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Revista Psicopedagogia

Print version ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.38 no.117 supl.1 São Paulo  2021

http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20210044 

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

O atendimento psicopedagógico no formato virtual: Uma experiência em construção

 

The psychopedagogical intervention in a virtual environment: An experience under construction

 

 

Jojemima Mesquita

Pedagoga; Psicopedagoga; Mestre em Educação pela Universidade da Madeira - UMA (Funchal - Portugal); Conselheira da Associação da Brasileira de Psicopedagogia - ABPp; Conselheira e Integrante da Comissão Científica da ABPp - PE, Recife, PE, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O cenário da pandemia da COVID-19 provocou mudanças e inovações no contexto da escola e dos atendimentos psicopedagógicos. As atividades presenciais foram suspensas, passando a funcionar no ambiente do lar. Assim, no movimento de ficar em casa, o atendimento psicopedagógico ganha um novo formato por meio da plataforma virtual. Diante das inquietações, dúvidas e incertezas no contexto do desconhecido, a modalidade de atendimento por meio da assistência virtual se apresenta como uma alternativa para a continuidade do fazer psicopedagógico. Nesse contexto de um novo saber, o objetivo deste trabalho é apresentar reflexões a partir de uma experiência em construção na modalidade de atendimento psicopedagógico virtual. Na base epistemológica da Psicopedagogia, a pergunta se revela como uma mola que impulsiona a ação do pensar e do refletir diante das necessidades do tempo vigente. Assim, atribuir e produzir sentidos naquilo que fazemos exige uma reflexão de quem somos e o que queremos fazer diante de um novo saber. Na vivência desta experiência, destacamos a escuta, a autonomia e a autoria do pensar como elementos fundamentais na aprendizagem do psicopedagogo, da família e dos aprendentes, diante do enfrentamento de novas situações. O diálogo narrativo deste fazer psicopedagógico mostra também um reflexo da funcionalidade e do reconhecimento da Psicopedagogia neste momento da pandemia. Por fim, diante de um fazer psicopedagógico em construção, o texto apresenta resultados e achados que nos conduzem a elaborar novos questionamentos e perguntas, pontuando a Psicopedagogia como uma área que transita na incompletude do sujeito aprendente e que, por meio de um olhar sensível e reflexível, alcança o processo de aprendizagem em qualquer circunstância da vida.

Unitermos: Psicopedagogia. Aprendizagem. Inovação. Formato Virtual. Experiência.


ABSTRACT

The COVID-19 pandemic introduced changes and innovations to psychopedagogical intervention in schools. In-person activities were suspended and replaced with at-home alternative learning options. Therefore, psychopedagogical intervention embraces a new setting through virtual meeting platforms. Following this context, and due to concerns, doubts, and uncertainties, virtual assistance reveals itself as an alternative method for psychopedagogical practice. In the context of knowledge construction, the aim of this study is to introduce an experience of psychopedagogical intervention in a virtual environment. With respect to the epistemological basis of Psychopedagogy, questioning is categorized as a tension spring that boosts the actions of thinking and reflecting under present days circumstances. Consequently, in order to make ourselves coherent, it is imperative to reflect on who we are and what we must do in response to this new constructive knowledge. Throughout this experience, we emphasize listening, autonomy, and authorship of reasoning as fundamental elements to the learning process for psychopedagogical professionals, families, and learners, who are adjusting to unanticipated conditions. A narrative dialogue founded on psychopedagogical knowledge recognizes and demonstrates Psychopedagogy and its functional capabilities during the pandemic. In conclusion, this text presents results and discoveries that lead us to new questionings, highlighting Psychopedagogy as an area that helps facilitate the learner's limitations through a sensitive and thoughtful perspective; thus, encompassing the learning process in any life circumstances.

Keywords: Psychopedagogy. Learning. Innovation. Virtual Environment. Experience.


