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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.24 no.1 São Paulo  2014

 

ORIGINAL RESEARCH

 

Análise da prevalência de sobrepeso e obesidade e do nível de atividade física em crianças e adolescentes de uma cidade do sudoeste de São Paulo

 

 

Thays Fernanda Castilho CabreraI; Ingrid Fernandes Leite CorreiaI; Daiane Oliveira dos SantosI; Francis Lopes PacagnelliI; Maria Tereza Artero PradoI, II; Talita Dias da SilvaII, III; Carlos Bandeira de Mello MonteiroII, III; Deborah Cristina Gonçalves Luiz FernaniI, II

IFaculdade de Ciências da Saúde, Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Presidente Prudente/SP
IILaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Faculdade de Medicina do ABC, Santo André/SP
IIIEscola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo/SP

 

 


RESUMO

Este estudo teve como objetivo verificar a prevalência de sobrepeso, obesidade e o nível de atividade física segundo o sexo de crianças e adolescentes de escolas públicas da cidade de Nantes, São Paulo, Brasil. A amostra foi composta de 170 crianças e 232 adolescentes com a idade média de 8,04±1,31 e 13,2±1,83 anos, respectivamente, de ambos os sexos e frequentadores de duas escolas. Foram coletadas as medidas antropométricas: Índice de massa corpórea pela idade (IMC/idade) e circunferência abdominal. O IMC/idade foi classificado de acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) (2007) e um questionário modificado e adaptado sugerido por Silva (2009) foi utilizado para analisar o nível de atividade física. O teste t não pareado foi realizado e os valores de p<0,05 foram considerados significativos. A prevalência de 30,59% dos indivíduos com sobrepeso ou obesidade, foi verificada sendo a maioria desta adolescente. Também foi encontrada maior média e com diferença significativa do valor da circunferência abdominal no sexo feminino no grupo das crianças. Foi observado que 62,68% da amostra são inativos ou inadequadamente ativos e que a maioria desses era do sexo feminino. Estes fatos demonstram considerável risco que estes indivíduos podem apresentar de complicações cardiovasculares e musculoesqueléticas no decorrer da vida. A importância da realização precoce de programas educacionais e nutricionais na escola deve ser enfatizada para prevenção e tratamento destes indivíduos com excesso de peso e baixo nível de atividade física.

Palavras-chave: prevalência, obesidade, sobrepeso, criança, adolescente, exercício.


 

 

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)1, o sobrepeso e a obesidade são descritos como acúmulo de gordura excessivo ou anormal que prejudica a saúde. A causa fundamental é um desequilíbrio entre calorias consumidas e gastas, que geralmente é o resultado de padrões alimentares inadequados, como a ingestão de alimentos altamente energéticos ricos em gordura e de inatividade física ou sedentarismo. Em 2011 no mundo havia mais de 40 milhões de crianças menores de cinco anos com sobrepeso.

Sabe-se que estes índices tornam-se cada vez maiores e que este aumento de peso está associado aos riscos de mortalidade e morbidade, o que consequentemente reduz a expectativa de vida, sendo o fator causal para o aumento nos custos com a saúde ao longo da vida desses indivíduos2.

Dentre os problemas de saúde que estes indivíduos podem apresentar estão as complicações cardio-metabólicas como a dislipidemia, resistência à insulina (diabetes tipo 2) e hipertensão3, além de outros problemas como depressão4, comprometimento da qualidade de vida5 e auto-estima baixa6.

Pesquisas mundiais verificaram que o excesso de peso (sobrepeso e obesidade) tem aumentado globalmente com taxas alarmantes. Em Taiwan na China, a prevalência do excesso de peso durante a infância quase dobrou entre 1986 (13%) e 2009 (27,7%)7. Estudo realizado nos Estados Unidos revelou que 31,8% das crianças com idades entre 2 e 19 anos estavam com sobrepeso ou obesidade8. Na Nova Zelândia com a avaliação de 9107 estudantes adolescentes, verificou-se que 31,7% destes apresentavam sobrepeso ou obesidade e 2,5% obesidade severa9.

