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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.39 no.118 São Paulo jan./abr. 2022

http://dx.doi.org/10.51207/2179-4057.20220007 

ARTIGO DE REVISÃO

 

Avaliação de habilidades sociais em universitários

 

Assessment of social skills among college students

 

 

Mariana de Oliveira BortolattoI; Julya KronbauerII; Gabriela RodriguesIII; Jéssica LimbergerIV; Carolina Baptista MenezesV; Ilana AndrettaVI; Fernanda Machado LopesVII

IUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil
IIUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil
IIIUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil
IVUniversidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI Erechim), Erechim, RS, Brasil
VUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil
VIUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil
VIIUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O tema das habilidades sociais tem sido estudado no contexto universitário devido à sua importância nas relações interpessoais e adaptação às demandas da vida acadêmica. O objetivo desta revisão crítica da literatura foi analisar os resultados de estudos empíricos sobre avaliação das habilidades sociais em universitários, verificando instrumentos utilizados, temáticas recorrentes e resultados alcançados. Foram incluídos artigos indexados nas bases PubMed, PsycINFO, BVS-PSI, SciELO e LILACS. Foram encontrados 235 artigos e, após exclusões, 29 artigos foram selecionados para a análise final. Os resultados mostraram correlação positiva entre um bom repertório de habilidades sociais e assertividade, senso de autoeficácia, interações sociais satisfatórias e adaptação acadêmica; mas não entre habilidades sociais e habilidades de raciocínio intelectual, tipo de curso ou universidade. Futuros estudos poderão incluir métodos de avaliação multimodal, que sirvam de diretrizes para o desenvolvimento de protocolos de treinamento dessas habilidades. Acredita-se que o presente estudo possa contribuir para avanços em pesquisas na área escolar e educacional, pois o ambiente escolar, desde as séries iniciais até a universidade, é um contexto relevante para o desenvolvimento das habilidades sociais.

Unitermos: Habilidades Sociais. Universitários. Revisão. Educação.


SUMMARY

Social skills have been studied in the university context due to its importance in interpersonal relationships and demands of academic's life adaptation. This study aimed to analyze the results of empirical studies about the assessment of social skills among college students, verifying instruments used, recurrent themes and results achieved. It was included articles indexed on PubMed, PsycINFO, BVS-PSI, SciELO and LILACS. Initially, 235 articles were found and, after exclusions, 29 articles were selected for the final analysis. Results showed a positive association between a good repertoire of social skills and assertiveness, sense of self-efficacy, satisfactory social interactions and academic adaptation; but not between social skills and intellectual reasoning abilities, type of course or university. Future empirical studies should consider including multimodal assessment methods, in order to help promoting guidelines for the development of protocols for social skills training. This study can contribute to advances in research in the educational area, as the school environment from preschool to college is a relevant context for the development of social skills.

Keywords: Social Skills. College Students. Review. Education.


 

 

INTRODUÇÃO

Na atualidade, o tema habilidades sociais (HS) tem sido destaque de muitas pesquisas que apontam sua relevância para o desenvolvimento dos indivíduos, suas relações e sua vida em sociedade1-4. A abrangência do campo das HS decorre das várias influências na sua constituição e também de sua ampla aplicabilidade. O tema começou a ser abordado a partir de Salter, em 1949, com técnicas para promover maior expressividade verbal e facial; obteve acréscimos da teoria de Wolpe e Lazzarus sobre treinamento assertivo; até chegar ao treinamento de habilidades sociais propriamente dito com Argyle, de 1967 a 1994. Outros modelos como a teoria de papéis, derivada da psicologia social, a teoria da aprendizagem social, a teoria da percepção social e o modelo cognitivo também influenciaram na consolidação do campo1,5,6.

Em termos conceituais, as HS são definidas como um conjunto de capacidades e aptidões de um indivíduo que o levam a manifestar um comportamento social desejável em determinada cultura; ou seja, ações que geram satisfação tanto para o indivíduo como para os demais integrantes do grupo social a que ele pertence, equilibrando, de forma proporcional, demandas internas e pessoais com as externas e sociais6-8. Tais conjuntos de comportamentos envolvem principalmente habilidades de comunicação, como fazer e responder perguntas; de empatia, como compreender os valores do outro e o apoiar em situações adversas; e de assertividade, como saber elogiar, questionar, criticar e discordar de forma não agressiva, tampouco passiva8. Em suma, são habilidades aprendidas que envolvem o respeito a si mesmo e ao próximo, possibilitam a resolução de problemas de forma assertiva e formam a base das interações sociais9.

