SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.17 issue3Parental expectations: the boarding school as a developmental contextMedical visits in the context of the family health program and children's right author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Journal of Human Growth and Development

Print version ISSN 0104-1282On-line version ISSN 2175-3598

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.17 no.3 São Paulo Dec. 2007

 

PESQUISA ORIGINAL RESEARCH ORIGINAL

 

Homicídio entre jovens de uma periferia de Salvador, Bahia: um relato de experiência sobre a violência e o desenvolvimento humano

 

Homicide among youngsters in the periphery of Salvador, Bahia: an experience report on violence and human development

 

 

José Eduardo Ferreira Santos

Mestre em Psicologia do Desenvolvimento (UFBA). Doutorando em Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, orientado pela Profa. Dra. Ana Cecília de Sousa Bastos. Endereço para correspondência ferreirasantosenator@gmail.com; dinhoavsi@ig.com.br

 

 


RESUMO

Este artigo trata de uma pesquisa em andamento quanto a homicídios ente jovens em uma periferia de Salvador, Bahia. Parte de trajetórias de jovens assassinados utilizando uma metodologia etnográfica composta pela análise sistemática de recortes de diários e cadernos de campo coletados durante muitos anos de estudos sobre a juventude no campo. Identifica as repercussões no desenvolvimento humano em contexto das trajetórias de jovens assassinados. organizada nos tópicos: continuum; antecipação; trajetória: genealogia e repercussão. São apresentados três casos de jovens assassinados e suas repercussões sobre a família, os jovens, o bairro e o assassino. Conclui-se que alguns elementos ou indícios presentes no cotidiano do jovem podem permitir o mapeamento de trajetórias de marginalização que, identificadas, possibilitam uma ação preventiva.

Palavras-chave: Homicídio. Jovens. Periferia urbana. Trajetória de vida.


ABSTRACT

This article deals with the results of an ongoing research on juvenile homicides in the periphery of Salvador, Bahia. It approaches the trajectories of murdered adolescents, using an ethnographical methodology composed by the systematic analysis of sections of field diaries collected during many years of field studies on adolescents. The study identifies the repercussions on human development in context of the murdered youths' trajectories, organized in topics: continuum, anticipation, trajectory, genealogy and repercussion. Three cases of murdered youths are presented, along with their repercussions on the family, on the neighborhood and on the murderer. It is concluded that some elements or indexes seen in the adolescent's daily life enable to map the trajectories of marginalization that, once identified, could help to prevent the future murder.

Keywords: Homicide. Youngsters. Urban periphery. Life trajectory.


 

 

INTRODUÇÃO

Este artigo trata de uma pesquisa em andamento quanto a homicídios ente jovens em uma periferia de Salvador, Bahia, a partir da análise de trajetórias de jovens assassinados. Para tal, utiliza-se uma metodologia etnográfica1, a partir de recortes de diários e cadernos de campo, sistematizados durante anos de pesquisa sobre a juventude.

No Brasil contemporâneo o fenômeno da violência entre os jovens assume maiores proporções, dadas as complexas dinâmicas da desigualdade social, do crime organizado e do tráfico de drogas, fatores presentes quando analisamos os homicídios ocorridos entre os jovens2,3. Na periferia de Salvador, a violência assume dimensões similares, vitimando jovens do sexo masculino, negros e pardos, muitos deles na faixa etária entre as duas primeiras décadas de vida4.

Diante dos dados que apresentam o aumento significativo da violência que atinge os jovens5, surge a necessidade de aprofundar aspectos do desenvolvimento humano, como as repercussões do homicídio entre jovens no contexto e nas relações proximais, que afetam a estrutura do lugar e as relações, identificando os aspectos de continuum, antecipações, trajetórias, genealogia, e toma por referência noções de contexto e desenvolvimento humano que valorizam os processos, as interações, as relações proximais e o tempo, numa dimensão dialógica, culturalmente situada6, nos domínios da vida cotidiana7,8.

A entrada do jovem, em um momento crucial, em trajetórias de marginalidade, veio a se concluir, posteriormente, com o homicídio. O estudo revela, assim, um potencial de previsão desta morte, estabelecendo pontos que indicam o que pode acontecer aos jovens que se envolvem em trajetórias marcadas pela marginalização dado haver um continuum que vai da entrada - o momento de virada - nessas trajetórias até o homicídio.

Além deste, outro fato a ser apontado é que o homicídio entre jovens vai ocorrer em meio a disputas pela área e pelo poder, onde o último ato é o extermínio daqueles que representam um perigo ao poder de outros jovens9,10,11.

