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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.24 no.3 São Paulo  2014

 

ORIGINAL RESEARCH

 

O fazer de profissionais no contexto da educação em saúde: uma revisão sistemática

 

 

Italla Maria Pinheiro BezerraI, II; Maria de Fátima Antero Sousa MachadoIII; Orivaldo Florencio de SouzaV; Jennifer Yohanna Ferreira de Lima AntãoIV; Maria Natália Leite DantasIV; Alberto Olavo Advincula ReisI; Ana Aline Andrade MartinsIV; Luiz Carlos de AbreuI

ILaboratório de Delineamento e Escrita Científica. Departamento de Ciências Básicas, Faculdade de Medicina do ABC, Av. Príncipe de Gales, 821, 09060-650. Santo André, SP, Brazil
IIDocente da Faculdade de Juazeiro do Norte- FJN e da Universidade Regional do Cariri-URCA
IIIDoutora em Enfermagem. Juazeiro do Norte- Ceará, Brazil
IVEspecialista em Saúde da Família. Juazeiro do Norte-Ceará, Brazil

 

 


RESUMO

Descrever as práticas educativas realizadas por profissionais de saúde tomando como referência o modelo da promoção da saúde. Trata-se de revisão sistemática realizada a partir da busca de artigos nas bases de dados: Medline, Lilacs e Scielo, considerando o período de 2003 a 2013. A busca foi realizada por meio do método integrado, utilizando-se os termos: promoção da saúde, educação em saúde e vivências. Diante os resultados foi possível evidenciar a importância da realização de vivências de educação em saúde em diferentes contextos: atenção primária, hospitalar e escolar, com diversos temas e metodologias adotadas. No entanto, embora essas vivências tenham sido implementadas, em sua maioria, com vista à promoção da saúde, destacando elementos como autonomia, empoderamento e tomada de decisão, perceberam-se ainda ações de educação em saúde normativas, o que fragilizam o processo de empoderamento dos indivíduos.

Palavras-chave: promoção da saúde, educação em saúde, vivências


 

 

INTRODUÇÃO

As ações educativas implementadas no campo da saúde, por muitas décadas, caracterizaram-se como uma prática normalizadora, de discurso higienista na perspectiva do controle e prevenção de doenças1,2.

Contudo, pode-se dizer que os conceitos e propósitos da educação em saúde adaptaram-se conforme as mudanças de paradigma que ocorreram no setor saúde, em resposta a acentuada medicalização da saúde3.

Desta forma, compreende-se que um elemento que veio a reforçar essas mudanças foi às discussões acerca da promoção da saúde, destacando o Relatório Lalonde de 1976, uma vez que mesmo se caracteriza como sendo um marco inicial da moderna promoção da saúde no Canadá. Tal relatório evidenciou que o tradicional padrão assistencial não era eficaz e afirmando que a saúde é determinada por um conjunto de fatores agrupáveis em quatro categorias: Biologia humana, Ambiente, Estilos de vida e Organização de atenção á saúde4 .

Outro marco que veio contribuir para consolidação do conceito da promoção da saúde se deu a partir da 1a Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, que conclui com a Carta de Otawa e lançou um movimento que desde então vem sendo denominado de Promoção de Saúde realizada no Canadá5.

Após estes movimentos a promoção da saúde passou a ser definida enquanto "processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo"6.

Assim, na perspectiva da promoção da saúde, as ações educativas devem ser desenvolvidas e implementas de forma que sejam condizentes com a promoção da saúde dos indivíduos, umas vez que a mesma deve apresentar-se enquanto instrumento capaz de estimular o empoderamento dos indivíduos envolvidos nas atividades7,8.

Nesta perspectiva, no cenário brasileiro surgi um novo modelo assistencial após o movimento da Reforma Sanitária na qual possui como principal conquista a criação de um sistema de saúde denominado Sistema Único de Saúde- SUS, no qual se rege pelos princípios de universalidade, integralidade e equidade9.

O mesmo encontra-se consolidado enquanto modelo assistencial, a partir da implantação da Estratégia de Saúde da Família- ESF10,11.

