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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.22 no.2 São Paulo  2012

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes: rede de apoio e superação

 

Intrafamiliar violence against children and adolescents: support and overcoming network

 

 

Edinete Maria RosaI; Margaret Olinda de Souza Carvalho e LiraII

IPsicóloga. Doutora. Professora adjunta do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espirito Santo-UFES
IIEnfermeira, Mestre. Professora Assistente da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A presente investigação tem como objetivo principal, compreender o processo de superação de famílias envolvidas em episódios de violência intrafamiliar, contra seus filhos. Explora opiniões de autores acerca da importância da rede de apoio social e afetivo, na superação da violência, praticada por pais contra seus filhos. Apresenta resultados referentes a famílias residentes em Petrolina- PE, atendidas pelo Conselho Tutelar. Os dados foram coletados através de análise documental e estudo de caso. Os relatos das entrevistas foram tratados por análise de conteúdo de Bardin. Expressar como a violência ocorreu em cada família representou uma dificuldade para os participantes, existindo uma tendência dos autores em não admitir o fato. Encontrar uma motivação, que justificasse a prática de algum tipo de violência contra os filhos esteve presente nas falas dos entrevistados. Nas narrativas dos denunciantes, observou-se uma tendência em acusar o autor das agressões. A boa qualidade de atendimento do Conselho Tutelar foi referida pela maioria dos entrevistados, contudo, quanto aos serviços de apoio às famílias, percebeu-se uma desarticulação entre eles, refletindo na dificuldade de respostas às demandas geradas. A importância da participação da rede afetiva é mencionada como o principal mecanismo de proteção de que dispõem. Apontam como desafios na superação dos episódios vivenciados, as dificuldades de relacionamento entre autor e vitima e a falta de acompanhamento do Conselho Tutelar. Pretende-se contribuir para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, fornecendo elementos para a estruturação de redes de combate à violência intrafamiliar, e capacitação dos seus profissionais.

Palavras-chave: violência intrafamiliar; criança e adolescente; resiliência; rede de apoio social e afetiva.


ABSTRACT

This investigation has as principal object comprehend the overcoming process of intrafamiliar violence against children overcoming process of the families. It explores authors' oppinions about the value of the social and affective support network on the violence practiced by parents against their children overcoming process. It presents results referring to resident families of the city of Petrolina - PE, attended by the Tutelary Council. The data were collected through documental analysis and case study. The interview reports were treated by Bardin's content analysis. Express how the violence occurred in each family represented a difficulty for the participants, existing a tendence from the authors' in not admitting the fact. Finding a motivation that justify the practice of any type of violence against the children was present on the interviewed's words. On the delators' narratives, was observed an inclination to accuse the agression's authors. The attendance good quality of the service of Tutelary Council was referred by the most interviewed. However, it was perceived a dislocation between the work of the Tutelary Council and the support to the families' services. The participation of the afective network importance is mentioned as the main protention mechanism that they have. They link as challenges on the overcoming of violence episodes the relationship difficulties between author and victim and the lack of attendance by the Tutelary Council. It's pretended to contribute to the efectivation of the children and adolescents' rights, giving elements to the structuration of combat to the intrafamiliar violence networks, and the capacitation on its professionals.

Key words: intrafamiliar violence; child and adolescent; resilience; social and affective network.


 

 

INTRODUÇÃO

A violência praticada pelos pais contra seus filhos refere-se a um grave problema social, justificado pelo forte impacto que provoca sobre a vida das pessoas envolvidas. A compreensão do processo de superação das famílias que praticam violência contra os filhos exige do pesquisador, não apenas conhecimento sobre os dois fenômenos (violência e superação)mas também, conhecimentos sobre a rede de apoio social e afetivo, de que os indivíduos dispõem.

Classifica-se a violência contra crianças e adolescentes em quatro modalidades: violência física, negligência ou privação de cuidados, a psicológica e a sexual. A violência física ou punição corporal de crianças, é assim compreendida como "toda ação que causa dor física numa criança, desde um simples tapa até o espancamento fatal"1 . Suas manifestações ocorrem mediante diferentes lesões geradas no corpo da criança, a depender da intensidade e frequência com que são utilizadas.