O continuum das trajetórias de marginalização

Há um continuum que leva os jovens ao óbito, com a entrada em trajetórias de marginalidade. Um evento crítico reconfigura os movimentos que os jovens fazem no seu contexto de desenvolvimento e evidenciam aspectos de letargia social. Essa letargia é uma espécie de inatividade no contexto, dada pelo não desenvolvimento de habilidades e de expressão, que aparece particularmente com a eclosão da violência e mostra-se em suas percussões, identificadas como desterro e sua internalização.

A idéia de continuum pode ajudar a esclarecer a dinâmica do contexto, perceptível aos adultos, mas que pode não estar no olhar do jovem, para o qual o não fazer significa um fazer. Diante do evento crítico, que aqui está relacionado à violência, esses mecanismos se evidenciam e se pode enxergar as dinâmicas de uma forma mais ampliada. O evento crítico faz irromper forças e percepções que estariam hermeticamente condensadas na profusão do real e pode nos fazer perceber o continuum, a partir de sua irrupção.

Recorrências nestas trajetórias estão relacionadas ao encontro com outras formas de protagonismo, não aceitas socialmente e nas quais os jovens se integram, por fascínio ou por uma visão que una as polaridades do risco e da aventura, mas que não se configuram como uma escolha, pois os jovens se envolvem paulatinamente e quando vêem, ou quando os vemos, já estão estigmatizados pelas pessoas da periferia.

Na periferia, o uso de qualquer droga, como a maconha, o crack, a cocaína, está relacionado à marginalidade e à mudança de trajetória. O consumo cria um estigma que se relaciona à exclusão e à posse de armas, como se fizessem parte de um continuum de exclusão e desterritorialização. A estigmatização muda o modo de vestir, a forma de se comportar e a forma de utilizar o espaço da periferia. Os jovens começam a aderir aos modelos de outros jovens inseridos na marginalidade: roupas, gírias, lugares que freqüentam, bares e horários em que bebem, geralmente à noite, becos e lugares perigosos, de acesso restrito12,13.

Devido ao estigma, esses jovens provocam nas outras pessoas uma sensação de insegurança e medo, relacionados à posse de armas de fogo. Com isso, o jovem estigmatizado torna-se uma espécie de persona non grata na favela, e, no desejo latente dos outros, ele deve ser exterminado para que não apresente riscos a essas pessoas, pois elas não sabem lidar com o jovem que é diferente, pois as drogas mudam as relações: valores e elementos de sociabilidade são quebrados, o que é percebido como a perda do respeito ou outros referenciais aos quais estes jovens pertencem. As pessoas esperam e se antecipam ao fim dos jovens; já sabem o que vai acontecer a eles após a entrada na marginalidade e passivamente esperam que se cumpra o "oráculo". Essa antecipação da trajetória, a partir de alguns elementos ou indícios presentes no cotidiano do jovem, pode permitir o mapeamento de trajetórias de marginalização que, identificadas no seu ponto de virada, podem orientar uma ação preventiva.

Genealogia, estigmas e trajetórias

A genealogia pode ser um instrumento importante para o entendimento de suas trajetórias e do desenvolvimento da exclusão que os levou à morte. Uma genealogia pressupõe condicionantes e estruturas de relações – dentre elas o encontro e a pertença – que podem favorecer o entendimento do fato.

A análise dos diários de campo, entre os anos de 2003 e 2006, possibilitou antecipar, no sentido de identificar indícios correlacionados, quais jovens poderiam vir a óbito.

Foi realizada uma genealogia da entrada de dois jovens do sexo masculino, em 2003, que naquele momento haviam começado a se envolver com armas e drogas. Em 2006, o mesmo foi realizado com outro jovem, antes do seu assassinato. Os dois tinham características comuns, dadas pelo acesso a armas de fogo, consumo de drogas, as mães e pais sentirem-se impotentes diante disto. Sem saber o que fazer, pediram ajuda a pessoas da comunidade, que, também, impotentes, não souberam o que fazer.

Para estruturar uma genealogia ou arkhé14 é necessário estabelecer alguns parâmetros como o tempo, a situação social do jovem, seus âmbitos de inserção/exclusão, os encontros e as novas aquisições diante destes encontros. Toda genealogia começa com um fato que chama a atenção sobre a vida do jovem. Nos casos, isso se deu quando do conhecimento sobre o envolvimento dos jovens enquanto usuários de drogas e a ligação com traficantes e identificar o momento em que deixam de freqüentar os espaços socialmente aceitos e constituídos para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, esportivas e culturais. Outro fato pode ser a estigmatização, assim como a reconfiguração das redes de relações do jovem, após o ingresso em trajetórias caracterizadas pelo consumo de drogas.

A socialização e os modos de vida de jovens que ingressam no consumo de drogas mudam significativamente e eles, para se proteger, necessitam distanciar-se do seu contexto anterior (relações, vínculos, pertenças) e essa distância provoca a estigmatização, assim como permite a indicação de que o jovem está fazendo parte de um outro contexto dentro do contexto da periferia.