A assistência implementada pela ESF distancia-se do modelo tradicional uma vez que propõem mudanças na concepção do processo saúde-doença, e investe, também, em ações que articulam a saúde com condições de vida e qualidade de vida, as ações de promoção da saúde12.

Assim, compreendendo que as ações de educação em saúde, tão importantes na construção da ideia de cuidado, e da integralidade, acreditam-se ser relevante à realização de um estudo que possa expressar a organização e caracterização dessas ações educativas advindas da produção científica.

Assim, o objetivo é analisar as praticas educativas realizadas por profissionais a partir do paradigma da promoção da saúde.

 

MÉTODO

Trata-se de revisão sistemática elaborada a partir das seguintes etapas: estabelecimento da hipótese e objetivos da revisão; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos (seleção da amostra); definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; análise dos resultados; discussão e apresentação dos resultados e; a apresentação da revisão.

Para nortear a revisão, formulou-se o seguinte questionamento: As práticas educativas desenvolvidas pelos profissionais adotam distintas formas de organização e estão condizentes com os pressupostos da promoção da saúde?

Para seleção dos artigos foi realizada uma busca nas bases de dados: Medline, Lilacs e a Scientific Eletronic Library - Scielo, considerando o período de 2003 a 2013. A busca foi realizada por meio do método integrado, utilizando-se os termos: promoção da saúde, educação em saúde e vivências.

Os critérios de inclusão definidos para a presente revisão foram: abordar vivências de práticas educativas, ser artigos e estar publicado em idiomas português, inglês ou espanhol. Deste modo, teses, mestrados e carta ao leitor foram exclusos nesse estudo.

Conforme a figura 01, foram encontrados 117 artigos abordando a temática educação em saúde, no entanto, após leitura exaustiva dos resumos e análise realizada a partir de um formulário para identificação de vivências educativas, foram selecionados artigos que estavam avaliando alguma vivência de educação em saúde desenvolvida nos serviços de saúde, perfazendo um total de 23 artigos entre nacionais e internacionais. Após esta etapa, iniciaram-se as leituras dos artigos para posterior organização dos mesmos. Conforme figura 1.

 

 

A seguir, os artigos foram organizados em tabelas, as quais ilustram acerca da caracterização dos artigos quanto ao tipo, ano de publicação e abordagens metodológicas, assim como, a organização dessas ações e as evidências dos resultados apontados.

 

RESULTADOS

A distribuição dos manuscritos é descrita em tabelas, conforme ilustrado abaixo: na tabela 1, a caracterização dos artigos quanto ao tipo de publicação e delineamento dos estudos; na tabela 2, caracterização das ações de educação em saúde e; na tabela 3, a síntese dos resultados, abordando as evidências percebidas a partir das vivências estudadas.

 

DISCUSSÃO

Diante das transformações de paradigma sanitário, a educação em saúde passa a adquirir nova configuração, no sentido de atender aos princípios subjacentes à promoção da saúde, no que diz respeito a mudanças de comportamentos e a melhora na saúde da população3. Assim, exigem-se mudanças desde a organização dessas práticas ao modelo de educação em saúde a ser aplicado.

Frente a esses aspectos, percebe-se que os diferentes cenários para prática da educação em saúde são abordados nas pesquisas avaliadas. No entanto, a atenção primária a saúde predomina como o espaço para implementação das ações, sendo estas pouco desenvolvidas nos demais cenários.

Nesse mesmo enfoque, outras pesquisas destacam a ESF como um elemento fundamental de operacionalização frente à modificação das práticas assistenciais convencionais para um modelo de trabalho centrado na prevenção e promoção à saúde das famílias, norteados pelos princípios de integralidade e hierarquização de ações nos serviços de saúde13.

No entanto, as intuições hospitalares também foram cenários para ampliação dessas ações educativas, como demonstra estudo. Estes defendem que ao se trabalhar a educação em saúde dentro de uma unidade hospitalar, torna-se possível o desenvolvimento de uma nova perspectiva de cuidado dentro do seu cotidiano, bem como o acréscimo de ideias e atitudes da equipe para apreciar o conhecimento de cada pessoa, atendendo suas crenças, cultura, valores, em defesa de um atendimento genuíno desenvolvido pela a equipe interdisciplinar14.

