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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.39 no.119 São Paulo maio/ago. 2022

https://doi.org/10.51207/2179-4057.20220022 

ARTIGO DE REVISÃO

 

Contribuições psicopedagógicas para leitura na construção do conhecimento

 

Psychopedagogical contributions to reading in the construction of knowledge

 

 

Gislaine Medeiros GalindoI; Ivanildo Mangueira da SilvaII

IProfessora com Licenciatura em Letras - Faculdade do Belo Jardim (FBJ), Licenciatura em Pedagogia - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Especialista em Língua Portuguesa (FBJ); Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica (FBJ), Belo Jardim, PE, Brasil
IIProfessor Especialista em Ensino de Biologia - Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde; Especialista em Zoologia - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Mestrado em Biotecnologia de Bioativos - UFPE; Doutorado em Ciências Farmacêuticas - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A Psicopedagogia institui, em princípio, a conciliação de dois saberes - psicologia e pedagogia, pois tem como objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento. Nesse cenário, a presença do psicopedagogo no âmbito escolar torna-se imprescindível, já que seu papel é analisar e assinalar os fatores que beneficiam, interferem ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição de ensino. A leitura baseada na construção deste trabalho facilita a reflexão e busca formar leitores críticos, capazes de modificar o mundo. A prática da leitura proporciona acesso a conhecimentos e saberes, os quais facilitam a vivência cotidiana, abre novos horizontes, aprimora o vocabulário, ajuda na construção textual, favorece o aprendizado de conteúdo, além de aprimorar a escrita. Esse trabalho teve como objetivo destacar as contribuições do psicopedagogo na construção do conhecimento no contexto educacional, orientando a prática da leitura como meio de acesso à informação. Para isso, foi realizada uma revisão sistemática integrativa, partindo da seleção de leituras em artigos, livros e revistas, entre outros teóricos que abordam o tema. O estudo possibilitou destacar que a deficiência que os educandos vêm apresentando na área de leitura e escrita pode afetar o seu desenvolvimento nos aspectos social, pessoal, emocional e escolar, despertando, assim, a necessidade da presente pesquisa, que busca contribuir para minimizar o problema. Além disso, é possível reafirmar que a Psicopedagogia contribui para a Educação, ampliando as possibilidades de buscas e reflexões sobre o processo de aprendizagem, possibilitando a leitura no auxílio do desenvolvimento da escrita, que é algo necessário e imprescindível para a formação do leitor/escritor.

Unitermos: Educandos. Leitura. Escrita. Psicopedagogia. Conhecimento do Mundo.


ABSTRACT

Psychopedagogy institutes, in principle, the reconciliation of two knowledge - psychology and pedagogy, because it has as object of study the being in the process of construction of knowledge. It is necessary to insert the psychopedagogue in the school environment, since its role is to analyze and indicate the factors that benefit, interfere or impair good learning in an institution. Reading based on the construction of this work facilitates reflection and suggests the question: Why read? Essentially to form critical readers, able to change the world. The practice of reading provides us with knowledge and knowledge, which facilitate daily living, because reading and interpreting makes life pleasurable is an act of learning of the human being who, faced with the fact of opening new horizons, improving vocabulary, helping in textual construction, favors the learning of specific contents and improving writing. The habit of reading is a valuable practice, we can store knowledge and transmit it to the new generations. The aim of this article is to highlight the importance of psychopedagogue in the life of the educator and the student. In its methodological development will include bibliographic research on reading resources in articles, books, magazines and others that address the theme. By analyzing the deficiency that students see presenting in the area of reading and writing, we decided to develop this research in order to alleviate the problem. It is possible to reaffirm that Psychopedagogy contributes to Education, expanding the possibilities of searches and reflections on the learning process.

Keywords: Students. Reading. Writing. Psychopedagogy. Knowledge of the World.


 

 

Introdução

A Psicopedagogia é compreendida como uma área que atua no estudo de como as pessoas constroem o conhecimento. Está voltada para a educação e atuará tanto nos processos de aprendizagem como nos aspectos cognitivos, emocionais e corporais. Ademais, age tanto no processo normal do aprendizado como na percepção de dificuldades, no diagnóstico e na interferência do planejamento das instituições e, ainda, na intervenção.

