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Journal of Human Growth and Development

Print version ISSN 0104-1282

Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. vol.25 no.1 São Paulo  2015

http://dx.doi.org/10.7322/JHGD.96764 

ORIGINAL RESEARCH

 

Avaliação de material didático elaborado para orientação de cuidadores e professores de creches sobre o desenvolvimento infantil

 

 

Fernanda Alves de Britto GuimarãesI; Clara Di AssisII; Martina Estevam Brom VieiraIII; Cibelle Kayenne Martins Roberto FormigaIV

IPhysical therapist specialized in neuropediatrics intervention, Federal University of São Carlos (UFSCAR), São Carlos, SP, Brazil
IIPhysical therapy student at the State University of Goiás (UEG), Goiânia, GO, Brazil
IIIPhysical therapist, Master of Science, Assistant Professor at the Department of Physical Therapy of the State University of Goiás (UEG), Goiânia, GO, Brazil
IVPhysical therapist, PhD in Medical Sciences, associate professor at the Department of Physical Therapy of the State University of Goiás (UEG), Goiânia, GO, Brasil

 

 


RESUMO

OBJETIVO: avaliar a clareza e objetividade de uma cartilha com explicações detalhadas e ilustrações acerca do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de 0 a 6 anos por meio da análise de professores de creches, fisioterapeutas e cuidadores
MÉTODO: participaram 23 sujeitos, sendo 7 cuidadores, 7 professores e 9 fisioterapeutas. A Cartilha intitulada "Guia de orientações ao desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos" foi elaborada pelos pesquisadores e, posteriormente, avaliada pelos participantes por meio de um questionário
RESULTADOS: a grande maioria dos participantes da pesquisa avaliou a cartilha como boa ou ótima (96%). Todos consideraram a linguagem utilizada na cartilha como boa ou ótima e afirmaram que a aplicação deste material favoreceria a estimulação do desenvolvimento das crianças
CONCLUSÃO: a cartilha mostrou-se como uma medida prática e de baixo custo que pode auxiliar na estimulação do desenvolvimento infantil

Palavras-chave: avaliação, material didático, creches, desenvolvimento infantil, orientação.


 

 

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento é definido como a capacidade do ser humano de realizar funções cada vez mais complexas, sendo resultado de uma constante interação entre as características do indivíduo (fatores intrínsecos) e o ambiente em que ele se encontra inserido (fatores extrínsecos). O desenvolvimento psicomotor representa um processo sequencial que segue o plano contido no potencial genético de cada criança. Ele compreende um conjunto de reações (reflexas, voluntárias, espontâneas ou aprendidas) que se manifestam por meio da motricidade, adaptação, linguagem e interação pessoal-social.1

Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento infantil, pois ocorre rápido crescimento cerebral e intenso avanço cognitivo e sensoriomotor.2 Nesse período, há uma intensa plasticidade do cérebro humano, a qual favorece o desenvolvimento das potencialidades das crianças.3

Na infância e, particularmente, no início do processo de escolarização, há grande aquisição de habilidades motoras, possibilitando à criança um amplo domínio do seu corpo em diferentes atividades.4,5 A capacidade motora é considerada um dos melhores indicadores do bem-estar global da criança, representando, dentre as áreas do desenvolvimento, a de mais fácil observação. Como os problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase adulta, crianças com desenvolvimento motor atípico, ou com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas.1,3,6

Diversas condições biológicas e ambientais podem aumentar a probabilidade de déficits no desenvolvimento infantil. Dentre os principais fatores de risco biológicos estão a prematuridade, baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, desnutrição.2,7 Os fatores de risco ambientais incluem o espaço físico onde a criança vive, a escolaridade dos pais, a dinâmica familiar, o poder aquisitivo da família e as relações familiares.6,8,9

As ações preventivas ou corretivas sobre os desvios do desenvolvimento dependem do conhecimento acerca da sequência normal e regular das aquisições constituintes do desenvolvimento neuropsicomotor, que servirá de base para a elaboração de propostas adequadamente adaptadas à situação de cada criança.6 Assim, é importante entender o ambiente em que esta criança se encontra para, a partir daí, adequar os estímulos dados a ela e colaborar para melhora do ritmo do seu desenvolvimento.