No Brasil, a prevalência da obesidade nos jovens tem aumentado nas últimas décadas em todas as regiões e classes sociais. Dados sobre o estado nutricional da população infantil brasileira mostraram que a prevalência de excesso de peso em crianças de 5 a 9 anos na região Norte e Nordeste variou de 25% a 30% e nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste de 32 a 40%. Já na população de 10 a 19 anos, o crescimento desses números foram mais intensos, de 3,7% para 21,7% nos meninos, e de 7,5% para 19,4% nas meninas entre os períodos de 1974-1975 e 2008-200910.

Dados relatam que a prática de atividade física na infância pode estar associada a um risco reduzido de desenvolver sobrepeso e obesidade, sendo um elemento de saúde de extrema importância, pois possui efeitos positivos além do bem-estar, sobre a saúde cardiovascular e musculoesquelética11.

Já é conhecido que fatores comportamentais são adquiridos na infância e adolescência e perduram pela vida. E devido ao constante aumento destes indivíduos com excesso de peso e do surgimento das doenças crônico-degenerativas precocemente, torna-se essencial pesquisas que avaliam o excesso de peso e o nível de atividade física desses indivíduos, para possibilitar a criação de estratégias de prevenção, intervenção e hábitos saudáveis para uma melhor qualidade de vida em curto e longo prazo12,13.

Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sobrepeso, obesidade e o nível de atividade física segundo o sexo de crianças e adolescentes da rede de ensino público do munícipio de Nantes, São Paulo, Brasil.

 

MÉTODO

Estudo de caráter transversal aprovado no Comitê de Ética da Universidade do Oeste Paulista de Presidente Prudente, São Paulo, sob o número de protocolo de 1203/12. Este estudo foi realizado nas duas escolas do município de Nantes, São Paulo, ambas da rede pública de ensino, após a autorização do Departamento Municipal de Educação.

A amostra foi composta por 402 escolares de 6 a 17 anos de idade e de ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos, o Grupo de Crianças (GrC) com 170 indivíduos, com idade entre 6 e 11 anos e o Grupo de Adolescentes (GrA) com 232 indivíduos de 12 a 17 anos. Os critérios de inclusão foram os indivíduos serem frequentadores de uma das escolas selecionadas e a autorização dos responsáveis para participação na pesquisa, por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos do estudo os indivíduos que apresentavam diagnósticos neurológicos e metabólicos. As avaliações foram realizadas durante o horário escolar (matutino e vespertino), no período de setembro de 2012 a fevereiro de 2013. Para verificação das medidas antropométricas: Índice de Massa Corpórea pela Idade (IMC/idade) e Circunferência Abdominal (CA), baseou-se na metodologia descrita por Moser et al. (2011)14.

Inicialmente, foi coletado o sexo, idade, peso e altura. Para mensuração do peso foi utilizada uma balança digital Plena® (Minneapolis, MN, EUA) com capacidade máxima de 160 kg e resolução de 100 gramas. O indivíduo foi posicionado em pé no centro da plataforma, descalço e com os braços ao longo do corpo. A vestimenta utilizada era o uniforme escolar (shorts e camiseta).

Na avaliação da altura, em metros (m), foi utilizada uma fita métrica fixada em parede lisa, com resolução de 0,1m. O indivíduo posicionou-se em ortostatismo, com os pés descalços, unidos e com a região occiptal, cintura escapular, pélvica e a região posterior do calcanhar em contato com a parede, a cabeça permaneceu no plano horizontal de Frankfurt.

A CA foi medida em centímetros (cm) e também foi utilizada uma fita métrica com resolução de 0,1 cm, colocada sobre a cicatriz umbilical e paralelamente ao solo, o indivíduo mantinha-se em ortostatismo, com os pés unidos, abdome relaxado e com os braços soltos ao longo do corpo.

