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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.26 no.1 São Paulo  2016

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.110421 

ORIGINAL RESEARCH

 

Validação concorrente do MABC-2 com o Developmental Coordination Disorder Questionnaire-BR

 

 

Ana Paula Pietro Nobre MontoroI; Renata CapistranoI, *; Elisa Pinheiro FerrariII; Monalisa da Silva ReisI; Fernando Luiz CardosoII; Thais Silva BeltrameI

IUniversity of the State of Santa Catarina-UDESC / Graduate Program in Human Movement Sciences - PPGCMH Laboratory of / Learning and Development Disorders - LADADE
IIUniversity of the State of Santa Catarina -UDESC / Graduate Program in Human Movement Sciences - PPGCMH Graduate Program in Education - PPGE / Laboratory of Gender and Sexuality - LAGESC

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: o Movement Assessment Battery for Children, Segunda Edição (MABC-2) vem sendo amplamente utilizado na literatura nacional para diagnóstico do transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC). : A relação do MABC-2 com o instrumento padrão ouro para o TDC, a versão brasileira do Developmental Coordinatiom Disorder Questionnaire (DCDQ-BR) não está bem consolidada, apresentando controvérsias
OBJETIVO: o objetivo do presente estudo foi testar o nível de congruência entre o teste motor do MABC-2 com o DCDQ-BR
MÉTODO: o processo de validação concorrente ocorreu com a participação de 350 escolares, na faixa etária de 7 a 11 anos de idade, dos municípios da grande Florianópolis-SC e Manaus-AM e seus respectivos pais ou responsáveis. A concordância entre os instrumentos foi verificada por meio do teste de correlação de Spearman e regressão linear simples no programa estatístico SPSS versão 20.0, considerando um nível de significância de 5%
RESULTADOS: Foi verificada uma associação entre as escalas dos dois instrumentos de medida.
CONCLUSÃO: O estudo mostrou evidências de validação concorrente entre o MABC-2 e o DCDQ-BR sugerindo que o MABC-2 pode ser usado como um indicativo do transtorno do desenvolvimento da coordenação

Palavras-chave: validação, MABC-2, DCDQ-BR, desempenho motor.


 

 

INTRODUÇÃO

O estudo do desenvolvimento motor é um pré-requisito para o pleno entendimento da evolução das crianças, em que o movimento é uma parte integrante da vida1. Assim, a avaliação motora é importante e necessária em indivíduos2 pré-escolares e tem sido explorada em estudos nacionais3-7 e internacionais8-10.

Um dos protocolos de teste mais utilizados para avaliar o desempenho do motor é a Bateria de Avaliação Movimento para Crianças - Segunda Edição (MABC-2), desenvolvido no Reino Unido para identificar dificuldades motoras em crianças com idade entre 3-16 anos por meio das seguintes habilidades: destreza manual, habilidades com bola e equilíbrio estático e dinâmico, organizado de acordo com cada grupo de idade11. O MABC-2 é uma ferramenta amplamente utilizada tanto em estudos nacionais3-5 quanto em estudos internacionais8-10.

No Brasil, tem se verificado o uso do MABC-2 para diagnóstico do Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC)3-5. No entanto, este não é uma ferramenta exclusiva para avaliação deste distúrbio e sim da dificuldade motora como um todo. Um dos instrumentos considerado padrão ouro para análise do TDC é o Developmental Coordination Disorder Questionnaire (DCDQ), desenvolvido no Canadá12 para crianças de 5-15 anos.

É um questionário para os pais composto de 15 itens relacionados com o desempenho de atividades cotidianas da criança. Perguntas são projetados para avaliar três categorias: controle motor durante o movimento, habilidades motoras finas/escrita e coordenação geral. O instrumento foi validado em vários países, como a Austrália13, China14, Alemanha15, Israel16, Japão17 e Brazil18. No entanto, o fato do instrumento usar respostas dadas pelos pais ou responsáveis, que podem não estar disponíveis ou mesmo não ter conhecimento para preencher o questionário, faz com que o pesquisador utilize outras ferramentas para o diagnóstico do TDC, que não exigem a participação ativa dos pais. Assim, tem-se observado o aumento do uso da bateria motora MABC-2 para o diagnóstico do transtorno. Alguns estudos têm verificado a concordância entre a bateria motora MABC-2 e o padrão ouro, DCDQ19. Na Holanda, os autores encontraram uma alta correlação entre DCDQ e MABC-2 em crianças com idade entre 6-11 anos20. Na China, os pesquisadores avaliaram 1.823 crianças e constataram que o MABC-2 e DCDQ foram correlacionados, concluindo que MABC tem boa confiabilidade e validade.