 

 

ENTENDENDO O CONTEXTO

Em tempos de aprender a aprender, somos conduzidos a percorrer caminhos conhecidos e desconhecidos que nos conectam com um mundo de mudanças e inovações, exigindo um novo jeito de pensar e lidar com os desafios.

E, nesse novo jeito de pensar, surgem possibilidades de criação, reflexão, ação e atuação diante do saber.

Nessa via de entendimento, a produção de novos saberes se materializa pelo sentido e significado que o indivíduo atribui ao cenário das experiências vividas.

A Psicopedagogia, no contexto das experiências de aprendizagem, apresenta-se como uma área de conhecimento que busca compreender o sujeito aprendente, o ser cognoscente, considerando as dimensões afetiva, cognitiva e social, apurando, por meio de investigação, observação, hipóteses e intervenções, o melhor caminho para o desenvolvimento do potencial humano.

Nesse caminho interventivo, o movimento da autonomia e da autoria do pensar legaliza o sentido de reconhecimento do sujeito no seu trajeto de aprendizagem.

De posse dessa reflexão, nos fortalecemos com os ensinamentos de Fernández1, quando aduz que a autoria de pensamento é condição para a autonomia da pessoa e, por sua vez, a autonomia favorece a autoria do pensar.

Ao considerar o movimento do aprender, destacamos os elementos da complexidade que nos instiga a elaborar perguntas. A pergunta ocupa um lugar de relevância na dinâmica do fazer psicopedagógico.

Conforme os ensinamentos de Rubinstein2, a pergunta é uma alavanca e mola propulsora movida pela necessidade, desejo e coragem de saber.

Assim, motivada pela pergunta, e observando o atual cenário pandêmico, no qual o mundo, em ações de pesquisa, generosidade, participação e cooperação, se une para entender o caos acentuado pela globalização, concluímos que, na diferença da cultura e dos povos, a igualdade se destaca diante da contaminação pelo coronavírus.

Nesse percurso de incertezas e movida pela coragem e pelo desejo de aprender, este trabalho tem como objetivo apresentar reflexões a partir de uma experiência em construção do atendimento psicopedagógico no formato virtual.

 

COMO TUDO COMEÇOU: O INÍCIO DA EXPERIÊNCIA

Em 11 de março de 2020, o anúncio da pandemia de COVID-19 resultou na suspensão de atividades em alguns espaços, incluindo a escola e as clínicas psicopedagógicas. Um novo modelo de funcionamento surgia, gerando incertezas, e a junção de vários sentimentos fragiliza a vida das pessoas. O medo, a estranheza, a insegurança, o não saber o que fazer diante do que estava por vir assustava, gerando uma certa impotência no enfrentamento desses novos desafios.

Lidar e enfrentar situações novas exige esclarecimentos de quem somos e do que queremos alcançar diante de nós mesmos e do outro.

Nesse contexto, Toffler3 destaca que a responsabilidade da mudança, por conseguinte, está em nós. Devemos começar por nós mesmos, ensinando-nos a não fechar as nossas mentes prematuramente à novidade, ao surpreendente, ao aparentemente radical.

Considerando o corpo teórico da Psicopedagogia, que aborda a importância da dificuldade na aprendizagem e todo processo envolvido no enfrentamento e na superação de novos desafios, naquele momento do anúncio da pandemia eu estava diante do desconhecido, da novidade, e o medo sondava minha mente.

Contudo, nesse ambiente de receio e medo, Fernández1 destaca que o desafio com o encontro do novo e com o fazer-se responsável por tê-lo procurado é inerente à aprendizagem. O desejo costuma estar vestido com a roupagem do medo.

Assim, dar continuidade ao meu fazer psicopedagógico, que até então se materializava na modalidade presencial, exigiu, no início dessa experiência, uma pausa, um intervalo, um tempo para um reconhecimento e pertencimento ao complexo e admirável mundo da plataforma virtual.