Para estabelecer o diagnóstico nutricional utilizou-se da classificação do IMC/idade de acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)15, utilizado na população brasileira e adaptado dos pontos de corte da Organização Mundial da Saúde (OMS), pela análise das curvas de crescimento, nas quais as classificações são as seguintes: percentil < 0,1 corresponde magreza acentuada; percentil 0,1 a < 3 = magreza; percentil 3 a < 85 = eutrofia; percentil > 85 a < 97 = sobrepeso; percentil > 97 a < 99,9 = obesidade e percentil > 99,9 = obesidade grave.

Foi utilizado um questionário modificado e adaptado sugerido por Silva (2009)16, desenvolvido a partir de questionários utilizados para verificação da realização de atividade física17-19. Este questionário aborda o meio de deslocamento e atividades físicas realizadas dentro e fora da escola e tempo de sedentarismo, o qual inclui horas do indivíduo ao assistir televisão, jogar no computador ou vídeo-game e conversas ao telefone.

Após os indivíduos responderem o questionário por meio de entrevista, estes eram classificados segundo a frequência e intensidade dos exercícios realizados: indivíduos inativos (aqueles que não realizaram nenhuma atividade física); inadequadamente ativos (se realizavam atividade física numa frequência de duas vezes ou menos, ou com duração inferior à uma hora por semana); ativos (se realizavam atividade física três vezes ou mais por semana e com duração superior à uma hora).

Cada item coletado neste estudo (peso, altura, CA, questionário do nível de atividade física) foi realizado por um mesmo pesquisador em todos os indivíduos avaliados.

Para a análise estatística foi elaborado um banco de dados eletrônico (Excel©) e os dados foram expressos em valores absolutos e relativos. Para verificar as diferenças entre os sexos dos grupos, foi realizado o teste t não pareado e foram considerados significativos os valores em que p < 0,05.

 

RESULTADOS

Neste estudo verificou-se que dos 402 escolares analisados, 210 eram meninas e 192 meninos. A média total da idade cronológica dos indivíduos avaliados no GrC foi de 8,40±1,31 anos e no GrA foi de 13,2±1,83 anos, sendo que no GrA houve diferença significativa entre os sexos em relação à idade cronológica (p=0,0168) e a estatura dos indivíduos (p=0,001), conforme apresentado na Tabela 1. Os valores referentes à média da CA no GrC foi de 66,0±7,66 cm e no GrA foi de 72,4±9,00 cm, porém no GrC houve diferença significativa entre os sexos (p=0,0078) (Tabela 1).

Em relação ao diagnóstico do IMC/idade segundo SISVAN, 123 indivíduos (30,59%) do total da amostra avaliada apresentou o peso acima do adequado para a idade, ou seja, obteve classificação de sobrepeso, obesidade ou obesidade grave. Destes 30,59% dos indivíduos com excesso de peso, 52 (12,93%) são do GrC e 71 (17,65%) são do GrA. Os valores referentes a cada classificação do IMC/idade em relação ao sexo no GrC e GrA estão dispostos na Tabela 2. Houve diferença significativa apenas no GrC em relação ao sexo na classificação obesidade (p=0,0137).

Na avaliação da atividade física verificou-se que, 133 (78,24%) dos indivíduos no GrC e 118 (50,86%) no GrA foram inativos ou inadequadamente ativos, ou seja, 251 indivíduos (62,44%) da amostra total não realizam adequadamente atividade física. Foi observado que o sexo feminino apresentou dados que demonstram a realização de atividade física em menor proporção que o masculino para ambos os grupos (Tabela 3).

 

DISCUSSÃO

Neste estudo observou-se um valor expressivo (30,59%) dos indivíduos avaliados que apresentaram o peso acima do adequado para a idade, destes sujeitos a maioria era do Grupo de Adolescentes (GrA), porém somente a classificação de obesidade segundo SISVAN15 no grupo de crianças (GrC) em relação ao sexo obteve diferença significativa. Também foi constatado maior média e com diferença significativa do valor da CA no sexo feminino em relação ao masculino do GrC e houve diferença significativa da idade cronológica e da estatura no GrA. Já em relação ao nível de atividade física foi observado que mais da metade da amostra, 251 estudantes (62,44%) foram inativos ou inadequadamente ativos e que a maioria desses indivíduos eram do sexo feminino em ambos os grupos.