A estimulação precoce é uma intervenção aplicada nos primeiros anos de vida para favorecer o desenvolvimento satisfatório da criança no seu processo evolutivo. Consiste em oferecer os estímulos necessários - contatos humanos adequados, juntamente com a exploração de objetos e espaços - no momento exato e em quantidade adequada, para enriquecer o desenvolvimento global da criança.10 Diversas pesquisas demonstraram haver melhora da aquisição de habilidades motoras em crianças que receberam estimulação precoce.6 Acompanhar a criança nos dois primeiros anos, observando os ganhos de habilidades, avaliando se há deficit neuropsicomotor e estudando formas de colaborar para um processo de desenvolvimento bem sucedido é de fundamental importância, pois é nesta etapa que o organismo mais cresce e amadurece, estando mais sujeito aos agravos.2,11

Estudos da Secretaria de Educação Especial apontam que 50% das crianças com alguma necessidade especial poderiam ter alcançado um desenvolvimento satisfatório, ou até mesmo atingido níveis de desenvolvimento de outras crianças de sua faixa etária sem nenhuma deficiência, se tivessem sido adotadas medidas de prevenção como a estimulação precoce.12

Tão importante quanto a organização estrutural do ambiente físico é a presença de um agente mediador que facilite o processo de desenvolvimento, e o agente mediador é todo aquele indivíduo que ao estabelecer uma relação é capaz de promover o desenvolvimento em alguém.13

A saúde mental da criança encontra os seus alicerces na qualidade dos cuidados dos pais durante os primeiros anos de vida da criança, sendo esses cuidados fundamentais no delinear das trajetórias de desenvolvimento futuras.14 Assim, as principais relações necessárias para o desenvolvimento, bem como cuidados e estímulos, são oferecidas pela família no microssistema lar durante a infância.13,15

Porém, em consequência das transformações socioeconômicas que a sociedade está sofrendo, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, a creche vem se tornando uma necessidade cada vez maior da população brasileira. Creches são instituições que atendem crianças na idade pré-escolar (zero a seis anos de idade).5,11 A literatura demonstra grande preocupação com o impacto da inserção de crianças cada vez mais jovens e por longos períodos nas creches, especialmente no que se refere ao desenvolvimento cognitivo, linguístico, socioemocional e comportamental.8,16 Como as crianças ficam na creche de oito a dez horas por dia, torna-se importante a promoção do desenvolvimento infantil nessas instituições.4

Assim, as creches têm a função de desenvolver práticas educativas que colaborem para o desenvolvimento como se estas crianças estivessem com seus pais15. Entretanto, alguns estudos observaram que essas instituições visam principalmente à guarda da saúde e dos cuidados físicos, negligenciando a função educadora e a busca do desenvolvimento global das crianças, o que pode acarretar atraso em seu desenvolvimento.17

Conhecendo-se a situação de crescimento e desenvolvimento de crianças cuidadas em creches, é possível implementar ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, contribuindo para um desenvolvimento sadio e harmonioso dessas crianças.11 Muitas vezes, atrasos do desenvolvimento só serão notados após a idade pré-escolar.18 Dessa forma, profissionais que estão vinculados a crianças nas idades de zero a seis anos devem estudar medidas que colaborem para a prevenção de atraso neuropsicomotor das mesmas.

Deste modo, aponta-se a pertinência do acompanhamento do desenvolvimento em instituições de educação infantil por profissionais especializados, o que possibilita a análise da trajetória do desenvolvimento nos primeiros anos de vida, a identificação de crianças com maior risco de atraso e, consequentemente, o estabelecimento de estratégias de intervenção e promoção do desenvolvimento.8,19

Tendo em vista a importância da estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor infantil na prevenção de agravos, o objetivo é analisar material didático elaborado para orientar os professores das creches (Centros Municipais de Educação Infantil - CMEI) e cuidadores das crianças quanto ao desenvolvimento infantil de zero a seis anos de idade.

 

MÉTODO

O presente estudo está vinculado ao Projeto de Extensão intitulado "Orientação aos cuidadores das creches públicas de Goiânia sobre o desenvolvimento infantil" desenvolvido por docentes e discentes do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual de Goiás apoiado pelo edital PROEXT 2013, do Ministério da Educação (MEC). Assim sendo, uma das formas propostas para estimular o desenvolvimento de crianças que frequentam as creches (CMEIs) de Goiânia (GO) foi desenvolver e avaliar a objetividade e aplicabilidade de um material didático que auxiliará a orientação de cuidadores e professores destas instituições quanto ao desenvolvimento infantil.