Algumas famílias, ao se darem conta disso, retiram o jovem da favela, enviando-o para outra cidade, tentando livrá-lo das conseqüências desencadeadas posteriormente pelo consumo, ou então investem em possibilidades que façam o jovem trabalhar como ajudante, o que indica que as medidas ou modos de lidar com a prevenção estão entre o desterro e a inserção pelo trabalho.

A genealogia da inserção ou da exclusão pode permitir a antecipação e o acionamento de meios que permitam ao jovem uma reconfiguração do seu contexto de relações. Os jovens não inseridos no consumo e tráfico de drogas sabem quando outros jovens estão ingressando em tais trajetórias e verbalizam o acontecimento, o que permite mapear essa genealogia, ou seja, começar a estabelecer pontos e episódios que indiquem o percurso desse jovem após o fato gerador de sua nova trajetória. O episódio em si não explica, mas abre uma janela de entendimento sobre outros aspectos. Por exemplo: a cena de homicídio entre jovens, ou o início do consumo e tráfico de drogas, são frestas por onde entra a luz do entendimento das relações, das pertenças, das dinâmicas do contexto da juventude e da violência, assim como ela se manifesta. A genealogia, por fim, faz o pesquisador olhar para o passado e para o episódio, enquanto presente, e para o futuro, ou seja, o que acontece posteriormente, para as repercussões.

A seguir, são apresentadas, de forma esquemática, as trajetórias conforme o diário de campo, de janeiro de 2003, para os jovens 1 e 2, e de março de 2006, para o jovem 3. (Quadro 1).

Essa genealogia começa com a idade dos jovens: o período etário dos 13 aos 16 anos, que parece ser um marcador importante porque mostra, de forma indicativa, certa normatividade na entrada na trajetória de marginalização, identificadas aqui pelo início do consumo de drogas.

No caso do jovem dessa periferia, nessa idade, há o contato com uma diversidade de experiências que não eram possíveis vislumbrar na infância, como uma maior autonomia diante dos pais e um encontro com os pares jovens. Em relação à infância, na primeira etapa da adolescência a pessoa passa a dispor de mecanismos que podem fazê-lo atuar com certa autonomia diante dos pais, ou mesmo favorecer o encontro com outros jovens que podem introduzi-lo em contextos onde a sua atitude pode ser reconhecida e incentivada, gerando um reconhecimento de habilidades que, na infância e em outros espaços (casa, escola, projetos socais), dificilmente são reconhecidas.

Esse intermezzo entre os 13 e os 16 anos pode ser o momento de descoberta, iniciação e reconhecimento que faz com que os jovens tenham que se abrir a escolhas sem a tutoria dos adultos e dos seus responsáveis, ou melhor, diante das tantas possibilidades eles podem ser cooptados por outros jovens de modo que passem a exercer funções em que atuam como protagonistas, mesmo isso não sendo aceito socialmente. O momento crítico é, então, enquanto período de passagem, a virada dos 13 aos 16 anos, e se dá no encontro com as armas de fogo e seu fascínio, assim como as drogas, oferecidas por outros jovens, que, apesar de serem considerados comparsas e companheiros, serão aqueles mesmos que irão dar cabo da vida dos jovens, principalmente se houver uma ascensão e aquisição de um poder maior do que o esperado, como, por exemplo, ser dono de uma "boca" ou possuir armas. Ser dono da "boca" e possuir arma de fogo indica que o jovem está dominando uma parte do território.

Nos três casos, após a inserção no consumo de drogas ou posse de armas, os jovens abandonam a escola. É como se eles não pudessem compartilhar os mecanismos de integração social que pressupõem um olhar mais orientado para o futuro. A escola parece não estar preparada para receber esse jovem que lida com o hoje, com o agora, com a emergência do cotidiano. Nela, a inteligência e as habilidades são conferidas a regras que os jovens podem não compartilhar, dado o aparente protagonismo que é oferecido a uma trajetória de marginalização, onde o sujeito atua sobre o contexto de uma forma aparentemente mais autônoma. Nesse sentido, a escola parece valorizar o infantilismo, enquanto o tráfico, o protagonismo e a atuação do indivíduo sobre a realidade, numa dimensão mais social e concreta, e não abstrata como o é a escola.

A atração pela arma de fogo é uma característica que permanece no imaginário coletivo dos jovens, pois ela parece conferir uma outra estatura ao indivíduo, representando autonomia, confiança e poder. A posse de armas de fogo traz à tona disputas internas que levam os jovens ao óbito. Para conseguir este instrumento de poder, podem assassinar o jovem portador da arma de fogo, que assim provoca fascínio e disputa.

