/responsáveis informaram que os filhos estavam estressados, às vezes não queriam realizar as atividades e que sentiam falta da escola e dos colegas.

F. 3 "Ela se sente triste, muito triste, ela sente falta dos coleguinhas, da escola, da professora...".

Os professores da rede pública e privada informaram impactos de forma diferente. Na rede privada foi notado que os alunos estavam cansados e por vezes com medo do cenário da pandemia COVID-19.

P. 2 "Mas muitas vezes também eles estão guardando muito, eu não sei se dá pra entender, é até difícil assim de explicar a questão de sentimento, mas eles estão com medo, né?! Então ao mesmo tempo você vê aquele deles colocarem aquilo, aquela, aquele alvoroço pra fora, aquela empolgação pra fora, mas ao mesmo tempo você vê que eles têm medo do que tá acontecendo.".

Já na rede pública o professor relatou que os alunos estão convivendo de forma muito próxima às internações e mortes por COVID-19 e que há casos de depressão e tentativa de suicídio por parte dos alunos.

P. 3 "[...] é que o problema maior das crianças agora não é só a aprendizagem né, eles têm um problema, o psicológico, que tá gerando muito grande neles, nós mesmo temos casos de crianças que estão com depressão, que tem crianças que estão se suicidando, né?, na minha sala mesmo teve caso, então assim eles estão sofrendo muito [...].".

Emoções x Apoio

A maioria dos pais/responsáveis informaram que se sentiam estressados com o ensino remoto, pois além das aulas tinham outras atividades às quais requeriam sua atenção. Também informaram que em alguns momentos tiveram que abrir mão de realizar alguma atividade doméstica ou de trabalho por estarem sobrecarregados. Dois pais/responsáveis relataram que chegaram a adoecer.

F. 3 "Eu cheguei até a falar para a professora, pelo amor de Deus me ajuda, porque eu não estava mais aguentando, eu estava num estresse, eu me sinto muito estressada, eu me sinto muito sufocada, porque eu preciso fazer as minhas coisas [...]. Eu tenho que ser mãe, eu tenho que ser professora, tenho que ser dona de casa, eu sou autônoma, tenho que me virar [...], mas eu acabei adoecendo, acho que muita coisa em cima da gente, muita pressão.".

Dois pais/responsáveis relataram ter tido apoio de outros membros da família com alguns aspectos da educação e um pai/responsável comunicou que chegou a contratar um professor particular para auxiliar na aprendizagem, porém nenhum relatou ter tido ajuda psicológica profissional.

F. 5 "Inclusive eu tô pagando pra elas uma professora particular por fora pra ver se me ajuda na alfabetização. Tipo as lições que têm pra fazer em casa eu ajudo, mas na alfabetização eu estou pagando uma professora particular pra poder me ajudar nessa parte, pra quando elas voltarem não sentir tanto.".

Os professores também comunicaram ter tido impacto emocional. Todos os professores relataram ter passado por momentos de choro devido à dificuldade na adaptação ao ensino remoto. Os da rede privada também informaram frustração, agonia e impotência e o da rede pública informou estresse. Dois dos professores relataram que chegaram a adoecer.

P. 3 "[...], mas assim foi muito, foi muito estressante, o meu psicológico fica, fica bem abalado [...], então pra mim foi muito estressante, eu fiquei até um tempo meio doente, a maioria dos professores ficaram [...]".

Embora o foco das pesquisadoras não tenha sido abordar impacto na saúde emocional das crianças, pais/responsáveis e professores, é importante ressaltar que surgiram com frequência durante as entrevistas os relatos de mães e professoras quanto ao adoecimento mental sentido por elas em decorrência das mudanças realizadas por conta da pandemia. Diante disso, as pesquisadoras consideram a importância de estudos futuros a fim de compreender e mensurar a saúde mental de mães, mulheres e profissionais da pedagogia relacionada aos impactos mentais em decorrência da pandemia do COVID-19.

 

CONCLUSÃO

Foi notável que o mundo enfrentou um dos maiores cenários complexos da história da humanidade em 2020 e 2021, a pandemia do COVID-19, e foi notável também que essa situação gerou grandes impactos para a sociedade, seja econômico, social, emocional e educacional. Partindo desse pressuposto, houve por parte das pesquisadoras o interesse em realizar um levantamento de dados no que compete ao impacto dessa pandemia especificamente na educação e na sua população escolar que está em processo de alfabetização. Em síntese, a pesquisa teve como objetivo verificar se a pandemia gerou impactos negativos ou não na aprendizagem infantil sob uma perspectiva de pais/responsáveis e professores.

