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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.27 no.1 São Paulo jan./abr. 2017

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.127659 

ARTIGO ORIGINAL

 

Oportunidades de estimulação motora no ambiente domiciliar de crianças

 

 

Walan Robert da SilvaI; Tailine LisboaI; Elisa Pinheiro FerrariII, VI; Kamyla Thais Dias de FreitasI; Fernando Luiz CardosoIII; Nara Fabiane de Almeida MottaIV; Claudio Marcelo TkacV

IMestrando junto ao programa de pós-graduação em ciências do movimento humano da universidade do estado de Santa Catarina, UDESC/laboratório de gênero, educação, sexualidade e corporeidade, LAGESC, Florianópolis-SC, Brasil
IIDoutoranda junto ao programa de pós-graduação em ciências do movimento humano da universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC/laboratório de gênero, educação, sexualidade e corporeidade, LAGESC, Florianópolis-SC, Brasil
IIIProfessor junto ao programa de pós-graduação em ciências do movimento humano e do programa de pós-graduação em educação da universidade do estado de Santa Catarina, UDESC/laboratório de gênero, educação, sexualidade e corporeidade, LAGESC, Florianópolis-SC, Brasil
IVGraduada em licenciatura em educação física, escola de biociências da Universidade Católica do Paraná, pesquisadora do grupo de pesquisa em comportamento motor, GECOM, Curitiba-PR, Brasil
VProfessor junto a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Escola de Saúde e Biociências, Curso de Educação Física/Grupo de Pesquisa em Comportamento Motor, GECOM, Curitiba-PR, Brasil
VIBolsista Capes

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: O ambiente em que a criança está inserida e as oportunidades motoras ofertadas a essa é fundamental para o um bom desenvolvimento motor.
OBJETIVO: Analisar a relação entre as oportunidades de estimulação motora no ambiente familiar e o desenvolvimento motor de crianças de ambos os sexos.
MÉTODO: Foram avaliadas 72 crianças, sendo 33 meninos e 39 meninas com idade de 38 a 42 meses. A avaliação foi realizada por meio dos instrumentos, Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD) e do Test of Gross Motor Development-2 (TGMD-2). Utilizou-se os Testes, Quiquadrado, Exato de Fisher, Teste t para amostras independentes, correlação de Pearson e regressão linear múltipla.
RESULTADOS: De forma geral, os domicílios apresentaram baixas oportunidades de estimulação motora, sendo que para os lares com meninos o escore é maior. As meninas obtiveram melhor desempenho nas habilidades locomotoras, enquanto os meninos apresentaram maiores escores nas habilidades de controle de objetos. Encontrou-se correlação significativa para materiais de motricidade fina e materiais de motricidade grossa para os meninos, e variedade de estimulação, materiais de motricidade fina, materiais de motricidade grossa e estimulação motora para as meninas. Desta forma, no sexo masculino, o desemvolvimento motor é explicado pelas variáveis, disponibilização de materiais de motricidade fina e grossa e para o feminino pela estimulação motora, variedade de estimulação e materiais de motricidade fina e grossa.
CONCLUSÃO: Diante dos resultados apresentados pode-se concluir que o ambiente domiciliar está diretamente relacionado com o desenvolvimento motor para as meninas e meninos do contexto analisado.

Palavras-chave: estimulação motora, ambiente domiciliar, desenvolvimento motor.


 

 

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento infantil é um aspecto multifacetário influenciado por diversos fatores, assim, incluindo os ambientais1,2,3. O desenvolvimento de uma criança pode ocorrer de formas distintas dependendo do ambiente social que a mesma está inserida4. Com isso, destaca-se o ambiente familiar como um fator influente no desenvolvimento infantil5. Neste sentido, Bronfenbrenner6, afirma que a família e a escola são os principais contextos primários do desenvolvimento infantil, sendo estes responsáveis por grande parte do desenvolvimento da capacidade motora4.

