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Journal of Human Growth and Development

Print version ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.24 no.1 São Paulo  2014

 

ORIGINAL RESEARCH

 

Lesões desportivas e seus fatores de risco em adolescentes praticantes de natação

 

 

Franciele Marques VanderleiI; Renata Claudino RossiII; Luiz Carlos Marques VanderleiIII; Jayme Netto JúniorIII; Carlos Marcelo PastreIII

IMaster in Physiotherapy from Paulista State University and doctoral student in Medicine (Cardiology) at the Federal University of São Paulo. São Paulo, SP, Brazil
IIMaster in Physiotherapy from Paulista State University and doctoral student in Health Sciences at the ABC Faculty of Medicine. Santo André, SP, Brazil
IIILecturer in Physiotherapy. Univ Estadual Paulista - UNESP. Faculty of Science and Technology. Laboratory of Sports Physiotherapy - LAFIDE, Presidente Prudente, SP, Brazil

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: a natação é uma modalidade popular entre os adolescentes, no entanto, sua prática pode conduzir às lesões.
OBJETIVOS: caracterizar as lesões desportivas e associá-las com fatores de risco em adolescentes praticantes de natação de diferentes níveis de competitividade.
MÉTODO: foram entrevistados 251 nadadores, com média de idade de 12,43±2,10 anos, ambos os sexos, recrutados ao acaso, classificadas em três níveis competitivos: categoria de iniciação, aperfeiçoamento e treinamento. Foi utilizado o inquérito de morbidade referida adaptado com as características da natação como instrumento de coleta que continha informações pessoais e de treinamento dos voluntários, como: idade, variáveis antropométricas e variáveis de treinamento e informações referentes às lesões ocorridas durante 12 meses. Todas as conclusões foram descritas no nível de 5% de significância.
RESULTADOS: Foram observadas 0,11 lesões por atleta e 1,03 lesões por atleta lesionado. Foi constatada associação entre presença e ausência de lesão com a variável estatura e tempo de treinamento. O mecanismo causal mais frequente foi o sem contato para as categorias de iniciação e treinamento. Os locais anatômicos mais acometidos foram os MMII e MMSS para todos os níveis de competitividade, assim como a gravidade leve, o treinamento e a ausência de recidiva predominaram. O retorno assintomático foi mais frequente para a iniciação, enquanto que o retorno sintomático prevaleceu na categoria de treinamento.
CONCLUSÃO: a taxa de lesão nos adolescentes nadadores foi baixa. As variáveis estatura e tempo de treinamento foram associadas à ocorrência dos agravos. As características das lesões dependeram do nível de competitividade dos nadadores.

Palavras-chave: traumatismos em atletas, fatores de risco, inquéritos de morbidade, natação.


 

 

INTRODUÇÃO

A prática do esporte em suas diversas modalidades, em quaisquer níveis de performance é, atualmente, rotineira. Deve-se atentar, entretanto, que a exposição ao treinamento esportivo, em si, pode ser considerada fator de risco para a ocorrência de lesões desportivas (LD). Outro aspecto relevante a ser considerado é a iniciação às modalidades, condição na qual, a população alvo, composta por crianças e adolescentes, ainda em fase de maturação, é exposta a possíveis fatores causais1,2.

Entende-se a natação como uma modalidade popular3, praticada desde a infância, tanto como forma de recreação, quanto para treinamento e competição, e assim como em outras atividades físicas, é indicada para promover a manutenção de bons níveis de saúde, tanto cardiovascular, como musculoesquelética4, além de proporcionar melhora na percepção corporal5.

Apesar das vantagens descritas, as exposições constantes a gestos motores repetitivos e sobrecargas representam risco à integridade das estruturas corporais de seus praticante6. Em crianças, agravos relacionados ao aparelho locomotor podem, dependendo de sua natureza, comprometer gestos motores futuros e, neste sentido, merecem atenção6. Adirim e Barouh7 descrevem que crianças quando praticam alguma modalidade atlética, são expostas às lesões e sua imaturidade musculoesquelética representa um fator de risco a ser considerado. Já Tanaka 3 mostra que as LD são mais frequentes em condições que o atleta é exposto a esforços intensos em busca do melhor desempenho.