A negligência pode ser conceituada como dificuldades vividas pela criança, vinculadas às condutas e atitudes dos pais ou responsáveis, as quais possam ameaçar o seu desenvolvimento2. Acredita-se que a modalidade acima mencionada, representa a forma de violência mais comum praticada por pais, contra filhos. Já a Violência sexual contra crianças e adolescentes, representa "o envolvimento de crianças e adolescentes, por adultos, mediante o uso da força física ou da sedução, objetivando a satisfação e o prazer destes, em atos ou jogos e práticas sexuais"3. O contexto familiar parece ser o local onde ocorre a maior parte dos casos desse tipo de violência, cuja prática na grande maioria, envolve pessoas as quais desempenham o papel de cuidadores de crianças e adolescentes.

A Violência psicológica ou simbólica representa uma modalidade de difícil identificação. Afirma-se que "É a forma mais subjetiva, embora seja muito frequente, a associação com agressões corporais. Deixa profundas marcas no desenvolvimento, podendo comprometer toda a vida mental"4. Saliente-se que o uso de palavras depreciativas e discriminatórias, por exemplo, nem sempre é reconhecido como violência psicológica de pais contra filhos.

 

REDE DE APOIO SOCIAL E AFETIVO: POSSIBILIDADES DE RESILIÊNCIA

Ao estudar o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, observa-se em seu artigo 13 , que "os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais"5. Incluídos nesses casos de maus tratos, encontram-se aqueles que são provocados pelos pais contra os filhos. Inicia-se desta maneira, no Conselho Tutelar, o atendimento aos casos, procedendo-se aos encaminhamentos necessários às diversas instituições de apoio social, disponíveis nos municípios. E assim, evidencia-se o papel que o órgão acima mencionado desempenha, de disparador de redes de serviços de apoio. assim executado na perspectiva de desenvolver competências, ao valorizar potencialidades humanas, com a finalidade de melhorar a saúde das comunidades6. Rede de serviços de apoio ou rede de apoio social, representa então, "o conjunto de sistemas de pessoas significativas que compõem os elos de relacionamento recebidos e percebidos do individuo"7.

Diversos campos do conhecimento há muito, exploram o tema das redes de apoio social. Entre eles, a psicologia, que prioriza a investigação sobre a influência que as redes sociais exercem no desenvolvimento do indivíduo durante as diversas fases do seu ciclo de vida. Neste contexto, a primeira rede de apoio disponível, é constituída pela família, iniciada precocemente através das primeiras relações de apego8. A família e as amizades desempenham de maneira intercalada, papéis importantes, não apenas para o desenvolvimento sócio emocional dos seus membros, mas também para a construção das suas redes de apoio social. É assim, que redes de apoio, tanto social, como afetivo, bem estruturadas, desempenham um papel positivo na vida das pessoas, contribuindo para a prevenção de casos de violência. Imagina-se que essas redes, representam oportunidades de se demonstrar solidariedade e apoio durante episódios em que o individuo ou a família passam por experiências difíceis.

Proposições contidas em estudos brasileiros sobre resiliência em famílias, ilustram que a vinculação dos seus membros, a uma rede social, conjuntamente com atitudes de sensibilização adotadas pelos pais, no trato com seus filhos, influencia de forma positiva, a atenuação dos efeitos negativos dos riscos a que estão expostos 9.

A aplicabilidade do conceito de resiliência à psicologia, não ocorre de maneira tão clara como ocorre na área das ciências exatas, de onde o termo originou-se, sendo utilizado para definir materiais que apresentam a capacidade de absorver energia, sem perder a sua forma10.

Como campo de conhecimento, a psicologia investiga resiliência, sob dois enfoques: uma corrente que discute a resiliência, enfocando aspectos individuais e psicopatológicos do ser humano. Enfatiza assim, que o fenômeno é uma característica individual a qual pode se encontrar presente, ou não, nas pessoas. Por outro lado,a psicologia positiva discute a resiliência na perspectiva de compreender aspectos saudáveis e exitosos do grupo familiar. Desta forma, intencionam contribuir para a desconstrução do "panorama negativo" naquele que o mundo familiar tem como figura principal os desajustes e os conflitos "11.Neste contexto, mediante o enfrentamento de situações de crise, famílias resilientes, são aquelas que buscam respostas adaptativas, no sentido de preservar o bem estar do grupo familiar12.