CMEIs são instituições públicas subordinadas à Secretaria Municipal de Educação, que atendem crianças de seis meses a cinco anos e 11 meses e possuem o objetivo geral de promover o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, de modo a integrar as ações de cuidar e educar, segundo a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDBEN, lei 9.394/96).

Participaram do estudo 23 sujeitos, sendo eles: sete professores de um CMEI de Goiânia (GO), sete pais e/ou responsáveis por crianças frequentadoras de creches e nove Fisioterapeutas.

Os critérios de inclusão no estudo foram:

- Professor de um CMEI de Goiânia (GO).

- Pai e/ou responsável por crianças de zero a seis anos frequentadoras do CMEI, que tenham ensino fundamental completo.

- Fisioterapeutas especialistas em Neuropediatria ou Pediatria, ou fisioterapeutas especialistas em Fisioterapia Neurofuncional que atuem a mais de três anos com Neuropediatria, que morem e/ou trabalhem em Goiânia (GO).

Foram excluídos do estudo os sujeitos que não concordaram em participar da pesquisa e que, portanto, não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; aqueles que não residiam e/ou trabalhavam em Goiânia (GO) e os que não preencheram de forma completa o questionário necessário para atingir o objetivo do presente estudo.

A pesquisa foi realizada de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (Resolução 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde), foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFSCar (determinado por meio do SISNEP - Sistema Nacional de Ética em Pesquisa) e pela Secretaria Municipal de Educação de Goiânia-GO.

No momento da coleta dos dados, os objetivos do estudo foram apresentados aos participantes de forma oral e por escrito, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Diante da concordância deles, o termo foi assinado pelo participante e pesquisador, conforme regulamentam os dispositivos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (1998).

O local de coleta de dados foi estabelecido conforme o grupo pesquisado. Os professores foram abordados nas próprias creches depois de agendada uma visita ao local, na sala dos professores. Os pais e/ou responsáveis também foram abordados na própria creche, pré-selecionados pela coordenadora da creche, em horários de entrada ou saída das crianças. E os fisioterapeutas foram abordados depois de um agendamento prévio, em seus locais de trabalho ou no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa (NIPE) localizado na Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás - ESEFFEGO, e também via e-mail.Os dados foram armazenados, organizados e analisados no NIPE.

Os instrumentos utilizados no presente estudo foram:

- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido;

- "Ficha de dados pessoais" de cada participante com seguintes quesitos: idade, sexo, especialização (fisioterapeutas), nível escolar (pais e/ou cuidadores), juntamente com as questões do "Questionário de análise do material didático". Foi questionado aos participantes: a avaliação geral da cartilha, o favorecimento ao desenvolvimento, se o indivíduo aprendeu algo novo, se é possível aplicar a cartilha, se tiveram dúvidas quanto ao conteúdo e aplicação, se acharam difícil de aplicar, avaliação da linguagem, avaliação das figuras da cartilha, se envolvem todas as áreas do desenvolvimento e a satisfação com os serviços do CMEI (questão para pais e professores).

- Cartilha elaborada pelos autores, material didático com uma linguagem acessível à população, com figuras demonstrativas de alguns exercícios, para auxiliar pais e cuidadores na estimulação das crianças de zero a seis anos a terem um desenvolvimento normal. Apresentou como embasamento teórico a literatura sobre desenvolvimento infantil.20,21,22

Os materiais e equipamentos utilizados foram: canetas, papel A4, impressora, computador, Programa SPSS (versão 18.0) para análise dos dados coletados.

A cartilha foi confeccionada após estudo aprofundado da literatura, e os dados foram coletados da forma descrita a seguir: o agendamento da visita nas creches foi feito previamente, para entregar a cartilha aos professores e pais e coletar os dados pessoais; os objetivos do estudo foram apresentados aos participantes de forma oral e por escrito no dia agendado. Diante da concordância dos mesmos, o termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado pelo participante e pesquisador; com o material em mãos foi aplicado o questionário para analisar possíveis dificuldades com o material exposto. Os pais foram abordados nos horários de saída ou entrada das crianças nas creches para não afetar os horários de suas atividades diárias.

Os profissionais fisioterapeutas também tiveram horários previamente agendados, tendo opções de locais para entrega do material e entrevista: o seu próprio local de trabalho, o NIPE ou via e-mail. Da mesma forma foi entregue o material e coletaram-se os dados pessoais e, com material em mãos, realizou-se o questionário de análise do mesmo.