 

O INTERVALO: MOMENTO DE ESCUTA

Na intenção de perceber e sentir os elementos subjetivos envolvidos no processo de adaptação e reinvenção, os ingredientes da sensibilidade e reflexão nos conduzem a uma leitura das nossas próprias dificuldades para entender e lidar com os desafios da vigente realidade. Segundo Scoz4, os sujeitos críticos que exercitam e confrontam seus pensamentos podem gerar novos sentidos, que contribuem para modificações neles mesmos e nos espaços sociais onde atuam.

Nesse mergulho subjetivo, e revisitando a trajetória da construção da minha identidade enquanto psicopedagoga, Fernández5 aponta que, para que o conhecimento seja aprendido, deve ter significado pelo ensinante como algo bom, que ele tem para dar a alguém que é único, original e significativo para ele. Fundamentada na reflexão da autora, o saber e o fazer psicopedagógico se fortalece na funcionalidade do sentido atribuído às situações de aprendizagem que surgem no percurso da intervenção.

Reconhecendo que a formação do psicopedagogo se constrói a partir de uma leitura ética sensível e reflexível do seu fazer pessoal e profissional, o momento do recuar, pausar, foi fundamental para contextualizar o processo de mudança e me disponibilizar para o desconhecido. Na visão da psicopedagoga Barbosa6, aprender é poder deixar-se mobilizar por um conhecimento que não se conhece, desejar conhecê-lo, explorá-lo, relacioná-lo aos conhecimentos já existentes, transformá-lo em instrumento para agir sobre a realidade, nos disponibilizar para o enfrentamento de novos desconhecidos.

Nessa busca de reconhecimento e pertencimento diante das novas notícias e configurações, o cuidado de elaborar questões me permitiu pensar, como sujeito desejante e aprendente, na possibilidade de refletir a Psicopedagogia diante de um novo saber e fazer. Assim, foi preciso perguntar:

Como me vejo neste momento?

Quais as minhas dificuldades?

O que eu preciso ressignificar a partir da construção da minha identidade psicopedagógica?

Tenho desejo e disponibilidade para aprender?

O que significa ficar diante do outro que confia em mim?

 

A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO SABER E FAZER PSICOPEDAGÓGICO: O ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO À LUZ DA ASSISTÊNCIA VIRTUAL

Passando pela parte da pausa, do intervalo e da reflexão do fazer psicopedagógico, surge a provocação para adentrar no cenário do atendimento virtual. Na condição de psicopedagogas, somos desafiados a inovar, sem perder de vista o olhar da cena e, principalmente, o objeto de estudo da Psicopedagogia: a aprendizagem humana.

Assim, o homem, na natureza de sua incompletude, evolui conforme as demandas e os paradigmas do momento em curso, que ditam as reais necessidades da sociedade, sugerindo a construção de novos olhares, posturas e reflexões sobre a prática vigente.

Nessa linha de pensamento, Monteiro7 alerta que o novo tempo não é apenas de caos e incerteza. É uma era de oportunidades propícia para revisão de conceitos e a construção de novos saberes.

De posse desse diálogo narrativo de experiência, Fernández8 enfatiza que a psicopedagoga ou o psicopedagogo é alguém que convoca todos a refletirem sobre sua atividade, a reconhecerem-se como autores, a desfrutarem o que têm para dar.

Ao iniciar o atendimento psicopedagógico na modalidade de aprendizagem virtual, não sei se fui convocada ou solicitada; naquele momento, o importante foi o sentido que a família e os aprendentes atribuíram ao reconhecimento e à funcionalidade da Psicopedagogia em suas vidas.

Por meio de mensagens e telefonemas, fomos construindo um diálogo e nos aproximamos de uma nova modalidade, nomeada "Assistência Virtual com atitude psicopedagógica". Uma alternativa de atendimento estruturada pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), pensada e elaborada pelos membros do grupo emergencial.

No bloco de mensagens, três chamaram atenção:

- Vai ter atendimento on-line? Vai ter atendimento on-line? Vai ter atendimento on-line?

