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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. v.16 n.3 São Paulo dez. 2006

 

PESQUISA ORIGINAL RESEARCH ORIGINAL

 

Bem-estar emocional de mães e pais e o exercício do papel parental: uma investigação empírica+

 

Mothers' and fathers' emotional wellbeing and the exercise of the parental role: an empirical investigation

 

 

Adriana F. Paes RibasI; Rodolfo de Castro Ribas JuniorII; Andréa Araújo ValenteIII

IUniversidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, Brasil E-mail:aribas@globo.com
IIUniversidade Federal do Rio de Janeiro
IIIUniversidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, Brasil

 

 


RESUMO

A presente pesquisa teve três objetivos principais: 1) avaliar o bem-estar emocional, inferido como níveis de estresse de sobrecarga de tempo (ST) e sintomas de depressão (SD), em um grupo de mães e pais; 2) investigar algumas dimensões do exercício do papel parental entendidas como importantes componentes dos esquemas parentais (Ex. auto-percepção, estabelecimento de interações positivas com filhos), e 3) investigar associações entre os indicadores de bem-estar emocional parental e os diferentes componentes dos esquemas parentais. Participaram 51 casais, residentes no Rio de Janeiro, com diferentes níveis de escolaridade, maiores de 18 anos, com pelo menos um filho natural com idade inferior a 5 anos. As mães e pais responderam questionários que avaliaram ST, SD, componentes dos esquemas parentais, desejabilidade social, e dados sócio-demográficos. Os resultados, compatíveis com estudos anteriores, indicaram que uma parcela importante dos pais entrevistados apresentou níveis elevados de estresse de sobrecarga de tempo e queixas de depressão. Foram identificadas diversas associações significativas (p < 0,05) entre medidas do bem-estar e dimensões dos esquemas parentais. Foram identificadas, por exemplo, correlações entre ST e SD (r=0,24), ST e auto-percepção do papel parental (r=-0,48); SD e auto-percepção do papel parental (r = -0,45); ST e interação positiva dos pais com os filhos (r = 0,22). Entre outros aspectos, os resultados obtidos podem contribuir para um melhor entendimento das associações entre bem-estar emocional e esquemas parentais e poderão fundamentar futuros projetos de intervenção com pais e mães.

Palavras-chave: Psicologia parental. Bem-estar emocional. Paternidade. Maternidade.


ABSTRACT

The present investigation had 3 main objectives: 1) to evaluate emotional wellbeing, inferred as levels of time stress (TS) and depression symptoms (DS), in a group of mothers and fathers; 2) to investigate some dimensions of the exercise of the parental role, understood as key components of parenting schemes (for example, self-perception, establishment of positive interactions with the children); and 3) to investigate associations between indicators of parental emotional wellbeing and components of parenting schemes. A total of 51 couples, living in Rio de Janeiro, with different education levels, over 18 years of age, with at least one natural child aged less than 5 years, participated in the study. The mothers and fathers answered questionnaires that evaluated TS, DS, components of parenting schemes, social desirability, and sociodemographic data. The results, compatible with previous studies, indicated that an important proportion of parents in the study presented high levels of time stress and depression symptoms. Several significant associations (p <0.05) between measures of parental emotional wellbeing and dimensions of parenting schemes were identified. For example, significant correlations between TS and DS (r = 0,24); TS and self-perception of the parental role (r = -0,48); DS and self-perception of the parental role (r = -0,45); TS and the parents’ positive interaction with the children (r = -0,22) were identified. Among other aspects, the results can contribute to a better understanding of the associations between emotional wellbeing and parenting schemes and may provide support for future intervention projects with mothers and fathers.

Key words: parental psychology, emotional wellbeing, mothering, fathering.


 

 

INTRODUÇÃO

Estudos têm indicado que o bem-estar emocional de mães e pais é um importante preditor das práticas parentais em relação às crianças e tem implicações significativas sobre o próprio desenvolvimento infantil1, 2. Embora numerosos indicadores venham sendo utilizados para avaliar o bem-estar emocional parental, dois têm recebido atenção especial dos pesquisadores: estresse de sobrecarga de tempo e depressão. O estresse de sobrecarga de tempo é um tipo de estresse (este compreendido de forma mais ampla) que se mostra pelo sentimento de sobrecarga, bem como pela sensação de que a quantidade de atividades cotidianas que devem ser realizadas é maior do que o tempo disponível para sua realização2,3. Com freqüência, pessoas que vivenciam estresse de sobrecarga de tempo reduzem horas de sono, sentem-se aprisionadas pela rotina, avaliam que não têm tempo para descanso e lazer, e reportam que o tempo para estar com filhos, amigos e familiares é insuficiente. Este tópico tem sido discutido e pesquisado na área da psicologia parental pela suas implicações sobre o relacionamento de pais com seus filhos1,2.