A estigmatização, ligada ao consumo de drogas, é uma característica peculiar na juventude da periferia. Em outros ambientes o uso de drogas é associado a fatores socialmente construídos, não gerando muitas vezes um estigma que exclua a pessoa das suas relações sociais mais próximas. Na periferia o jovem é submetido a uma exclusão que de forma perversa e sutil vai delimitando os seus espaços, seus modos de agir, as atitudes, o comportamento e há um cerceamento e fechamento do seu círculo de amizades. Ele passa a ser visto como o "marginal", isto é, aquele que não faz parte do contexto socialmente integrado, sendo excluído porque é visto pelos outros como uma ameaça à segurança alheia.

Essa estigmatização vai paulatinamente fechando o jovem em caminhos que não possibilitam a escolha. Ele pode se ver sem possibilidade de inserção no contexto da família, da escola e de projetos, pensando que nestes espaços não há lugar para quem transgride, principalmente porque as drogas introduzem um mecanismo de apartação social (sempre pensando na periferia). Colocada ao lado do fenômeno de posse de armas e da perda de referenciais diante das outras pessoas, pode levar a crimes, assaltos e assassinatos. É como se as drogas introduzissem um elemento estranho com o qual as outras pessoas não sabem lidar e assim é possível entender porque os jovens que começam a se drogar abandonam os espaços sociais que antes freqüentavam. Há uma apartação do e no contexto. Resta-lhes, assim, o grupo de pares que também se droga e com eles os jovens vão passar a maior parte do tempo, partilhando saberes e hábitos que não podem ser vivenciados fora daquele contexto, sob pena de "pagar" com a própria vida, caso haja uma distância que não pode mais existir.

A ascensão do jovem na trajetória de marginalização implica sempre em um risco maior porque há interesses e disputas, cujo fim se explicita no homicídio. Os jovens mais inteligentes, com capacidades de liderança, arregimentação de outros jovens, organização, cooptação e convencimento, implicam em uma ameaça aos outros jovens envolvidos no tráfico de drogas, pois sua ascensão se dá através do uso da logística e do convencimento de outros jovens. Isso indica uma grande capacidade de pensar e atuar no ambiente, o que traz ameaças aos outros jovens que, para livrarem-se destes, usam da violência para que não ameacem os espaços e territórios daqueles que estão empenhados em manter o tráfico na área. Os jovens aqui analisados possuíam essas características de organização e ascensão diante dos outros, o que pode indicar o fim que tiveram. Ou seja, estavam empenhados em "crescer" nessas trajetórias, quer com a compra de armas para si ou mesmo com a aquisição da "boca", o que lhes trouxe, como conseqüência o homicídio perpetrado por seus pares, ou "parceiros".

Após a morte, esses jovens são esquecidos, sepultados em um cemitério pobre, onde não há inscrições lapidares. O enterro em um cemitério da periferia chama a atenção para o esquecimento, mesmo após a morte, porque em nenhum dos casos há um sinal que mostre onde foram sepultados. Não há nenhuma indicação de nome ou diferença entre os túmulos. São cruzes fincadas no chão, com a data da morte, sem nenhuma referência à pessoa. Essa é uma possível conseqüência do desterro, que quer apagar da memória aqueles jovens que se foram, como se eles não deixassem nenhuma recordação ou referência concreta. Aliás, como comumente acontece a outros tantos jovens que são assassinados na periferia, cuja memória se perderá com o passar do tempo, dada a subnotificação dos casos. Essa é uma outra conseqüência da violência que temos identificado: um desterro para além da vida. O desterro atua na vida cotidiana, e para além dela, na morte do indivíduo, o que coloca um pano de esquecimento sobre a sua história de vida, como tem recorrentemente acontecido nestes anos15.

Repercussões do homicídio entre jovens

O quadro 2 pretende mostrar algumas repercussões do homicídio entre jovens na vida das famílias, de outros jovens, no bairro e nos projetos sociais:

Os jovens, em um intervalo de dois a três anos, foram assassinados. Dentre as conseqüências do homicídio, o desterro pode ser identificado como fraturas psicossociais geradas, com a perda da capacidade de socialização e de liderança dentro do próprio bairro. É um ponto em comum que as mães e as famílias em geral não conseguem mais permanecer no bairro onde ocorreu o assassinato de um filho. Uma família teve que fechar a mercearia que mantinha no bairro; outra, apesar de permanecer no bairro, retraiu-se em casa, pois o lugar parece trazer à tona a triste lembrança da perda, de modo que as pessoas não conseguem mais se identificar com o local e as relações ali estabelecidas, como se existisse uma falência de crenças e expectativas em relação à vida comunitária. Então, a violência traz como conseqüência a dificuldade de permanecer no território e de retomar laços e vínculos.