Considera-se ser possível uma mudança de paradigma, em relação à promoção da saúde em ambientes hospitalares, onde a clínica e a técnica ainda hoje predominam15. É importante ressaltar que as necessidades atuais dos indivíduos suscitam que um novo olhar, uma nova postura, outra cultura sejam cultivadas no interior dos hospitais, tendo como objeto do processo de trabalho a saúde ao invés da doença.

No entanto, ainda que os serviços de saúde sejam muito importantes para assegurar a atenção das pessoas e das populações, o estado sanitário das comunidades não depende apenas deles. Muitas ações de promoção e de proteção de saúde são realizadas por outras organizações que não integram o setor. Nesse contexto, destacam-se as ações educativas realizadas no ambiente escolar, consideradas fundamentais para a promoção da saúde16.

Nesse contexto, ao abordarem a sexualidade dentro do cenário escolar evidenciou-se ser de suma importância o desenvolvimento de um ambiente para promoção de saúde por meio da educação em saúde, dentro do contexto escolar, uma vez que, a mesma atua como um espaço social significativo para onde o adolescente pode levar suas experiências e expectativas de vida, suas curiosidades, a respeito da sexualidade, dentre outros aspecto referentes a saúde17.

Assim, é importante sublinhar que não basta abrir espaço para se promover saúde, é necessário que esse espaço permita desenvolver nos usuários a importância sobre a corresponsabilidade nessas práticas de promoção da saúde, sendo necessária a participação deste na mobilização, capacitação e desenvolvimento de aprendizagem de habilidades individuais e sociais para lidar com os processos de saúde-doença18.

Entre as temáticas abordadas nesses diferentes contextos, destacam-se as investigações acerca das doenças crônicas, bem como, o enfoque na saúde sexual e reprodutiva. Tais investigações buscaram identificar a relação entre ações de educação em saúde e a sua influencia sobre a promoção de saúde dos indivíduos.

Assim, percebe-se que a habilidade de enfermagem para implementar ações educativas a mulheres no pré-natal e pós-natal pode capacitar as mães a tomar decisões para a amamentação eficaz e sustentada19.

Ainda foi possível identificar a necessidade de tornar a informação acessível, com o objetivo de promover a promoção da saúde e da educação em mulheres com deficiência intelectual, os prestadores de cuidados e profissionais de saúde, a fim de aprimorar o conhecimento e conscientização do câncer de mama 20.

As investigações inerentes à saúde sexual e reprodutiva são justificadas por ser um campo amplo e que compõem uma das esferas integrante no eixo da promoção de saúde do individuo e comunidade, em contra partida, o acréscimo de grupos em predisposição a risco sexual e reprodutivo encontra-se em ascensão o que demanda a intensificação das ações em educação em saúde dentro deste contexto14.

No entanto, embora considerada importante trabalhar essa temática na população idosa, a saúde sexual e reprodutiva é uma temática também bastante dialogada com adolescentes, abordando o assunto no contexto escolar junto a esse público17.

Em outra perspecitiva, autores destacam que o cenário brasileiro encontra-se com a incidência aumentada de Aids em mulheres, entretanto, o índice de mortalidade entre essa população é menor, o que demonstra eventos de heterossexualização, feminilização e interiorização deste agravo, demarcando assim a necessidade de atuação por meio do empoderamento dos indivíduos22.

As ações educativas também foram implementadas para atender doenças crônicas, fato que pode ser justificado pelo aumento dessas doenças nos dias atuais. Portanto, ao considerar essa realidade, estudos apontam a existência de duas formas terapêuticas disponibilizadas pelo setor público: aquelas dirigidas para crises agudas e a demanda voltada para as doenças crônicas21.

