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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.24 no.3 São Paulo  2014

 

ORIGINAL RESEARCH

 

Resenha do "Oxford textbook of public health"

 

 

Claudia ArabI; Thaiany Pedrozo Campos AntunesII; Renata Thais de Almeida BarbosaII; Tânia Brusque CrocettaII; Italla Maria Pinheiro BezerraII; Celso FerreiraI

IMedicina (Cardiologia), Universidade Federal de São Paulo
IILaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Departamento de Saúde da Coletividade, Faculdade de Medicina do ABC

 

 

Resenha da obra de: Detels R, Beaglehole R, Lansang MA, Gulliford M (Eds). Oxford Textbook of Public Health. 5th ed. New York: Oxford University Press; 2011. 1769 p.

 

 

A quinta edição do "Oxford Textbook of Public Health", organizada por Roger Detels, Robert Beaglehole, Mary Ann Lansang e Martin Gulliford, é composta por 12 sessões agrupadas em três volumes: escopo, métodos e práticas da Saúde Pública. Esta edição trata do desenvolvimento e aplicação da ciência de prevenção de doenças, aumento da longevidade e promoção de saúde por ações da comunidade, a fim de promover o bem-estar físico, psicológico e mental dos indivíduos, envolvendo tecnologia, ciências sociais e política. Cada capítulo descreve problemas de Saúde Pública, e formas de evitá-los por meio da identificação antecipada dos mesmos, bem como sugerindo e apresentando estratégias para resolução destes problemas e avaliações de sua eficácia.

Toda obra aborda a Saúde Pública sob as óticas dos países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos.

O volume 1 apresenta o histórico da Saúde Pública, seus determinantes de saúde e doença, as políticas, suas éticas e leis.

Em sua primeira sessão são descritas as ações de Saúde Pública nos diferentes países. Em países desenvolvidos, a Saúde Pública se baseia em resposta às epidemias, policiamento das cidades e esforços para melhoria sistemática da saúde da população. Países subdesenvolvidos adotam medidas e intervenções com ações legislativas, ambientais e educativas, incluindo redução do uso de tabaco e álcool, alimentação adequada e promoção da atividade física, ou adoção de medidas multissetoriais para segurança nas estradas e prevenção de lesões. Os países emergentes apresentam crescente economia de mercado que molda substancialmente o papel do setor privado e o comportamento de busca de saúde pela população, com impactos diretos quanto a qualidade da assistência prestada e as crescentes desigualdades no acesso aos cuidados.

Quanto aos determinantes de saúde e doença, na segunda seção são discutidos os temas globalização, comportamentos de risco, alimentação, fatores ambientais, água e saneamento básico e doenças infecciosas, associados às doenças crônicas, crescentes na atualidade. As políticas de saúde buscam a manutenção e melhoria das condições de saúde, sendo necessário compreender a saúde e a doença, para determinar fatores biológicos, políticos, sociais, ambientais e de estilo de vida que as influenciam. O acesso ao conhecimento e tecnologia aparecem como agentes responsáveis por parte do declínio na taxa de mortalidade da população.

A terceira e quarta seção demonstram que tratados internacionais juridicamente vinculativos e constituições nacionais apresentam o direito ao mais alto nível de saúde, bem como sua legislação, mas estas ações mostram-se dependentes dos estados regentes.

O volume 2 apresenta os métodos da Saúde Pública agrupados em quatro seções: a) os sistemas de informação e as fontes de inteligência, b) as abordagens Epidemiológicas e da bioestatística, c) as técnicas das Ciências Sociais, e d) as Ciências ambientais e da saúde ocupacional.

Os avanços dos sistemas de informação e comunicação se destacam com aplicações efetivas, impulsionados pelas tecnologias disponibilizadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), principalmente com o advento da Internet e a disseminação com seu uso. Os autores apresentam os desafios da infraestrutura necessária para a disseminação das informações em Saúde Pública, para proteção e confidencialidade dos dados obtidos, além de apresentar as fontes de informação em saúde pública para integração de sistemas que auxiliarão os países de baixa renda a efetivamente identificar, planejar e monitorar seus problemas em saúde, buscando solucioná-los.

Para a seção da Epidemiologia e Bioestatística são apresentados os usos e limitações de vários desenhos de estudo e de como estes desenhos vem sendo aplicados em novas formas e variações de seus desenhos e métodos tradicionais. Discute ainda intervenções aplicadas em países desenvolvidos, emergentes e de baixa renda, como também os modelos estatísticos e suas aplicações.