No Brasil, um estudo pioneiro desenvolvido por Capistrano et al.19 não revelou congruência significativa entre o MABC-2 e DCDQ-BR. Devido esta falta de consenso, o presente estudo visa proporcionar uma base para o crescimento e a consolidação da avaliação do desempenho motor. Assim, o objetivo da presente investigação foi analisar a validade concorrente da bateria motora MABC-2 com DCDQ-BR de acordo com sexo e faixa etária.

 

MÉTODO

Caracterização estudo

Este estudo foi realizado como parte de um projeto intitulado "Validação concorrente do MABC-2, de acordo com o Developmental Coordination Disorder Questionnaire - BR (DCDQ-BR)", que foi aprovado pelo número de protocolo 38772214.3.0000.0118.

Participantes

O estudo incluiu 350 crianças (175 meninas e 176 meninos) com idades entre 7-10 anos matriculados em escolas públicas e privadas de Florianópolis - SC e Manaus - AM e seus pais ou responsáveis. Os critérios de inclusão foram: idade entre 7 e 10 anos; concordar em participar do estudo; não apresentar problemas físicos que impedissem a realização dos teste; retorno do termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis.

Caracterização dos ambientes diferentes

A escolha das cidades atribuiu-se em virtude das diferenças contextuais. Havia diferença na estrutura física e, consequentemente, na estrutura acadêmica entre as escolas. Por exemplo, nas escolas de Florianópolis/SC os alunos tinham a disposição pátios, playgrounds, quadras cobertas, piscinas e tinham aulas de Educação Física três vezes por semana ministrados por professores. Esse conjunto de elementos podiam proporcionar experiências motoras novas e diversificadas. As escolas do município de Manaus/AM os alunos tinham apenas pátios e aulas de Educação Física duas vezes por semana ministrada por professores.

Instrumentos

Para avaliação do desempenho motor foram utilizados a Movement Assessment Battery for Children, 2ª ed. (MABC-2) e o Developmental Coordination Disorder Questionnaire-Brasil (DCDQ-BR), apresentados a seguir:

Movement Assessment Battery for Children, 2ª ed

O MABC-2 é um protocolo de teste motor desenvolvido pela Henderson21 para a intervenção em crianças com idades entre 3-16 anos com TDC e outros problemas motores. É constituída por uma bateria de movimento, uma lista de controle, e um manual. O MABC-2 está organizado em três seções específicas por idade: 3-6 anos, 7-10 anos, 11-16 anos. O teste refere-se a uma série de tarefas (destreza manual, habilidades com bola e equilíbrio estático e dinâmico), atribuído a um valor como número de tentativas, erros e acertos, ou o tempo gasto para executar as tarefas. O teste categoriza as crianças de acordo com o seu nível de dificuldade motora. A pontuação varia de 1 a 19, e para cada valor, existe uma percentagem correspondente, que pode variar de 0,1% a 99,9%. Uma pontuação igual ou inferior ao quinto percentil é o ponto de corte para dificuldades motoras graves, como TDC; valores entre o sexto e décimo quinto percentil são considerados para indicar o risco para o desenvolvimento de dificuldades motoras; desempenho igual ou superior ao percentil dezesseis indica que não há dificuldades21. Para este estudo, apenas as tarefas específicas para a faixa etária 7-10 anos foi utilizada, e as crianças foram divididas em duas categorias: problema motor definido (problema motor definido ou risco para o desenvolvimento de dificuldades motoras) e desempenho motor normal (sem dificuldades motoras).