Chen et al.20, avaliaram a relação entre fatores perinatais e sócio-demográficos, ambiente familiar, comportamento, com os riscos de obesidade e sobrepeso em indivíduos de 9 a 14 anos em Taiwan, verificou que 49,8% da sua amostra apresentava excesso de peso (32,3% sobrepeso e 17,5% obesidade), valores estes superiores ao encontrados neste estudo em que 123 (30,59%) dos indivíduos apresentaram sobrepeso, obesidade ou obesidade grave.

É possível observar diferenças percentuais em relação ao excesso de peso (sobrepeso e obesidade) ao comparar os sexos masculino e feminino neste estudo. Em relação à classificação do sobrepeso, verificou-se que o sexo feminino apresenta-se em maior número sobrepeso do que o masculino, tanto no GrC (21,35% meninas e 14,81% meninos) como no GrA (27,27% meninas e 17,12% meninos).

Na classificação de obesidade no GrC (5,62% meninas e 13,58% meninos) os maiores valores percentuais foram em relação aos meninos, já no GrA foram em relação as meninas (9,09% meninas e 5,41% meninos). Na obesidade grave nos dois grupos (GrC: 1,12% meninas e 4,94% meninos; GrA: 0,83% meninas e 0,9% meninos) os maiores valores percentuais foram dos meninos.

Na pesquisa de Bac et al.21, que teve como objetivo analisar o índice de sobrepeso e obesidade em meninos e meninas, de 6 a 13 anos, que residem em ambiente rural e urbano, observou-se que o nível de sobrepeso é maior nos meninos. Os resultados apresentam valores de sobrepeso nas meninas na áreas rurais de 16,49% e nas urbanas 16,9%, já nos meninos que vivem em áreas rurais teve como valor 28,14% e nos urbanos 27,31%. Em relação à obesidade os autores verificaram o inverso, 4,12% das meninas obesas eram da área rural e 3,44% da urbana, 3,52% dos meninos eram da rural e 7,78% da urbana.

Embora neste estudo não foram analisadas as variáveis socioeconômicas e as duas escolas avaliadas eram públicas de uma pequena cidade do interior do estado de São Paulo, as crianças e os adolescentes mostraram-se com nível elevado de sobrepeso e obesidade. Estudos sugerem que as famílias das crianças e adolescentes que frequentam escolas particulares, são as que pertencem a grupo socioeconômico com melhor poder aquisitivo e neste grupo os estudos tem encontrado prevalência de sobrepeso e obesidade, comparados ao do grupo com menor poder aquisitivo22-24.

Moser et al.14 avaliaram a frequência da pressão arterial elevada em meninos e meninas de 10 a 16 anos de idade e analisou sua associação com o excesso de peso corporal e a obesidade abdominal.

Ao analisar as medidas da CA em relação aos sexos, foi revelado que a obesidade abdominal foi mais frequente nas meninas (37,1%; n=148) do que nos meninos (28,8%; n=105), com diferença significativa (p=0,0146), achado este que corrobora parcialmente com o deste estudo, no qual no GrC as meninas apresentaram maior valor de CA (67,6±8,62 cm) do que os meninos (64,4±6,70 cm) com diferença significativa (p<0,0078), mas no GrA os valores são muito próximos e não houve diferença segundo o sexo (feminino: 72,3±9,46 cm e masculino: 72,4±8,53 cm).

Estudos que verificaram o aumento das proporções de obesidade abdominal em crianças e adolescentes Americanos25 e Britânicos26 também encontraram um crescimento na sua frequência, principalmente no sexo feminino.