Essa temática é muito rica no que se refere à atuação de um profissional da área, pois existem diversas técnicas as quais podem ser usadas para fazer com que o processo educacional, principalmente nos anos iniciais, seja aprimorado. Além das inferências que o profissional pode fazer, ao atuar como facilitador do ensino aprendizagem, favorecendo o processo de desenvolvimento da leitura.

A leitura é uma arte e, como toda arte, deve ser cultivada, pois libera a imaginação, desenvolve a criatividade, proporcionando ao sujeito a inovação e a construção de autonomia. Toda pessoa é um agente que deve assumir a opção de ser humano capaz.

A leitura, desta forma, contribui para o processo de desenvolvimento e crescimento das pessoas. Através da prática da leitura é que o homem se torna um cidadão capaz de ler e interpretar as vivências do seu cotidiano, agindo ativamente na sociedade. Assim, torna-se um ser atuante, participativo e modificador do meio em que vive. Vale aqui levar-se em consideração a importância de colaborar para que o educando leia com domínio e compreenda a leitura em seus diversos objetivos. É por esse motivo que se propõem as mais variadas formas de leitura na relação ensino e aprendizagem como instrumento de apoio.

Quando os educadores têm uma relação psicopedagógica é mais fácil analisar o porquê do seu educando não aprender e quais os fatores que o levam a ter dificuldade no processo de aprendizagem. Sabendo-se que a psicopedagogia tem por definição o trabalho com a aprendizagem, com o conhecimento, sua aquisição, desenvolvimento e distorções (Zamban, 2010, p. 12).

É preciso ir além das letras. É preciso ler o mundo, entender o contexto das coisas, o que tem por trás das letras apresentadas, vincular a realidade e a linguagem. E isso só se consegue despertando nas pessoas essa consciência de que somos cidadãos ativos e que não podemos fechar os olhos para a realidade em volta. A importância da leitura e o valor que a sua prática traz consigo são imensos e indiscutíveis. O importante é buscar fontes ricas e autênticas de valores intrínsecos, que ajudem o desenvolvimento e o enriquecimento pessoal. Não basta apenas ler, é preciso pôr em prática o que foi absorvido e compreendido, pois o saber não tem valor se ficar guardado, sem contribuir para a construção de uma vida melhor e mais digna, com igualdade social.

A leitura é um dos meios mais importantes para a construção de novas aprendizagens, possibilita o fortalecimento de ideias e ações, permite ampliar conhecimentos e adquirir novos conhecimentos gerais e específicos, possibilitando a ascensão de quem lê a níveis mais elevados de desempenho cognitivo, como a aplicação de conhecimentos a novas situações, a análise e a crítica de textos e a síntese de estudos realizados. É algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através da leitura que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Com a leitura, o leitor desperta para novos aspectos da vida em que ainda não tinha pensado, despertando para o mundo real e para o entendimento do outro ser (Carleti, 2007, p. 2).

É compreensível a relevância da figura do psicopedagogo institucional, uma vez que ele irá atuar para auxiliar nas dificuldades no processo de aprendizagem dos educandos. Isso só se torna possível com técnicas específicas, partilhando nas diversas áreas, procurando suportes para identificar problemas de aprendizagem e adotando medidas no sentido de saná-los. Desta forma, a função do psicopedagogo aumenta a expectativa de fazer com que aquele determinado educando possa se ver o máximo possível distante de obstáculos no decorrer do seu aprendizado.

 

Fundamentação teórica

Walda de Andrade Antunes (2006), em seu livro "Lendo e Formando Leitores", enfatiza que o prazer de ler se estabelece quando a relação livro/leitor adquire signicado para sua vida. E também destaca a importância do convívio com pessoas que sabem ler e contar histórias, enfatizando que a época da vida mais propícia para a formação de hábitos, de incorporação de conhecimentos básicos é a infância. Em consequência dessa experiência, abre-se a sua recepção, amplia-se o seu interesse e evolui a aquisição de habilidades linguísticas, ressaltando que quanto mais cedo se forma um leitor, melhor.

Foi D. Iva - não sei se ela ainda vive - quem me ensinou que ler pode ser delicioso como patinar. Ela lia para nós. Não era para aprender nada. Não havia provas sobre livros lidos. Ela lia para que tivéssemos o prazer dos livros. Era pura alegria. Poliana, Viagem ao Céu, O Saci, etc. ninguém faltava, ninguém piscava. A voz de D. Iva nos introduzia num mundo encantado. O tempo passava rápido demais. Era tristeza que víamos a professora fechar o livro (Antunes, 2006, p. 19).

