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Journal of Human Growth and Development

Print version ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.23 no.1 São Paulo  2013

 

ORIGINAL RESEARCH

 

Influência da televisão nos hábitos alimentares de crianças do nordeste brasileiro

 

 

Sophia Motta-Gallo; Paulo Gallo; Angela Cuenca

Department of Maternal and Child Health, School of Public Health, University of São Paulo, Sao Paulo, Brazil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

OBJETIVO: o objetivo deste estudo é aprofundar a compreensão sobre a influência da televisão nos hábitos de alimentares de crianças a partir da análise da percepção dos cuidadores - mãe, pai e avó.
MÉTODO: 14 entrevistas semi-estruturadas foram aplicadas em cuidadores - mãe, pai e avó, de 29 crianças escolares com idade entre 7 e 9 anos, matriculadas na 2ª Série do Ensino Fundamental de uma Escola Pública da periferia urbana de um município do Nordeste Brasileiro.As entrevistas foram gravadas e transcritos os discursos. Os resultados foram apresentados em quadros temáticos de análises e analisados à luz da teoria sócio-histórica, com base nas contribuições de Vygotsky (1984) e Bakhtin (2001).
RESULTADOS: cuidadores frequentemente identificaram a influencia das propagandas de alimentos veiculadas pela televisão nas demandas e nos critérios de escolha dos alimentos e dos brinquedos das crianças. Também perceberam que as decisões de compra da família passam a ser reguladas pelas solicitações das crianças motivadas pelas propagandas televisivas. E que as preferências alimentares - a estrutura e o ritmo das refeições das crianças sofreram modificações devido à influência deste veículo midiático.
CONCLUSÃO: os cuidadores identificam a influência da televisão nos hábitos de consumo alimentar das crianças, mas não conseguem entender a magnitude dessa influência na vida das crianças por eles cuidadas. Entender essa magnitude é um desafio que nos é colocado a partir deste estudo.

Palavras-chave: criança; comportamento alimentar; hábitos de consumo; televisão; qualitativa.


 

 

INTRODUÇÃO

Desde o nascimento, o comportamento alimentar da criança é influenciado por fatores externos ao ambiente familiar, sendo de longa data os estudos que enfocam a alimentação como fenômeno mediado pelas propagandas de alimentos1,2.

Apesar das desigualdades econômicas e socioculturais da população brasileira, a globalização universalizou o acesso à mídia. As facilidades tecnológicas possibilitaram o acesso de populações socialmente vulneráveis ao universo midiático e às suas influências, transformando as condições materiais de vida, ao modificar os hábitos de consumo nessas populações.

Giddens3 denomina esse fenômeno como reflexividade. Já Castells4 o denomina cultura da virtualidade real. Nesse cenário, a constatação da inteligência coletiva, termo criado por Lévy5, já se tornou um consenso, inscrevendo as mídias como o fio invisível que entrelaça consciências, espaços, perguntas e desejos6.

Nesse contexto, a televisão se destaca como veículo de comunicação, por ser o veículo de informação mais acessível da população brasileira dado a abrangência. "Alcançando a totalidade dos 5.565 municípios e atingindo 95,1% dos domicílios, a televisão constitui o principal elo entre os cidadãos e o mundo, tendo um impacto incomensurável sobre a sociedade brasileira"7.

Desse modo, justifica-se a importância de estudos que busquem compreender a influência da televisão no comportamento alimentar e nos hábitos de consumo de crianças brasileiras. Este artigo foi elaborado para verificar a percepção dos cuidadores sobre a influência da televisão na alimentação e os hábitos de consumo das crianças brasileiras durante as refeições.

 

MÉTODO

Trata-se de estudo qualitativo de caráter descritivo, realizado por meio de entrevistas com cuidadores de crianças escolares de área periférica do município de Garanhuns, da Região do Agreste Meridional, do Nordeste Brasileiro.

O Cenário da Pesquisa

O Estado de Pernambuco, com 185 municípios, é dividido em macrorregiões com especificidades geopolíticas e culturais. O clima semi-árido dá formas e cor à geografia humana desta região8 .

O Nordeste Brasileiro é considerada região vulnerável socialmente9. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) do Brasil é de 0,718, enquanto o da região de estudo, 0,652. Para fins de estudo, o país com mais alto IDH em 2011 foi a Noruega, que alcançou a marca de 0,943, enquanto o Brasil figurou no 73º lugar no ranking de 169 países1.