Resiliência pode assim ser traduzida, como o produto da harmonia entre os fatores favoráveis inerentes ao próprio indivíduo e àqueles acionados por ele, através da sua rede de apoio.

Denota, assim, a necessidade de uma rede sedimentada composta por serviços e pessoas, cuja teoria de trabalho privilegie o indivíduo no contexto social no qual se encontra inserido.

Considerando que a participação da rede de apoio institucional e afetiva no processo de superação de violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes é fundamental para ainteração de pais, filhos e rede de apoio institucional e efetivo, objetiva-se descrever o processo de superação de episódios de violência de pais contra filhos, tendo como referencial o acionamento da rede de apoio institucional e afetivo.

 

MÉTODO

A presente investigação foi realizada em consonância com o Conselho Tutelar, tendo em vista ser o órgão centralizador de denúncias e atendimentos a todos os casos de violação dos direitos de crianças e adolescentes. Foram investigados 973 prontuários referentes aos atendimentos no ano de 2008, procedendo-se, assim, a seleção dos casos de violência contra crianças e adolescentes. Desse total, 42,24 %, tratavam de violência intrafamiliar de pais contra filhos.

A seleção dos participantes deu-se mediante consulta aos prontuários de atendimento, cujo acesso às informações, somente ocorreu após anuência da Secretaria de Ação Social e Trabalho e autorização do juizado da vara da infância e juventude.

O grupo foi constituído por quatro famílias atendidas no Conselho Tutelar de Petrolina no ano de 2008, com histórico de violência intrafamiliar contra crianças e/ou adolescentes. Na sua totalidade, houve a participação de 13 pessoas, sendo seis homens e sete mulheres. Duas famílias eram monoparentais matrifocais, uma reconstituída e outra família, nuclear extensiva, composta pelos pais, filhos e avós.

Respeitando os aspectos éticos e legais da pesquisa em seres humanos, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UNIVASF, através do certificado 0753.0.000.441-10. As crianças foram salvaguardadas, não havendo a necessidade de entrevistá-las. Além da manutenção do sigilo referente ao conteúdo respondido, utilizaram-se nomes fictícios, fazendo-se uma analogia entre as crianças e as flores: Assim como as flores,crianças e adolescentes necessitam de cuidados para crescerem e se desenvolverem de forma saudável. As quatro famílias receberam assim, as denominações de família de: Ana, Paulo, Lúcia e Daniel.

Os contatos, com os participantes ocorreram nas suas residências ou locais de trabalho. Utilizou-se um roteiro de entrevista semi-estruturada, contendo questões abertas,compostas por indagações agrupadas nos seguintes aspectos: 1. Conhecimento dos sujeitos sobre o significado da violência intrafamiliar; 2. Perspectivas quanto aos mecanismos de controle e redução do fenômeno no âmbito intrafamiliar e 3. Avaliação dos serviços pelos quais foram atendidos.

O tempo médio de duração de cada entrevista foi de uma hora. As informações foram tratadas pelo método de análise de conteúdo13, cuja organização da análise, orientou-se por três pólos cronológicos estabelecidos pelo método: pré-analise, processo de transformação dos dados brutos, os quais foram examinados e agrupados em unidades de registro, facilitando a descrição exata das características do conteúdo14 e etapa conclusiva, em que os resultados brutos foram tratados e apresentados mediante interpretações e inferências das pesquisadoras.

Fundamentando-se na corrente de pesquisadores, os quais defendem a resiliência como um processo dinâmico que implica no enfrentamento de situações adversas11,15,16, buscou-se analisar os resultados das entrevistas, na perspectiva de identificar características pessoais ou familiares, relacionadas com superação das experiências vivenciadas: inovação, criação ou adaptação. Buscou-se então destacar aspectos aparentes da dinâmica familiar presentes, como afeto, entendimento, respeito entre os membros e busca de recursos na rede de apoio social.

  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: COMO OCORREU EM CADA FAMÍLIA

À abordagem inicial, os entrevistados demonstraram dificuldades em falar sobre o assunto, apresentando, atitude de negação, acerca dos episódios nos quais se encontravam envolvidos. Contudo, com o prosseguimento da conversa, foi possível observar que os participantes foram se sentindo mais à vontade, passando a fazer revelações, acerca da maneira como a violência se apresentou em cada família.