A saída do bairro pode indicar uma possibilidade nova, de recomeçar a vida a partir do evento crítico, resguardando os filhos das lembranças que os acompanharão certamente, porém sem a concretude do lugar, do território até então habitado. Assim, uma outra conseqüência é esse refazer do território e das relações em outro lugar, recomeçar a viver em outro território, com outras pessoas, em outras escolas; enfim, um outro universo de relações que começam a se configurar, após essa saída forçada e necessária para que a dor não se concretize com a lembrança atualizada do lugar e também daqueles que perpetraram a violência.

As repercussões na vida de outros jovens são díspares, porém, convergem em sentimentos de medo, injustiça, saudosismo, assim como a revolta que levou o irmão de um deles a pensar em inserir-se em uma trajetória de marginalização para vingar o irmão morto, realizando um ciclo que começou com a morte do primeiro irmão, que foi o "gerador" da entrada do jovem 1 no crime como vingança, e assim repete um ciclo de violência e de exclusão. Alguns começaram a se inserir em atividades educativas e de profissionalização, outros tiveram que sair do bairro, porque andavam junto com os jovens assassinados, com medo de serem os próximos

As repercussões no bairro e aqui estão entremeadas com os jovens - são um continuum, que vão da indiferença, passando pela perplexidade e chegando à comoção e organização comunitária diante do homicídio, como o do jovem 3.

A indiferença e o esquecimento, ligados ao jovem 1, devem-se a que, além de estar envolvido em uma trajetória de marginalidade, havia a prática de assaltos às pessoas da própria periferia, não respeitando a história local. Assim, sua presença não era aceita pela comunidade – o que veladamente pode ser percebido como se a sua morte representasse uma expectativa esperada, mas jamais verbalizada. Com a morte do jovem que praticava assaltos, houve o restabelecimento de uma ordem, por isso o esquecimento e a indiferença.

Outra repercussão é aquela caracterizada pela perplexidade. Ocorreu uma inexplicabilidade diante do homicídio dos jovens 2 e 3, o que muda e paralisa a vida das pessoas, no sentido de que não esperavam que aquilo acontecesse, particularmente porque os jovens não representavam uma ameaça aos outros e faziam parte – positivamente – da rede de relações da favela. A perplexidade parece não mover as pessoas, mas faz com que as mesmas pensem e sintam a perda, embora com um posterior esquecimento da vida dos jovens. Ocorre uma fratura social com o homicídio, onde aparece o desterro internalizado, enquanto conseqüência da violência.

Um outro nível de repercussão é essa perplexidade ligada à comoção, que leva ao acionamento de redes de apoio que podem proteger os outros jovens diante da morte de um deles. Pelo fato do jovem ser querido e não ter em sua trajetória eventos que o caracterizem como um risco, a sua memória permanece na vida de outros jovens, que se recordam dele, organizando-se de variadas formas, de modo que a sua vida continue a fazer parte do contexto. Diante dessa morte, os jovens ficaram mobilizados de tal forma que se colocaram em contato com outras pessoas, procurando explicação ou espaço para falar daquilo que estavam percebendo e sentindo diante da morte. Há, nesse nível, uma organização dos jovens para que tal evento não seja repetido e a forma que eles encontraram pode ser no plano coletivo, com a organização de missas, minutos de silêncio em jogos de futebol, e no plano individual, inicialmente marcada pela percepção de jovens que queriam ingressar em trajetórias de marginalidade para perpetrar vingança ao jovem assassinado, há o estabelecimento de novos projetos de vida pautados pelo trabalho, estudo e organização do cotidiano, salvaguardando-se dos riscos presentes no contexto.

As repercussões e conseqüências na vida dos jovens que cometeram o homicídio são marcadas pela impunidade, pois nenhum deles foi preso ou respondeu juridicamente pelo crime, e continuaram a perambular pelas ruas do bairro, intimidando outros jovens e suas famílias. Para eles, a lei parece não existir, pois nem a denúncia foi feita pelas famílias, com medo de represálias, o que representa uma lacuna no sentimento de justiça. O medo impede que as pessoas acionem os meios legais, pois se assim o fizerem podem ser também assassinadas.

Diante do homicídio, os projetos sociais parecem tornar-se reféns de um sentimento de impotência. Primeiro, porque os jovens egressos não têm possibilidade de retorno, dado pelo abandono da escola e mesmo pelo risco que poderiam representar para os outros jovens inseridos nos projetos sociais que, neste sentido, parecem trabalhar com jovens do tipo "ideal". Por isso, não estão preparados para lidar com questões como drogas, armas, violência e outros temas presentes na juventude de uma periferia. O sentimento de impotência pode estar ligado a uma lacuna metodológica de enfrentamento dessas situações e mesmo à falta de recursos ou alternativas que sejam mais atrativas que aquelas encontradas pelos jovens no espaço da periferia.