Klein-Platat et al.11, analisaram se a atividade física estava relacionada com a CA em adolescentes, observou que 20,2% da sua amostra apresentava sobrepeso e que não havia diferença em relação ao sexo. Porém, foi verificado que os meninos apresentaram maior CA do que as meninas (67,6±9,1 e 65,7±8,9 cm respectivamente, p<0,0001), fato que difere deste estudo tanto para o GrC como para o GrA, conforme já foi relatado. Neste mesmo estudo, também foi observado que a CA foi negativamente associada com a atividade física estruturada e positivamente associada com o sedentarismo nas meninas e nos meninos. Além de relatar que medidas elevadas de CA são um indicador de gordura abdominal, sugerem que a atividade física estruturada pode ter um efeito benéfico sobre os riscos cardiovasculares e metabólicos e em particular na presença de excesso de peso11.

Além disso, Gonçalves et al.27 demonstraram em seu estudo que crianças obesas percebiam-se com menor competência para a escola, esporte, baixa autoestima, inadequada aceitação da aparência física e social.

Os indivíduos avaliados neste estudo apresentaram baixo nível de atividade física, no qual 78,24% do GrC e 50,86% do GrA foram inativos ou inadequadamente ativos (total de 62,44% da amostra), ou seja, mais da metade de todos os indivíduos avaliados não realizavam ou faziam inadequadamente atividade física. De acordo com análise dos sexos pode-se observar que em ambos os grupos existiu um predomínio de meninas inativas ou inadequadamente ativas (GrC=75 e GrA=76).

Segundo Hallal et al.28 que avaliaram a prevalência de sedentarismo e fatores associados em 4452 crianças com idade de 10 a 12 anos em Pelotas (RS), verificaram que a prevalência de sedentarismo foi de 58,2%, sendo associado positivamente ao sexo feminino, ao nível socioeconômico, a ter mãe inativa e ao tempo diário para assistir televisão e se associou negativamente com o tempo diário de uso do videogame.

Os autores também afirmam sobre a importância de se realizar estratégias de combate ao sedentarismo na adolescência, devido a sua alta prevalência e por estar associada com a inatividade física na fase adulta. Além disso, Baruki et al.29 verificaram em seu estudo que crianças eutróficas são mais ativas, praticam atividades físicas mais intensas e dedicam menos tempo para assistir televisão e jogar videogames do que as crianças com sobrepeso.

Shokrvash et al.30 descreveram que os adolescentes avaliados não apresentaram tempos adequados de atividade física. No entanto, houve a existência de diferença significativa em relação à atividade física entre os sexos, no qual as meninas apresentavam maior risco de baixo nível de atividade física. Este resultado também foi visto neste estudo, no qual houve um maior número de meninas que eram inativas ou inadequadamente ativas comparadas aos meninos.

Como limitação deste estudo pode-se citar o delineamento transversal do mesmo, apesar de ter sido realizada uma devolutiva para os responsáveis pelas escolas participantes. Mesmo assim, Mascarenhas et al.31 enfatizaram em seu estudo a importância de definir referências para cada região e atualizar constantemente o acompanhamento das tendências do IMC ao longo do tempo.

Em conclusão, foram encontrados maiores valores de CA nas meninas no GrC e valores próximos em relação aos sexos no GrA, o que demonstra o elevado risco de saúde que estes indivíduos estão expostos. Além disso, houve alta prevalência de sobrepeso e obesidade em ambos os sexos nas crianças e adolescentes avaliados. Considerando o sexo houve maior proporção de sobrepeso no feminino no GrC e GrA; obesidade no masculino no GrC e feminino no GrA; obesidade grave nos meninos em ambos os grupos. Com relação ao nível de atividade física foi verificado que a maioria da amostra era inativa ou inadequadamente ativa com predomínio do sexo feminino.

Estes fatos demonstram o alto risco que estes indivíduos podem apresentar de complicações cardiovasculares e musculoesqueléticas no decorrer da vida. Deve ser enfatizada a importância da realização precoce de programas educacionais e nutricionais na escola, para prevenção e tratamento de indivíduos com excesso de peso e baixo nível de atividade física.

 

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Manuscript submitted Aug 01 2013
Accepted for publication Dec 28 2013

 

 

Study carried out at Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente/SP.
Funding institution: Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), Protocol 1203/12.
Corresponding author: deborah@unoeste.br