A depressão é, reconhecidamente, um quadro que tem implicações sobre toda a rede de relacionamentos dos indivíduos e suas implicações sobre a relação entre pais e filhos têm sido amplamente documentada na literatura1,2. Seguindo estudos recentes, nesta pesquisa optou-se por focalizar o relato de pais sobre sintomas de depressão como um indicador desse estado emocional, não se pretendendo chegar a um diagnóstico clínico da depressão2. Entende-se que o relato dos pais e mães sobre este aspecto fornece uma importante e confiável indicação sobre seu bem-estar emocional.

Estudos têm apontado que o bem-estar emocional depende de um conjunto de fatores. Algumas variáveis socioeconômicas, por exemplo, têm sido freqüentemente associadas ao bem-estar emocional. Conger et al.4 apontam que dificuldade econômica afeta o bem-estar emocional dos pais, o que, por sua vez, leva a uma prática parental com menos suporte e com conseqüências negativas sobre o desenvolvimento da criança. Na mesma direção, Yeung, Linver e Brooks-Gunn1 apontam que a dificuldade econômica, baixa escolaridade, baixa renda, trabalho instável, perda financeira ou pressão econômica, devem também ser vistos como fatores atrelados à qualidade do bem-estar emocional de pais e mães. Frias-Armenta e McCloskey5 discutem como evidências de pobreza, e em especial de educação materna, têm sido relacionadas ao bem-estar emocional, às formas de cuidado com as crianças e, em especial, às formas de interação que pais estabelecem com seus filhos. No presente estudo foi investigado o impacto do nível de escolaridade (um dos mais importantes indicadores de status socioeconômico) sobre o bem-estar subjetivo das mães.

Outro aspecto também freqüentemente associado ao bem-estar emocional de pais e mães é a rede de apoio social. Cochran e Niego6 definem rede de apoio social como pessoas (ou instituições) de fora da família que dão aos pais algum tipo de suporte, que pode ser instrumental ou material, emocional, conselhos e informação sobre cuidado e educação. Neste sentido, a rede de apoio colaboraria para o bem-estar, diminuindo o estresse, a sobrecarga, dando suporte psicológico e material para os pais, encorajando-os no exercício da paternidade/maternidade.

O exercício da paternidade/maternidade envolve diferentes dimensões. Estudos têm focalizado, entre outros aspectos, a percepção dos pais e mães sobre o seu próprio desempenho quanto à sua competência, satisfação, integração e investimento no exercício deste papel; formas como os pais interagem com seus filhos; estilos de punição e medidas disciplinares empregadas; confiança no próprio conhecimento sobre a criação de filhos; e avaliação do nível de dificuldade vivenciada para lidar com eles. De acordo com Bornstein et al.7 , pais que se avaliam mais competentes no desempenho de papel parental tendem a interagir com seus filhos de forma mais calorosa, sensível e responsiva e promover mais situações que estimulam o desenvolvimento.

O uso da punição tem sido uma dimensão freqüentemente investigada nos estudos da psicologia parental. O termo harsh parenting8 , por exemplo, tem sido utilizado para descrever um tipo de exercício do papel parental que varia em um contínuo entre interações ásperas, com uso de estratégias coercitivas e punição corporal até o emprego sistemático e extremo de punição física e crueldade com as crianças. Como destacam Simons, Whitbeck, Conger e Chyi-In 8, aspereza na interação e abuso parental representam importantes fatores de risco para o desenvolvimento das crianças, sendo associados, por exemplo, à delinqüência, ao consumo de drogas e a dificuldades de relacionamento social. Adicionalmente, deve-se mencionar que estudos têm indicado que a transmissão intergeracional é um dos mecanismos de propagação da aspereza de interação entre pais e filhos, incluindo aqui o abuso8.

Na presente pesquisa o relato de pais sobre punição física e formas mais ásperas de interação com os filhos foi discutido em uma categoria denominada aspereza na interação. Ela se revela, entre outros aspectos, na percepção dos pais quanto ao merecimento dos filhos receberem punição (física ou não), a raiva expressa, assim como a desqualificação dos filhos com o uso de frases depreciativas como "Você não é tão bom quanto os outros".