Em relação aos fatores de risco para a ocorrência de LD na natação, destacam-se os intrínsecos, inerentes ao próprio atleta, como a idade e o sexo8 e os extrínsecos, que estão relacionados às características do treinamento, como o volume de trabalho, intensidade de esforço e o gesto atlético específico realizado pela modalidade8.

Alguns estudos investigaram os mecanismos de lesões em nadadores e, em sua maioria, o movimento repetitivo apresenta-se como o principal fator de risco9. Além disso, o ombro é o local anatômico mais referido por agravos nesta população, onde as sobrecargas decorrentes dos movimentos repetitivos conjuntamente com o desequilíbrio da musculatura envolvida podem predispor a agravos musculoesqueléticos10.

Em síntese, os benefícios da prática de atividades físicas e esportivas são bem conhecidos e documentados, e a participação de crianças e adolescentes em esportes é cada vez mais popular e difundido, sendo que a maioria desses envolve mecanismos e ações dinâmicas11, entretanto, este envolvimento desportivo crescente suscita preocupações sobre o risco de instalação de LD em crianças e adolescentes11.

Apesar do exposto, baseado em estudos específicos, constata-se fragilidade em informações de natureza epidemiológica sobre o tema, sobretudo em diferentes níveis de competitividade na modalidade. Assim, a partir do exposto, destaca-se que o conhecimento dos fatores de risco, mecanismos e características de lesões para esta modalidade, podem auxiliar os profissionais da saúde no processo de prevenção, diagnóstico e tratamento desses agravos, caracterizando, portanto, em importante contribuição para as Ciências da Saúde e do Esporte. Assim, o objetivo é caracterizar as lesões desportivas e associá-las com fatores de risco em praticantes de natação de diferentes níveis de competitividade.

 

MÉTODO

Sujeitos

Participaram deste estudo 251 nadadores da Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente/SEMEPP, Brasil, escolhidos ao acaso, de ambos os sexos com média de idade de 12,43 ± 2,10 anos, massa corporal de 48,68 ± 10,55 kg, estatura de 1,55 ± 0,11 m, índice de massa corporal de 19,96 ± 2,70Kg.m2, tempo de treinamento de 1,80 ± 1,25 anos e horas semanais de prática esportiva de 3,53 ± 3,65 horas.

Os voluntários foram divididos em três grupos de acordo com o nível de competitividade: Categoria de Iniciação (n=193) em que os voluntários recebiam seus primeiros ensinamentos em um período de um ano; Categoria de Aperfeiçoamento (n=27) em que o intuito era melhorar as habilidades e conhecimentos a cerca da natação, podendo participar de competições internas e, Categoria de Treinamento (n=31) em que os nadadores participavam de competições sejam elas regionais e/ou federadas. A presente pesquisa foi apreciada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT/UNESP campus de Presidente Prudente/SP, sob protocolo número: 08/2010.

Desenho do estudo e procedimentos de campo

Os dados foram coletados por meio de entrevistas individualizadas que abordavam a ocorrência de lesão e suas características durante os últimos 12 meses de treinamentos e/ou competições. As entrevistas foram realizadas antes ou após os treinos, com o objetivo de não interferir na dinâmica e rotina esportiva normal.

Para a coleta de dados foi utilizado o inquérito de morbidade referida (IMR), um instrumento utilizado para obter informações sobre o estado de saúde geral de uma população específica, devido principalmente a sua aplicabilidade e objetividade4,12-15. Foi realizado um estudo piloto para testar a sua aplicabilidade na população alvo da pesquisa.

As coletas foram realizadas por um único entrevistador familiarizado com o instrumento, sendo que os participantes responderam os questionamentos conduzidos pelo pesquisador, que também teve a responsabilidade de fazer as anotações no inquérito. Tal procedimento foi sugerido por Pastre et al.12 em seu estudo, baseado nos diferentes níveis de entendimento para anotação de respostas por parte dos próprios entrevistados. As informações poderiam ser fornecidas não só pelo próprio voluntário, mas também por seu treinador, responsáveis ou ambos, conforme sugeriu Pereira16 para obtenção de dados relacionados à morbidade.

Descrição do inquérito de morbidade referida

O inquérito continha dados pessoais dos voluntários como idade, peso, estatura, tempo de treinamento em anos e horas de prática esportiva semanal. Para obtenção do peso corporal foi utilizada uma balança da marca Filizola com precisão de 0,1Kg e para a verificação da estatura foi utilizado um estatiômetro portátil com medições milimétricas. Além disso, o inquérito continha questões sobre as LD, como local anatômico acometido, mecanismo de lesão, momento da lesão, gravidade da lesão, retorno às atividades normais e recidivas.