Porque, no caso de minha menina, ela não vive sendo espancada, não é torturada, maltratada, nem explorada sexualmente. Tudo acontece por que Ana não me obedece , nem ao meu marido, com quem eu moro há quatro anos. Às vezes eu bato mesmo, por que ela é demais (MÃE DE ANA).

Nos depoimentos das duas famílias monoparentais, percebeu-se semelhanças quanto à intenção de culpabilizar o autor da violência.

Não assim, discutir, mesmo não, mas quando o pai falava ele ficava alterado, eu ficava preocupada e tinha medo de que acontecesse alguma coisa entre eles dois .O pai era assim, falava já agressivo com ele (Paulo) e ele não aceitava porque ele (o pai), não criou ele desde pequeninho (MÃE DE PAULO).

Eu procurei O Conselho Tutelar, porque a promotora disse que quando ela fosse viajar ela, tinha que me comunicar. A menina tava estudando, ai ela viajou, passou uns dois meses pra la, sem me avisar ,ai eu fui no conselho tutelar. A única coisa que achei que eu até reclamei com ela, por que ela ia pras festas ai chegava em casa ficava dormindo e a menina na hora que se acordava ia,brincar, pra lá pro bar (PAI DE LÚCIA).

A violência contra crianças e adolescentes parece ter uma relação direta com as relações afetivas firmadas entre pais e filhos. Assim, muitas crianças sentem-se ameaçadas e negligenciadas, no que se refere ao relacionamento afetivo entre elas e seus pais. Neste sentido, não encontram motivação para acreditarem na sua importância no meio familiar 17. Contudo,ao se analisar os depoimentos dos autores da violência em três das quatro famílias, observa-se que apesar das adversidades, parece conservar-se a afetividade entre os pais e seus filhos.

Ele é importante para mim (é meu filho). Sinto falta dele. Foi criado praticamente pela mãe sozinha... (PAI DE PAULO).

Ela significa tudo na minha vida. Somos apenas eu, ela e o irmão de dois anos. Estamos sempre juntos, somos muito unidos (MÃE DE LÚCIA).

São tudo para mim. É outra família que eu estou criando. (AVÓ DE DANIEL).

A mãe de Ana, no entanto,declara sua dificuldade na demonstração deste afeto.

Sinto vontade de beijar, mas não tem clima, quando a gente dá um beijo, ela dá uma patada. É um monstro. Agente faz um esforço, mas pra quê?É frustrante passar nove meses esperando um filho, ter o maior prazer pelo seu nascimento e de repetente não suportar conviver com ele.

 

DESCRIÇÃO DOS CONFLITOS A PARTIR DOS DENUNCIANTES E AUTORES

Encontrar motivação, ou explicação para a prática de alguma modalidade de violência contra os filhos, esteve presente nas falas dos entrevistados. Nas narrativas dos denunciantes, observou-se uma tendência em acusar o autor. Ao contrário, os autores mostravam-se injustiçados, atribuindo aos ex-companheiros, a responsabilidade pela convivência difícil e pela falta de diálogo. No caso de Ana, a mãe justifica sua ação, como estratégia educativa.

Tudo acontece por que Ana não me obedece, nem ao meu marido. Às vezes eu bato mesmo, por que ela é demais.

Tanto a mãe quanto o padrasto, cometeram violência física contra Ana, alegando ser uma medida educativa quando ela "merecia",esclarecendo que não se tratava de espancamento ou tortura,mas apenas eram palmadas para corrigi-la.

Pelo depoimento da avó de Daniel, infere-se desconhecimento do significado da violência de pais contra filhos. Pareceu ser a violência física naturalizada como prática educativa, conforme expressado pela avó e pelo tio. Analisando o depoimento seguinte, evidenciou-se que a entrevistada não reconhecia negligência como um tipo de violência.