Desta forma, nos anos iniciais de desenvolvimento da criança a composição física do ambiente estabelece-se como um dos primeiros meios de experiência motora7. Nessa fase ocorre a descoberta de forma única do seu ambiente, visto que neste período a ação motora predomina sobre a cognitiva, assim, a relação que se estabelece entre a criança e o contexto em que ela se desenvolve é fundamental para o seu desenvolvimento motor8. O interior da casa e em seus arredores externos se configura como os primeiros ambientes de experimentação ao longo do início dos anos de vida para a maioria das crianças, pois estes passam a maior parte do seu tempo em casa. Portanto, o ambiente doméstico demonstra ser um fator importante no desenvolvimento global infantil. Além disso, a disponibilidade de estímulos como brinquedos, livros e jogos, são indicadores para a qualidade global da casa7.

Entendendo a importância do ambiente para o desenvolvimento individual, Gibson9 propôs a teoria dos affordances como oportunidades oferecidas pelo ambiente para a ação individual e, consequentemente, para o aprendizado e o desenvolvimento de uma habilidade. Assim, ressalta-se a noção de que a casa pode ou não oferecer estímulos que serão mais ou menos propícios para o desenvolvimento da criança10. De tal modo ao olharmos para os princípios da sequência e continuidade, próprios da abordagem vitalícia do desenvolvimento motor11, pressupõe-se que o desenvolvimento motor seja influenciado pelos affordances no ambiente doméstico desde o início da fase motora básica fundamental de acordo com o sexo. No entanto, não há consenso na literatura atual acerca da relação entre essas variáveis5,7,12-14 e se o comportamento das mesmas difere entre os sexos, uma vez que a maioria dos estudos não descriminam os resultados por sexo.

Desta forma, o presente estudo teve como objetivo analisar a relação entre as oportunidades de estimulação motora no ambiente familiar e o desenvolvimento motor de crianças de ambos os sexos.

 

MÉTODO

Caracterização do estudo

O estudo é caracterizado como transversal descritivo e de associação, foi realizado em 2014, com crianças com idades entre 38 e 42 meses de uma escola municipal da cidade de Campina Grande do Sul-PR. Submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná sob o número: 130.202/CAAE: 08806812.0.0000.0020.

Participantes

Foram convidadas a participar do estudo todos os pais ou responsáveis das crianças com idades entre 38 e 42 meses, matriculadas em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Campina Grande do Sul-PR. Como critérios de inclusão foram considerados: ter a faixa etária estipulada anteriormente; concordar em participar do estudo; entregar o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis.

Instrumentos e Procedimentos de Coleta

Para avaliação das oportunidades de estimulação motora foi aplicado o Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD), desenvolvido por Rodrigues, Saraiva e Gabbard15, traduzido e validado para o Brasil por Caçola et al.16, para avaliar a quantidade e a qualidade das oportunidades de estimulação motora que o contexto familiar disponibiliza para o desenvolvimento dessas crianças. O questionário é direcionado aos responsáveis por crianças entre 18 e 42 meses sendo composto por cinco subescalas: (1) espaço exterior, (2) espaço interior, (3) variedade de estimulação, (4) materiais de motricidade fina e (5) materiais de motricidade grossa. Estas subescalas são classificadas, hierarquicamente, em quatro níveis e o escore total do questionário varia de cinco a 20 pontos, que, finalmente é classificado em uma escala estandardizada de quatro categorias: "muito fraco", "fraco", "bom" e "muito bom". Para a realização de algumas análises as categorias foram agrupadas em, "adequado" (bom e muito bom) e "inadequado" (muito fraco e fraco).