Developmental Coordination Disorder Questionnaire

O DCDQ é um questionário para pais específico para a detecção do TDC em crianças de 05 a 15 anos de idade. Criado por Wilson12 é composto por 15 itens, que estão divididos em três grupos: controle motor, motricidade fina/escrita e coordenação geral. Os pais devem preencher o questionário e marcar a resposta em uma escala Likert de um a cinco pontos, que melhor descreve o desempenho da criança nas tarefas. A pontuação final é a somatória dos escores de cada item, que varia de 15 a 75 pontos, e uma pontuação alta sugere que não há TDC. A pontuação total indica se a criança está no grupo de crianças com "indicativo, ou suspeita de TDC", ou "Provavelmente não TDC" de acordo com três pontos de corte das faixas etárias. Na faixa etária de 05-07 anos e 11 meses, a pontuação de 0-46 indica que a criança tem TDC ou é suspeita de ter TDC de 47-75 indica que a criança provavelmente não apresenta TDC. De 8 a 9 anos e 11 meses, uma pontuação de 0-55 identifica crianças que têm ou são suspeitas de ter TDC. Na última faixa etária, de 10 a 13 anos e 11 meses, crianças com pontuação de 0-57 têm ou são suspeitas de ter TDC. No presente estudo as crianças que têm ou são suspeitas de TDC foram categorizadas com "problema motor definido" e aquelas que não apresentam foram consideradas com "desempenho motor normal".

Procedimentos

As avaliações motoras foram realizadas de forma individual durante as aulas de Educação Física no período de setembro a novembro de 2014 nas instituições de ensino que os alunos foram contatados, em uma sala ampla com espaço livre que permitiu a realização de todo o protocolo do teste no mesmo lugar, reduzindo possíveis interferências. Após a aplicação da bateria, os pais ou responsáveis dos escolares recebiam uma cópia impressa do questionário DCDQ-BR com uma carta explicativa sobre como preencher o instrumento, bem como o contato dos pesquisadores em caso de uma necessidade de clarificação.

Análise estatística

Os dados foram tabulados no programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS)® versão 20.0. Para caracterizar os dados, foi utilizada estatística descritiva por meio de frequências relativas e absolutas.

A validade concorrente do MABC-2 com o DCDQ-BR de acordo com o sexo e a faixa etária foi realizada através do teste de Correlação de Spearman. Os valores de referência para esta análise foram: inferior a 0,40, fraca correlação; entre 0,40 e 0,59, correlação moderada; entre 0,60 e 0,80, boa correlação; e acima de 0,80, muito boa correlação.

A fim de verificar o poder preditivo do MABC-2 para identificar o TDC em crianças, uma análise de regressão linear simples foi realizada. A variável independente foi a pontuação total no teste MABC-2 e a variável dependente foi a pontuação do DCDQ-BR, o padrão-ouro para a identificação de DCD. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

 

RESULTADOS

Foram avaliados 155 escolares da cidade de Manaus, sendo 81 meninas com média de idade de 8,77 (±1,22) anos e 74 meninos com média de idade de 8,74 (±1,12) anos e 195 escolares da cidade de Florianópolis, 94 meninas com média de idade de 9,09 (±1,08) anos e 101 meninos com média de idade de 8,87 (±1,06) anos.

Na Figura 1 pode-se verificar a classificação do desempenho motor, avaliada por meio do MABC-2 e do DCDQ-BR de acordo com o sexo e a faixa etária. Na avaliação feita pelo MABC-2 da faixa etária de 07 a 08 anos os dados analisados resultaram em 26,9% das meninas classificadas com problema motor definido e 34,4% dos meninos, resultados semelhantes encontrados na avaliação do DCDQ-BR.

Para a faixa etária de 09-10 anos, 21,4% das meninas e 24,5% dos meninos apresentaram problema motor definido de acordo com o MABC-2 e 30,2% das meninas e 22,3% dos meninos segundo o DCDQ-BR (Figura 1).