A partir da análise de dados das nove entrevistas realizadas, foi possível categorizar os dados de maneira semelhante a formarem cinco categorias mais presentes nos relatos, sendo eles de ordem técnica, aprendizagem, social, emocional e ordem ambiental, sendo a ordem ambiental não abordada com mais detalhes, pois sua discussão não foi significativa ao objetivo da pesquisa, mas pôde ser identificada nas transcrições das entrevistas.

Os resultados analisados permitiram concluir que a pandemia gerou impactos negativos no processo de aprendizagem infantil, confirmando assim a hipótese de pesquisa. Para os entrevistados, houve um déficit na aprendizagem do Ensino Fundamental I, na qual as crianças aprenderam pouco ou nem sequer aprenderam no ano de 2020.

Szegö21 relatou que em março de 2021 o Brasil se tornou o epicentro do COVID-19, epidemia essa que se complicou no país desde seu início. Notou-se o impacto dela em todos os setores sociais no Brasil e com a educação não seria diferente. Dessa forma, era de se esperar que a educação, a base para o desenvolvimento do ser humano, tivesse sido impactada de forma negativa e as pesquisadoras entendem que o Brasil não teve estrutura para a realização da adaptação do ensino e que as estratégias utilizadas pelas redes públicas de ensino não trouxeram benefícios às crianças, gerando ainda mais complexidade no processo de alfabetização infantil.

Notou-se que estratégias que tentaram se aproximar ao formato presencial, utilizadas pelas escolas particulares, tiveram um resultado positivo em comparação à rede pública. Essas estratégias foram evidenciadas por videochamada com contato direto dos alunos com professores, tendo a apresentação de conteúdo, explicações e exposição de exercícios ao vivo com os alunos, sendo assim mais fácil de identificar as dificuldades trazidas pelos alunos. Desse modo, as autoras acreditam que essas estratégias devem ser as mais utilizadas a fim de tentar diminuir o impacto negativo da pandemia na aprendizagem infantil.

Quanto às limitações do estudo, as pesquisadoras entendem que a falta de igualdade entre as escolas públicas e particulares dos participantes pode ser caracterizada como uma limitação, bem como as dificuldades de encontrar materiais atuais sobre o tema e a pouca variação de público das demais regiões do Brasil.

É importante ressaltar que se tratou de uma breve pesquisa de um tema específico que teve impacto por causa da pandemia em 2020 e o presente artigo ainda abriu um campo de possibilidades para que futuras pesquisas continuem a ocorrer a partir de tópicos surgidos entre os relatos dos entrevistados, como os impactos da pandemia no processo de aprendizagem infantil sobre diferentes regiões e escolas do Brasil, como desenvolver ações estratégicas e eficazes para o caso de outra situação semelhante volte a ocorrer e educação pós-pandemia, a fim de compreender se houve mudanças ou não no processo de aprendizagem infantil na educação brasileira.

 

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. O que é Covid? Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid        [ Links ]

2. Iser BPM, Silva I, Raymundo VT, Poleto MB, Schuelter-Trevisol F, Bobinski F. Definição de caso suspeito da COVID-19: uma revisão narrativa dos sinais e sintomas mais frequentes entre os casos confirmados. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(3):e2020233 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/ress/2020.v29n3/e2020233/        [ Links ]

3. Aquino EML, Silveira IH, Pescarini JM, Aquino R, Souza-Filho JA, Rocha AS, et al. Medidas de distanciamento social no controle da pandemia de COVID-19: potenciais impactos e desafios no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2020;25(Supl.1):2423-46 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2020.v25suppl1/2423-2446/pt/        [ Links ]

4. Todos pela Educação. Nota técnica: Ensino a Distância na Educação Básica Frente à Pandemia da Covid-19. São Paulo: Todos pela Educação; 2020 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/todos_pela_educacao/nota_tecnica_ensino_a_ distancia_todospelaeducacao_covid19.pdf        [ Links ]

5. Lima L. MEC autoriza ensino a distância em cursos presenciais. Brasília: Ministério da Educação; 2020 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/busca-geral/12-noticias/acoes-programas-e-projetos-637152388/86441-mec-autoriza-ensino-a-distancia-em-cursos-presenciais        [ Links ]

6. Medeiros RCR, Carvalho MJC. Educação Básica em Tempos de Pandemia. Rev Pedag Ação. 2020;13(1):133-44 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/23759        [ Links ]

7. Macedo NA, Pessanha FNL, Alencar CS. Escola da pequena infância e alguns paradoxos no contexto da pandemia da COVID-19. Olhar Professor. 2020;23:1-6 [acesso 2020 Out 14]. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/684/68464195019/html/        [ Links ]