Aliada à questão da aspereza na interação, está a questão da punição e das medidas disciplinares adotadas por pais e mães9,10. Vários aspectos estão envolvidos no uso da punição e na escolha de medidas disciplinares. A ênfase exagerada dos pais e mães no controle do comportamento dos filhos é um dos aspectos importantes. Por exemplo, quando entendem que devem ter absoluto controle do comportamento dos filhos, os pais tendem a usar uma disciplina mais dura e, inclusive, aproximar-se do abuso. Como apontado por Caselles e Milner11, pais que cometem abusos com os filhos tendem a considerar a punição como fator central na sua relação com eles. Dificuldades econômicas e baixa escolaridade têm sido freqüentemente associadas a um aumento da prática punitiva1,5.

É importante destacar que o modo como se avalia, por exemplo, se determinada prática parental de punição ou de disciplina é ou não aceitável, depende em larga medida do que se tem como padrão do grupo cultural1, 12. Ao mesmo tempo em que aspectos culturais estão em jogo, estão também em questão aspectos relativos à história de vida dos pais como, por exemplo, a relação com as suas próprias figuras parentais na família de origem, relações com amigos, modelos sociais12.

Todas as dimensões do exercício do papel parental discutidas podem ser entendidas com componentes de esquemas parentais, tal como esse conceito é discutido por Azar, Nix e Makin-Byrd12. Segundo esses autores, esquemas parentais incluem concepções sobre o exercício do papel parental, crenças sobre formas de cuidado e educação das crianças e conhecimento sobre desenvolvimento infantil. Os esquemas parentais podem variar em termos de rigidez e estar influenciados por conteúdos inadequados ou por afetos negativos.

Entende-se que esquemas parentais problemáticos são mais simplistas, rígidos e dominados por afetos negativos. Esquemas parentais mais adaptativos são mais flexíveis, permitem identificar as dificuldades quando elas aparecem, escolher soluções dentro de um leque possível, ter expectativas mais realistas sobre o que as crianças são capazes de fazer em uma determinada idade, e envolvem o entendimento de que o controle sobre os filhos nunca será absoluto, assim como também não será nulo.

A presente pesquisa teve basicamente três objetivos. Inicialmente buscou-se investigar o bem-estar emocional em um grupo de mães e pais brasileiros residentes no Rio de Janeiro. Mais especificamente foram estudados níveis de estresse de sobrecarga de tempo e sintomas de depressão. Na seqüência buscou-se avaliar algumas dimensões do exercício do papel parental que se configuram como importantes componentes dos esquemas parentais tais como: auto-percepção, confiança, estabelecimento de interações positivas, aspereza na interação com filhos, percepção da dificuldade no desempenho do papel parental e suporte social percebido. Finalmente, foram investigadas associações entre os indicadores de bem-estar emocional parental e as diferentes dimensões do exercício do papel parental investigadas. Nessa análise, foi ainda incluída a influência de variáveis da escolaridade dos pais e mães.

 

MÉTODO

Participantes

Participaram da pesquisa 51 casais que estavam vivendo juntos e que tinham, em comum, ao menos um filho com idade entre 0 e 5 anos. As crianças eram nascidas a termo e saudáveis, e não haviam sido diagnosticadas com nenhum comprometimento físico ou psicológico significativo. As famílias residiam em municípios do Estado do Rio de Janeiro. A idade das mães variou entre 20 e 45 anos (M = 31,3; DP = 6,7), enquanto a idade dos pais variou entre 21 e 64 anos (M = 35,9; DP = 9,4). Quanto ao número de filhos, 52,9% dos casais tinham apenas um filho, 43,1% tinham 2 filhos e 4% tinham 3 filhos ou mais.

A escolaridade média das mães (avaliada em um escala de sete níveis: ensino fundamental incompleto, 1; ensino fundamental completo, 2; ensino médio incompleto, 3; ensino médio completo, 4; ensino superior incompleto, 5; ensino superior completo, 6; e pós-graduação, 7) foi de 4,7, enquanto que a dos pais foi de 4,9. Quanto à ocupação profissional dos casais, 53% das mães e 97% dos pais tinham uma ocupação profissional remunerada na ocasião da coleta de dados.

Instrumentos

Termo de consentimento livre e esclarecido. Foi utilizado um termo de participação voluntária na pesquisa, no qual constavam, entre outros aspectos, informações básicas sobre a natureza da pesquisa, riscos e benefícios, confidencialidade dos dados. Este termo foi previamente aprovado por um comitê de ética em pesquisa, na ocasião da aprovação do projeto.