A avaliação do desenvolvimento motor foi realizada por meio da bateria do Test of Gross Motor Development-2 (TGMD-2), desenvolvido por Ulrich em 2000 e validado para população brasileira por Valentini et al.17. O TGMD-2 consiste em uma análise de seis tarefas locomotoras (correr, saltar em uma perna, saltar horizontalmente, saltar um obstáculo, deslizar e galopar) e seis tarefas de controle de objetos (rebater, pegar, quicar, arremessar, rolar e chutar); o desempenho de cada criança nas tarefas desse teste foi filmado para posterior análise. Cada tarefa possuía certo número de critérios de desempenho referentes à análise qualitativa do movimento; a criança recebia um (1) ponto se atendia ao critério e nenhum ponto se não o atendia. A partir disso, obtinha-se o somatório dos pontos alcançados em cada subteste, nomeados no teste como escores brutos. A análise dos critérios de desempenho foi feita por dois avaliadores treinados e experientes na avaliação do teste.

A coleta de dados foi realizada na própria instituição de ensino, onde cada criança foi filmada executando o TGMD-2 na presença de apenas duas pessoas, que haviam sido treinadas previamente e com experiência na aplicação. Todos os testes foram aplicados pelo mesmo instrutor, sendo que para cada habilidade testada foram realizadas três tentativas (uma de prática e duas para posterior análise).

Após a realização dos testes motores foi enviado o questionário referente às oportunidades de estimulação motora, o AHEMD, para que os pais ou responsáveis o preenchessem.

Análise estatística

Os resultados foram analisados no programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS)® versão 20.0. Inicialmente foi realizada estatística descritiva por meio dos valores de média, desvio padrão, frequência absoluta e relativa.

A associação entre as subescalas do AHEMD, bem como as do TGMD-2 com o sexo foi verificada por meio dos testes do Qui-quadrado e Exato de Fisher. Para verificar as diferenças entre os sexos em relação às oportunidades de desenvolvimento motor foi utilizado teste t para amostras independentes, haja visto que os dados apresentaram distribuição normal verificada por meio do teste de Kolmogorov Smirnov. O teste de correlação de Pearson foi empregado para averiguar a relação entre as subescalas do AHEMD com o desenvolvimento motor e associação entre as variáveis por meio do teste de regressão linear múltipla. Para todas as análises o nível de significância adotado foi de 5%.

 

RESULTADOS

No que se refere às oportunidades de estimulação 63,5% dos lares com crianças do sexo feminino foram considerados com oportunidades muito fracas. Dentre os lares com crianças do sexo masculino, as oportunidades foram um pouco melhores, uma vez que somente 33,3% foi considerada como possuindo oportunidades muito fracas (Figura 1).

Ao se verificar as classificações das subescalas que compõem o instrumento de avaliação das oportunidades de estimulação motora entre os sexos, não foram observadas diferenças (p-valor > 0,05) (Tabela 1). Outro aspecto importante exposto na tabela 1 refere-se a maior prevalência de inadequação de oportunidades de estimulação motora nos domicílios de meninas, apesar de a prevalência para os lares com meninos exceder a 50,0%.

Na tabela 2, pode-se verificar os percentis das variáveis de desenvolvimento motor na amostra estudada. As meninas obtiveram melhor desempenho nas habilidades locomotoras, enquanto os meninos apresentaram maiores escores nas habilidades de controle de objetos, uma vez que também atingiram melhor classificação geral. Entretanto, estas diferenças entre os sexos não foram consideradas significativamente estatísticas.

No que diz respeito ao desenvolvimento motor 41,0% das crianças do sexo feminino foram consideradas com desenvolvimento motor superior. Dentre as do sexo masculino, o desempenho foi um pouco melhor (45,5%) (Figura 2).

Ao considerar a relação entre o desenvolvimento motor e as subescalas que compõem as oportunidades de estimulação motora no contexto familiar, foram observadas correlações moderada e forte para o sexo masculino, para as variáveis disponibilização de materiais de motricidade fina (r = ,773) e materiais de motricidade grossa (r = ,618). Para o sexo feminino foram verificadas correlações moderadas, para a variedade de estimulação (r = ,540) materiais de motricidade fina (r = ,641), materiais de motricidade grossa (r = ,602) e estimulação motora (r = ,433) (Tabela 3).