Sabe-se também que a habilidade leitora provém do que se lê e como se lê. A leitura, portanto, deve ser ensinada de forma clara e objetiva, tornando-se um prazer. Isso faz com que a prática no ensino de Língua Portuguesa tenha como objetivo geral o desenvolvimento pelos educandos de uma competência discursiva e textual, quer em processos de leitura, quer em processos de produção textual.

Como bem expressam os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), a escola deve formar indivíduos capazes de adaptar-se às diversas situações, expressar-se oralmente e por escrito, em diferentes padrões de linguagem, adquirindo a competência leitora para obter informações, interpretar dados e fatos, recrear-se, recriar, observar, comparar e compreender textos (Brasil, 2001).

As habilidades citadas podem ser amplamente desenvolvidas, se levarmos em conta o que arma Paulo Freire (1989) acerca da precedência da leitura do mundo sobre a leitura da palavra.

De acordo com esse autor, linguagem e realidade se articulam dinamicamente, pois para ele "ler é viajar pelo passado, presente e futuro [...]. É descobrir que o mesmo livro lido em momentos diferentes de nossa vida se transforma em outro, revelando significados, dos quais antes não suspeitávamos" (Brasil, 2001, p. 90). Diante do pensamento do autor, nossa vida se transforma em outro livro de forma diferente e com significados que jamais imaginávamos. E realmente nossa vida em diversos momentos nos surpreende, mostrando-nos situações do cotidiano.

Conforme o pensamento do autor, "A universalidade do ato de ler se deve ao fato de que todo indivíduo está capacitado a ele, a partir de estímulos da sociedade e da vigência de códigos que transmitem" (Zilberman, 1986, p. 20). Dessa forma, a leitura se mostra como um fato real, verdadeiro, demarcado e restrito a um modelo de sociedade que se utilizou dela para desenvolver-se. Portanto, a conscientização dessa relação entre leitura e sociedade é essencial ao indivíduo, pois dessa forma ele tem condições de lutar pelos seus direitos, contribuindo para um mundo mais justo, mais humano, na busca de uma vida melhor.

Enfatiza Paulo Freire (1989, p. 9) que o ato de ler "[...] Primeiro, a "leitura" do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi à leitura da "palavra mundo" (SIC)". De acordo com o pensamento de Freire, o ato da leitura é importante nos anos iniciais, portanto, é uma fase para transformar o aluno leitor passivo em leitor sujeito, pois, só através dessa ação ele se tornará capaz de construir sua própria leitura e analisar sua visão de mundo.

O ensino das estratégias de leitura ajuda o educando a utilizar seu conhecimento, a realizar inferências e a esclarecer o que não sabe. Pois na sua visão ensinar a ler é uma tarefa de todas as disciplinas, não apenas para aprender, mas também para pensar (Solé, 1998, p. 34).

Salienta Solé (1998) que a leitura não é só um meio de adquirir informação; ela também nos torna mais críticos e capazes de considerar diferentes perspectivas. Isso necessita de uma intervenção específica. Quando a pessoa não está familiarizada com determinado tipo de texto é normal sentir dificuldades, por isso que é preciso planejar estratégias específicas para ensinar os educandos a lidar com as tarefas de leitura dentro de cada disciplina.

Grossi ressalta:

Pessoas que não são leitoras têm a vida restrita à comunicação oral e dificilmente ampliam seus horizontes, por ter contato apenas com ideias próximas das suas, nas conversas com amigos. [...] 'é nos livros que temos a chance de entrar em contato com o desconhecido', conhecer outras épocas e outros lugares - e, com eles, abrir a cabeça. Por isso, incentivar a formação de leitores é não apenas fundamental no mundo globalizado em que vivemos. É trabalhar pela sustentabilidade do planeta, ao garantir a convivência pacífica entre todos e o respeito à diversidade (Grossi, 2008, p. 3).

Diante desta afirmativa de Grossi (2008), é possível compreender que a prática da leitura tende a ampliar a visão das coisas, ou seja, aqueles que não têm o hábito de leitura ficam restritos à comunicação oral, o que pode minimizar a capacidade de ter uma visão holística e contextualizada.

O contexto do Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (RCNEI):

[...] ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever (Brasil, 1998, p. 117).