Eu oriento a ele: óia? Você quando for bater não bata na cabeça dele; pegue um cipozinho fino, assim nas pernas dele só pra ele sentir...Só faço mesmo exemplar assim, pra saber que tem que obedecer. Mas eu num sei quem foi que denunciou lá não,não vou dizer que foi. Só pode ter sido a escola. É pra explicar, explicaram disse que a gente tinha que ter cuidado com as crianças, e um bucado de coisa.(AVÓ DE DANIEL).

As acusações presentes nos próximos depoimentos responsabilizaram os ex- companheiros pelos maus-tratos.

Tem hora, que a bichinha passa ai no meio da rua, cheia de grude ,passa o dia todinho sem tomar banho, com as roupas veia tudo suja.Não, esse negócio, eu acho errado demais (PAI DE LÚCIA).

Logo quando ele chegou, ele bateu, em antúrios com o cinto de noite não me lembro direito ele chorou, chorou e foi dormir.Ele magoava com palavras, e ele( Paulo) não aceitava, ele falava assim: mainha ele não me criou.. Porque quer ter moral comigo agora? (MÃE DE PAULO).

 

INTERVENÇÃO DO CONSELHO TUTELAR: AVALIAÇÃO DAS FAMÍLIAS

Embora os participantes tenham deixado claro que tiveram um atendimento acolhedor no Conselho Tutelar, demonstraram sua insatisfação acerca das falhas do órgão, no acompanhamento das famílias. Consideraram ter havido descontinuidade no acompanhamento dos casos, por falta de interesse e lamentaram a ausência de visitas às suas residências.. Para eles, o serviço "não funciona".Para eles, os contatos facilitariam o entendimento a respeito do cotidiano de cada família. Complementaram, afirmando que visitar as famílias, evitaria versões diferentes dos fatos por parte dos pais.

No final das contas não funciona, sabe? Porque a gente é atendido, passa pelo constrangimento é julgada. Fomos atendidos apenas duas vezes pelo Conselho Tutelar. O conselho não veio aqui mais pra nada (MÃE DE ANA).

Rapaz, pelo menos pra mim eu não achei bom não, se for preciso, pra eu ir pra li de novo, eu prefiro ficar do jeito ai ,... por que o caba,vai lá e não ver resultado. Nunca recebi uma visita do conselho tutelar. Era até bom mesmo eles vim, aqui na casa da gente ver agente, ir na casa da outra e ver. Por que ela não vem aqui ver nossa situação e vai à casa da menina ver a situação que a menina vive. A única coisa que eu queria era que o conselho tutelar, pelo menos andasse nas casas do povo pra ver. Então o conselho veria aonde as mães tá com as crianças. Até nas casas dos pais mesmo pra ver como é o dia a dia deles,né?Se for, só pro caba ir lá chegar lá eles ai não: manda chamar fulano, chega lá, eu digo uma história, ai chegar lá, ela diz outra , ai, eles não sabe em quem acredita, né? (PAI DE LÚCIA).

A boa qualidade do atendimento pelo Conselho Tutelar é referida pelos participantes abaixo.

Fomos atendidos duas vezes e foi ele mesmo que procurou, eu tive que ir... eu não ia deixar ele ir só. Por que não tinha condição de eu ir, o menino ir, e o pai não ir, porque o principal é o que? A família, a família tinha que ir, não era uma pessoa só (MAE DE PAULO).

O atendimento pela conselheira foi bom, ela me atendeu bem, mas nunca nos visitaram. Fui bem atendida, ela só me aconselhou, mas não me encaminhou para nenhum lugar não (MAE DE LÚCIA).

Eu fui um dia, ela me chamou, compareci lá ,ai ficou pra ela ir com ele,ai eu fui de novo,mas foi uma vez só num sabe? Fui bem atendida, não posso falar mal de lá não. Mas não encaminharam não (AVÓ DE DANIEL).

Compreende-se que cada caso conserva as suas peculiaridades, merecendo desta maneira, ter atendimento individualizado. Observe-se que o atendimento do Conselho Tutelar, representa a porta de entrada na promoção dos direitos da criança e do adolescente.