Para localização anatômica, uma figura ilustrativa do corpo humano foi mostrada ao voluntário, com a finalidade de facilitar a identificação por parte do mesmo. Outro aspecto abordado foi o mecanismo de lesão que consistiu na percepção do voluntário sobre o contato ou gesto exato realizado no momento em que surgiram os sinais e sintomas típicos de episódio agudo e/ou o tipo de atividade em que tais manifestações se acentuaram, sendo dividido em contato direto, sem contato e overuse17-18. Além desses, foi verificado também o momento da ocorrência da lesão que foi analisado pela fase específica de treinamento ou competição. Já a gravidade da lesão foi classificada de acordo com o National Athletic Injury Reporting System (NAIRS) segundo o tempo de afastamento do atleta para recuperação19. O retorno às atividades físicas normais visou observar se o retorno à prática esportiva sem quaisquer alterações no treinamento normal ocorreu com ou sem a presença de sinais e/ou sintomas. E por fim, a recidiva foi questionada para detectar se tal ocorrência já se manifestou em outras ocasiões e no mesmo local anatômico18.

Para efeito do estudo, foi considerada LD qualquer queixa física resultante de treinamento e/ou competição que limitou a participação do indivíduo por pelo menos um dia, independente da necessidade de atenção médica, conforme já utilizado em outra pesquisa 13,20.

Organização e descrição das categorias das variáveis

No sentido de facilitar a análise e apresentação dos resultados, as variáveis foram subdivididas em categorias a partir de agrupamentos para representar blocos mais expressivos de resultados sem, no entanto, modificar a essência de sua origem ou as conclusões do estudo.

Com relação ao local anatômico, referente ao sintoma de dor ou desconforto apresentado pelo voluntário, o questionário apresentou 20 regiões corporais. Para facilitar a análise dos dados, foram escolhidos os seguintes segmentos: membros superiores (MMSS) que englobou ombro, braço, cotovelo, antebraço, punho e mão, membros inferiores (MMII) que representou coxa anterior, coxa posterior, joelho, perna, panturrilha, tornozelo e pé e tronco que abrangeu tórax, abdome, cabeça, coluna cervical, coluna lombar, cintura pélvica e virilha.

Foram considerados três mecanismos de lesão: i) lesão por contato direto que foram aquelas causadas por um incidente único traumático como trauma na borda da piscina18; ii) lesões sem contato que foram inerentes ao esporte em si, como mudanças rápidas de movimento e de estilo de nado18 e iii) lesões por overuse que foram apresentadas como lesões crônicas que ocorrem em consequência de esforço repetitivo do sistema musculoesquelético no decorrer do tempo, sem permitir uma adequada reabilitação17.

A gravidade da lesão foi dividida em três graus: lesões leves (de um a sete dias de afastamento), lesões moderadas (de oito a 21 dias de afastamento) e lesões graves (acima de 21 dias de afastamento ou com lesões permanentes) 19.

Análise estatística

Para análise dos dados do perfil da população e a descrição das variáveis foi utilizado o método estatístico descritivo e os resultados foram apresentados com valores de média, desvio padrão, mediana, intervalo de confiança, percentuais e números absolutos.

O teste de Kolmogorov Smirnov foi utilizado para testar a normalidade dos dados. Quando a distribuição normal foi aceita, o teste t de Student para dados não pareados foi aplicado e na distribuição não normal foi aplicado o Teste de Mann-Whitney.

O estudo da associação entre local anatômico, mecanismo, momento, gravidade, retorno às atividades normais e recidivas de acordo com as populações estudadas foi feito por meio do teste de Goodman para contrastes entre e dentro de populações multinomiais conforme a característica do grupo de variáveis a ser analisada.

As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software de análise de dados Minitab versão 13.3. Foi utilizado nível de 5% de significância.

 

RESULTADOS

Não foi observada diferença entre os sexos, portanto as análises foram feitas sem distinção. Pode-se observar que dentre 251 nadadores entrevistados, um total de 30 lesões foram relatadas por 29 atletas. A taxa de lesão foi de 0,11 e a taxa de lesão por atleta lesionado foi de 1,03.

