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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.24 no.3 São Paulo  2014

 

EDITORIAL

 

Gerente de projeto na saúde e pesquisas médicas

 

 

Carlos Bandeira de Mello MonteiroI; Álvaro Dantas de Almeida JuniorII; Rubens WajnzstejnIII

ISchool of Arts, Sciences and Humanities, University of São Paulo, São Paulo, SP ,Brazil
IIICONE: Instituto de Cirurgia Ocular do Nordeste - Recife, Pernambuco, Brazil
IIIDepartment of Neurology, School of Medicine of ABC, Av. Príncipe de Gales, 821 09060-650 Santo Andre, SP, Brazil

 

 

Gerente de projeto é a pessoa capaz de utilizar e aplicar conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas em várias atividades para resolver as dificuldades necessárias de um determinado projeto. De acordo com o PMBOK (2008)1 gerente de projetos é a pessoa designada pela organização executora para desenvolver e atingir os objetivos do projeto. No entanto, dentro da área da saúde e da investigação médica (principalmente no Brasil), torna-se evidente que há uma falta de profissional gerenciador de projeto para organizar eficazmente um projeto científico. Apesar dos muitos pedidos que as agências de financiamento e instituições de pesquisa fazem para receber projetos de pesquisa, a forma pela qual os projetos são organizados ainda necessitam de desenvolvimento.

Payne et al. (2011)2 publicaram um estudo sobre a experiência de pesquisadores em gerenciamento de projetos na área da saúde e investigação médica. Os autores enfatizam que o gerenciamento de projetos é amplamente utilizado para entregar os projetos no prazo, dentro do orçamento e com qualidade bastante definida; no entanto, há poucas informações publicadas descrevendo o seu uso no gerenciamento de projetos na saúde.

Apesar da escassez de informações sobre gerenciamento de projetos científicos na área da saúde, dois fatores devem ser observados e considerados para a realização de um projeto eficaz: (1) desempenho na avaliação: incluindo custo, tempo, funcionalidade e qualidade como critérios importantes para avaliar o desempenho de projetos (Papke-Shields et al, 2010)3; (2) considerar e usar corretamente as várias fases do projeto, tais como: análise da lógica; estimativa de duração; cálculo dos tempos de projeto; impacto das limitações de recursos; ajustes para alcançar a meta do projeto e preparação de um plano de trabalho com ação e atualização durante a evolução do projeto (Woodward, 1983)4.

Difícil dizer se pesquisadores na área da saúde têm a formação e o conhecimento dos critérios e etapas de gerenciamento de projetos, e se este conhecimento é o grande diferencial na produção científica. Mas é importante questionar qual o diferencial de pesquisadores que participam de grandes grupos de pesquisa e apresentam alta produtividade?

A resposta, provavelmente, não está no conhecimento do gerenciamento de projetos, mas nas características desses pesquisadores como potenciais gerentes. Hartman (2008)5 conduziu um estudo interessante para identificar gerentes de projetos que foram considerados eficientes por seus pares, clientes e outras pessoas interessadas no projeto. Esses gerentes foram identificados e acompanhados por um período de aproximadamente 15 anos, durante o qual, por meio de reuniões e discussões, surgiu um padrão formado por atributos diferenciados, apresentados a seguir, que parecem ser, também, a principal diferença entre pesquisadores com ampla produção científica.

1. Todos foram capazes de identificar problemas e seu impacto no projeto com muita rapidez, de prever problemas e desafios e estavam aptos para lidar com os mesmos de forma eficaz. As decisões foram geralmente consideradas satisfatórias;

2. Todos demonstraram habilidades excepcionais na construção e manutenção de relacionamentos, acompanhadas por uma boa capacidade de comunicação;

3. Houve um alto nível de confiança entre o gerente de projeto e as pessoas envolvidas.

Se esta hipótese estiver correta e os pesquisadores com alta produtividade apresentarem as mesmas características que os gerentes de projetos altamente eficazes, o crescimento da produção científica no Brasil aumentaria significativamente com a adequada formação dos profissionais da saúde que trabalham com pesquisa em gerenciamento de projetos.

Considerando os argumentos apresentados, a publicação de artigos científicos no periódico Journal of Human Growth and Development é um exemplo de finalização de um projeto de pesquisa. Projetos dos autores como Vanderlei FM, Vanderlei LCM, Barreto GS, Garner DM6 (Risk appraisal by novel chaotic globals to HRV in subjects with malnutrition); Leone C, Nascimento VG, da Silva JPC, Bertoli CJ (Waist/height ratio: a marker of nutritional alteration in preschool children)7 and Badaró FAR, Araújo RC, Behlau M (The Copenhagen neck functional disability scale - CNFDS: translation and cultural adaptation to brazilian Portuguese)8 foram realizados em diferentes regiões e culturas com abordagens diversificadas oferecendo um produto final de qualidade, ou seja, um projeto a ser publicado e divulgado aos pares na língua da ciência (o inglês).

Assim, as preocupações da atualidade em produtividade científica relacionadas as variáveis quantidade e qualidade são sanadas no momento em que os pesquisadores (gerentes de projetos) finalizam as etapas e inserem suas contribuições científicas para a discussão dos pares no cenário internacional, evidenciando "O Método Lógico para Redação Científica", na sua estruturação formal, sistematização de processos, decisão sobre a escrita científica nos preceitos lógicos do "fazer ciência" e elementos de comunicação. Primeiro o produto sólido, depois a forma de apresentá-lo. O produto final do projeto de pesquisa, como marca de sucesso, é apresentado com argumento lógico, com conclusões elaboradas a partir dessas premissas e método capaz de incluir a dinâmica do redigir. Se possível, transgredindo da ciência mais regional e tornando-se, de fato internacional.

 

REFERÊNCIAS

1. PMBOK, A Guide to the project management body of knowledge (PMBOK Guide) - Forth Edition. Published by: Project Management Institute, INC, 2008.         [ Links ]

2. Payne JM, France KE, Henley N, D Antoine HA, Bartu AE, Elliott EJ, Bower C. Researchers experience with project management in health and medical research: results from a post-project review. BMC Public Health, 2011; 2 (11):424.         [ Links ]

3. Papke-Shields KE, Beise C, Quan J. Do project managers practice what they preach, and does it matter to project success? International Journal of Project Management, 2010; 28: 650-662.         [ Links ]

4. Woodward JF. Project management education - levels of understanding and misunderstanding. The Project Manager. 1983; 1(3); 173-178.         [ Links ]

5. Hartman F. Preparing the mind for dynamic management International Journal of Project Management. 2008; 26: 258-267.         [ Links ]

6. Vanderlei FM, Vanderlei LCM, BarretoGS, Garner DM. Risk appraisal by novel chaotic globals to HRV in subjects with malnutrition. Journal of Human Growth and Development 2014;24(3):243-248.         [ Links ]

7. Leone C, Nascimento VG, da Silva JPC, Bertoli CJ. Waist/height ratio: a marker of nutritional alteration in preschool children. Journal of Human Growth and Development 2014;24(3):289-294.         [ Links ]

8. Badaró FAR, Araújo RC, Behlau M. The Copenhagen neck functional disability scale - CNFDS: translation and cultural adaptation to brazilianportuguese. Journal of Human Growth and Development 2014;24(3): 304-312        [ Links ]

 

Manuscript submitted Nov 12 2014
Accepted for publication Dec 08 2014