Após essa fase de levantamento dos dados, estes foram organizados em bancos de dados. Para a análise das respostas, os participantes foram divididos em três grupos, a saber: Pais, Professores e Fisioterapeutas. Foi feita a análise descritiva dos dados coletados por meio do programa SPSS (versão 18.0).

 

RESULTADOS

Os sujeitos da amostra foram divididos em três grupos: sete professores, sete pais e/ou responsáveis por crianças frequentadoras de creches e nove Fisioterapeutas (n=23).

A Tabela 1 expõe os dados pessoais dos avaliadores de cada grupo (pais, professores e fisioterapeutas) e apresenta a descrição detalhada da avaliação da cartilha de estimulação proposta.

Observa-se na Tabela 1 que no grupo dos pais (cuidadores) a maioria era do sexo feminino (71%), e não houve uma profissão predominante. Um pai se recusou a responder dados pessoais, tais como: profissão, idade, e nível de escolaridade. Quanto ao nível de escolaridade dos pais, 28% tinham nível médio e 28% tinham nível superior.

No grupo dos professores a grande maioria também era do sexo feminino (86%). Destaca-se que mais da metade dos professores entrevistados possuíam pós-graduação nas áreas de neuropedagogia, alfabetização, psicopedagogia ou gestão escolar. Quanto às características do grupo de fisioterapeutas, o sexo feminino foi predominante (89%) e grande parte destes possuíam pós-graduação (89%), sendo que todos pós-graduados eram na área de Neuropediatria e/ou Neurofuncional. Tais resultados mostram que os grupos de avaliadores eram capacitados, cada um em sua área, para avaliar a qualidade e aplicabilidade da cartilha proposta.

De acordo com os itens da avaliação da cartilha apresentados na Tabela 1, todos os participantes responderam positivamente quando questionados sobre se a cartilha favoreceria a estimulação do desenvolvimento. Todos os pais e professores concluíram que aprenderam algo novo ao ler o material e quase metade dos fisioterapeutas também relataram que aprenderam algo novo com a cartilha.

Quando questionados sobre dificuldade ao aplicar a cartilha proposta, um pai e um professor responderam que teriam dificuldades de aplicar o material. O professor que disse que teria dificuldade na aplicação da cartilha, citou como empecilho "o tempo" (s.i.c), o restante afirmou não possuir nenhuma dúvida, indicando que a cartilha é eficiente e didática na difusão das orientações ao desenvolvimento neuropsicomotor infantil.

A amostra como um todo avaliou de forma positiva as figuras que ilustraram alguns dos exercícios propostos para estimulação das crianças. Três participantes (um professor e dois fisioterapeutas) disseram que o material não abrangia todas as áreas do desenvolvimento, entretanto, não esclareceram quais seriam essas outras áreas.

Sobre a satisfação dos pais e professores quanto ao serviço do CMEI, dos 14 participantes, apenas um professor não se sentia satisfeito, porém não justificou sua resposta.

Quanto à avaliação geral da cartilha, considerando todos os avaliadores, verificou-se que a maior parte dos avaliadores qualificou a cartilha proposta como ótima. Cabe ressaltar que nenhum participante considerou a cartilha ruim e apenas um fisioterapeuta afirmou que a mesma é regular. Além disso, todos os avaliadores avaliaram a linguagem utilizada na cartilha proposta como boa ou ótima.

 

DISCUSSÃO

Os objetivos deste trabalho foram os seguintes: produzir um material didático com explicações detalhadas e ilustrações, para auxiliar professores de creches e cuidadores quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de zero a seis anos idade; e avaliar a clareza e objetividade desse material, após a análise de professores de creches, fisioterapeutas e cuidadores de crianças de zero a seis anos idade.

Dentre os riscos para a ocorrência de atraso no desenvolvimento infantil está o risco ambiental. Um ambiente considerado de boa qualidade para o desenvolvimento infantil deve oferecer relacionamentos sustentadores, promoção da segurança física, proteção contra doenças, suprimento das necessidades básicas, além de experiências diversificadas. Normalmente, a criança passa a maior parte do tempo no convívio familiar; porém, crianças com pais que trabalham em período integral permanecem por tempo considerável em creches, sendo educadas e estimuladas por professores.22 Tendo em vista facilitar este processo, tanto para pais quanto para professores, este projeto visou apresentar um material que somasse às atividades diárias da criança, de forma simples e eficaz, a estimulação do desenvolvimento.