Diante do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), não se pode considerar leitura apenas o ato de reproduzir o texto ou contar a história, sendo enfrentada simplesmente como um processo de decodificação. Isso porque ela envolve diversos aspectos que vão além de decodificar o que está escrito. Leitura é um processo que se inicia antes do contato com o texto e vai além dele (Brasil, 1998).

Uma concepção de leitura que se distancia das tradicionais já foi proposta por Paulo Freire, o qual defende que a leitura se inicia na compreensão do texto:

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (Freire, 1989, p. 9).

O pensamento de Freire ilustra o que diz a especialista no assunto, Magda Soares, ao afirmar que é preciso ter clareza em definir que a alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento. Ou seja, tanto no início da aprendizagem da escrita como no desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado.

Para Soares (1998 apud Ribeiro, 2003, p. 91):

Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia - do conjunto de técnicas - para exercer a arte e ciência da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos.

O autor afirma que o uso da escrita lhe garante uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, isto é, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código Soares (1998 apud Ribeiro, 2003). Por isso, aprender a ler e a escrever implica não apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las, mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação.

Acredita Cagliari (1998, p. 148, apud Jesus et al., 2011) que [...] "a leitura é a extensão da escola na vida das pessoas e que tudo que se ensina na escola está diretamente ligado à leitura, portanto a leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido".

O pensamento do autor indica que é na escola que a criança amplia seus conhecimentos, sendo aprimorados no seu convívio escolar os aspectos relacionados à leitura e à escrita.

Enfatiza Cagliari,

Já se sabe que o segredo da alfabetização é a leitura. Alfabetizar é, na sua essência, ensinar alguém a ler, ou seja, decifrar a escrita. Escrever é uma decorrência desse conhecimento, e não o inverso. Na prática escolar, parte-se sempre do pressuposto de que o educando já sabe decifrar a escrita, por isso o termo "leitura" adquiriu outro sentido. Trata-se então da leitura para conhecer um texto escrito. Na alfabetização a leitura é o objetivo maior a ser atingido. Os próprios textos escritos são, na maioria das vezes, pretexto para trabalhar a leitura como decifração (Cagliari, 1998, p. 312).

Em conformidade com o autor, ele defende que a criança para ser alfabetizada, não precisa aprender a escrever, mas sim "aprender a ler". Em outras palavras, a alfabetização realiza-se quando se aprende a ler, a decifrar a escrita. Portanto, a descoberta da escrita é consequência do domínio da leitura.

 

A importância da leitura nos anos iniciais

A leitura é uma prática que deve ser iniciada desde cedo com as crianças, e esta, a princípio, se dá através do contato com o mundo da fantasia, do imaginário dos livros infantis. Se as crianças tiverem contato com esse universo desde pequenas, certamente se desenvolverão melhor cognitivamente, afetivamente e socialmente.

A leitura auxilia no desenvolvimento da escrita, que é algo necessário e imprescindível para a formação do leitor/escritor.

Em harmonia com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o domínio da Língua [...] "é fundamental para a participação social e efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos" (Brasil, 1997, p. 15).

Emília Ferreiro (1992 apud Oliveira & Silva Deus, 2011, p. 6) "vem nos oferecendo várias possibilidades de compreender a criança no seu processo de aquisição da escrita, de verificar o que ela sabe e o que ela não sabe". Ela vê a escrita como um processo cognitivo, construído através da interação com o meio social em que vive.

Assim, um indivíduo pode ser considerado leitor quando passa a compreender o que lê. Ler é antes de tudo compreender, por isso não basta decodificar sinais e signos, é necessário transformar e ser transformado.

Por isso que se torna imprescindível que, desde os anos iniciais escolares, textos, frases, palavras, sílabas e letras, tudo isso tenha um sentido para o educando. Assim, com esta metodologia, poder-se-á criar o hábito pela leitura de forma estimulante e fascinadora.

 

Conceituando leitura para alguns autores

A leitura deve ser entendida, então, como um processo ativo e dinâmico, pois o "texto tem um potencial de evocar significado, mas não tem significado em si mesmo" (Moor et al., 2001, p. 160).

Podemos perceber, portanto, que a leitura é muito mais do que a simples ação de apropriação de significado. Ela é uma atividade de recriação, de reconstrução de ideias (Dib, 2003), pois, de acordo com Kleiman (2004, p. 80), a leitura "pressupõe a figura do autor presente no texto através de marcas formais que atuam como pistas para a reconstrução do caminho que ele percorre durante a produção do texto".

