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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.27 no.1 São Paulo jan./abr. 2017

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.127654 

ORIGINAL ARTICLE 

 

Qualidade nutricional dos lanches para pré-escolares recomendados pela internet: são sudáveis

 

 

Vanessa Fernandes Amadei SantosI; Felipe Silva NevesI; Larissa Loures MendesI, II; Mirella Lima BinotiI

IDepartamento de Nutrição, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Juiz de Fora - Juiz de Fora, MG, Brasil
IIDepartamento de Nutrição, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Belo Horizonte, MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: Preocupações a respeito da alimentação adequada na infância têm recebido destaque pela mídia. Acompanha-se uma elevação recorrente do número de páginas da internet, inclusive em redes sociais, canalizadas à prestação de informações sobre saúde.
OBJETIVO: Analisar a qualidade nutricional de receitas culinárias para lanches apresentados em páginas da internet, direcionados aos pré-escolares e descritos como saudáveis.
MÉTODO: Estudo transversal efetuado em 2015. Foi realizada uma busca por páginas brasileiras dirigidas ao público leigo que continham lanches para crianças entre 2 a 6 anos de idade. Foram selecionados os 20 primeiros URL localizados pelo instrumento de busca e separada a quantia de 10% das receitas. Foi verificado se os lanches cumpriam os passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar. Posteriormente, foram confeccionados rótulos nutricionais das preparações que atendiam aos três passos pré-estabelecidos.
RESULTADOS: 85% das páginas eram sites, 5% eram blogs e as restantes foram apontadas como sites/blogs. Constatou-se que todas eram legíveis/compreensíveis e 40% exibiam a identificação do autor. Das 35 preparações inicialmente observadas, 31,4% cumpriam os três passos para uma alimentação saudável. Na análise qualitativa, sete foram consideradas hipocalóricas; somente um dos lanches se aproximou do teor proposto para carboidrato; dois apresentavam excesso proteico. De forma geral, as receitas tinham baixas quantidades de: lipídeo, cálcio, ferro, sódio e fibra.
CONCLUSÃO: Menos da metade dos endereços consultados registrava o autor. Além disso, as receitas culinárias estavam predominantemente equivocadas, pois a maioria apresentava inadequações quanto aos teores de macronutrientes e de micronutrientes.

Palavras-chave: criança, hábitos alimentares, nutrição, internet.


 

 

INTRODUÇÃO

Na atualidade, as doenças crônicas não transmissíveis exibem prevalências alarmantes em diversos países, incluindo aqueles subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, de baixo/médio estrato socioeconômico, tal como o Brasil1.

O excesso de peso - compreendendo sobrepeso e obesidade - destaca-se por exibir proporções epidêmicas na faixa etária infanto-juvenil, acometendo crianças e adolescentes de maneira precoce. Essas alterações, mesmo sendo discretas, proporcionam um perfil de saúde desfavorável, ocasionando mortalidade prematura e morbidades na fase adulta1.

Dentre os fatores de risco correlacionados, a dieta inadequada - composta por alimentos ultraprocessados, com teores excedentes de gordura e de carboidrato de alto índice glicêmico - aliada à pouca prática de atividade física, representam os primeiros desencadeadores contemporâneos para o ganho do peso1,2.

Nessa perspectiva, preocupações a respeito da alimentação adequada na infância têm recebido destaque pela mídia3. Acompanha-se uma elevação recorrente do número de páginas da internet, inclusive em redes sociais, canalizadas à prestação de informações sobre saúde. Porém, a confiabilidade duvidosa exibida por uma grande parcela das recomendações disponíveis na rede virtual se sobrepõe aos seus aspectos possivelmente benéficos3,4.

Alguns estudos enfatizam que a classe acadêmica não deve se omitir diante dessa realidade, incitando pesquisas que conduzam a avaliação das informações acessadas por leigos em mídias digitais, pois a preservação da saúde populacional deve ser encarada sob diversas perspectivas3-6.

Portanto, sabendo da pertinência a respeito das condutas nutricionais na infância e considerando a potencialidade da internet para disseminar conhecimentos deturpados e/ou equívocos, o presente estudo se propõe a identificar a qualidade de receitas culinárias de lanches apresentados on-line, direcionados aos pré-escolares e descritos como saudáveis.

 

MÉTODO

Estudo transversal de caráter descritivo, efetuado em 2015. Primeiramente, foi realizada uma busca pela internet, mediante a ferramenta Google® (https://www.google.com.br), por páginas brasileiras direcionadas ao público leigo que continham receitas culinárias de lanches infantis para crianças entre 2 a 6 anos de idade.

Acentua-se que o termo "página" designa o endereço eletrônico URL (Uniform Resource Locators) visualizado em computadores, tablets e/ou smartphones.