A Tabela 1 mostra a associação dos fatores de risco intrínsecos (dados antropométricos) e extrínsecos (dados de treinamento) de acordo com a presença e ausência de lesões. Os nadadores apresentaram as características intrínseca estatura e a extrínseca tempo de treinamento em anos como sendo associadas à fatores de risco para instalação de lesões, em que os indivíduos que apresentam maiores valores de mediana para essas variáveis foram mais acometidos por lesões em comparação com os não acometidos.

A Tabela 2 mostra a associação entre os níveis de competitividade e o local anatômico, mecanismo e gravidade da lesão. Em relação ao local anatômico acometido, tanto para a categoria de aperfeiçoamento quanto para a de treinamento, os MMSS e os MMII foram diferentes estatisticamente do tronco. Para o mecanismo causal, observa-se que houve diferença significativa do mecanismo sem contato em relação ao mecanismo contato direto e overuse para as categorias de iniciação e treinamento. E quanto à gravidade da lesão, não foram observadas diferenças significantes entre os níveis de competitividade, pois todas as lesões apresentadas foram classificadas como sendo do grau leve.

Em relação ao momento da lesão, tanto para a categoria de iniciação como de aperfeiçoamento apresentaram diferença significante do momento treinamento em relação à competição. Além disso, para o momento treinamento, a categoria de iniciação apresentou diferença para as categorias de aperfeiçoamento e treinamento. Em relação ao retorno às atividades normais, pode-se observar (Tabela 3) que para o retorno na ausência de sinais e/ou sintomas, a categoria de iniciação foi diferente da categoria de treinamento, assim como para o retorno sintomático verifica diferença da categoria de treinamento em relação à iniciação. Além disso, para as categorias de iniciação e aperfeiçoamento, o retorno assintomático apresentou diferença em relação ao retorno com sinais e/ou sintomas. E quanto à recidiva da lesão, todas as categorias de competitividade apresentaram a ausência de lesões recorrentes mais frequente e diferente estatisticamente da presença de recidiva.

 

DISCUSSÃO

O presente estudo buscou caracterizar as LD em adolescentes praticantes de natação, associando-as a fatores de risco específicos da modalidade e do atleta a partir da aplicação do IMR.

A taxa de lesão dos nadadores que apresentaram queixa de ao menos uma lesão durante a temporada corrente no presente estudo foi de 0,11 do total de participantes, o que caracteriza baixa taxa de lesão. Segundo Maffulli, Baxter-Jones e Grieve 21 e McMaster 22, os nadadores apresentam menores taxas de lesão quando comparados com outros esportes pelo fato de ser uma modalidade que não envolve contato direto.

Para a associação com fatores de risco, verifica-se diferença significante do fator intrínseco estatura e do extrínseco tempo de treinamento com a ocorrência de lesão, em que atletas com maiores medianas de estatura e de tempo de treino apresentam maiores riscos de lesão.

É descrito que o maior comprimento do membro visto em atletas de maior estatura pode gerar maior propulsão segundo Ackland 23. Assim, surge como hipótese a ser testada em estudos futuros se, esse fator específico pode gerar não só melhor performance funcional mas também riscos à integridade do seguimento devido à maior intensidade de força relacionada ao gesto atlético. Quanto ao tempo de treinamento, a maior exposição, em si, representa o aumento do risco de lesão 24.

Em relação ao local anatômico, os MMSS e os MMII foram diferentes estatisticamente do tronco para as categorias de aperfeiçoamento e treinamento. As lesões no ombro são descritas como as mais frequentes na natação por diversos autores 20,25, que descrevem que 90% da força de propulsão dos nadadores vêm das extremidades superiores. Biomecanicamente, Aguiar et al.(4 descrevem que a articulação do ombro dos nadadores sofre com o uso repetitivo e a sobrecarga articular principalmente durante a entrada da mão na água, onde o ângulo de elevação do ombro atinge o máximo fisiologicamente e também durante a fase de recuperação da braçada, onde há uma rotação interna do ombro excessiva.

Além disso, Borsa et al. 26 descrevem que as lesões em atletas que realizam gesto esportivo com MMSS acima do nível da cabeça, caso dos nadadores, ocorrem devido à excessiva mobilidade que pode, secundariamente, provocar mudanças na estrutura de ligamentos, cápsulas, músculos e ossos da articulação glenoumeral, tornando-os susceptíveis as lesões.