Dados sociodemográficos. Foi utilizado um questionário onde foram levantados dados sobre a família, tais como: idade, número de filhos, escolaridade, local e tipo de residência, suporte social, situação ocupacional, etc.

Escala de estresse de sobrecarga de tempo. Foi utilizada uma versão em português do TCI, Time Crunch Instrument13, traduzida e adaptada pelos autores para este estudo. Esta escala permite avaliar, através do relato dos pais, o quanto eles experimentam estresse relativo ao tempo por se sentirem pressionados por um número maior de tarefas do que o tempo permitiria cumprir. A versão em português é composta por 7 itens, 6 dos quais são respondidos em uma escala tipo Likert de 5 níveis (Nunca, Raramente, Às vezes, Muitas Vezes, Sempre), relativos à freqüência com que determinados eventos ocorrem (Ex. Com que freqüência você precisa cortar horas de sono para realizar suas tarefas?). O último item refere-se a como o participante avalia a quantidade de tempo que tem para ficar com o(s) filho(s). No presente estudo foi observado um alfa de Cronbach = 0,84, indicando adequada consistência interna da versão em português da escala.

Sintomas de depressão. Foi utilizada uma versão em português da Escala de sintomas de depressão - CES-D (Center for Epidemiologic Studies- Depression Scale, Radloff14, 2. Como discutido por Gonçalves e Fagulha15, esta escala de depressão tem como objetivo avaliar a ocorrência de sintomatologia depressiva na população em geral. Cabe destacar que essa escala se diferencia de outras que têm como objetivo o diagnóstico clínico da depressão. Trata-se de um questionário de auto-relato composto por 20 itens. As respostas são dadas em uma escala de quatro níveis (Raramente ou Nunca, menos que 1 dia; Muito pouco, 1 2 dias; Ocasionalmente, 3 4 dias; Freqüentemente, 5 7 dias), de acordo com a freqüência com que o participante avalia que teve um determinado sintoma na semana anterior (Ex. Eu me senti triste.). O escore total pode variar de 0 a 60, de modo que os escores maiores indicam um número maior de sintomas de depressão. No presente estudo foi observado um alfa de Cronbach de 0,82, indicando adequada consistência interna da versão em português dessa escala.

Esquemas Parentais. Foi utilizada a versão em português adaptada de um extenso questionário utilizado no National Survey of Parents of Young Children no Canadá2. O questionário possui 52 perguntas, respondidas em escalas tipo Likert e foi desenvolvido para investigar os seguintes componentes dos esquemas parentais: 1) Investimento no papel parental; 2) Relacionamento com os filhos (Interação positiva; Aspereza; Manejo não efetivo do filho); 3) Conhecimento sobre desenvolvimento infantil (Influência dos primeiros 5 anos; Influência dos pais, conhecimento propriamente dito); 4) Confiança dos pais no próprio conhecimento sobre criação de filhos; 5) Dificuldade de ser pai e mãe; 6) Rede de apoio social; 7) Busca por informação. Análises psicométricas, quando aplicáveis, revelaram que todas as sub-escalas utilizadas apresentaram consistência interna adequada. Os alfas para Interação positiva, Aspereza, Influência dos pais; Segurança no conhecimento, Dificuldade de ser pai ou mãe foram: 0,77; 0,75; 0,88; 0,74; 0,77, respectivamente.

Auto-percepção do papel parental. Foi utilizada a versão em português do instrumento de avaliação da Auto-percepção do Papel Parental (Self-Perception of Parental Role Instrument, SPPR)16, traduzida e adaptada pelos autores. Trata-se de um instrumento composto por 22 itens que avalia a forma como os pais e mães se auto-avaliam no exercício do papel parental. Neste instrumento há 4 sub-escalas: competência, satisfação, investimento e integração17. Cada um dos 22 itens do questionário é constituído de duas afirmações contrastantes acerca da dimensão que se pretende avaliar (Ex. "Alguns pais acham que estão atendendo bem às necessidades de seus filhos", mas "Outros pais têm dúvidas se estão atendendo bem às necessidades de seus filhos"). Esse formato tem o objetivo de minimizar respostas socialmente desejáveis. Os pais inicialmente escolhem que afirmação melhor descreve sua auto-percepção e em seguida marcam no questionário "realmente verdadeiro para mim" ou "mais ou menos verdadeiro para mim". As quatro possíveis respostas para cada item são pontuadas da seguinte forma: 1, 2, 4 e 5. O escore para cada subescala (que pode ter cinco ou seis itens) é obtido pela média simples das respostas naquela subescala. As escalas apresentaram alfas de Cronbach que oscilaram entre 0,58 e 0,73. Esses alfas são compatíveis com estudos anteriores15.