 

MECANISMOS DE PROTEÇÃO

Apontada como elemento preponderantemente de proteção de seus componentes, questiona-se expectativas referentes à garantia deste papel da família. Assim, compreende- se que em famílias que vivenciam episódios de violência contra seus filhos, este aspecto protetivo, é afetado. Nos casos estudados, a importância da participação da rede afetiva, constituída pela família, pela família extensiva e amigos, foi mencionada pelos entrevistados, como o principal mecanismo de proteção de que dispuseram. Rede afetiva enfraquecida representou uma das dificuldades para o enfrentamento e superação do problema vivenciado. Neste caso, a família sentiu-se pouco apoiada.

É difícil porque aqui só sou eu sozinha. Só tem, eu e eu. Então o único lugar aqui que eu freqüento é a casa da minha sogra. A única pessoa é minha sogra. As únicas pessoas que eu converso, são com meus irmãos ,então minha irmã ela sempre dá muito conselho fala com ela, meu irmão fala dá conselho, é o maior carinho. (MÃE DE ANA).

Por outro lado, o fortalecimento da rede afetiva das famílias seguintes, funcionou como um fator de proteção no processo de enfrentamento da violência.

Essas pessoas apoiaram demais até (refere-se à família da madrinha).È tanto que ele passou sete meses ou mais la na casa de madrinha (MÃE DE PAULO).

Conto com minha mãe e a mãe dele. A família dele? Eu me relaciona super bem. Quando elas me vêem... É... super bem. Lúcia? É o xodó da família do pai. (MÃE DE LÚCIA).

Ela se dá muito bem com a minha esposa e a minha outra menina.Quando ela chega... Ave Maria com mãe! Ela gosta de mais de mãe.... É com minha família, minha mãe meu pai meus irmãos. Não tem dificuldade, consegue contar com essas pessoas (PAI DE LÚCIA). 

Aqui minhas filhas meus filhos, todos colaboram, assim todos me ajudam, graças a Deus aqui, onde eu moro,as pessoas sempre gostam da gente; Em relação às crianças, entendem ,não maltratam eles.Na escola, elas contribuem também (AVÓ DE DANIEL).

 

REDE DE APOIO SOCIAL: OS SERVIÇOS EXISTEM. A REDE, NÃO

Antes de qualquer outra coisa, é preciso expressar o sentimento de que, infelizmente, não se percebeu a existência de uma rede, cuja prestação de serviço apontasse "para as possibilidades e para a importância do desenvolvimento social de determinadas comunidades, do estabelecimento da confiança mediante relações de confiança entre seus membros e do acesso à informação, às instituições e ao poder de decisão" 19. As expectativas eram de se ver a reunião de representantes de organizações sociais e poder público, engajados no combate à violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes. Observou-se um amontoado de serviços desarticulados com profissionais despreparados, os quais pareciam não ter nenhuma relação com a causa.

Nas próximas abordagens, os sujeitos mencionam não apenas as dificuldades de acessibilidade aos serviços, mas também, desconhecimento acerca da existência de Plano de Atendimento Individual, seja da criança, seja da sua família. Queixaram-se da descontinuidade de atendimento, revelando decepção tanto em relação à qualidade, quanto ao despreparo dos profissionais. Mencionaram a falta de contato, ou visitas às suas residências pelos serviços de acompanhamento. Desconheciam o retorno de informações referentes ao acompanhamento de seus filhos, ao Conselho Tutelar.

Eu, sinceramente, tive uma experiência muito ruim, porque a gente já tá se sentindo constrangido, aí vai pra um atendimento, achando que aquilo ali vai ajudar de alguma forma. Aí eu bem tranqüila, quando essa psicóloga chegou... ela perguntou quem tinha chegado primeiro, eu disse que era eu. Ela disse: É primeiro atendimento?Eu disse 'É.' Aí ela disse: Não, você tem que esperar eu atender todo mundo.Eu disse assim: 'mulher , eu tô de serviço, eu preciso voltar... Mas ai ela disse: não, porque tem que ser com elas. (MÃE DE ANA).

Ela não mostrou nenhum plano de atendimento, cada atendimento durava mais de meia hora. Pra ser sincera,não contribuiu, acho que ele melhorou assim um pouco,assim acho que foi devido ao pai ter saído de casa. Ela não me procurou mais não. Eles não me visitaram não. (MÃE DE PAULO).

Não, antes disso aqui a escola, falou na APAE, já fui com eles várias vezes, mas não resolve nada. O conselho tutelar não mandou pra canto nenhum só fez orientar que disse que tinha , que disciplinar , tinha como é que diz? Tinha que ensinar. (AVÓ DE DANIEL).