Em relação à aplicabilidade, as HS têm sido referidas como moderadoras em diversos contextos, como o acadêmico e o clínico, e para diferentes problemas, como ansiedade, dificuldades interpessoais, fobia social, transtornos relacionados ao uso de substâncias, entre outros1,6,10. No dia a dia, tais habilidades são utilizadas em diversos momentos e em situações que envolvem diferentes níveis de complexidade, desde iniciar e manter uma conversa, pedir um favor, manifestar opinião, até fazer amizades ou resolver problemas. Estas habilidades são importantes para as interações sociais mais saudáveis e proporcionam melhor qualidade de vida para todas as pessoas envolvidas11.

A presença de comportamentos socialmente habilidosos favorece o desenvolvimento saudável e facilita as interações sociais, servindo, portanto, como fator de proteção. Este, por sua vez, auxilia na redução de efeitos negativos dos eventos e desafios enfrentados pelas pessoas12. No caso dos jovens, um bom repertório de HS pode auxiliar na construção e manutenção de relacionamentos que se tornem redes de apoio efetivas13. Estudos mostram associações positivas entre HS e fatores de proteção intrínsecos como autoestima e autoeficácia13, fatores estes importantes para uma maior capacidade de lidar com os obstáculos e resolver problemas, favorecendo relações interpessoais mais saudáveis e funcionais14.

Por outro lado, déficits em HS caracterizam-se como fatores de risco, já que são prejudiciais tanto ao próprio indivíduo como para as pessoas com quem interage, gerando relações empobrecidas e disfuncionais15. Estes déficits podem reduzir o senso de autoeficácia e autoestima, aumentar o nível de ansiedade e impactar no desempenho social, fatores que podem resultar em isolamento e maior probabilidade de desenvolvimento de prejuízos e transtornos psicológicos12.

Na adolescência e adultez jovem, período em que ocorrem importantes alterações biopsicossociais, um repertório empobrecido de HS pode ser um fator dificultador para a construção da identidade pessoal e profissional, servindo como obstáculo para o estabelecimento de novos vínculos, o ingresso na faculdade ou para a capacidade de lidar com as demandas universitárias, por exemplo16,17.

No contexto universitário, as HS são vistas como facilitadoras na adaptação ao Ensino Superior18, sendo que especialmente as habilidades de enfrentamento, autoafirmação e autocontrole da agressividade podem influenciar positivamente no desempenho acadêmico19. Ainda, estudos evidenciam que os estudantes que possuem maior repertório de HS possuem maior autoestima, menos sentimentos negativos como solidão, tristeza e ansiedade, melhor rendimento escolar e menos problemas de comportamento relacionados à adaptação à universidade20,21. Por outro lado, a literatura aponta que existe uma relação inversa entre repertório de HS e problemas psicológicos para o estudante universitário18,22-24. Ou seja, déficits nas HS podem afetar o rendimento e a permanência dos estudantes no meio acadêmico, contribuindo para os índices de evasão escolar e para o desenvolvimento ou agravamento de transtornos mentais como transtornos de humor, ansiedade, uso de drogas e tentativas de suicídio1,25.

Tendo em vista os dados apresentados, identifica-se que as pesquisas sobre HS com universitários mostram que as mesmas podem atuar como fatores de risco ou proteção neste ambiente1,25. Entretanto, há a carência de uma sistematização de estudos sobre quais HS os universitários possuem facilidades ou dificuldades, bem como a quais fatores do contexto universitário elas estão relacionadas.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar os resultados de estudos empíricos sobre avaliação das HS em universitários, verificando instrumentos utilizados, temáticas recorrentes e resultados alcançados. Acredita-se que esta sistematização possa servir de subsídio para o desenvolvimento de programas de treinamento de HS a serem ofertados pelas instituições de Ensino Superior.