- Estou entediado, preciso conversar...

- Estou estudando on-line, posso ter o atendimento on-line também?

Interpretando as mensagens, a solicitação de ajuda, a necessidade do olhar e da escuta se destacavam, colocando em evidência o valor e a importância da Psicopedagogia, enquanto área de conhecimento que possibilita o vínculo com o saber e o conhecer, nutrindo o acolhimento, o afeto, a relação social e o desejo de aprender.

Na ocasião, o sujeito desejante e aprendente que habita no meu fazer pessoal e psicopedagógico nutre-se pelo desejo do outro em estar junto para aprender, e a autonomia do pensar se revelava com alegria e curiosidade diante do enfrentamento do novo.

Conforme Barbosa9, os psicopedagogos estão sempre diante de algo novo, inusitado e, para aprender a lidar com aprendizes e aprendizagens, também é preciso se preparar para as surpresas que emergem.

 

O ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO VIRTUAL COM A FAMÍLIA E OS APRENDENTES

Atendimento com a família

O início do atendimento psicopedagógico na modalidade assistência virtual teve como ponto de partida a escuta com a família. Sentir, perceber e interpretar as inquietações da família no cenário da pandemia foi fundamental para elaborarmos um plano de trabalho e um percurso significativo de intervenções que possibilitassem, não apenas o retorno dos atendimentos, mas o envolvimento da família no processo.

No movimento da escuta com a família, construímos um diálogo com os seguintes pontos:

Família no contexto da pandemia: como gerir este momento?

Quais as dificuldades encontradas?

Qual o sentido do atendimento psicopedagógico na modalidade virtual?

Envolvimento da família no processo do atendimento psicopedagógico.

Dinâmica do atendimento psicopedagógico em casa.

Atendimento com os aprendentes

Retornar os atendimentos e possibilitar o envolvimento no processo foi um desafio vivido e superado a cada encontro. O consultório veio para minha casa e foi para a casa dos aprendentes. O espaço para o atendimento com as crianças e adolescentes foi planejado com muito zelo e afetividade. Alguns objetos do espaço presencial foram transferidos para o espaço virtual de atendimento, com a finalidade de deixar o ambiente familiar, no que se refere àquilo que já tínhamos visto e vivido.

A família já tinha sido orientada quanto à preparação do ambiente para a vivência do atendimento psicopedagógico. Assim, o início desse novo saber não se restringia ao domínio das plataformas e técnicas digitais apenas, mas a atuar em um novo espaço de aprendizagem, no qual as circunstâncias da crise pandêmica mundial, por meio das ferramentas tecnológicas, abriam fronteiras para o atendimento psicopedagógico na modalidade de assistência virtual.

Entendendo a Psicopedagogia como uma área do conhecimento que busca, na sua essência, provocar o desejo de saber, conhecer e aprender, o pensar e refletir sobre o que fazemos, como fazemos e como queremos fazer contribuiu para ressignificar o meu olhar e a minha escuta psicopedagógica diante de um saber em construção.

Nessa linha de reflexão, Fernández10 endossa que o pensar surge a partir da necessidade de resolver conflitos e da confiança em resolvê-los. A inteligência é a capacidade de 'se desadaptar criativamente ao meio'. Desadaptação criativa, que supõe uma certa negociação entre o impossível do desejo, o possível do pensar e o provável da atividade transformadora.

Assim, frente a uma ação transformadora no movimento de construção, desconstrução e construção, elaboramos um plano de intervenção priorizando inicialmente o acolhimento e a escuta das crianças e dos adolescentes. Ressaltamos que, diante da complexidade do processo, optamos em atender na modalidade virtual os aprendentes que já vinham sendo atendidos presencialmente. Buscando materializar o processo do atendimento psicopedagógico no formato virtual, apresento alguns pontos reflexivos que foram de grande relevância para o início do percurso das intervenções.