O Conselho Tutelar nunca chamou a escola não, na verdade eu só recebi esse oficio dizendo que tava tudo resolvido,que o conselho tutelar, tinha encaminhado ele pro psicólogo (PROFESSORA DE DANIEL).

 

SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA: ACONTECEU?

A seleção das famílias pretendia ocorrer mediante a identificação de indicadores de superação da violência, registrados nos prontuários de atendimento. Contudo, considerando as dificuldades de acompanhamento pelo Conselho Tutelar, não foram identificados tais indicadores. Foi uma etapa difícil do estudo, em que, somente a partir do contato com os participantes, é que se pode identificar, ou não, os indicadores. As interpretações dos depoimentos a seguir, inferem que a superação dos episódios vivenciados se deu pela existência de uma rede afetiva bem consolidada, numa demonstração de solidariedade e compreensão por parte dos seus membros.

"Aqui minhas filhas meus filhos todos, todos colaboram, todos me ajudam, graças a Deus" (AVÓ DE DANIEL).

"Conto com minha mãe, e a mãe dele. Com a família dele eu me relaciono super bem. Todo mundo ai na vila sabe: minha ex- sogra e como se fosse minha segunda mãe" (MÃE DE LÚCIA).

Nas situações seguintes, uma das mães relatou levar vida tranqüila com o filho, após separar-se do companheiro. Em um segundo encontro, informou sobre a reaproximação entre pai e filho,atribuindo que este acontecimento, influenciou positivamente, a relação entre os dois.

"Hoje eu já sinto que ele tá diferente.Tá bem demais. Eu também me dou bem demais assim com ele sem o pai, tá entendendo?" (MÃE DE PAULO).

"O pai dele ligou dois dias antes do final do ano e pediu para ele ir até o restaurante. Ele foi, almoçaram juntos, ele gostou disse que foi tudo bem e que a mulher do pai dele é uma pessoa boa" (MÃE DE PAULO).

Na outra situação, a mãe de Ana demonstra não ter superado a experiência.

"Eu acho que eu não, não superei e nem vou superar. Vai demorar acho que só quando ela tiver de maior, for viver às custas dela, for ser independente, morar sozinha" (MAE DE ANA).

 

DESAFIOS PRESENTES

Apesar dos depoimentos traduzirem a conscientização acerca das consequências destes episódios para os envolvidos, infelizmente observaram-se existir situações, em que, as formas de relacionamento entre os membros da família, não lhes deram a segurança necessária para a superação das situações adversas vivenciadas. Na família de Ana, sua mãe enfatiza as dificuldades de relacionamento entre ambas.

Relacionado à família de Paulo, o distanciamento do pai, influenciou negativamente a superação dos episódios de violência vivenciados. Controvérsias existem com relação a este aspecto acima mencionado. Afirmações presentes em determinadas investigações, explicam que em situações adversas, os membros de uma família podem ganhar forças e desenvolver novas habilidades, citando como exemplo, o relacionamento entre pais e filhos, após o divórcio. Nestes casos, um pai que não mora mais com os filhos, poderá tornar-se mais próximo, mais atencioso e dedicado, fortalecendo suas ligações, apesar do término da união 20.

No presente estudo, alguns autores da prática de violência intrafamiliar, mostraram-se impotentes para o enfrentamento da experiência. Foi enumerado pelos mesmos como principais dificuldades, o acesso aos serviços, o enfraquecimento da rede afetiva e o comportamento dos filhos. Neste contexto, a mãe de Ana reafirmou a necessidade de se impor limites,demonstrando indignação referente à permissividade percebida em alguns pais. Para ela, a falta de limites, colabora para que os filhos cometam erros, os quais poderiam ser evitados pela boa orientação dos pais.

Escuto comentários do tipo: "dizer que uma mãe boa é uma mãe permissiva, mãe que tudo permite e ver o filho indo por caminhos errados. Se minha filha for por este caminho não vou me sentir culpada, por isto, é que ofereço o que posso e não a engano sobre a realidade (MÃE DE ANA).