 

MÉTODO

Esta pesquisa caracteriza-se como uma revisão crítica da literatura que investigou o panorama das publicações no período de 2009 a 2018 sobre avaliação de HS com universitários. A busca de alta sensibilidade foi realizada no dia 10 de janeiro de 2019 em artigos empíricos indexados nas bases de dados da PubMed, PsycINFO, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS-PSI), SciELO e LILACS. Estas bases foram escolhidas devido a sua área de abrangência, quantidade e qualidade de artigos indexados. Os descritores e os operadores booleanos utilizados foram "habilidades sociais" OR "habilidades interpessoais" AND universitários OR graduandos OR acadêmicos, e seus respectivos termos em inglês ("social skills" OR "interpersonal skills" AND "college students" OR academics OR graduates) e espanhol ("habilidades sociales" OR "habilidades interpersonales" AND universitários OR académicos OR graduandos).

Para que a busca pudesse abranger o tema em sua ampla variedade, tanto artigos nacionais quanto internacionais foram definidos como material de pesquisa. Além disso, foram estabelecidos previamente os critérios de inclusão e exclusão dos estudos. Os critérios de inclusão foram: a) o material ser necessariamente um artigo empírico publicado entre 2009 e 2013 nos idiomas português, inglês ou espanhol; b) os descritores obrigatoriamente estarem no título, resumo ou palavras-chave; e c) o tema HS ser foco principal de investigação no estudo. Como critérios de exclusão foram considerados: a) o conceito de habilidades interpessoais compreendido de forma diferente do de HS; b) estudos nos quais universitários não eram o público-alvo; c) estudos que não utilizaram instrumentos para avaliar as HS; e d) estudos sobre treinamento em HS.

 

RESULTADOS

As buscas nas cinco bases de dados citadas, conforme as palavras-chave, resultaram em 235 artigos. Excluídas as duplicidades e considerando aqueles que preenchiam os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 29 artigos, conforme apresenta a Figura 1. Estes foram analisados e categorizados de acordo com o tema principal de investigação: a) Instrumentos de Avaliação de HS (04); b) HS e Transtornos Mentais (07); e Avaliação de HS (19). O artigo de Angélico et al.26 aparece em duas categorias porque tinha dois objetivos: um relacionado a manifestações clínicas do Transtorno de Ansiedade Social (TAS); e outro referente à validade discriminativa do Inventário de Habilidades Sociais (IHS-Del-Prette).

 

 

Instrumentos de avaliação de habilidades sociais

Nesta categoria foram agrupados os quatro estudos com foco principal na avaliação e validação de instrumentos de avaliação de HS. Três deles utilizaram o IHS-Del-Prette, dois como medida de referência para verificar a validade de um novo instrumento27,28 e um para avaliar propriedades psicométricas do próprio IHS-Del-Prette26. O IHS-Del-Prette foi desenvolvido no Brasil por Del Prette & Del Prette29, contém 38 itens que avaliam as dimensões situacional e comportamental das HS do indivíduo e tem sido a ferramenta mais utilizada nos estudos sobre HS (utilizado em 25 dos 29 estudos incluídos nesta revisão).

O estudo 1 desta categoria27 analisou a validade do Questionário de Avaliação de Comportamentos e Contextos para Universitários (QHC-Universitários) e constatou correlação positiva moderada (r=0,498; p=0,001) entre o escore total do IHS-Del-Prette e o indicador "Falar em Público" e correlação negativa moderada (r=0,475; p=0,003) com o indicador "Dificuldades" do QHC. Em relação às propriedades psicométricas, o QHC apresentou alfas de Cronbach de 0,657 tanto na parte 1 quanto na parte 2, sendo este considerado um valor aceitável para consistência interna. Assim, tendo o IHS-Del-Prette como medida de referência, os autores concluíram que o QHC é um instrumento válido para avaliar o construto HS27.

O segundo estudo25 verificou a validade do Questionário de Competências Sociais para Universitários Argentinos (SSQ-U), instrumento composto por 20 itens e baseado na adaptação do IHS-Del-Prette. Em relação às qualidades psicométricas, o questionário apresentou coeficientes satisfatórios de confiabilidade para cada fator (alfas de Cronbach acima de 0,75). Os resultados obtidos apontaram evidências de validade convergente e discriminante e o SSQ-U foi considerado válido e confiável para mensurar o constructo habilidades sociais em estudantes universitários argentinos.