De forma muito interessante os autores trazem a contribuição da Sociologia e Psicologia na Saúde pública, fazendo as ligações com a medicina e saúde, com as perspectivas e métodos de investigação qualitativas. Esta seção conclui com as abordagens da promoção e educação da saúde, com os programas de gerenciamento e governança da saúde pública.

Este volume se completa com a contribuição das intervenções dos fatores ambientais, agentes químicos, biológicos ou físicos, com temas atuais como radiação, genética, infecção hospitalar, mudanças climáticas e como as pessoas percebem o risco a que estão expostas.

Seu último volume apresenta a prática da Saúde Pública, também agrupando quatro seções: a) maiores problemas de Saúde, b) prevenção e controle de riscos em Saúde Pública, c) as necessidades de Saúde Pública em grupos populacionais e d) as funções da Saúde Pública.

Para o destaque dos principais problemas de saúde pública, o capítulo inicia com as interações entre a genética e o meio ambiente, e doenças vascular, respiratória, neurológica, musculoesquelética e hepatológica. Essa seção também abrange saúde mental e dental, tratando das doenças sistêmicas, preocupantes para saúde pública de uma maneira geral, como: Diabetes Mellitus, obesidade, neoplasmas, encefalopatias transmissíveis, infecções sexualmente transmissíveis e infecções emergentes e reemergentes.

O controle de fatores de risco em geral como: álcool, tabaco, drogas, violência dos mais diversos tipos, aspectos da vida urbana e bioterrorismo são apresentados com dados mundiais e destaque de ações que dependem basicamente dos esforços de programas multidisciplinares de educação e prevenção.

As necessidades dos grupos populacionais se iniciam com as mudanças ocorridas no meio familiar, oferecendo uma visão global da influência das famílias no setor de saúde, retratando os problemas, os fatores de risco, possíveis intervenções, saúde preventiva e fatores associados. Associando a saúde à influência do sexo e gênero, tratando da saúde da criança e do adolescente, das etnias minoritárias e dos povos indígenas, das pessoas com deficiência e os idosos, trazendo pontos chaves e recomendando melhorias das atividades entre as comunidades de saúde, transformando e melhorando suas vidas e experiências.

Na última seção são apresentadas as funções da Saúde Pública, definindo necessidade como "capacidade de benefício", focando na necessidade do autocuidado, e na medida da qualidade de vida. Observa-se fatores como a desigualdade socioeconômica, psicossocial, estilo de vida, resultando em diferenças no setor de saúde, principalmente nos países em desenvolvimento. Retrata-se a importância da implantação do programa de rastreio, principalmente quanto à prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis e infecciosas. A seção é finalizada com os desafios do século XXI relacionado aos sistemas de saúde e perspectivas preconizadas.

As 12 seções são apresentadas em 104 capítulos por mais de 200 pesquisadores, que trazem exemplos e ações efetivas, além de pontos chaves do assunto tratado, sendo a lógica dos temas nos três volumes expressos de forma clara e direta.

A inclusão de um volume com os métodos aplicados à Saúde Pública, com os principais desenhos de pesquisa, permite ao leitor compreender definições e os testes estatísticos mais recomendados, sempre com exemplos práticos e análises de causa e efeito. Assim como a separação dos países pelo nível de desenvolvimento, deixando claro que, apesar das diferenças, as necessidades e problemas são semelhantes e os princípios, os mesmos. De nada adianta o avanço nas políticas e ciências se, ainda assim, houver tanta desigualdade na sociedade, entre e dentro dos países, já que a saúde é necessária a todos, independente da classe social.

Ainda que o volume de informações distribuídas em mais de 1.700 páginas seja extenso, sua leitura é acessível e essencial para o entendimento e aplicação de saúde pública. As leituras conduzidas pelo grupo durante um semestre da disciplina de Escrita Científica da Faculdade de Medicina do ABC enriqueceram enormemente as discussões acaloradas sobre cada tema proposto.

 

REFERÊNCIA

Detels R, Beaglehole R, Lansang MA, Gulliford M (Eds). Oxford Textbook of Public Health. 5th ed. New York: Oxford University Press; 2011. 1769 p.         [ Links ]

 

Manuscript submitted Sep 28 2014
Accepted for publication Dec 3 2014

 

 

Corresponding author: ac.arabclaudia@gmail.com