Garanhuns é conhecido como a Suíça Brasileira por suas características: a) climáticas (variando entre 18° a 5º); b) topográficas (a cidade de região semi-árida, mas que está localizada entre sete colinas, com 1.030m de altitude). Destaca-se por ser o maior centro de captação de leite do Estado de Pernambuco, sendo responsável por 70% (= 400 produtores de leite da região) da produção local da bacia leiteira pernambucana; local em que se encontra uma das mais importantes indústrias de laticínios do Brasil10.

No entanto, esse município também é marcado com áreas de pobreza extrema nas suas áreas periféricas. O que se observa é a existência de valas negras, esgoto a céu aberto e casas sem abastecimento de água tratada; coexistindo com atividade agrícola de subsistência à exploração das atividades agropecuárias, diferenciando esta região de populações residentes de áreas litorâneas e metropolitanas, com plantio de feijão, milho e mandioca10 . O que motivou a escolha dessa região brasileira para estudo.

Participantes

Participaram da pesquisa 14 cuidadores (mães, pais e avós), que representam uma subamostra de cuidadores de mais de uma criança (7-9 anos). Estes foram selecionados, por sorteio, de 29 famílias de alunos matriculados na 2ª Série do Ensino Fundamental de uma escola da Rede Pública de Ensino da periferia urbana do Município de Garanhuns, PE.

Como pais, mãe e avós têm mostrado cuidar da alimentação de seus filhos e netos de forma diferente11 e mães tendem a ser o cuidador primário12 - mães, pais e avós foram incluídos (Quadro 1). Portanto, entendemos por cuidadores pai, mãe e avó - pessoas reconhecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei Federal nº 8069/90), como responsável pelos cuidados da criança.

A pesquisa foi autorizada pela Gerência Regional de Educação do Agreste Meridional (GRE 11) e pela Direção da Escola. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FSP/USP. Todos os entrevistados foram esclarecidos e consentiram participar do estudo.

Material

Foi criado um guia tópico para levar os cuidadores a descrever a influência da televisão nas preferências alimentares e nos hábitos de consumo das crianças, e como eles percebem as solicitações das crianças com relação às suas demandas de consumo e o que elas pedem para comprar, descritos no Quadro 2.

 

 

As perguntas foram abertas e o guia dos tópicos abordados na entrevista foi aplicado de forma flexível. Em geral frases como "você pode falar mais?" estimularam maior participação dos entrevistados. Os participantes foram informados que não haviam respostas certas ou erradas e que todas as informações seriam mantidas em anonimato12.

Eles também foram incentivados a considerar todas as crianças por eles cuidadas, e que estavam matriculadas na Escola do presente estudo. As entrevistas que foram gravadas e transcritas textualmente no nível semântico com todas as palavras ditas e outras figuras, inclusive pausas. A coleta de dados foi realizada até que a saturação temática fosse atingida12.

Análises

Foi produzida uma descrição em profundidade da experiência dos cuidadores em relação às preferências alimentares das crianças e a influência da televisão, apresentando os resultados em quadros temáticos de análises12. As transcrições foram codificadas utilizando as análises semântica (significado de superfície) e latente (idéias entre linhas, suposições e conceitos) por releitura das transcrições a partir das teorias de abordagens dialógicas13.

Para compor os quadros temáticos foram criados códigos em um conjunto mais amplo de categorias fundamentadas nas teorias de Castro8, Bauman14,15 e Beck16. Os quadros foram revisados por três pesquisadores para evitar vieses de interpretação. Para assegurar que os dados refletissem a percepção dos entrevistados os resultados verificando as confluências e dessemelhanças entre eles12.

A análise das respostas foi fundamentada na teoria sócio-histórica, com base nas contribuições de Vygotsky17 e Bakhtin18, o que nos permitiu compreender a percepção dos cuidadores.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises nos permitiu compreender que os cuidadores percebem que houve a influência da televisão nos hábitos de consumo alimentar das crianças.

As crianças são estimuladas pelas propagandas "(...) que estão passando na televisão" (ID S1), apesar de a renda familiar contribuir de modo mais enfático para delinear o perfil socioeconômico das famílias deste estudo (Quadro 3).