O terceiro estudo26 teve como objetivo aferir a validade discriminativa e preditiva do IHS-Del-Prette no diagnóstico do TAS entre universitários e constatou que o IHS-Del-Prette foi eficaz para distinguir indivíduos com e sem TAS na amostra investigada. Por fim, o quarto estudo desta categoria30 buscou analisar as propriedades psicométricas da Escala Multidimensional de Expressão Social (EMES), composta por 44 itens tipo Likert que englobam distintos contextos, interlocutores e diferentes demandas interpessoais com objetivo de avaliar HS no ambiente real e virtual (Internet). Os resultados mostraram que a escala EMES apresenta alta consistência interna (alfa de Cronbach 0,92) e estabilidade temporal aferida pelo teste-reteste (r=0,83); sendo, portanto, indicada para avaliar HS tanto em contexto real como de Internet30. Contudo, ressalta-se que tanto o SSQ-U quanto o EMES não estão validados para a população brasileira.

Habilidades sociais e transtornos mentais

A Tabela 1 apresenta um resumo dos objetivos, instrumentos e principais resultados dos artigos incluídos na busca que investigaram a relação entre HS e transtornos mentais como ansiedade social, depressão e transtorno relacionados ao álcool ou outras drogas. Em relação à análise de resultados e os delineamentos de pesquisa, um artigo utilizou o delineamento experimental26, um artigo buscou estabelecer relação, utilizando correlação de Pearson31, e cinco utilizaram de delineamento quasi-experimental, realizando teste t, ANOVA ou regressão logística32-36.

Dos sete artigos desta categoria, três deles investigaram a relação entre uso de drogas e HS, sendo dois sobre tabaco32,35 e um sobre álcool31. Os resultados dos estudos sobre tabaco mostraram que fumantes apresentaram melhores escores apenas no Fator 1 "Enfrentamento com Risco" do IHS-Del-Prette quando comparados a não fumantes35 ou a fumantes com baixo nível de dependência32, sem diferença em outras HS. Já o estudo sobre álcool não encontrou associação entre beber problemático e déficits em HS, embora quase 30% da amostra tenha apresentado repertório de HS abaixo da média, com indicação para o treinamento em habilidades sociais (THS)31.

A ansiedade social enquanto transtorno foi tema em dois artigos encontrados, ambos com foco em comparar o repertório de HS de universitários com e sem o diagnóstico do transtorno26,34. Como resultados, os universitários com ansiedade social obtiveram pontuação inferior no escore total de HS e, em especial, nas habilidades de falar em público medidos pelo IHS-Del-Prette26. Além disso, constatou-se associação entre HS e ansiedade, principalmente porque os domínios de falar em público, potencialidades, dificuldades e escore total de HS foram preditores de ansiedade social.

Por fim, achados similares foram encontrados nos dois estudos que compararam as HS e suas consequências nas interações de universitários com e sem diagnóstico de depressão. O grupo clínico mostrou escores significativamente inferiores nas HS e o repertório deficitário de HS foi preditor de depressão33,36.

Avaliação de habilidades sociais

A Tabela 2 apresenta os objetivos, instrumentos e principais resultados das 19 pesquisas encontradas sobre avaliação de HS. Dos 19 artigos encontrados, 18 são nacionais e um internacional37. Nos estudos nacionais, apenas um deles não utilizou o IHS-Del-Prette como instrumento para aferir HS e relacionar com outros instrumentos, preferindo o Questionário de Avaliação de Comportamentos e Contextos para Universitários (QHC-Universitários)38.

Dentre os estudos, três tiveram como objetivo categorizar as HS em universitários11,38,39 e três tiveram como objetivo investigar a relação entre HS e algum tipo de interação, como aceitação, rejeição ou falar em público40-42. Outros sete focaram na relação entre HS e constructos relacionados a aspectos pessoais, como por exemplo inteligência e humor19,37,43-47. Por fim, os seis restantes objetivaram avaliar HS e experiências acadêmicas24,25,48-51.