Alguns autores mostram o joelho como sendo a segunda região mais acometida por lesões e está na sua maioria associada com o nado peito27-28. Tal fato pode ser explicado devido a responsabilidade dos MMII na propulsão no nado peito, sendo assim a musculatura adutora e flexora da articulação do quadril pode apresentar lesão aguda ou por sobrecarga, relacionada aos movimentos de pernada27. Segundo Kenal e Knapp28 as dores no joelho, quando relacionadas ao estilo peito, localizam-se na borda medial, sendo causadas pelo estresse rotatório e força em valgo excessiva causando a condromalácia, a síndrome do ligamento colateral medial e a sinovite medial.

Em relação ao mecanismo de lesão verifica-se que as categorias de iniciação e treinamento apresenta o mecanismo sem contato como sendo o mais frequente e é diferente significativamente quando comparado ao contato direto e overuse. Weldon e Richardson29 e Banks et al.30 relatam que o volume do treinamento é responsável pela maioria das lesões em nadadores, sendo a principal causa de ausências em competições e treinamentos.

Em relação à severidade das lesões, dentre as relatadas pelas participantes, verifica-se o predomínio da gravidade leve para todas as categorias estudadas. Hipotetizamos que a maior ocorrência de lesões leves se deve a característica da amostra do presente estudo, formada na sua maioria pela categoria de iniciação, onde a intensidade dos treinos é menor comparado com a categoria de treinamento.

Para o momento treinamento, a categoria de iniciação apresentou diferença em relação as categorias de aperfeiçoamento e treinamento. Tal condição pode estar relacionada à maior exposição durante os treinos19 dos adolescentes iniciantes, uma vez que a participação em eventos competitivos é mínima.

Para as categorias de iniciação e aperfeiçoamento verifica-se que a maioria dos atletas retorna as atividades normais sem a presença de sinais e/ou sintomas. Entretanto, verifica-se diferença significante entre a categoria de treinamento e iniciação para o retorno sintomático. A alta prevalência de atletas sintomáticos na categoria de treinamento pode ser explicada pelo fato de que esses atletas estão mais expostos a fatores de risco inerentes a volta precoce à modalidade e a inadequada reabilitação, já que algumas situações técnicas e táticas devem ser treinadas e repetidas exaustiva e precocemente, em uma tentativa de atingir uma performance máxima e principalmente após uma lesão retomar o condicionamento físico20.

Como limitação do presente estudo pode-se citar que o IMR utilizado como instrumento de coleta de dados não apresenta validação. No entanto, seu uso justifica-se pela necessidade de um instrumento capaz de coletar informações sobre as LD em ambiente esportivo. Além disso, outras limitações devem ser apontadas: não ter coletado a frequência de lesão por 1000 horas treinadas, não ter coletado informações a cerca do estilo de nado de cada participante e não ter especificado o local anatômico acometido.

Stracciolini et al.31 em seu estudo concluiu que as atividades atléticas podem manter algumas crianças e adolescentes saudáveis, no entanto podem, em alguns casos, criar problemas médicos sérios; sendo assim os autores propõem que devem ser incentivadas pesquisas que examinam as correlações das LD em crianças e adolescentes e identifiquem os fatores de risco. Com os resultados do presente estudo, espera-se que tais informações possam contribuir para melhor entendimento sobre lesões em adolescentes praticantes de natação, incluindo melhor planejamento, adequação de treinamento e prevenção de lesão.

Assim, conclui-se que adolescentes praticantes de natação apresentam baixa taxa de lesão. O mecanismo causal mais frequente foi o sem contato para as categorias de iniciação e treinamento. Os locais anatômicos mais acometidos foram os MMII e MMSS para todos os níveis de competitividade, assim como a gravidade leve, o momento treinamento e a ausência de recidiva predominaram. O retorno assintomático foi mais frequente para a iniciação, enquanto que o retorno sintomático prevaleceu na categoria de treinamento. Além disso, foi constatada associação entre presença de lesão com a estatura e o tempo de treinamento para os nadadores.

Agradecimentos

Os autores agradecem à agência de fomento Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente/SP (SEMEPP) pelo apoio ao presente estudo.

 

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Manuscript submitted Aug 01 2013
Accepted for publication Dec 28 2013

 

 

Corresponding author: deborah@unoeste.br