Mediante o depoimento acima mencionado, infere-se a necessidade de ajuda e orientação à mãe de Ana, acerca da maneira de educá-la. Para ela os pais também precisam de apoio e orientação para o melhor desempenho desta atribuição em relação aos seus filhos. Sente-se injustiçada mediante o julgamento reprovador de determinadas pessoas, no que se refere ao modo de orientar a sua filha.

Me sinto maltratada porque me sinto censurada por muitos, sobre esta situação que acho que estou agindo corretamente. alguns preferem criar os filhos na ilusão (MÃE DE ANA).

Complementando, familiares e professoras da escola de Daniel, consideraram que a falta de apoio à família e à escola, representou uma grande dificuldade no enfrentamento do seu problema.

Na APAE, não é? já fui com eles na apae varias vezes.mas não resolve nada. Crio eles como criei meus treze filhos. não conseguem se relacionar com facilidade com as pessoas, inclusive na escola (AVÓ DE DANIEL) .

Agente na verdade não tem muito apoio, a quem procurar, porque é necessário a gente receber a criança, mas é necessário que se oriente o professor como lidar, em situações com crianças dessa natureza (PROFESSORA DE DANIEL).

Estudar a resiliência facilitou a compreensão do indivíduo frente às situações diárias de sua vida. Investigar a resiliência em famílias, cujos pais foram autores de violência contra seus filhos, crianças e adolescentes, representou, ao mesmo tempo em que um desafio, uma oportunidade para aprofundamento do tema. Deparou-se com sujeitos em diferentes etapas do ciclo de vida , seja como autor, ou vítima, expostos a essa adversidade. As reações foram diversificadas, inclusive em um mesmo indivíduo, ocorreram alterações de reações em encontros diferentes.

Compreende-se que as diferentes características apresentadas pelos participantes influenciaram, de forma positiva ou negativa, o processo de adaptação a esta adversidade. Nas famílias em que havia maior interação entre seus membros, independente do tipo de família, a promoção da resiliência mostrou-se mais evidente.

Considera-se o estudo relevante, não simplesmente por favorecer a compreensão desta prática, presente com grande frequência nas relações intrafamiliares, mas, sobretudo por ampliar subsídios ao leitor, capazes de contribuir para desmistificar visões distorcidas as quais mostram apenas o fenômeno da violência intrafamiliar de pais contra filhos, sem contudo, mostrar alternativas de superação.

Espera-se, fornecer elementos para a implantação da Rede de Apoio Social e de combate à Violência Doméstica e Familiar de Petrolina, contribuindo para o enfrentamento e a superação da violência pelas famílias, de forma a prevenir recorrências e potencializar os fatores de proteção nas famílias que vivenciam tal fenômeno. O esclarecimento da comunidade e a capacitação dos profissionais os quais integram os serviços contribuirão para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente. Neste sentido, ações de prevenção e redução dos casos de violência, poderão ser executadas mediante o atendimento adequado aos envolvidos (vítimas e suas famílias).

No que se refere à participação da rede de apoio social e afetivo no processo de superação da violência, tomando por base os depoimentos das famílias, identificaram-se um desempenho insatisfatório por parte das instituições as quais assistem famílias no enfrentamento desta problemática. Observando-se que o trabalho em rede não existe, já que as várias instituições e serviços não mantêm uma articulação e compartilhamento entre si. Inicialmente, existe um grande empenho do Conselho Tutelar do município, no que se refere ao acolhimento deste publico. Apesar de o número limitado de conselheiros, a atribuição de atender às famílias de crianças e adolescentes, ocorre de forma acolhedora, contudo foi declarada por todos os participantes do estudo, a falta de acompanhamento dos casos por este órgão. Atribui-se esta descontinuidade, principalmente, às deficiências de infraestrutura e de pessoal. Embora os encaminhamentos tenham sido devidamente providenciados, preocuparam-nos os depoimentos dos participantes, cujos relatos demonstraram que o atendimento oferecido, não influenciou o processo de resiliência. Neste sentido, o acompanhamento dos casos pelo Conselho Tutelar, ficou prejudicado, evidenciando a necessidade de ampliação, não apenas do número de conselheiros, mas também, na infraestrutura de trabalho incluindo melhoria, ampliação e manutenção das instalações físicas do seu prédio.

 

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