Dois jovens foram assassinados durante a noite e por jovens que eram considerados próximos, parceiros ou amigos, indicando uma inversão da sociabilidade. O terceiro deles foi assassinado durante o dia, e também por um jovem de sua rede de relações. Enquanto contexto de desenvolvimento, a noite na periferia é um lugar de risco, onde o espaço, tão vivo e dinâmico do dia, ganha outros matizes, mais caracterizados pelos riscos e pela violência, o que indica certo cerceamento e apropriação do espaço para fins relacionados à violência e às drogas.

Parece que o inconsciente coletivo vai preparando as pessoas do lugar para se resignarem diante do homicídio, ainda mais se o jovem realizar delitos na própria comunidade. É como se as pessoas não vislumbrassem saídas para o destino (entendido como morte, fim) do jovem 1. É comum esse pensamento de que algumas crianças e jovens não têm mais jeito, particularmente quando conversamos com algumas mães e pais que, diante da desobediência dos filhos, não têm outros recursos de convencimento e educação.

Quando os pais não conseguem utilizar mais a ação educativa, é como se os filhos ficassem entregues à própria sorte, como no caso do jovem 1, que assaltava e portava armas na comunidade, e o sentimento definido foi indiferença. Quando o jovem assassinado ainda desperta alguma esperança, o sentimento definidor é a perplexidade, a revolta, a comoção e a mobilização, indicando que sua morte causou, de fato, uma fratura psicossocial no lugar e nas pessoas, revirando as estruturas de relacionamento das pessoas e do lugar.

Para os adultos, a morte pode provocar sentimentos e repercussões que atuam sobre o contexto mudando as relações, colocando as pessoas em atitudes ora de perplexidade, ora, de mobilização, mas há também mortes que parecem "aguardadas", e que, por isso, são vistas como algo "normal". Para os jovens, os homicídios adquirem significados que provocam e modificam as formas de lidar com o cotidiano e suas relações. Por mais que o jovem assassinado esteja envolvido em trajetórias de criminalidade, ele é um par e isso confere um senso de irmandade, de compartilhamento de experiências, rompido com a morte, diante da qual os jovens têm que aprender a conviver com perdas.

As lágrimas de uma mãe

"O que será do meu filho nas férias, quando ele não tiver nada pra fazer? Ele vai querer ficar jogando com os cara barra pesada lá do bairro. Aquilo ali não é lugar pra ninguém viver" (Diários de campo, 29/11/02).

Esse "não ter nada para fazer" pode indicar uma letargia social, pois mesmo que o jovem esteja vivendo e desenvolvendo algumas habilidades enquanto joga, isso não é percebido socialmente, pois o fazer socialmente reconhecido implica uma aceitação social e pode ser definido nos âmbitos do trabalho, da escola, da freqüência a projetos sociais, à integração em grupos orientados para perspectivas culturais, educacionais, sociais e políticas.

Há atividades que, por não serem reconhecidas enquanto tais, podem revelar-se como práticas onde emerge a letargia na visão dos adultos. Na percepção do jovem, pode existir um sentido maior sobre o desenvolvimento de suas habilidades enquanto está sentado conversando com outros, ou mesmo jogando, o que diverge da visão dos adultos, que podem ver aí a manifestação de uma letargia. Então, há um fazer socialmente aceito e um fazer que é considerado um não fazer, uma inatividade, identificada pelo olhar externo.

A mãe já antecipava que alguma coisa poderia acontecer ao seu filho por causa das companhias16, das atitudes, dos espaços que freqüentava, e do uso do tempo livre, elementos que podem antecipar e mostrar se o jovem está integrado ou não em trajetórias de marginalidade e que, por outro lado, podem mapear como está ocorrendo o seu desenvolvimento.

Sobre as companhias, elas mostram qual caminho de desenvolvimento o jovem está transitando, e a força dos pares assume grande importância para entender por quais inserções o jovem está transitando, de inclusão ou exclusão. No caso, o convívio com os "caras barra pesada" já pode ser entendido como um marcador de envolvimento do jovem com pessoas que não possuem referenciais de confiança. As companhias, nesse momento do desenvolvimento, são muitas vezes mais fortes e paradigmáticas do que a da própria família. A preocupação da mãe tem um sentido de proteção e preocupação, diante do qual nem ela mesma sabe o que fazer, pois a força das companhias se apresenta como uma divisão entre a casa e a rua, tendo um fascínio ao qual o jovem adere e se liga, ou seja, pertence de forma plena, não deixando, muitas vezes, espaço para a interlocução com a família e outras pessoas de referência.

Quando o jovem está envolvido com os pares considerados "barra pesada", ele começa a fazer parte do continuum. Por isso, no contexto de desenvolvimento do jovem da periferia, a integração aos grupos é um fator determinante do desenvolvimento do jovem. As companhias são referenciais que ditam as atitudes e os modos de comportamento do jovem, porque introduzem elementos de partilha e aceitação que não são vislumbrados na família, dadas muitas vezes a hierarquia e as distâncias conferidas pela relação intergeracional. Nas companhias de jovens, isso existe de uma maneira menos evidente pela configuração dos grupos sem divisões demarcadas por essas características. Aqui se justifica a preocupação materna quando o jovem se envolve com outros jovens que são estigmatizados: o estigma, que era desses "outros", passa a fazer parte do jovem.