Em relação aos delineamentos e análise dos resultados, 15 artigos utilizaram correlação, outros três, de delineamento quasi-experimental, utilizaram outras formas de análise, como teste t ou equivalente para comparar médias de diferentes grupos11,38,39 e o último, de delineamento experimental, utilizou a análise de variância (ANOVA)42. Dezesseis dos 19 estudos apresentaram resultados significativos (Tabela 2); um apresentou correlações muito fracas ou inexistente48 e dois deles não apresentaram os resultados esperados, não identificando relação significativa entre HS e os outros constructos avaliados24,49.

 

DISCUSSÃO

O objetivo deste trabalho foi analisar os resultados de estudos empíricos sobre avaliação das HS em universitários, verificando instrumentos utilizados, temáticas recorrentes e resultados alcançados. Considerando a diversidade de estudos que foram encontrados, a discussão dos resultados foi realizada a partir de duas categorias: instrumentos de avaliação de HS em universitários e avaliação das HS de universitários com características clínicas e não clínicas.

Em relação aos achados sobre instrumentos de avaliação de HS, o fato do IHS-Del-Prette ter sido utilizado em todos os estudos, seja como instrumento de avaliação propriamente dito, seja como medida de referência para validação de novos instrumentos, indica que o mesmo tem sido amplamente preferido na avaliação de HS em universitários. Embora seja importante que mais instrumentos sejam desenvolvidos, o fato do mesmo inventário ter sido utilizado em diferentes estudos torna mais confiável a comparação dos resultados, uma vez que garante a padronização do aspecto metodológico.

Nesse sentido, o mesmo instrumento permite a avaliação das mesmas dimensões, favorecendo que os resultados sejam passíveis de serem comparados. A literatura aponta que a falta de padronização na escolha dos instrumentos, dos procedimentos e das análises estatísticas pode produzir diferentes resultados devido às diferenças metodológicas e não propriamente devido às variáveis medidas, podendo mascarar os efeitos encontrados e comprometer as conclusões comparativas dos achados52.

De fato, estudos de comparação de resultados devem considerar se o método utilizado em cada estudo permite tal comparação. Por outro lado, Leme et al.53 apontam que uma avaliação completa das HS implica em uma estratégia multimetodológica, utilizando diferentes instrumentos e procedimentos, considerando mais de um informante e contexto. Nessa perspectiva, há de se considerar a importância de instrumentos complementares na avaliação das HS, como instrumentos de autorrelato, entrevistas clínicas e observação de comportamentos2,7.

Considerando a relação entre HS e transtornos mentais, sete estudos incluídos nesta revisão compararam HS de universitários com e sem alguma condição clínica como ansiedade, depressão ou abuso de drogas, sendo que a maioria encontrou menor pontuação relacionada às HS nos grupos clínicos com depressão e ansiedade. Tal relação já era esperada, embora não se possa, ainda, estabelecer relação de causa-efeito devido aos delineamentos empregados, mas sim propor uma relação de vulnerabilidade e retroalimentação entre problemas relacionados a HS, ansiedade e depressão54,55.

Apesar da ausência de relação causa e efeito, é possível pensar em duas possibilidades nessa relação. A primeira refere-se à possibilidade de pessoas com déficits em HS serem mais vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos mentais quando expostas a situações estressantes por não possuírem os recursos socioemocionais necessários para lidar de forma assertiva com eles. Outra possibilidade aponta que, mesmo com altos escores de HS, indivíduos com transtornos não estão conseguindo utilizá-las nos diferentes contextos de interação devido à condição clínica. Logo, as deficiências propriamente relacionadas às HS podem contribuir para o desencadeamento do transtorno mental e este, por sua vez, pode dificultar que indivíduos socialmente hábeis utilizem seus recursos nas interações, mantendo o quadro sintomático e dificultando a melhora terapêutica2,54.

Sobre os estudos de avaliação de HS em universitários não clínicos, foram encontradas 19 pesquisas nos últimos dez anos, o que demonstra o interesse dos pesquisadores neste tema e público-alvo. Na sociedade atual, as instituições de Ensino Superior têm tido cada vez mais importância, pois, com as tecnologias e o ritmo intenso da evolução do conhecimento e da ciência, cursar uma universidade pode representar um grande passo para o jovem conseguir ingressar no mercado de trabalho. Contudo, ingressar na universidade implica em diversas transformações na vida do indivíduo e pode colaborar para níveis maiores de estresse e ansiedade, que, por sua vez, são capazes de prejudicar o desempenho acadêmico. Um aspecto fundamental para uma boa saúde mental por parte dos mesmos é a qualidade da adaptação a este novo contexto, que pode ser facilitada quando se tem HS bem desenvolvidas16,56.