A sistematização do levantamento de dados foi definida por intermédio destes procedimentos:

(a) Descritores: "receitas infantis" e "receitas saudáveis para crianças.

(b) Critério de inclusão: páginas brasileiras que atendiam ao objetivo proposta

(c) Critérios de exclusão: páginas duplicadas ou que não tratavam da faixa etária pré-escolar; receitas culinárias para outras refeições (desjejum, almoço, jantar ou colação); publicações de cunho acadêmico; demais endereços eletrônicos que não compatibilizavam com o tema abordado.

(d) Busca: conduzida por um examinador, sem delimitar datas, em conformidade com o método previamente definido.

Foram eleitos os 20 primeiros URL localizados pelo instrumento de busca e separada a quantia de 10% do número de lanches, na mesma sequência em que estavam disponíveis. Nesta etapa, foram selecionadas a primeira ou a segunda receita culinária de cada página escolhida, variando conforme os critérios de exclusão.

Com o auxílio do software Excel (Microsoft Office Excel®, WA, EUA), estruturou-se a análise de frequência dos URL por meio das variáveis descritas nos itens subsequentes:

(a) Site: contém uma home page para destacar as abas de acesso; apresenta seu conteúdo de maneira formal; a interação com o leitor é estabelecida por e-mail ou formulário eletrônico padronizado; geralmente é atualizado com pouca frequência7.

(b) Blog: possui acesso simplificado, com postagens ordenadas cronologicamente e dispostas em categorias; apresenta seu conteúdo de maneira informal; a interação com o leitor é estabelecida por comentários; é atualizado frequentemente7.

(c) Site/blog: exibe propriedades comuns tanto ao site, quanto ao blog; concede postagens em rede social7.

(d) Possui autor: sinaliza o nome e as credenciais do(s) responsável(eis) pela formulação do conteúdo (formação acadêmica e atuação profissional).

(e) Legível/compreensível: apresenta redação clara, redigida sem erros de ortografia, com letras e cores neutras que não desviam a atenção do leitor; as gravuras condizem com os textos a ele relacionados; é organizado de maneira clara e lógica, permitindo que o usuário navegue seção a seção, ou de um link para outro, sem quaisquer conflitos8.

Posteriormente, empregou-se uma segunda distribuição de frequência visando assinalar as adequações dos lanches quanto ao cumprimento dos respectivos critérios do "Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos"9: passo 6 - "Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida"; passo 7 - "Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições"; passo 8 - "Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação".

Além disso, às preparações que atendiam simultaneamente aos três passos pré-estabelecidos, foram confeccionados rótulos nutricionais de acordo com estas referências: RDC 35910, RDC 36011, "Tabela Brasileira de Composição de Alimentos"12 e "Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras"13.

Os valores diários (VD) empregados na montagem dos rótulos foram baseados nas recomendações médias atribuídas à faixa etária entre 2 a 6 anos de idade. Os requerimentos de macronutrientes, micronutrientes e fibra (transcritos na Tabela 1) foram estabelecidos seguindo as indicações do Instituto de Medicina14. Considerou-se um consumo de 1300 Kcal ao dia. Para os lanches, foram estipulados 20% da energia total, sendo equivalente a 260 Kcal. As quantidades de carboidrato, proteína, lipídio, vitamina A, cálcio, ferro e sódio dos lanches, bem como o teor de fibra, deveriam atingir 20% do conteúdo preconizado15.

 

RESULTADOS

Na etapa inicial de conferência dos dados, foi possível detectar que as páginas pesquisadas pertenciam às respectivas categorias: 85% (n = 17) eram sites, 5% (n = 1) eram blogs e as restantes (10%, n = 2) foram apontadas como sites/blogs. Adicionalmente, constatou-se que as 20 URL apresentavam-se legíveis/compreensíveis e 40% (n = 8) exibiam a identificação do autor.

A Figura 1 ilustra a quantidade de lanches infantis por endereço eletrônico. Ao todo, as páginas selecionadas disponibilizavam 350 receitas culinárias.

A Tabela 2 expõe a distribuição de frequência das 35 preparações analisadas, no tocante ao cumprimento dos passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar. Nessa perspectiva, foi verificado que: 22,9% (n = 8) não atendiam a nenhum dos quesitos; 28,6% (n = 10) cumpriam apenas um; 17,1% (n = 6) obedeciam dois, enquanto 31,4% (n = 11) respeitavam os três passos.

As quantidades e porcentagens de adequação de macronutrientes, micronutrientes e fibra dos lanches que atendiam aos três passos para uma alimentação saudável encontram-se registradas na Tabela 3. Ressalta-se que duas preparações foram excluídas desta avaliação porque continham ingredientes não localizados nas tabelas de composição de alimentos. Assim, a amostra submetida aos cálculos nutricionais foi composta por nove receitas culinárias.