Escala de Desejabilidade Social18,19 . Instrumento de controle que permite verificar a tendência dos participantes de responder os instrumentos de modo socialmente desejável. A desejabilidade social vem sendo definida como uma propensão, por parte de participantes de pesquisas psicológicas, a responderem de forma tendenciosa (apresentar respostas consideradas mais aceitáveis ou aprovadas socialmente) a perguntas apresentadas em pesquisas psicológicas. A ausência de controle dos níveis de desejabilidade social pode colocar em dúvida os resultados de investigações. No presente estudo foi observado um alfa de Cronbach de 0,79.

Procedimentos

Os pais e mães responderam os instrumentos individualmente, com tempo livre. A aplicação se deu predominantemente nas residências das famílias, num dia e horário previamente combinados com a família. Os instrumentos foram aplicados na seguinte ordem: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; Dados Sociodemográficos; Esquemas Parentais; Escala de Estresse de Sobrecarga de Tempo; Escala de Sintomas de Depressão; Auto-Percepção do Papel Parental e Escala de Desejabilidade Social.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram examinadas as distribuições univariadas e bivariadas de todas as variáveis investigadas no estudo com o objetivo de avaliar normalidade, homogeneidade de variância e presença de dados extremos. As variáveis não apresentaram anomalias dignas de nota. Um alfa < 0,05 foi utilizado como critério de significância em todos os testes estatísticos realizados.

A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos por pais e mães com a aplicação dos instrumentos. Testes t revelaram que pais e mães diferiram significativamente apenas em relação às medidas de Confiança e Dificuldade. Essas diferenças são discutidas na seqüência.

 

 

Os resultados obtidos por pais e mães na escala de Estresse de Tempo são compatíveis com o estudo original no qual 63% dos pais relataram não ter tempo suficiente para si2. Nesta pesquisa, aproximadamente 55% dos pais relataram não ter tempo para si, sentir-se aprisionados pelo tempo e ter menos tempo do que gostariam para ficar com seus filhos.

Os resultados obtidos com a Escala de Depressão, também foram compatíveis com estudos anteriores. Oldershaw2 observou que cerca de 19% dos pais e 28% das mães apresentaram níveis de sintomas de depressão preocupantes. Nesta pesquisa, 23% dos pais e mães apresentaram elevados níveis de sintomas de depressão (Escala de Depressão - CES-D > 19)15.

Todos os resultados obtidos com a aplicação do questionário para avaliação da Auto-Percepção do Papel Parental foram semelhantes aos resultados obtidos recentemente em um estudo nacional17. De modo geral pais e mães apresentaram uma auto-avaliação positiva sobre seu desempenho no papel parental. O aspecto mais positivamente avaliado por pais e mães foi a Satisfação, enquanto que o menos foi a Competência.

Os níveis de desejabilidade social observados neste estudo são compatíveis com estudos semelhantes e não colocam em dúvida os resultados da pesquisa. As associações identificadas entre a desejabilidade social e variáveis desta pesquisa foram tênues, não superando 5% de variância compartilhada.

As análises de correlação entre estresse de tempo e outras variáveis mostraram que pais e mães que se sentem mais estressados também apresentaram níveis mais altos de sintomas de depressão (r = 0,24; p < 0,05). Este tipo de relação tem sido apontado na literatura, por exemplo: Hammen, Shih e Brennan20. A Tabela 2 apresenta uma matriz de correlação com as diversas variáveis incluídas no estudo.

Pais e mães mais estressados mostraram uma auto-percepção do papel parental menos favorável (r = -0,48; p < 0,01), sentiram-se menos satisfeitos (r = -0,40; p < 0,01) e relataram investir menos no exercício do papel parental (r = -0,47; p < 0,01) e mais dificuldade em conciliar o exercício de diferentes papéis (r = -0,22; p < 0,05). Vistos em conjunto esses resultados parecem convergir numa mesma direção: pais que se sentem mais sobrecarregados com estresse de tempo tendem a avaliar de forma menos positiva a forma como estão vivenciando o desempenho do papel parental. Considerando a associação entre estresse de tempo e sintomas de depressão, essa insatisfação parece não se restringir apenas ao exercício do papel parental.