Quanto ao perfil dos avaliadores que compõem amostra, foi observado que a idade média dos grupos foi de 32 e 33 anos, sendo predominante o sexo feminino em todos os grupos, e quanto à escolaridade, somente dois participantes tinham apenas nível fundamental. O fato de os pais possuírem relativamente um bom nível de escolaridade colaborou para melhor compreensão da cartilha, o que pode ser observado quando foi avaliado se a linguagem da cartilha estava de fácil acesso. O grupo "Pais" avaliou a cartilha como boa (14%) e ótima (86%). Quanto maior o nível de escolaridade da mãe, melhor é a organização do ambiente físico e temporal, maior a oportunidade de variação na estimulação diária, com disponibilidade de materiais e jogos apropriados para a criança e maior envolvimento emocional e verbal da mãe com a criança.2 Contudo, o estudo de Santos et al.23 não verificou a associação entre a escolaridade materna e o desenvolvimento infantil de pré-escolares matriculados na educação infantil pública ou particular.

Observando ainda o quesito escolaridade, apenas um fisioterapeuta não possuía pós-graduação; todos os outros apresentavam pós-graduação em Neuropediatria ou Neurofuncional. Ao avaliarem a cartilha em um modo geral, os fisioterapeutas foram mais exigentes que os outros dois grupos da amostra, pois a maioria deles avaliou a cartilha como sendo boa (55%). Os demais grupos avaliaram a cartilha como ótima de maneira geral. O grupo dos fisioterapeutas, em sua maioria, responderam não ter aprendido algo novo com o material (56%), enquanto todos os participantes dos outros grupos disseram ter aprendido algo novo; assim podemos analisar que a cartilha apresentada aumentou o conhecimento de pais e professores quanto ao desenvolvimento das crianças de zero a seis anos, e que este conhecimento poderá ser aplicado na rotina dessas crianças, prevenindo atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.

Em duas outras pesquisas24,25 também procurou-se construir e avaliar um material que pudesse auxiliar no estímulo ao desenvolvimento infantil. Foi elaborada uma cartilha nomeada "Toda hora é hora de cuidar", e os autores dos estudos questionaram os pais e os profissionais da saúde (Agentes Comunitários de Saúde) sobre a validade e a efetividade da mesma. Houve relatos de dificuldade na aplicação do instrumento; um dos motivos foi a falta de tempo, causa também referida por um dos professores do CMEI pertencentes à amostra do nosso estudo. Outro motivo foi o fato de muitas crianças passarem o maior período do dia nas escolinhas, comprovando a necessidade de utilização do material pelos próprios professores das escolas, o que é proposto pelo presente estudo.

Apesar disso, a cartilha foi considerada adequada e importante na promoção do desenvolvimento infantil, com linguagem e conteúdo apropriados, principalmente pelos agentes comunitários e familiares que possuíam treinamento para sua aplicação e um melhor nível de escolaridade. Teixeira et al.26 chegaram a conclusões semelhantes quando propuseram validar uma tecnologia educacional para famílias ribeirinhas. A "Cartilha de orientações ao desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos" também teve uma boa avaliação, sendo considerada eficiente pela maioria da amostra.

Além disso, outros estudos27,28 destacaram que a utilização de um material didático-instrucional torna-se um facilitador da prática, promovendo padronização das orientações a fim de se evitarem informações contraditórias e, ainda, permitindo a memorização dos conteúdos do material pelas pessoas que os aplicam.

Todos os participantes do presente estudo disseram que o material didático elaborado favoreceria o desenvolvimento das crianças nos CMEIs, e todos também responderam que seria possível aplicar o material nestas instituições. Identificar desde os primeiros meses os sinais de atraso pode reduzir o tempo para iniciar a estimulação dessas crianças, diminuindo as alterações do desenvolvimento.29 Embora reconhecendo que as intervenções precoces no âmbito do sistema público de saúde ou ensino possam ser mais difíceis de implementar, existem inúmeras alternativas para promover programas de baixo custo.30 Medidas simples como a estimulação do brincar mediadas e conduzidas por um adulto31 ou a realização de orientações e de intervenções por meio de atividades lúdicas32 podem ter efeitos positivos no desenvolvimento e comportamento infantis. Assim como a presente Cartilha de Estimulação, que apresenta potencial, segundo a opinião dos avaliadores,de auxiliar tanto no processo de identificação de atraso no desenvolvimento das crianças quanto na instrução do cuidador para realizar o estímulo neuropsicomotor.