8. Souza KR, Santos GB, Rodrigues AMS, Felix EG, Gomes L, Rocha GL, et al. Trabalho remoto, saúde docente e greve virtual em cenário de pandemia. Trab Educ Saúde. 2021;19:e00309141 [acesso 2021 Jun 14]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tes/a/RrndqvwL8b6YSrx6rT5PyFw/?format=pdf&lang=pt        [ Links ]

9. Grossi MGR, Minoda DSM, Fonseca RGP. Impacto da pandemia do COVID-19 na educação: reflexos na vida das famílias. Teoria Prática Educ. 2020;23(3):150-70 [acesso 2021 Jun 21]. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/53672        [ Links ]

10. Brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação; 2017 [acesso 2021 Jun 14]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf        [ Links ]

11. Bardin L. Definição e Relação com as Outras Ciências. In: Bardin L. Análise de Conteúdo. 1ª ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes; 1977. p. 27-46.         [ Links ]

12. Machado A. Análise de Conteúdo da Bardin em Três Etapas Simples! Academia [Internet]; 2020 [acesso 2021 Abr 2]. Disponível em: https://www.academicapesquisa.com.br/post/an%C3%A1lise-de-conte%C3%BAdo-da-bardin-em-tr%C3%AAs-etapas-simples        [ Links ]

13. Brasil. Presidência da República. Decreto Nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Diário Oficial da União; 2017 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm        [ Links ]

14. Oliveira FA, Santos AMS. Construção do Conhecimento na Modalidade de Educação a Distância: Descortinando as Potencialidades da EaD no Brasil. EaD Foco. 2020;10(1):e799 [acesso 2020 Set 25].Disponível em: https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/799        [ Links ]

15. Fundação Carlos Chagas. Educação Escolar em tempos de pandemia. São Paulo: Fundação Carlos Chagas; 2020 [acesso 2021 Abr 19]. Disponível em: https://www.fcc.org.br/fcc/educacao-pesquisa/educacao-escolar-em-tempos-de-pandemia-informe-n-1        [ Links ]

16. Oliveira HV, Souza FS. Do conteúdo programático ao sistema de avalição: reflexões educacionais em tempos de pandemia (COVID-19). Bol Conjun (BOCA). 2020; 2(5):15-24 [acesso 2020 Set 25]. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/article/view/oliveirasouza        [ Links ]

17. Tabile AF, Jacometo MCD. Fatores influenciadores no processo de aprendizagem: um estudo de caso. Rev Psicopedag. 2017; 34(103):75-86 [acesso 2021 Abr 19]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862017000100008        [ Links ]

18. Lefrançois GR. Aprendizagem Social: A teoria Cognitiva Social de Bandura. In: Lefrançois GR. Teorias da Aprendizagem: O que o professor disse? 5ª ed. São Paulo: CENGAGE; 2008. p. 372-92.         [ Links ]

19. Azevedo M. A teoria cognitiva social de Albert Bandura. Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; 1997. p. 1-20 [acesso 2021 Abr 19]. Disponível em: https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~mdazevedo/materiais/ME&TES/Aprendiz02CognitSocial.pdf        [ Links ]

20. Nogueira TB, Santos GM, Fonseca GC. Implicações de depressão no rendimento escolar da criança [Internet]. 2014. p. 1-16. [acesso 2021 Abr 19]. Disponível em: https://revistas.unipacto.com.br/storage/publicacoes/2014/implicacoes_da_depressao_no_rendimento_escolar_da_crianca_14.pdf        [ Links ]

21. Szegö T. Com 300 mil mortos por Covid-19, Brasil faz da sua população um grupo de risco; 2021 [acesso 2021 Abr 21]. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/03/24/como-brasil-se-tornou-epicentro- da-pandemia        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Alice Ferreira da Silva
Universidade São Judas
Rua Taquari, 546 - São Paulo, SP, Brasil - CEP 03166-000
E-mail: alicesilva.2245@aluno.saojudas.br

Artigo recebido: 2/9/2021
Aprovado: 16/11/2021

 

 

Trabalho realizado na Universidade São Judas, São Paulo, SP, Brasil.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no formato de artigo ao Curso de Psicologia da Universidade São Judas como parte dos requisitos para obtenção do grau de Psicólogo.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.
* Schumuck & Scumuck, 1997, apud Lefrançois
** Livingston R. Depressive Illness and learning difficulties: Research needs and Practical Implications. J Learn Disabil. 1985;18(9):518-20. apud Nogueira et al.

Creative Commons License