Pais e mães que relataram mais sintomas de depressão mostraram-se uma avaliação menos positiva de sua auto-percepção do papel parental(r = -0,45; p < 0,01), de sua competência (r = -0,32; p <0,01), de sua satisfação (r= 0,32; p < 0,01) e integração de papéis (r = 0,40; p < 0,01). Esse padrão de resultados é bem semelhante ao observado com estresse de tempo.

As implicações da depressão parental sobre a interação com os filhos têm sido discutidas por diversos autores. Dodge21, por exemplo, discute como mães deprimidas mostram-se mais irritáveis, pouco envolvidas com seus filhos, com dificuldade na expressão emocional. Aliado a isso parece que nesses casos a disponibilidade da mãe (ou do pai) fica comprometida e funções que ela deveria desempenhar junto aos filhos acabam não sendo desempenhadas.

Não foram identificadas associações significativas entre o nível de escolaridade e as medidas de bem-estar emocional dos pais e mães. De fato, o nível de escolaridade dos pais se correlacionou apenas com a medida de Aspereza, ponto que será discutido na seqüência

Quando perguntados sobre o investimento no exercício do papel parental, 90% dos pais e mães relataram que exercer o papel parental é o que de mais importante fazem, 95% relataram que a maior parte do tempo gostam de ser pai / mãe.

Como discutido por Oldershaw2, embora o investimento dos pais no exercício do papel parental seja um aspecto importante, não é, certamente, o único envolvido no bom exercício da paternidade. Em relação à interação positiva com os filhos, o relato dos pais foi o seguinte: 89% elogiam seus filhos muitas vezes ou sempre, 85% brincam ao menos 5 minutos com seus filhos, e 94% riem com eles. A quase totalidade dos pais (95%) relatou nunca ou raramente desqualificar os filhos com frases do tipo: "Você não é tão bom quanto os outros". O relato dos pais e mães é de uma interação com calor emocional, carregada de afeto positivo. Pode-se ressaltar o quanto uma interação deste tipo é importante para o desenvolvimento afetivo das crianças. Este resultado se torna ainda mais importante quando se considera que a amostra estudada é de pais e mães que têm ao menos um filho com idade entre 0 e 5 anos.

Pais que relataram mais interação positiva também apresentaram uma melhor auto-percepção do papel parental (r = 0,23; p < 0,05), em especial no que se refere à sub-escala de competência (r = 0,24; p < 0,05). Por outro lado, pais e mães com menos interação positiva foram aqueles que apresentaram maiores níveis de estresse de sobrecarga de tempo (r = 0,22; p < 0,05).

Pais que relataram mais interação positiva foram os que relataram ter tido menos dificuldade no exercício do papel parental (r = -0,27; p < 0,01). Como era de se esperar, pais com níveis mais altos de interação positiva relataram menos aspereza nas interações (r = -0,37; p < 0,01).

Em relação à aspereza os pais relataram o seguinte: 46% às vezes e 26 % muitas vezes se aborrecem com os filhos por que eles fazem coisas erradas; 46% às vezes e 18% muitas vezes gritam com seus filhos.Quando perguntados sobre a utilização de punição física, 48% relataram nunca terem utilizado punição física com seus filhos, 38% raramente a usar e 13% usam às vezes. Como apontam Caselles e Milner11, as interações punitivas e coercitivas dos pais e mães com os filhos estão relacionadas a fatores de desestabilização, por exemplo, o estresse, e fatores compensatórios, por exemplo, o suporte social.

Quando confrontados, os resultados relativos à aspereza e à interação positiva revelaram congruência. Foi observado um predomínio das interações positivas, com calor emocional, com pais predominantemente não utilizando punição física e desqualificação dos filhos. Quanto às práticas punitivas, deve-se lembrar a questão cultural envolvida. Famílias mexicanas, por exemplo, valorizam muito a disciplina e respeito aos pais. Sendo que, como relata o estudo de Corral-Verduga e cols.22 , para a obtenção e manutenção desta valorizada tradição são utilizadas estratégias disciplinares que incluem, entre outros aspectos, a punição física. Pode-se levantar a questão do quanto, comparativamente ao caso mexicano, a punição física como forma educativa é bem aceita socialmente na cultura brasileira.

Pais que relataram mais aspereza indicaram sentir-se mais estresse (r = 0,30; p < 0,01) e com mais sintomas de depressão (r = 0,21; p < 0,05). Mostraram ainda avaliação mais negativa da auto-percepção do papel parental (r = -0,25; p < 0,05) e da sua competência (r =-0,34; p < 0,01), e disseram ter sentido mais dificuldade no exercício desse papel (r = 0,35; p < 0,01). Coerente com resultados de estudos de Yeung, Linver e Brooks-Gunn1 e Frias-Armenta e McCloskey5, pais com menor nível de escolaridade relataram mais aspereza (r = -0,31; p < 0,01).