Ao comparar os resultados da correlação entre a bateria motora MABC-2 e o DCDQ-BR para o sexo feminino nas faixas etárias, 07-08 anos e 09-10 anos, podemos identificar que houve uma correlação positiva entre o escore total e o escore padrão do MABC-2 com o DCDQ-BR para a faixa etária de 07-08 anos (r = 0,47; p = 0,01) e (r = 0,45; p =0,01) e para a de 09-10 anos (r = 0,32; p = 0,01) e (r = 0,35; p = 0,01), respectivamente (Tabela 1).

Na tabela 2 são apresentadas as correlações entre a bateria motora do MABC-2 (escore total e escore padrão) e o DCDQ-BR para o sexo masculino nas faixas etárias de 07-08 anos e 09-10 anos. Os resultados revelaram uma correlação significante e positiva entre o escore total e o escore padrão do MABC-2 com o DCDQ-BR para a faixa etária de 07-08 anos (r = 0,62; p = 0,01) e (r = 0,61; p = 0,01) e 09-10 anos (r = 0,35; p = 0,01) e (r = 0,37; p = 0,01), respectivamente (Tabela 2).

A partir da análise de regressão linear simples, foi possível inferir a capacidade preditiva da MABC-2 para identificar a presença ou o risco do desenvolvimento do TDC em crianças. À regressão mostrou resultados estatisticamente significativos para os meninos entre as idades de 7 e 8 anos e 9 e 10 anos (p < 0,05) (Tabela 3), com o maior coeficiente de determinação observados para os mais novos (R2 = 0,34) em relação aos participantes mais velhos (R2 = 0,27) (Tabela 3).

Nas meninas, à analise da regressão mostrou resultados estatisticamente signifi cativos para as idades 7-8 anos e 9-10 anos (p <0,05). No entanto, quando comparado com o coeficiente de determinação foram observados (R2) valores semelhantes para as idades de 7-8 anos e 9-10 anos (R2 = 0,10 e R2 = 0,08, respectivamente) (Tabela 4).

 

DISCUSSÃO

Este estudo contribui para o conhecimento neste campo, demonstrando que existe uma correlação positiva e significativa entre os escores totais do MABC-2 e DCDQ-BR, independentemente do sexo ou faixa etária. Isto sugere que o DCDQ-BR fornece um critério de validade útil. Este resultado é consistente com os resultados de outros estudos realizados em crianças com idades entre 5-15 anos13,22 que apresentaram resultados semelhantes (p = 0,01). Schoemaker et al.20 avaliaram crianças de 5-8 anos e encontraram uma correlação significativa entre MABC e DCDQ (r= 0,36; p <0,001). Um estudo menor com crianças brasileiras realizado por Capistrano et al.19 não encontraram nenhuma associação entre os instrumentos. Estas discrepâncias podem estar relacionadas a aspectos metodológicos, como tamanho do grupo. A presente pesquisa, que inclui uma amostra maior de crianças, fornece fortes evidências para a validade concorrente entre MABC-2 e DCDQ-BR em crianças de dois estados brasileiros.

A regressão entre a pontuação total dos escores MABC-2 e DCDQ-BR mostrou evidências de que distúrbios da coordenação em crianças podem ser explicados em parte pelo desempenho do teste motor MABC-2. Ou seja, MABC-2 pode explicar e prever também se possuem ou terão transtorno do desenvolvimento da coordenação, principalmente entre os meninos que apresentaram maior coeficiente de determinação com relação a meninas. Portanto, este estudo fornece provas que MABC-2 pode ser usado como um indicador para TDC. Além disso, devido à sua associação com o DCDQ-BR, o MABC-2 serve como um bom indicador para crianças com distúrbios de coordenação, proporcionando um diagnóstico preliminar que pode ser usado para identificar as crianças brasileiras que podem precisar de abordagens clínicas ou pedagógicas específicos. Usando MABC-2 para identificar as crianças com maior risco logo no início, podemos criar oportunidades para o desenvolvimento de estratégias de intervenção adequadas.