 

 

As crianças deixam de criar seus próprios brinquedos e passam a consumir aqueles que estão associados ao alimento "Ele conhece todos os alimentos com brinquedos (...) Ele não quer o alimento. Ele só quer o boneco" (ID S14).

As decisões de compra dos cuidadores passam a ser reguladas pelas propagandas "Quando ele vê alguma coisa na televisão, ele pede pra comprar" (ID S3). As preferências e práticas alimentares das crianças passam a ser moduladas pelo que está passando na telinha "Ele escolhe o alimento pela propaganda (...)" (ID S6).

Nesse contexto, as escolhas dos alimentos por parte dos cuidadores não depende mais do conhecimento sobre as informações nutricionais, nem tampouco é regulada pela égide da tradição alimentar ou da economia doméstica.

Uma nova ordem passa a imperar nessa relação cuidador-criança, modificando as relações familiares com relação ao consumo alimentar, bem como a relação criança-alimento, alimentação-nutrição e corpo-saúde - a ordem do desejo mobilizado pelo apelo midiático, tendo a televisão como suporte dessas narrativas, conforme aparece no Quadro 4.

 

 

Estudos internacionais de crianças mostram que a televisão aumenta a ingestão de alimentos e obesidade. Estes estudos demonstraram que os aumentos de percentagem de gordura corporal, como a exposição a televisão e que aumento19 do diabetes na infância está fortemente associada com a exposição prolongada a televisião20.

Nos Estados Unidos, uma revisão concluiu que as crianças assistem cerca de 20 horas de televisão por semana. No total, 91% dos anúncios são de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal21.

Crianças brasileiras gastam pelo menos seis horas por dia em frente da televisão, jogos de vídeo, e computers22, influenciam 80% das decisões de compra. Esse comportamento também foi identificado pelo IBOPE2, que mostrou que crianças brasileiras passam uma média de cinco horas por dia assistindo à televisão e que leva cerca de 10 segundos para uma criança a mudar seu / sua mente. Dessa forma, as novas gerações vêm incorporando rapidamente hábitos não saudáveis que se apóiam em mudanças no comportamento influenciadas pela televisão. E o modo alimentar-se traz marcas alicerçadas na cultura23.

No Nordeste do Brasil, onde a desnutrição infantil já foi muito prominente, os estudos sobre a obesidade eo excesso de peso são limitados a segmentos específicos e diferentes faixas etárias, e uso de indicadores de nutrição diferentes. Em Campina Grande, foi observada alta prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares. Isto pode ser explicado pela dieta e pelos maus hábitos alimentares24 .

As secas sistemáticas são uma das principais características topográficas dessa região urbano-rural, marcada pela pobreza extrema, sendo causa determinante de uma carga de problemas de saúde não observadas em outras localidades. Observa-se na fala dos cuidadores que eles identificam essa influência, mas não conseguem entender a magnitude da influência da televisão na vida das crianças por eles cuidadas. Entender essa magnitude é um desafio que nos é colocado a partir deste estudo.

Portanto, o presente trabalho resultou que na percepção dos cuidadores de crianças a televisão influencia nos modos de vida e nos hábitos de consumo alimentar no cotidiano das crianças brasileiras e estas por influenciarem suas famílias.

Não se trata apenas de uma mudança de linguagem e de cultura, mas de uma transformação da compreensão da concepção dos binômios corpo-saúde, alimento-alimentação, indivíduo-sociedade numa geração em que o comer deixou às mesas e avançou para além da dimensão do alimento e das tradições.

O alimento, a comida, o ato de comer rompeu fronteiras, instalando novas linguagens em um outro lugar, com outros suportes; não mais real (a mesa), mas virtual (a televisão). O alimento virtualizou-se.

Os saberes e os sabores globalizaram-se, romperam as barreiras geográficas e culturais, integrando novas culturas e paradigmas. As crianças embarcaram nessa viagem midiática, levando junto os cuidadores.

 

FONTES DE FINANCIAMENTO

Estudo desenvolvido com subsídio de Bolsa de Estudo no País [Doutorado] - CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

 

CONFLITO DE INTERESSES

Não houve qualquer potencial conflito de interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos fabricantes.

 

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pela bolsa estudo [Doutorado] concedida, o que nos permitiu a viabilização deste estudo em outro Estado da Federação.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
Sophia Motta-Gallo

Manuscript submitted Nov 11 2012,
accepted for publication Dez 30 2012.