Diante de tais afirmações, parece claro que a leitura deve ser entendida como processo e não como produto (Nunes, 2002), pois o texto "não traz tudo pronto para o leitor receber de modo passivo" (Kleiman, 2004, p. 36), já que ele, usando o seu conhecimento de mundo, interage com a informação presente no texto para tentar chegar a uma compreensão.

Acredita Terzi (2002, p. 15) que

a leitura é uma atividade complexa devido aos múltiplos processos cognitivos utilizados pelo leitor ao construir o sentido de um texto, já que ela não se dá linearmente, de maneira cumulativa, em que a soma do significado das palavras constituiria o significado do texto.

Numa tentativa de síntese, recorremos à definição de leitura de Soares (2000), para informar o presente artigo e guiar as nossas reflexões:

Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros (Soares, 2000, p. 18).

Pode-se concluir daí que a leitura é um processo dinâmico e social, resultado da interação da informação presente no texto e o conhecimento prévio do leitor, possibilitando a construção do conhecimento, ou, em outras palavras, a compreensão textual.

Ler, para Paulo Freire, poderia ser traduzido como o ato mesmo de viver, respirar, ação que "não se esgota na decodificação pura da escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo", (Freire, 1989, pp. 3-11) nas relações sociais. A proposta do pequeno livro "A importância do ato de ler" pode ser entendida como base para a conscientização, o primeiro passo para desvendar os valores ideológicos que permeiam as relações sociais.

De acordo com Bossa (2007, p. 24), o objeto de estudo da Psicopedagogia está voltado para a aprendizagem do ser humano, o qual consiste em compreender como se dá esse processo complexo de construção de conhecimento, tendo a presença do indivíduo como ser ativo, de modo que ele procure minimizar os problemas ligados à aprendizagem, orientando os profissionais envolvidos, promovendo assim um trabalho junto à escola e aos pais.

Para Andrade e Martins:

A leitura é entendida como uma prática observada em sua relação com o social podendo levar o leitor a uma mudança e promover seu desenvolvimento, intelectual, social, linguístico, ideológico, cultural e até mesmo econômico. A leitura proporcionaria condições para transformação, ou seja, para torná-lo alguém com ideias e posicionamentos diferentes daqueles que possuía anteriormente (2006, pp. 136-137).

Os PCNs (Brasil, 1997) afirmam que a leitura "não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita".

 

O educador como motivador no processo de leitura

O educador, como já evidenciado, é um grande formador de opinião e devido a essa aptidão ele pode, a partir dos primeiros anos, implantar conceitos de leitura e prática diária em sala de aula. É nesses espaços que figura um bom lugar para construir uma consciência acerca da importância de ler. Cabe ao educador então proporcionar momentos de prazer com atividades criativas que despertem o interesse e o envolvimento dos educandos pela leitura.

Os momentos de leitura devem ser proporcionados às crianças, fazendo-as sentirem prazer ao ler bons livros, os quais estimulem sua imaginação, levem-nas a criar, a se distrair, a entrar num mundo de fantasias, auxiliando no processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo. Assim, ao propiciar o contato com o mundo das letras, o educador estará contribuindo para a formação de leitores críticos.

O educando não aprende a ler sozinho, cabe ao educador auxiliá-lo nesse processo, estimulando o gosto pela leitura a partir de uma aproximação significativa com os livros. Assim, para que haja sucesso na formação do leitor, é preciso proporcionar uma leitura estimulante, diversificada, crítica e reflexiva.

O educador deve, pois, compreender e entender as dificuldades dos educandos, estimulando-os a ouvir e produzir textos, buscando dessa forma desenvolver as competências e habilidades individuais de cada uma, estimulando a leitura como instrumento de libertação, criatividade e reflexão crítica.

O educador precisa reservar espaços em que proponha atividades novas sem o compromisso de impor leituras e avaliar o educando. Trata-se de operacionalizar espaços na escola e na sala de aula onde a leitura por fruição-prazer possa ser vivenciada pelos educandos.

Nesse contexto, o educador deve proporcionar várias atividades inovadoras, procurando conhecer os gostos de seus educandos e, a partir daí, escolher um trabalho ou uma história que vá ao encontro das necessidades do mesmo, adaptando o seu vocabulário, despertando esse educando para o gosto pela leitura, deixando-o se expressar. Assim, a proposta de atividades variadas é de grande valor para o processo de construção da autonomia e desenvolvimento do educando em formação.