Acolhimento e escuta dos aprendentes;

Contextualização do cenário da pandemia;

Qual o sentido de estarmos no espaço virtual neste momento?

Qual o sentido do atendimento psicopedagógico na minha aprendizagem?

A importância do envolvimento e implicação no processo de acompanhamento;

Funcionamento dos encontros virtuais para o atendimento;

Preparação e organização do espaço para os atendimentos.

 

O ATENDIMENTO, AS NARRATIVAS DOS APRENDENTES E OS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA NA MODALIDADE ASSISTÊNCIA VIRTUAL

Durante os atendimentos, ficamos atentos aos detalhes no que se refere ao comportamento dos atendidos. Elementos como o envolvimento e o sentido atribuído às novas situações de aprendizagem e o vínculo entre psicopedagoga e aprendentes produziram efeitos significativos para a vivência do processo e achados na experiência em construção.

Na complexidade da experiência de um fazer em construção se desenhavam as possibilidades para uma ação criativa e reflexiva na Psicopedagogia.

As falas das crianças e dos adolescentes mapearam pontos fundamentais para avaliarmos o processo e possíveis resultados da experiência diante de um novo saber e fazer.

Narrativas dos aprendentes:

- Estar aqui, pelo computador, também é muito bom; parece que eu estou no consultório;

- Pode ser 3 vezes por semana?

- Às vezes, tenho que dividir o quarto com meu irmão, ele fica me olhando e vendo o que estou fazendo;

- Quero te mostrar a atividade que eu mais gostei de fazer nesta semana;

- Às vezes, tenho preguiça de pensar e fazer a tarefa;

- Saudade da minha escola;

- O melhor dia é quando tenho atendimento on-line.

Considerando as narrativas dos atendidos, carregadas de elementos objetivantes e subjetivantes, e o desafio do encontro com o desconhecido, o desejo de aprender nutre a trajetória dessa experiência, colocando em destaque o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo.

Segundo Fernández11, o organismo transversalizado pelo desejo e pela inteligência conforma uma corporeidade, um corpo que aprende, goza, pensa, sofre ou age.

Nessa via de reflexão, durante a vivência da experiência narrada encontramos um organismo com oscilações no núcleo atencional, em consequência do cenário pandêmico. Contudo, a introdução de um novo saber e fazer foi alimentada pelo desejo de conhecer e aprender. Nesse jogo do conhecido e desconhecido, o corpo ganha voz e movimento, reconhecendo-se como receptor do saber diante da funcionalidade da inteligência em lidar com os conflitos na aprendizagem.

No âmbito dessa experiência, fomos observando e encontrando achados mediante as leituras que fundamentaram nosso trajeto. Assim, fortalecidos na ação e na atitude psicopedagógica, apresentamos os resultados desse fazer construído no cenário pandêmico com a família e os aprendentes.

Leitura e aprofundamento de um novo saber e fazer psicopedagógico;

Acolhimento e escuta da família e dos aprendentes;

Amenizou o desconforto diante das perdas na pandemia;

Continuidade da escuta e do diálogo com a família, a escola e os aprendentes;

Organização na dinâmica do estudo;

Nutriu e manteve a alegria e o desejo de aprender;

Vínculo com o conhecimento;

Novas experiências de aprendizagem;

O sentido de aprender em novos espaços de aprendizagem (virtual);

Disponibilidade de aprender diante do novo;

Parceria com outros profissionais;

Compreensão da Psicopedagogia na plataforma digital.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Elaborar as considerações finais não significa o término do trabalho apresentado, mas apontar e analisar resultados que venham produzir efeitos teóricos e práticos no fazer vivenciado.

Assim, ao narrar essa experiência em construção sobre o atendimento na assistência virtual com atitude psicopedagógica, novos elementos vão surgindo e apontando caminhos e recursos para o aprofundamento desse novo saber e fazer, apresentado pela Psicopedagogia no cenário da pandemia.