Ainda, pais e mães que avaliaram mais positivamente a importância de sua influência enquanto pais sobre o desenvolvimento dos seus filhos relatam mais calor emocional (r = 0,20; p < 0,05). Aspecto também relevante diante de tudo o que já se conhece em termos da influência das interações positivas com os pais como elemento, por exemplo, para que as crianças construam uma auto-estima positiva.

Quando perguntados sobre o que acham das influências a que os filhos estão expostos, 87% dos pais e mães concordam que os primeiros 5 anos de vida têm uma influência marcante sobre o desenvolvimento futuro da criança. Este é um dos aspectos que merece destaque, na medida em que reconhecer a importância dos eventos que ocorrem na vida das crianças na infância pode ser um dos caminhos para um melhor exercício da paternidade. A quase totalidade dos pais, 95%, reconheceu que os pais conjuntamente, a mãe individualmente e o pai individualmente têm influência decisiva sobre o desenvolvimento futuro dos filhos. Supõe-se que esta crença dos pais terá repercussão sobre como se comportam com seus filhos.

Sobre a área em que exerceriam mais influência no desenvolvimento dos filhos: 64% dos pais indicaram ser a área emocional, 17% a social, 9% a intelectual e 9% o desenvolvimento físico. É importante destacar que reconhecer a influência predominante sobre o desenvolvimento emocional pode ser entendida como um primeiro passo na direção de uma atitude positiva em relação aos filhos.

Pais que julgaram ter mais influência sobre o desenvolvimento dos filhos indicaram estabelecer mais interação positiva (r = 0,20; p < 0,05) e confiança no seu conhecimento sobre o desenvolvimento infantil (r = 0,24; p <0,01.

Os pais e mães relataram muita confiança no conhecimento que têm sobre desenvolvimento infantil. Mães revelaram ter mais confiança que pais, t (99) = 1,59. Os níveis de confiança dos pais no seu conhecimento sobre o desenvolvimento físico, emocional, social e intelectual de seus filhos oscilaram entre 84% e 87%. Pais mais confiantes mostraram uma melhor auto-percepção do papel parental (r = 0,32; p < 0,01), mais investimento nesse papel (r = 0,38; p < 0,01) e mais integração com outros papéis sociais (r = 0,21; p <0,05) .

De acordo com Azar, Nix e Makin-Byrd12, os comportamentos de cuidado despendidos pelos pais e mães são guiados por esquemas construídos com bases em crenças do que acreditam ser certo ou errado. É possível que estes esquemas possibilitem organizar as experiências passadas e responder as situações futuras no exercício do papel parental. A confiança demonstrada pela amostra aqui estudada talvez esteja pautada nestes esquemas, que de certa forma dão segurança no sentido de indicar como agir. No entanto, é válido lembrar que estes esquemas podem ser desadaptativos se forem rígidos em demasia ou exageradamente simplistas. Sendo que, a flexibilidade de um esquema é que faz dele algo positivo ao exercício da paternidade / maternidade.

Quando perguntados sobre a dificuldade que experimentaram para ser pais e mães, 55% relataram que sentiram muitas vezes ou sempre medo de errar quando o primeiro filho nasceu, 42% relataram ter sentido medo, muitas vezes ou sempre, de não ser uma boa mãe ou um bom pai quando nasceu o primeiro filho.

Pais e mães que sentiram mais dificuldade de criar os filhos mostraram níveis mais altos de estresse de sobrecarga de tempo (r = 0,48; p < 0,01) e de relatos de sintomas de depressão (r = 0,31; p < 0,05). Mostraram também se avaliar menos positivamente no exercício do papel parental (r= -0,34; p < 0,01), na sua competência (r = -0,53; p < 0,01) e na integração de papéis (r = 0,27; p < 0,01). As mães relataram mais dificuldade no exercício do papel parental, t (99) = 2,55, p < 0,05.

Quando perguntados sobre com quem eles compartilharam o cuidado de seus filhos de modo regular, os pais indicaram basicamente contar com as avós, em especial as avós maternas, 63% da amostra. Os pais e mães indicaram predominantemente estar satisfeitos e muito satisfeitos com esse suporte. O nível de satisfação com a rede de apoio parece ser um ponto importante, pois, como destacam Jennings, Stagg e Connors23, mães que relatam satisfação com a rede de apoio demonstram-se menos intrusivas e controladoras; bem como, com comportamentos maternos considerados mais adequados.