Cabe a todos os educadores serem pontes do conhecimento à leitura, sendo esta mais enraizada, elaborada, pois é do interesse de todos os educadores a formação de seus educandos, enquanto cidadãos reflexivos.

Sendo assim, o educador tem um relevante papel na formação de leitores, já que a importância do hábito de leitura precisa a todo tempo ser evidenciada por ele em sala de aula. Isso fará com que seu educando desperte para o quanto é necessário se tornar um leitor em seu dia a dia.

 

A Psicopedagogia

A Psicopedagogia é o campo do saber que se constrói a partir de dois saberes e práticas: a pedagogia e a psicologia. A psicologia escolar surgiu para compreender as causas do fracasso de certos educandos no sistema de ensino, enquanto a Psicopedagogia surgiu para o tratamento de determinadas dificuldades de aprendizagens específicas.

Ao termos contato com a Psicopedagogia, compreendemos, a partir das leituras e estudos, principalmente dos escritos de Alicia Fernandez, que "ser ensinante significa abrir um espaço para aprender. Espaço, objetivo e subjetivo em que se realizam dois trabalhos simultâneos: a construção de conhecimentos e a construção de si mesmo, como sujeito criativo e pensante" (Fernandez, 2001, p. 30).

Portanto, ensinar e aprender são processos interligados. Não podemos pensar em um, sem incluir o outro. Ainda segundo Fernandez (2001, p. 29), "entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender". Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também, os educadores e companheiros da escola.

O processo de aprendizagem ocorre de acordo com a relação entre o objeto de conhecimento e o educando. O educador é quem programa a forma como o objeto de conhecimento será executado, respeitando as características individuais do educando. O objetivo é que o educando se interesse pelo processo de conhecimento e que aja sobre o objeto de conhecimento.

A concepção construtivista define a aprendizagem como um processo de troca mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O educando é um elemento ativo que constrói sua aprendizagem. Cabe ao educador estimular o sujeito, provocando, movimentando, questionando e aproveitando os "erros" de forma construtiva, aprovando assim uma reelaboração das suposições levantadas, beneficiando a construção do conhecimento. Nesta concepção, o educando não é apenas alguém que aprende, mas sim o que vivencia os dois processos, sendo ao mesmo tempo ensinante e aprendente.

 

Relação entre leitura e Psicopedagogia

A leitura é o processo pelo qual o indivíduo tende a interpretar a diferença entre os acontecimentos. Através dessa prática aprende-se a diferença entre seres parecidos, porém com histórias distintas. A leitura é o alcance do sucesso pessoal e profissional, é o ponto onde todos podem desfrutar de suas fantasias, de suas histórias, de suas riquezas, independentemente da sua classe social, da sua cor, do país onde mora. Neste mundo de leitores, todos podem viver as mesmas aventuras, as mesmas aquisições, podem conseguir para sua vida um leque de saberes particulares, resultando apenas do esforço pessoal de cada indivíduo.

O profissional da Psicopedagogia assume papel de importância na abordagem e solução das dificuldades de leitura e escrita. Como aprender a ler é para o educando encarar novos desafios em relação ao conhecimento linguístico, esta tarefa se torna difícil para todos os educandos. O aspecto que distingue os educandos nesta ocupação é que alguns terão mais dificuldades que os outros. As habilidades indispensáveis para leitura mais afetadas são: decodificação; compreensão do sentido da palavra; relações estabelecidas entre palavras.

Portanto, a importância do trabalho psicopedagógico na dificuldade de leitura e escrita se dá por ela não lidar diretamente com o problema, e sim com as pessoas envolvidas (Sampaio & Timbó, 2019, p. 23). Lida com os educandos, com os familiares e com os educadores, levando em conta todos os aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.

 

Método

Esse trabalho está caraterizado como um estudo bibliográfico, partindo de uma revisão sistemática integrativa de cunho teórico, com uma abordagem qualitativa. Ele foi realizado tendo como base a análise de artigos científicos que se referiam à prática do psicopedagogo ao trabalhar leitura em sala de aula nos anos iniciais. Essa análise e integração sistemática será realizada por meio da articulação dos principais conceitos da abordagem histórico-cultural, bem como sua visão de desenvolvimento e aprendizagem com as práticas de leitura na área de Psicopedagogia.