Tendo em conta que os nossos resultados confirmam os achados da literatura nacional e internacional, podemos dizer que os instrumentos de comparação neste estudo têm uma boa confiabilidade. Em relação à prevalência de distúrbios motores de acordo com o sexo, os resultados indicam maior prevalência de distúrbios motores entre meninos23. Estes dados são consistentes com os de outros estudos24 mostrando maior incidência de TDC entre os meninos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a dificuldade motora ocorre mais frequentemente em meninos (quatro ou cinco meninos para cada menina). Confirmando essa predisposição em meninos3 uma avaliação com 380 escolares em Florianópolis/SC mostrou que os meninos apresentaram desempenho inferior do que as meninas. Green et al.25 avaliaram 4.331 crianças inglesas, entre os quais 173 foram consideradas com dificuldades motoras; destes estudantes, 60,6% eram do sexo masculino e 40,4% eram meninas.

Não há explicação clara para maior prevalência de dificuldade motora entre os meninos na literatura atual. No entanto, Zwicker et al.23 encontraram evidências de que o baixo desempenho motor pode ser mais comum em crianças nascidas com baixo peso ou prematuros. Além disso, este estudo mostrou que há um aumento do risco de danos neurológicos no sexo masculino nascidos com estas condições. Como tal, uma maior prevalência de dificuldade motora em meninos pode ser atribuída a consequências no início da vida e da infância.

Observou-se que o processo de maturação infantil diminuiu a associação entre o MABC-2 e DCDQ-BR. Ou seja, o MABC-2 tinha poder preditivo melhor em crianças mais novas do que em crianças mais velhas, que participaram deste estudo. No que se refere à classificação do desempenho motor MABC-2 por meio da aplicação do questionário DCDQ-BR, a prevalência encontrada foi à mesma para a faixa etária de 7-8 anos em ambos os sexos, sugerindo que, apesar das diferenças metodológicas entre instrumentos, MABC -2 é um bom indicador para o diagnóstico do TDC em crianças de 7-8 anos. Estes resultados são surpreendentes, visto que, o DCDQ é considerada o padrão ouro para avaliação da DCD nesta população. Nos meninos com idade entre 9-10 anos, o MABC-2 classifica mais crianças com problema motor que o DCDQ-BR; no entanto, a diferença foi pequena: - <10 pontos percentuais.

Cardoso, Magalhães, e Rezende26 avaliaram 793 crianças brasileiras de 7-8 anos e não encontraram diferenças na classificação do TDC entre DCDQ e MABC-2; 34 crianças foram consideradas como tendo o transtorno por ambos os instrumentos. No entanto, outros estudos têm mostrado diferenças maiores em relação à prevalência de problemas motores entre as crianças e os dois instrumentos. Pannekoek et al.22 e Capistrano et al.19 sugeriram que esta discrepância pode ser explicada devido a aspectos metodológicos utilizados na construção dos instrumentos de pesquisa, bem como diferentes pontos de corte utilizados para identificar os problemas em diferentes testes motores27.

No que diz respeito às diferenças entre os instrumentos observadas no grupo de 9-10 anos de idade, sugerem duas explicações possíveis. O curso natural do desenvolvimento da criança que pode diminuir a força das associações entre o desempenho motor e desordem motora. Como alternativa, uma maior independência das crianças mais velhas podem reduzir a quantidade de tempo que os pais passam observando o seu comportamento. O DCDQ é preenchido pelos pais ou responsáveis, que podem não desempenhar um papel ativo na vida diária das crianças até a idade de 7-8 anos.

A falta de representatividade da amostra é a principal limitação deste estudo, o que impede a extrapolação da conclusão dos dados. Estudos adicionais de uma amostra representativa são necessários a fim de confirmar os dados obtidos na presente pesquisa. Outra limitação é a falta de dados de seguimento longitudinais para confirmar a capacidade do MABC para predizer transtornos do desenvolvimento da coordenação. Esta validação pode ser realizada de duas formas possíveis, quer por acompanhamento das crianças por meio da sua vida até a adolescência, ou aplicar os mesmos testes em crianças com um diagnóstico clínico definitivo do transtorno do desenvolvimento da coordenação.

 

AGRADECIMENTOS

Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina - FAPESC 2015 TR 390.

 

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Manuscript submitted: Dec 09 2015
Accepted for publication Feb 03 2016.

 

 

* Corresponding author: Renata Capistrano. Email: recapis@gmail.com.

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