Assim, nos artigos avaliados, ao investigarem o rastreamento da Hipertensão Arterial Sistêmica-HAS em crianças no contexto da ESF verificaram que existe a necessidade de intensificar cada vez mais precocemente a educação em relação à saúde das famílias, orientando-as, por exemplo, a evitarem o uso de alimentos industrializados; mais atenção dos profissionais de saúde que trabalham com crianças, e os benefícios de uma infância saudável influenciando de forma direta na qualidade de vida do futuro adulto23.

Desta forma, ao trabalhar a educação para saúde como estratégia de intervenção de enfermagem junto as pessoas portadoras de diabetes, autores concluíram que a atividade educativa dialógica foi capaz de contribuir para o despertar do potencial reflexivo, critico e criativo do grupo, apresentando-se como estratégia de intervenção para o enfermeiro que trabalha na perspectiva de emancipação de seus clientes24.

Em relação às metodologias adotadas na implementação das ações de educação em saúde avaliadas, são verificadas vários métodos, como: grupos educativos, rodas de conversas, jogos, atividade física, teatro e oficinas.

A utilização do grupo como estratégia para implementar a prática de educação em saúde emerge como um instrumento que articula as diversas esferas da vida humana: a esfera social uma vez que permite a aproximação, acréscimo e compartilhamento de interesses e expectativas, edifica sujeitos que, por sua vez, constroem comunidades; e a biológica já que abrevia no processo saúde-doença as diversas determinações ambientais, constitucionais e genéticas, além de expressar a atitude pessoal de cada um, na forma de como interatua com o meio interno, físico, psíquico e externo15.

Considerando esses aspectos, as ações educativas foram avaliadas em oito Unidades de Saúde da Família (USF) de Cuiabá-MT-Brasil que aconteciam através de grupos educativos com o profissional enfermeiro 15. As ações aconteciam por meio da prática de grupos como ação de promoção da saúde. Nesse mesmo enfoque, porém desenvolvido nos municípios de Belo Horizonte-MG-Brasil e Contagem-MG-Brasil, as ações foram avaliadas em grupos desenvolvidos pelos profissionais de saúde das Unidades de Saúde25.

Ainda, avaliaram-se as práticas educativas em uma Unidade Gineco-Obstétrica de hospital público no Rio Grande do Sul- RS- Brasil que aconteciam por meio de grupos de orientações sobre promoção de saúde na gestação e puerpério. Foram realizados 49 encontros de orientações em que participaram 54 gestantes, 34 acompanhantes e 136 puérperas, além dos profissionais da equipe de saúde e acadêmicos de enfermagem14.

Contudo, outros estudos apostaram nas rodas de conversas como instrumentos eficazes para promoção da saúde, enfatizando que estas permitem que os participantes se posicionem como sujeito do discurso conferindo-lhe voz. Desta forma, a investigação narrativa desponta como característica o processo cooperativo em que as pessoas envolvidas desempenham, já que as mesmas vivem, e relatam histórias ao mesmo tempo22.

Frente a este contexto, os autores anteriormente citados obtiveram como resultado de investigação a identificação de que a eficácia da experiência das oficinas de contadores de apontou caminhos de mudança, ressignificação e resistência, evidência que corrobora com outro estudo que destaca que as atividades grupais oportunizam o esclarecimento de dúvidas e educação em saúde sobre o processo saúde-doença, tornando-se instrumento de promoção da saúde e provedor de autonomia relacionada ao autocuidado14.

Ainda corroborando com os mesmos, pesquisas revelam a efetividade dos grupos educativos como estratégia capaz de reorientar o cuidado em saúde do idoso na perspectiva da promoção da saúde na Atenção Básica26.

A tentativa de se inserir jogos educativos também foi evidenciada30. Nesse contexto, ao considerar a importância dos diversos modos de implementar ações para que estas atendam aos princípios da promoção da saúde, a tentativa de jogos educativos é uma forma que vai em contraste com a pedagogia tradicional, uma vez que permite o aluno ser o agente ativo de sua / seu próprio conhecimento, propondo estímulos ao interesse do aprendiz27.