Nessa trilha desconhecida, a Psicopedagogia nos encaminha de modo contundente a pensar e refletir sobre o que podemos fazer diante da complexidade em que transita o processo de aprendizagem. Compreendendo a natureza da experiência vivida, enxergamos na essência da Psicopedagogia a importância da provocação e da pergunta. De acordo com Fernández1, a riqueza da pergunta relaciona-se com a possibilidade de perguntar-se.

Verificando os efeitos e a contribuição dessa experiência na modalidade de atendimento virtual sob o olhar da Psicopedagogia, observou-se que, na incompletude da formação do sujeito, a autonomia e a autoria do pensar nos levam a atribuir sentidos e significados à ação do aprender e do conhecer, diante das reais necessidades do tempo vigente.

Observou-se, ainda, que o atendimento e a aprendizagem no ambiente virtual não se baseiam apenas no uso e domínio das tecnologias, mas na capacidade de construir e manter o vínculo afetivo com o conhecimento, com o ensinante e o aprendente e com o movimento da produção de sentidos, no contexto vivido a partir do reconhecimento do fazer psicopedagógico nesse espaço.

Diante do processo de construção desse novo saber e fazer, reconhecemos que o ponto de sustentação, segundo Fernández1, é conectar-se com o prazer de ser autor, com a experiência, a vivência de satisfação do prazer de encontrar-se autor.

Finalmente, destacamos que o atendimento psicopedagógico na modalidade de assistência virtual, nas circunstâncias do cenário pandêmico e sob o olhar da educação e da Psicopedagogia, possibilitou novos trajetos, não apenas para resolver problemas conhecidos, mas na capacidade de identificar situações novas a partir de perguntas e questionamentos, provocando mudanças e inovações na esfera da pesquisa e produção de novos conhecimentos na epistemologia da Psicopedagogia.

 

REFÊRENCIAS

1. Fernández A. O Saber em Jogo: A Psicopedagogia Propiciando Autorias do Pensamento. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 34, 55, 91, 176.         [ Links ]

2. Rubinstein E. A Pergunta no Processo de Ensino - Aprendizagem. Rev Psicopedag. 2019;36 (111):317-31.         [ Links ]

3. Toffler A. A Terceira Onda. Rio de Janeiro: Record; 2007. p. 433.         [ Links ]

4. Scoz BJL. Identidade e Subjetividade de Professore/as: Sentidos do Aprender e Ensinar [Tese]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2004.         [ Links ]

5. Fernández A. A Mulher escondida na professora: uma leitura psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed; 1994. p. 68.         [ Links ]

6. Barbosa LMS. Psicopedagogia: Um Diálogo entre a Psicopedagogia e a Educação. Curitiba: Bolsa Nacional do Livro; 2008. p. 26.         [ Links ]

7. Monteiro E. Inclusão Digital. Educar na Cultura Digital. Pátio Rev Pedagóg. 2009/ 2010;13(52):36-8.         [ Links ]

8. Fernández A. Os Idiomas do aprendente: análise das modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre Artmed; 2001. p. 35.         [ Links ]

9. Barbosa LMS. Por que Arte e Aprendizagem? Por que Aprendizagem e Arte? Por que Arte na Formação do Psicopedagogo? Rev Psicopedag. 2019;36(110):246-55.         [ Links ]

10. Fernández A. A Atenção aprisionada: psicopedagogia da capacidade atencional. Porto Alegre: Penso; 2012. p. 226.         [ Links ]

11. Fernández A. A Inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed; 1991. p. 57.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Jojemima Mesquita
R. Feliciano José de Farias, 25 - Boa Viagem
Recife, PE, Brasil - CEP 51030-450
E-mail: jojemimamesquita@gmail.com

Artigo recebido: 28/3/2021
Aprovado: 3/6/2021

 

 

Trabalho realizado no Espaço de Aprendizagem Psicopedagógico (Clínica Psicopedagógica), Recife, PE, Brasil.
Conflito de interesses: A autora declara não haver.

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