As preparações I, II, IV, V, VI, VIII e IX foram consideradas hipocalóricas em relação ao VD. Somente o lanche III se aproximou do teor proposto para carboidrato (34,2 g, adequação de 19,1%). Os lanches III e VII apresentavam excesso proteico (18,4 g, adequação de 35,4%; 21,7 g, adequação de 41,7%, respectivamente); I, III, VI e VII revelavam altas ofertas de vitamina A.

De forma geral, as receitas culinárias tinham baixas quantidades de: lipídio, cálcio, ferro, sódio e fibra. Entretanto, a preparação III foi caracterizada com elevado teor de sódio (0,3 g, adequação de 27,3%).

 

DISCUSSÃO

Neste estudo, estabelecer um critério metodológico visando mensurar a qualidade nutricional das informações acerca de receitas culinárias presentes na internet foi uma tarefa complexa, tendo em vista a existência de um volume crescente de endereços eletrônicos que abordam essa temática.

A disposição de uma variedade de plataformas - como site, blog ou site/blog - para vincular recomendações ao público leigo também problematiza o levantamento de dados disponíveis na rede virtual6. A maioria das páginas submetidas às avaliações foram classificadas como site. Contudo, nos últimos cinco anos a multifuncionalidade da rede social - por possibilitar o acesso simultâneo ao círculo social, a notícias e, ainda, a esclarecimentos sobre saúde, por exemplo - têm fortalecido a sua popularização.

Somado a isso, é de grande relevância que a fonte consultada seja legível/compreensível. O Departamento de Governo Eletrônico do Brasil sugere que os materiais mais favoráveis à leitura devem ser organizados de maneira sóbria, com escrita correta e linguagem familiar ao leitor, formatados em cores claras e dispostos em layouts simplificados. Isso favorece a compreensão do que é lido e evita que o usuário desvie a atenção para o desenho das letras ou para as peculiaridades da coluna do texto8. Nesse aspecto, as URL da presente pesquisa estavam adequadas.

No que diz respeito ao registro do autor, é essencial que quaisquer informações contenham a indicação do responsável, independentemente do meio em que estejam publicadas5. Tal quesito permite que o público examine a existência de formação técnica necessária para o exercício da função do elaborador do conteúdo. Menos da metade dos endereços consultados satisfazia esta exigência, fato que implica um resultado insatisfatório. Destaca-se que a revelação do autor é indispensável até nos portais on-line sob a responsabilidade de instituições governamentais ou organizações sem interesse comercial, circunstância que confirma a corrente observação.

A internet impulsionou uma série de transformações nas perspectivas relacionadas à comunicação e à aquisição de conhecimentos na área de saúde. Porém, a análise da qualidade da informação disseminada ainda apresenta limitações3-5. Os instrumentos confeccionados para esse fim são escassos; aqueles disponíveis são apresentados exclusivamente na língua inglesa e carecem de reavaliações e readaptações, pois as mudanças tecnológicas impactam em transformações no próprio ambiente da web5,6.

Em 2001, a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) dos Estados Unidos promulgou o documento "Criteria for assessing the quality of health information on the internet", no qual estão registrados alguns preceitos para mensurar a qualidade das informações sobre saúde postadas na rede virtual16.

Posteriormente, em 2005, a Comissão da Comunidade Europeia anunciou a declaração "Recommendations to promote health literacy by the means of the internet", com o propósito de esclarecer as autoridades nacionais e regionais dos Estados membros, além das instituições e dos conselhos de profissionais de saúde quanto à publicação de conteúdos on-line que atendessem aos determinantes de qualidade17.

É necessário mencionar que a Health On The Net Fundation (HON), sediada na Suíça, concede um selo de certificação às páginas que estejam em concordância com os princípios de seu código de conduta18. Muitos a consideram um padrão de referência no tocante ao credenciamento de informações de saúde. As URL que contêm o selo HON são fiscalizadas anualmente e os leitores possuem acesso a vídeos instrumentais que os auxiliam na identificação de referências confiáveis.

No Brasil, foi verificada apenas uma iniciativa oficial diante dessa ótica. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP) confeccionou, em 2001, o "Guia de ética para sites de medicina e saúde na internet" 19. Como consequência, passou a exigir que os profissionais e as instituições de saúde nele inscritas obedecessem às normas indicadas para idealização, registro, manutenção e atuação profissional em páginas ou portais virtuais sobre medicina e saúde.

A literatura registra um número limitado de publicações científicas que visaram estudar a confiabilidade das páginas brasileiras. Também não foram encontrados trabalhos que tratassem, especificamente, de mídias eletrônicas com recomendações de lanches descritos como saudáveis e indicados para pré-escolares, o que restringiu a discussão. Por esse motivo, nossos resultados foram comparados com algumas pesquisas que abordaram o tema do consumo alimentar na infância.