No entanto, é necessário compreender que dependendo como as ações educativas são abordadas estas podem se caracterizar apenas como uma forma de transmissão de informação, distanciando-se do seu objetivo que seria criar condições para produzir transformação de comportamento, sendo caracterizadas ainda como práticas voltadas para a cura, estimulando a medicalização da sociedade em busca de respostas para a doença.

Nesse contexto, destacam-se alguns resultados dos estudos em análise que apontam para ações educativas condizentes com a promoção da saúde, mas ainda sendo também evidenciadas ações tradicionais, conduzidas apenas como repasse de informações.

Evidenciou-se que os enfermeiros realizam grupos com os recortes programáticos vigentes na prática da saúde pública tradicional, reduzindo à informação coletiva sobre doenças e tratamento, consolidando-se como estratégia assistencial enquanto a dimensão de empoderamento para o exercício da cidadania é reduzida15.

Ao investigar a prática de grupos como ação de promoção da saúde na estratégia saúde da família, perceberam-se a utilização de metodologias educativas tradicionais, como as palestras por meio da transmissão de informações, além de terem evidenciado a pouca participação dos usuários nos grupos, pois esses muitas vezes não atendem suas necessidades já que eram organizados de acordo com o interesse do profissional25.

Na perspectiva da promoção da saúde contribuindo para uma possível mudança de comportamento, pode-se evidenciar o potencial reflexivo, crítico e criativo do grupo, apresentando-se como uma importante estratégia de intervenção para o enfermeiro que trabalha na perspectiva de emancipação de seus clientes24.

Autores ainda concluíram que as atividades grupais oportunizam o esclarecimento de dúvidas e educação em saúde sobre o processo saúde-doença, tornando-se instrumento de promoção da saúde e provedor de autonomia relacionada ao autocuidado14. Deste modo, estas devem ser acessíveis, a fim de facilitar a promoção da saúde o que aprimora o conhecimento e conscientização dos indivíduos23.

Destacam-se ainda, alguns estudos que enfatizam a tomada de decisão em saúde propiciada pela implementação de ações educativas na perspectiva da promoção da saúde 20.

Desta forma, os grupos de educação em saúde configuram-se como ambiente que propicia o empoderamento individual e da coletividade, ao valorizar a participação da população, fortalecendo o controle social dos serviços além de readequar o trabalho educativo. Assim, promove o desenvolvimento pessoal, social disseminando informações e estimulando o diálogo. Ressalta-se ainda que capacitar pessoas a aprender durante a vida configura-se como elemento crucial para as diversas fases da existência, em que nela encontra-se o enfrentamento e a tomada de decisão referente ao tocante da manutenção de sua saúde28.

Destaca-se que práticas educativas compõem o elenco de situações que caracterizam a entrega de serviços à população e que o envolvimento de todos os atores é condição ímpar para o pleno exercício da saúde pública29. Assim, a ação sistemática por parte dos governos e organizações parceiras é necessária para atingir a população, como por exemplo, mulheres e recém-nascidos com vista a um atendimento eficaz30. Entende-se, pois, que ações condizentes com os pressupostos da promoção da saúde são de grande importância para o alcance da qualidade de vida e a equidade em saúde, no entanto, implementar essas ações ainda é um desafio, visto a predominância de características de práticas curativistas e individualistas.

Por fim, a educação em saúde entendida como instrumento para viabilizar ações de promoção da saúde, veio ganhando ênfase a partir da Conferência de Ottawa, no entanto, no Brasil, ganhou espaço a partir do o processo de reforma sanitária, mais precisamente com a mudança do modelo assistencial, o que vem propiciando novas práticas setoriais e afirmando a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a promoção da saúde.

Há preocupação por parte dos pesquisadores quanto à organização dessas ações, se estas estão condizentes ou não com a promoção da saúde. Prevalece a característica da educação tradicional. Frente a essa realidade, revela-se ser preciso que os profissionais de saúde trabalhem na perspectiva da promoção da saúde, visto estarem inseridos em um modelo voltado para o empoderamento dos usuários.

 

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Manuscript submitted Feb 05 2014
Accepted for publication Oct 21 2014

 

 

Corresponding author: nuep@fjn.edu.br