De acordo com Botelho et al. (2011), uma revisão integrativa especifica um método, que resume o passado da literatura empírica ou teórica, para fornecer uma compreensão mais abrangente de um fenômeno particular, com o objetivo de traçar uma análise sobre o conhecimento já construído em pesquisas anteriores sobre um determinado tema, possibilitando a síntese de vários estudos já publicados, contribuindo para produção de novos conhecimentos, com base em outras pesquisas já realizadas.

O estudo teve como pressuposto publicações científicas se deram entre os anos 1986 e 2015. As bases de indexação de dados utilizados foram: SciELO (Scientific Electronic Library of Medicine), Google Acadêmico e Pepsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia). O período de busca foi de dezembro de 2020 a março de 2021.

Entre os critérios de inclusão estão: artigos que traziam em seu bojo programas de intervenção psicopedagógica e leitura. Idioma: português e artigos publicados entre os anos já citados. Os critérios de exclusão foram: capítulos de livros, dissertações, teses e artigos que tratavam somente da teoria da intervenção.

Para o desenvolvimento desta pesquisa, pretendeu-se realizar pesquisas bibliográficas, visando aos instrumentos da leitura e escrita, que levam o educando a ter uma visão de mundo mais ampla. Assim, chegamos às conclusões do quanto estes instrumentos colaboram para sua ampliação, no que se diz respeito ao desenvolvimento intelectual do educando.

A construção desta pesquisa qualitativa visa demonstrar as contribuições do psicopedagogo ao trabalhar com a leitura em ambiente escolar. É importante ressaltar que "o psicopedagogo contribui para sanar ou melhorar as dificuldades, levando em conta os aspectos socioeconômicos, culturais e psicológicos. Ele atua junto às famílias, crianças e professores, buscando soluções para o problema de aprendizagem" (Bossa, 1994/2007, p. 23).

A atual pesquisa faz uma análise de estudo bibliográfico qualitativo enfatizando a importância da prática da leitura, desde o início da alfabetização, tendo em vista que usufruindo desta proposta os educandos desenvolverão a oralidade, interpretação e assim se apropriarão dos componentes para a aprendizagem da leitura e escrita.

 

Análise discursiva dos resultados

O trabalho do psicopedagogo está voltado para aprendizagem e desenvolvimento humano, "papel de fundamental importância ao se trabalhar com pessoas e crianças que apresentam transtornos de aprendizagem frente à leitura, visa sanar a dificuldade na leitura e na escrita" (Oliveira et al., 2018).

Em se tratando deste contexto, o incentivo à prática da leitura é um tema frequentemente abordado na literatura, e em especial, na discussão acerca do processo de alfabetização, e tem sido apontado, como imprescindível para o desenvolvimento do educando em todos os aspectos, social, pessoal, emocional e escolar.

Nesse trabalho, a leitura e a escrita são vistas como a aquisição de habilidades que envolvem uma função social, que vai além de um ato mecânico, em que o educando precisa pensar e criar conflitos para a obtenção desse conhecimento. Percebemos a importância da compreensão acerca da aquisição da aprendizagem, pois cada ser apreende um conhecimento de forma diferente que o outro e conceitua-o conforme seu entendimento.

Estimular o educando é atribuir-lhe uma condição de autonomia e desenvolvimento. No que se refere à pesquisa, para isso, se faz necessário usar estratégias visando sanar as dificuldades na escrita. Cagliari (1998, p. 38), "define que o educador não precisa de um método específico, ele faz seu próprio método, usando sua criatividade e experiência".

Sendo assim, podemos concluir que educar uma criança com livros as tornará mais sensíveis diante do mundo, melhorará suas habilidades em todos os aspectos cognitivos e tornará sua fala e escrita mais cultas.

Nesse contexto é possível compreender que a Psicopedagogia é vista como uma área que trabalha o processo de aprendizagem no seu todo, o não aprender e o aprender, entendendo o ser cognoscente como um ser integral, com suas individualidades e características pessoais, aproximando-se da concepção trabalhada nessa pesquisa. É uma área do conhecimento que integra as demais áreas de modo interdisciplinar e que busca a compreensão do processo da aprendizagem humana, podendo ser de caráter preventivo, clínico ou terapêutico. Assim, amplia-se sua área de atuação, sempre trabalhando com os demais profissionais que atuam em sua área de abrangência.