Enfatiza-se que uma rotina saudável desde criança - com alimentação balanceada e atividade física - é naturalmente compreendida como protetora. A ingestão de uma dieta desequilibrada em nutrientes pode interferir no ganho de peso e resultar em obesidade1,2.

Estudos afirmam que o consumo alimentar de crianças brasileiras necessita de maior atenção. O direito humano à alimentação encontra-se previsto na Constituição Brasileira, sendo que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição tornou a promoção da alimentação adequada uma diretriz, visando restabelecer a qualidade de vida e minimizar os agravos à saúde20,21.

Alves et al.22, ao analisarem a ingestão alimentar semanal de pré-escolares avaliados na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 2006, constataram um consumo insuficiente de vegetais folhosos e de legumes. Em contrapartida, foi observada uma ingestão frequente de preparações não saudáveis, como frituras, doces, refrigerantes e sucos artificiais.

Leal et al.23 obtiveram resultados semelhantes em uma amostra probabilística de crianças residentes em Pelotas (RS). Somente 45,7% dos participantes atingiam a recomendação preconizada pelo Índice de Alimentação Saudável para vegetais e legumes; 100% ingeriam excessivamente alimentos pertencentes à categoria de óleos e gorduras; 99,6% consumiam mais de uma porção de alimentos do grupo de açúcares, balas, chocolates e salgadinhos.

À vista disso, nossos achados são alarmantes, uma vez que apenas 31,4% do total de receitas culinárias pré-avaliadas obedeceram aos passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar. É espantoso deparar-se com recomendações intituladas saudáveis, mas que sequer atenderam as recomendações nutricionais básicas, especialmente por serem dirigidas a uma faixa etária biologicamente mais vulnerável.

A ingestão insuficiente de vegetais e legumes compromete os aportes de micronutrientes e de fibra. Esta última promove a saciedade, favorece o trofismo intestinal e a sua mastigação previne a formação de placas bacterianas e cáries22,23.

O consumo frequente de refrigerantes, sucos artificiais e outras bebidas açucaradas estão associados à diminuição da ingestão de sucos naturais e à elevação calórica da dieta, contribuindo para o ganho de peso e suas consequências1. No mesmo sentido, o consumo frequente de frituras, doces e biscoitos, promove um acréscimo na densidade energética das refeições23.

Quanto às inadequações de cálcio e ferro nas receitas culinárias estudadas: o cálcio constitui um substrato fundamental para a transmissão dos impulsos nervosos, contração muscular, coagulação sanguínea e secreção de hormônios; sua deficiência tem relação direta com déficit de estatura e doenças ósseas24; a carência de ferro pode refletir em anemia ferropriva que, por sua vez, acarreta graves prejuízos para o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, comprometendo, portanto, o desempenho escolar25.

Desse modo, torna-se relevante que pesquisadores e profissionais de saúde estejam engajados na promoção da alimentação saudável, principalmente na infância, por se tratar de uma fase em que o comportamento alimentar é construído, favorecendo a aquisição de costumes apropriados que podem ser duradouros. A atuação do Nutricionista como responsável técnico para auxiliar na formulação de informações dirigidas ao público leigo minimizará incorreções. A mídia deve ser utilizada para favorecer a transmissão de conhecimento, no entanto, de maneira apropriada4.

A presente pesquisa possui vantagens, como: na abordagem sobre a credibilidade das informações de saúde disponíveis na rede virtual, estudos com páginas brasileiras são escassos; além do mais, fomos pioneiros pelo fato de termos investigado a qualidade nutricional dos lanches de internet recomendados aos pré-escolares. No entanto, algumas limitações devem ser consideradas: primeiro, não aplicamos um questionário validado para analisarmos a qualidade da informação sobre saúde, tal como o Discern Questionnaire, o que certamente teria nos possibilitado maiores esclarecimentos26,27; segundo, diante do aumento diário do número de páginas da internet e, conforme apontado por Giglio et al.6, perante aos atuais mecanismos de busca da ferramenta Google®, o público poderá ter acesso a resultados distintos, mas acreditamos que alguns dos 20 endereços eletrônicos incluídos neste estudo também sejam localizados pela maioria dos usuários.

Em conclusão, observa-se que menos da metade das páginas consultadas exibia o registro do autor. Ademais, as receitas culinárias estavam predominantemente equivocadas: apenas 31,4% cumpriam os passos 6, 7 e 8 do Guia Alimentar; na análise qualitativa, a maioria apresentava inadequações quanto aos teores de macronutrientes e de micronutrientes.

 

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Endereço para correspondência:
Mirella Lima Binoti
E-mail: mirella.binoti@ufjf.edu.br

Manuscript submitted 2016
Accepted for publication in Sep 2016

 

 

* Ambos os autores contribuíram igualmente para a concepção e a redação deste estudo.

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