Nesta perspectiva, investigar quais fatores no âmbito universitário estão relacionados a déficits nas HS e quais estão relacionados a um bom repertório das mesmas pode contribuir para direcionar ações institucionais que visem ampliar os fatores de proteção e minimizar os fatores de risco neste ambiente. Os estudos de avaliação de HS neste público-alvo encontraram correlação positiva entre HS e expectativas acadêmicas, adaptação acadêmica, uso de humor com amigos e colegas, senso de autoeficácia, padrões de interação mais adequados e satisfatórios, idade, neuroticismo, ter experiência de estágio ou emprego, falar em público, perguntar, questionar e solicitar mudanças de forma assertiva.

Além disso, identificou-se que HS de enfrentamento, de autoafirmação e de autocontrole da agressividade bem desenvolvidas podem interferir de modo positivo no desempenho do estudante. Nesta direção, pesquisas têm demonstrado que um bom repertório de HS indica perspectivas mais favoráveis de futuro, considerando que estas habilidades estão associadas a fatores como um bom rendimento acadêmico, autoestima e qualidade nas relações interpessoais57.

Por outro lado, não houve relação entre HS e inteligência, envolvimento acadêmico e vivências acadêmicas, e não houve diferença entre as HS de alunos de instituições públicas e privadas. Tipo de curso e gênero variaram somente em alguns fatores do IHS-Del-Prette, sem diferença significativa no escore total. Esses resultados indicam que habilidades de raciocínio intelectual, tipo de curso e de universidade parecem ser independentes de habilidades comportamentais de relacionamentos interpessoais; sendo estas últimas mais importantes para a adaptação acadêmica, o que, por sua vez, pode afetar o desempenho escolar de forma indireta. Parece haver consenso, portanto, de que o THS é uma estratégia recomendável na promoção de saúde mental de universitários1,3,4,22.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão e sistematização dos dados pretende contribuir para que as instituições de Ensino Superior elaborem estratégias para promoção de saúde mental de universitários, preparando-os para o mercado de trabalho com habilidades interpessoais e socioemocionais melhor desenvolvidas, além do treinamento teórico-técnico necessário para um profissional qualificado. A análise das pesquisas empíricas sobre avaliação das HS em universitários apontou para uma associação positiva entre um bom repertório de HS e assertividade, senso de autoeficácia, interações sociais satisfatórias e adaptação acadêmica. Tais dados indicam a direção para que os gestores das faculdades invistam em desenvolvimento interpessoal.

Para futuros estudos empíricos neste campo, sugere-se uma avaliação multimodal, de forma a aferir de forma mais ampla e fidedigna o repertório de HS e a sua associação com variáveis relacionadas à saúde mental. Medidas de observação direta do sujeito no próprio contexto e investigação com outros interlocutores relacionados ao sujeito deveriam ser estimuladas, além das medidas indiretas de autorrelato, que são as mais comumente utilizadas.

Considerando que vários estudos enfatizaram a importância de um THS para universitários, uma revisão sistemática investigando eficácia e efetividade dos treinamentos destas habilidades já realizados junto a este público-alvo traria avanços para o campo. Ainda, sugere-se que sejam desenvolvidos e avaliados protocolos de THS específicos e padronizados para o contexto universitário com objetivo de que tal prática seja recorrente nas universidades brasileiras, contribuindo na formação de profissionais com um bom repertório interpessoal.

 

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Endereço para correspondência:
Fernanda Machado Lopes
Universidade Federal de Santa Catarina
Rua Engenheiro Agronômico Andrei Cristian Ferreira, s/n, Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Psicologia, Sala 11B - Bairro Carvoeira
Florianópolis, SC, Brasil - CEP 88040-900
E-mail: femlopes23@gmail.com

Artigo recebido: 30/9/2021
Aprovado: 26/10/2021

 

 

Trabalho realizado na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
Conflito de interesses: As autoras declaram não haver.

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