Atitudes de socialização com pessoas de várias esferas, permitem ao jovem transitar pelo bairro e estar menos vulnerável às situações de violência e estigmatização. Quando as suas atitudes são modificadas pelo encontro e pertença a jovens "barra pesada", o próprio jovem começa a perder as características de socialização com o território local e a fazer parte de um círculo de amizades e referências que vão se restringindo, até assumir os modos e as atitudes do grupo, o que indica a mudança de referenciais apreendidos na família, no bairro e nos espaços que freqüenta.

Aqui é interessante notar que o fato de estar na companhia dos outros e "jogar até de madrugada" pode pressupor, de acordo com a visão da mãe, o ingresso em atitudes que são pautadas pela transgressão, como o uso de drogas, o acesso a outros universos de significados pautados pela inserção em pequenos delitos e o conhecimento de novas esferas de socialização, ou mesmo de mecanismos que podem fazer com que o jovem não consiga se liberar deles, como, por exemplo, onde se localizam "bocas", onde as armas são conseguidas, quem serão os próximos jovens que serão mortos. Sendo assim, essas informações não permitem mais o trânsito fora dos espaços dados pelo grupo, o que indica uma relação de pertença que não é mais dada pela liberdade, mas por uma ligação que implica conhecimento de informações que não podem ultrapassar aquele círculo, sob pena de o jovem "pagar" com a própria vida.

Esse mecanismo pode explicar uma pertença sob o estigma da opressão, já que o jovem não pode mais estar ligado a pessoas de modo gratuito e recíproco. A pertença, neste caso, é uma prisão. Nessa forma de pertença, indicada pela opressão e a não possibilidade de escolha, o jovem assume características como a constância na relação com esses jovens que impedem a freqüência a outras relações e espaços, assumindo, assim, um modo de vida e hábitos que caracterizam-no como um marginal.

Os espaços de trânsito da juventude permitem verificar a integração, as exclusões que caracterizam os jovens. O espaço - entendido como áreas de acessos permitidos ou não, áreas que só os conhecidos podem entrar, como aquelas onde há "bocas" e é lugar de encontros de marginais, onde a polícia pode chegar a qualquer momento -, é indicativo de que alguns jovens só poderão ingressar com a permissão de outros. Se um jovem começa a freqüentar esses espaços, ele pode começar a ser identificado com jovens estigmatizados.

O problema se agrava em relação ao horário, às noites e às madrugadas. A noite é um período onde existem chaves que permitem que a pessoa transite ou não por uma área, pois caso não exista a pessoa pode sofrer as conseqüências de estar ali na hora errada e no lugar errado.

A rua na Bahia é muito dinâmica, principalmente na favela, pois para andar nelas é preciso um conhecimento real, subjetivo e sobrenatural, senão o jovem pode sofrer as conseqüências da sua ingenuidade. A rua tem significados para as pessoas que são reais, subjetivos e transcendentes. Não se pode andar pelas ruas a esmo, nem entrar em espaços que não são conhecidos porque, de repente, há à espreita formas de invasão da vida da pessoa para as quais ela pode não estar preparada. No caso da violência, existem ruas que não podem ser transitadas pelos perigos que guardam, como locais de reuniões dos marginais, bocas, esconderijos de armas, bares que são pontos de venda de drogas etc, e que muitas vezes são conhecidos pela polícia que freqüentemente realiza abordagens violentas, ou mesmo pelos jovens que, por andarem armados, podem atentar contra a vida de quem ali ingressa desavisado. Lugares de jogo à noite não são simplesmente lugares de jogo. São pontos de venda de drogas, onde os jovens que ali estão portam armas de fogo e estão desconfiados e a qualquer momento podem atentar contra a vida uns dos outros. De modo diferente, a rua é um lugar onde o sobrenatural atua. Notar que quem está de "corpo aberto" pode ter seu corpo invadido por uma entidade, como no caso de uma adolescente que teve o seu corpo invadido por uma "padilha", que foi colocada para "pegar" uma outra pessoa, mas como ela estava desprevenida e de "corpo aberto", a entidade a invadiu e produziu estragos na vida da família.