Sobre o serviço oferecido nos CMEIs, a grande maioria dos pais e professores respondeu que estava satisfeita quanto à instituição. A importância de verificar a satisfação dos participantes está relacionada com a quantidade de tempo que as crianças passam nos CMEIs e com a qualidade do estímulo dada a elas durante o período em que ficam sob cuidados dos professores, pois é necessário que os cuidados oferecidos satisfaçam suas necessidades e influenciem favoravelmente o seu desenvolvimento neuropsicomotor.4 Em contrapartida, um estudo realizado por Campos et al.33 que avaliou a qualidade de 147 instituições de educação infantil (creches e pré-escolas) em seis capitais brasileiras constatou nível de qualidade comprometido na maioria das instituições, sendo que déficits foram observados em infraestrutura, orientação pedagógica (atividades) e rotinas de cuidado pessoal.

Vários são os fatores que podem influenciar para que o CMEI não forneça um ambiente favorável ao desenvolvimento das crianças e atendimento integral individualizado, como por exemplo, as limitações físicas, com espaço para atividades esportivas reduzidas, e limitações econômicas, como a falta de materiais didáticos e pedagógicos adequados, quantidade de professores reduzida e não qualificação adequada desses profissionais34. Esse ambiente inadequado pode refletir negativamente no desenvolvimento das crianças matriculadas na educação infantil pública em comparação às crianças que frequentam a escola particular.23

Em contrapartida, um estudo analisou a evolução do crescimento de crianças pré-escolares em creches de Goiânia-GO, tendo-se observado que a maioria das crianças apresentava o crescimento e desenvolvimento dentro da faixa de normalidade.11 Foi atribuída ao papel dos CMEIs uma colaboração para o resultado, os quais têm como função social e política proporcionar à criança uma educação de qualidade, ampliando os conhecimentos físicos, culturais e sociais de forma indissociável às ações de cuidar e educar35; pode-se afirmar, então, que os serviços que os CMEIs de Goiânia propõem-se a fazer, em termos de educação e cuidados à criança, têm sido bem sucedidos, ao menos considerando a opinião dos pais e professores.

Nesse estudo realizado em creches de Goiânia-GO, foi verificado que a área do desenvolvimento mais comprometida durante as avaliações foi a linguagem.11 Uma possível explicação dada pelas autoras foi que os fatores sociais relacionados à estimulação foram pobres para que os padrões linguísticos se desenvolvessem. Outras prováveis explicações dadas por elas foram a permanência em tempo integral das crianças nos CMEIs, com pouco contato com os pais, e o grande contingente de crianças que estavam sob responsabilidade de cada cuidadora na creche, podendo dificultar a estimulação da linguagem, frente às necessidades básicas de cuidados de rotina do ambiente escolar.11 A cartilha poderá auxiliar pais e professores a prevenir déficits nas várias áreas que englobam o desenvolvimento das crianças, como a linguagem, com atividades simples e de fácil aplicabilidade, segundo o que foi afirmado pelos avaliadores no presente estudo.

O impacto positivo dos programas de intervenção precoce sobre desenvolvimento da criança e posterior desempenho escolar justificam a necessidade da identificação precoce das crianças com risco de atrasos e a consequente intervenção antes que o atraso ou desvio se instale.36 Assim, a finalidade do presente estudo de propor a concepção de um material didático de orientação, assim como a avaliação deste sob diferentes vertentes (família, escola e terapeuta) que podem influenciar o desenvolvimento futuro das crianças apresenta o foco no cuidar compartilhado, que visa aumentar a interação entre a família e escola e considerar os distintos pontos de vista em benefício da criança.37

 

CONCLUSÃO

O presente estudo revelou que o material didático elaborado para orientação de pais e professores de creches quanto à estimulação do desenvolvimento infantil mostrou-se claro, objetivo e eficiente, segundo a opinião de pais, professores e fisioterapeutas. Desse modo, a cartilha foi avaliada favoravelmente pelos diversos participantes e não foram necessárias modificações sobre o material inicial.

O estudo do desenvolvimento infantil é amplo e inclui a sua relação com inúmeros fatores de risco ambientais e biológicos. A implementação de medidas de prevenção e promoção em saúde deve considerar o "complexo" que envolve as oportunidades e as condições socioeconômicas da população; estudar medidas práticas e de pouco custo que melhorem a qualidade de vida e que proporcionem conhecimento à população é fundamental, sendo esta uma das funções dos profissionais da saúde.

 

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Manuscript submitted Set 08 2014
Accepted for publication Nov 22 2014

 

 

Corresponding author: martinabrom@gmail.com