Atualmente, a preocupação com os sentidos atribuídos ao que se lê e/ou escreve tem aumentado de forma considerável, tendo em vista as dificuldades apresentadas pelos educandos. Esta pesquisa buscou compreender, através de leituras de diversas obras que abordam o tema, as causas e soluções para sanar os problemas na leitura e na escrita, com a importante contribuição do psicopedagogo neste processo de aprendizagem.

Para tanto, o trabalho psicopedagógico auxilia as diferentes áreas da atividade humana, estudando os caminhos pelos quais o sujeito cognoscente aprende, adquire e elabora seu conhecimento. Ademais, foram abordados os fatores que influenciam na organização e elaboração desse conhecimento e as possíveis dificuldades encontradas ao longo do processo de construção.

Na visão dos autores em estudo, a Psicopedagogia compreende as dificuldades e os problemas de aprendizagem, contribuindo para o processo de aquisição da leitura e da escrita do educando. Além disso, aborda que é o aprender na construção do próprio conhecimento que busca solucionar as dificuldades do ensino-aprendizagem. E ainda afirma que é buscando a prevenção para sanar os problemas que surgem na vida do indivíduo que se proporcionam estratégias que favoreçam o desenvolvimento normal e saudável do ser.

 

Considerações

O psicopedagogo é extremamente importante na instituição escolar, pois este profissional estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, estabelecendo vínculos. Além do que, induz o uso de métodos de ensino combinados com as mais recentes concepções a respeito desse processo, procurando envolver a equipe escolar. Isso ajuda a expandir o olhar em torno do educando e dos acontecimentos de produção do conhecimento, procurando auxiliar o educando a ultrapassar os obstáculos que se encaixam ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo.

Portanto, o profissional da Psicopedagogia sugere e auxilia no desenvolvimento de projetos adequados às transformações educacionais, visando descobrir a ampliação das capacidades do educando, bem como pode colaborar para que os mesmos sejam capazes de olhar esse mundo em que vive, de saber decifrar e de nele ter condições de intervir com segurança e competência.

Entende-se que o processo de ensino-aprendizagem da leitura/escrita deve ser repensado, traçando-se estratégias para que o uso das leituras em salas de aula não seja apenas atrelado a pretextos para o ensino gramatical, tendo em vista que a possibilidade da utilização da leitura é muito mais ampla e subjetiva.

Toda pessoa é um agente que deve assumir a opção de ser humano capaz. Fazemos parte de um país dividido e desigual, mas podemos ser cidadãos transformadores e ver este quadro mudar. A importância da leitura nos revela e nos apresenta um mundo novo. É preciso ler onde não existem letras, só assim se entende o que as letras querem dizer. As pessoas que não leem são facilmente manipuladas e desconhecem o que é ter senso crítico.

O ensino da leitura nos anos iniciais deverá ultrapassar os limites da competência gramatical dos falantes, ampliando as perspectivas. O ensino da leitura deverá incluir fenômenos ligados ao uso concreto da língua em textos falados e/ou escritos e, ainda, caberá ao educador explorar os usos que transcendem os livros didáticos, abrangendo a oralidade e os sentidos figurados da linguagem, como também no uso efetivo da língua.

Este artigo revela a importância da leitura na construção do conhecimento com a grande contribuição do psicopedagogo nesse processo de aprendizagem, ou seja, de dificuldade, em que também nos aponta o fato de que ler é, antes de tudo, ler e interpretar o mundo, compreendendo seu contexto, unindo língua e realidade de vida.

Apesar da habilidade de decodificar palavras ser importante, ela não é suficiente para o processo de compreensão textual, pois ler não é apenas decodificar os sinais impressos em uma página. É, antes de tudo, interagir e construir um sentido para o texto. A leitura não se trata de um processo de aceitação passiva, mas é construção ativa no processo de interação desencadeada pela informação descrita no texto.

 

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Endereço para correspondência:
Gislaine Medeiros Galindo
Av. Dr. Sebastião Cabral, 268 - Bairro Floresta
Belo Jardim, PE, Brasil - CEP 55158-115
E-mail: gislainemedeiros25@hotmail.com

Artigo recebido: 31/8/2021
Aprovado: 9/6/2022

 

 

Trabalho realizado no Curso de Pós-graduação "Lato Sensu" em Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade do Belo Jardim, Belo Jardim, PE, Brasil.
Conflito de interesses: Os autores declaram não haver.

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