A rua tem sua dinâmica, um risco para a integridade da pessoa, que precisa a conhecer para poder transitar; como se a rua guardasse segredos que, para serem conhecidos, implicam em pertencer ao lugar e às relações, de forma livre ou sob o jugo da opressão. Esses fenômenos se dão por questões ancestrais existentes nessa periferia, cuja proximidade com as matas que antigamente, e ainda hoje, eram utilizadas pelos adeptos do candomblé para a iniciação e rituais ligados aos orixás, podem indicar esses aspectos espirituais ou transcendentais. Tanto na relação com as entidades quanto na relação com a violência, que vem se enraizando por muitos anos, criam-se espaços que são impermeáveis e intransitáveis e outros que são transitáveis somente com esse conhecimento prévio, que é dado a quem pertence a essas relações que os desvelam.

O uso do tempo livre por parte do jovem pode indicar quais escolhas e habilidades podem estar desenvolvendo. As mães, ao se mostrarem preocupadas com as escolhas feitas pelos filhos que, na impossibilidade de ter o tempo ocupado pela escola ou projetos sociais, estaria mais disponível para responder às solicitações dos jovens considerados "barra pesada", possivelmente indicam que o tempo seria direcionado para atividades que não são pautadas pelo consentimento socialmente estruturado, como estudar ou trabalhar. O tempo livre é um aspecto importante de descrição de como o jovem está inserido no contexto da periferia, o que permite vislumbrar caminhos, orientações e escolhas. A dimensão temporal, entendida no cotidiano, pode favorecer o encontro do jovem com diversas habilidades e sua inserção nelas. Na juventude, o trabalho e o lazer são espaços de promoção desta inserção17. Andar com companhias pautadas pela marginalização é um risco, pois parece induzir o jovem a essas mesmas trajetórias.

 

REFERÊNCIAS

1. Oliveira RC. O trabalho do antropólogo. 2ª ed. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora UNESP; 2000.        [ Links ]

2. Kodato, S; Silva, APS. Homicídios entre adolescentes: refletindo sobre fatores associados. Psicologia: Reflexão e Crítica 2000; 13(3): 507-15.        [ Links ]

3. Zaluar A. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2004.        [ Links ]

4. Espinheira. G. Pesquisa: sociabilidade e violência: criminalidade na vida cotidiana do Subúrbio Ferroviário de Salvador. In: Espinheira, G., organizador. Sociabilidade e violência: criminalidade no cotidiano de vida dos moradores do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Salvador: Salvador: Ministério Público do Estado da Bahia, Universidade Federal da Bahia; 2004. p. 15-75.        [ Links ]

5. Soares, LE. Juventude e violência no Brasil contemporâneo. In: Novaes, R; Vannuchi, P., organizadores. Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São Paulo: Editora Perseu Abramo; 2004.        [ Links ]

6. Rossetti-Ferreira, MC; Amorim, K.S; Silva, APS; Carvalho, AMA. Rede de significações e o estudo do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artemed;2004. p.130-59.        [ Links ]

7. Pais, JM. Vida cotidiana: enigmas e revelações. São Paulo: Cortez; 2003.        [ Links ]

8. Berger PL, Luckmann, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes; 1985.        [ Links ]

9. Feffermann M. Vidas arriscadas: o cotidiano dos jovens trabalhadores do tráfico. Petrópolis: Vozes; 2006.        [ Links ]

10. Santos, JEF. Travessias: adolescência em Novos Alagados. Trajetórias pessoais e estruturas de oportunidade em um contexto de risco psicossocial. Bauru: Edusc; 2005.        [ Links ]

11. Bill MV, Athayde C. Falcão: meninos do tráfico. Rio de Janeiro: Objetiva; 2006.        [ Links ]

12. Elias N, Scotson JL. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed; 2000. (Cap. Observações sobre a fofoca, p.121-33).        [ Links ]

13. Velho G. Estigma e comportamento desviante em Copacabana. In: Velho G, organizador Desvio e divergência. 5ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed; 1985. p.116-124.        [ Links ]

14. Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal; 1998.        [ Links ]

15. Santos JEF, Bastos ACS. Pertencimento e "desterro" nas trajetórias de adolescentes da favela de Novos Alagados, Salvador, Bahia. In: Castro LRd, Correa J, organizadores. Juventude contemporânea: perspectivas nacionais e internacionais. Rio de Janeiro: NAU Editora/ FAPERJ; 2005. p.253-77.        [ Links ]

16. Bastos AC, Gomes MM, Gomes MC, Rego N. Conversando com famílias: crise, enfrentamento e novidade. In: Carvalho AMA, Moreira LVC, organizadores. Família, subjetividade, vínculos. São Paulo: Paulinas; 2007. p.157-93.        [ Links ]

17. Dimenstein M. Adolescência e juventude: bases de apoio familiares e comunitárias como estratégia de enfrentamento à violência. Natal: Fundació Cátedra Iberoamericana / UFRN; 2006. disponible em http://www.uib.es/catedra_iberoamericana. Acessado em 20/01/2007.

 

 

Recebido em: 20/03/2007
Modificado em: 27/05/2007
Aprovado em: 01/06/2007

Creative Commons License