A rede de apoio relatada pelos pais foi predominantemente familiar. O apoio institucional foi indicado em 37% da amostra, vinculado a creches particulares e 9% contaram com o apoio de creches públicas. No caso do apoio institucional, o nível de satisfação com as creches particulares foi equivalente ao indicado para as avós, já o indicado para as creches públicas estava abaixo da opção "satisfeito".

Quando perguntados sobre se receberam suporte prático suficiente quando se tornaram pais e mães, 65% disseram que sim. Em relação ao suporte emocional suficiente, 67% também disseram que sim. Estudos apontam para a importância do apoio social, principalmente para as mães23, já que este atua como um facilitador do exercício parental; em particular, em situações de estresse.

Pais e mães em sua maioria concordaram que é importante buscar informação sobre como ser pai ou mãe. O profissional que mais forneceu informação foi o pediatra. No âmbito familiar os avós apareceram como aqueles que mais serviram como fonte de informação. Quanto aos meios de comunicação, os pais recorrem mais dequentemente a livros, televisão e jornais.

Os resultados obtidos nesta pesquisa podem ser sumariados da seguinte forma. Foi inicialmente possível avaliar o bem-estar emocional parental em um grupo de pais brasileiros residentes no Rio de Janeiro. Mais especificamente foram estudados níveis de estresse de sobrecarga de tempo e sintomas de depressão. Os resultados, compatíveis com estudos anteriores, indicam que uma parcela importante dos pais entrevistados apresentou níveis elevados de estresse de sobrecarga de tempo e queixas de depressão. Foram ainda identificadas diversas associações importantes entre as medidas do bem-estar dos pais e diversas dimensões dos esquemas parentais, tais como auto-percepção, estabelecimento de interações positivas, aspereza na interação com filhos, percepção da dificuldade no desempenho do papel parental. A pesquisa forneceu ainda um conjunto apreciável de informações sobre como pais encaram a paternidade / maternidade, onde buscam e obtém informação e suporte.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados aqui discutidos são relevantes, por um lado porque trazem informações novas sobre pais e mães brasileiros,podem ser cotejadas com outros estudos nacionais na área. Por outro lado, proporcionam idéias e achados que possibilitam a abertura para novos estudos.

Com esta pesquisa, foi possível discutir elementos envolvidos no exercício do papel parental com uma amostra de casais residentes em diferentes municípios do Estado do Rio de Janeiro. Entretanto, deve-se reconhecer a necessidade de investigações com outras amostras (Ex. mães e pais adolescentes, mães e pais separados, mães e pais residentes em zonas rurais ou em outros estados, com níveis mais baixos de escolaridade, etc.), já que vivemos em um país de grande diversidade.

Espera-se que esta pesquisa tenha contribuído, por um lado, para uma reflexão acerca do exercício do papel parental e de como esse exercício está vinculado ao bem-estar emocional dos pais. Por outro lado, espera-se também ter levantado uma discussão sobre como o bem-estar emocional está atrelado a variáveis sociais (Ex. situação ocupacional, desemprego, pressão econômica, rede social de apoio).

Os resultados obtidos com essa pesquisa servirão de base para futuros projetos de intervenção com pais e mães pois a literatura indica haver de que há uma tendência à transmissão intergeracional tanto da aspereza na interação com os filhos, quanto da depressão. Justifica-se também porque o trabalho preventivo com pais e mães de crianças de 0 a 5 anos pode repercutir positivamente sobre o desenvolvimento futuro delas. Neste sentido, espera-se que o trabalho futuro de intervenção colabore para a melhoria da qualidade de vida das famílias e do relacionamento entre pais, mães e filhos.

 

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Recebido em: 26/09/2006
Modificado em: 03/10/2006
Aprovado em: 10/10/2006

 

 

+ Os autores agradecem a participação dos integrantes da equipe de pesquisa: Alice Iwa Silva Yamada, Ana Christina Sales do Nascimento, Andreia dos Reis Faria, Cláudia Muniz Vieira, Deborah Maria Vianna da Fonseca, Silvana D. S. Correa, Valéria Sampaio Ferrão, Vitor Leonardo Alves, (Universidade Estácio de Sá/ Akxe) e dos alunos da disciplina de Prática de Pesquisa em Psicologia II 2005/1 (Universidade Estácio de Sá / Niterói). Os autores agradecem às 51 famílias que gentilmente aceitaram participar da pesquisa.

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