Ao realizar uma análise de regressão linear entre as oportunidades de estimulação motora no ambiente familiar e o desenvolvimento motor de crianças pode-se verificar que as variáveis independentes que apresentaram relação com o desenvolvimento motor foram materiais de motricidade fina (β=.592; IC, 18,6 a 4,01, p<.003) e materiais de motricidade grossa (β=.203; IC, 10,9 a 3,32, p<.005) as quais explicaram 54,8% da variação do desenvolvimento motor para os meninos. Bem como as variáveis, matérias de motricidade fina (β=.380; IC, 15,8 a 1,62, p<.005), materiais de motricidade grossa (β=.123; IC, 10,9 a 6,51, p<.005), variedade de estimulação (β=.296; IC, 12,9 a 2,68, p<.005), e estimulação motora (β=. 176; IC, 19,9 a 3,48, p<.005), que explicaram 55,8% do desenvolvimento motor nas meninas investigadas.

 

DISCUSSÃO

Ao verificar a relação entre as oportunidades de estimulação motora no ambiente familiar e o desenvolvimento motor de crianças de ambos os sexos, observa-se que nos domicílios avaliados apresentaram baixas oportunidades de estimulação motora. Noutros estudos12,18-23, houve evidências negativas sobre as oportunidades de estimulação motora no ambiente doméstico. O ambiente domiciliar é considerado como determinante para o desenvolvimento da criança23,24. No entanto, pode-se identificar que esse ambiente não oportuniza ou estimula o desenvolvimento motor das crianças analisadas, cabendo a outros microssistemas, como as instituições de ensino, a responsabilidade de propor tal estimulação, afim de que desenvolvimento motor destas crianças não seja comprometido23.

Ao se estratificar por sexo, os lares com meninos demonstraram maior escore de estimulação motora em relação aos lares das meninas. De forma geral, os cuidadores, que em sua maioria são as mães, estabelecem de acordo com o sexo dos filhos, normas específicas que determinam os objetos a serem utilizados, bem como as brincadeiras típicas25 e a organização de espaços da casa26, situações que podem influenciar nas oportunidades de estimulação destinadas a meninos e meninas.

Com relação às dimensões ou subescalas da estimulação motora nas crianças analisadas o espaço externo foi a variável que apresentou maior inadequação, o que vai ao encontro do resultado de outros estudos. Em uma pesquisa realizada em lares de crianças do Ceará-Brasil, verificou-se que o espaço exterior da maioria das residências analisadas não oferecia oportunidades suficientes para o desenvolvimento motor das crianças12. Assim, como em Várzea Alegre onde foram encontradas baixas oportunidades de espaço exterior para as crianças13. A tipologia das residências familiares é um fator importante no processo de desenvolvimento motor infantil, uma vez que os ambientes com espaços físicos estruturados proporcionam uma gama de estímulos22. Desta forma, esses achados justificam a necessidade do desenvolvimento e construções de áreas públicas de lazer que ofereçam um espaço físico mínimo para o melhor desenvolvimento motor das crianças, haja vista que os atuais disponíveis nos lares investigados não são adequados para propiciar o aprimoramento motor.

Ao observarmos a classificação da avalição do TGMD2, menos da metade das crianças analisadas, 45,5% dos meninos e 41,0% das meninas apresentaram desenvolvimento motor alto. Esses resultados convergem a outros estudos, que tem demostrado uma alta prevalência de crianças com desenvolvimento motor inadequado27,28. Sugerindo que as baixas oportunidades de estimulação motora ofertadas para as crianças investigadas parecem influenciar no desenvolvimento motor como um todo.

Outro aspecto observado é um melhor desempenho das crianças nos padrões locomotores em relação aos demais. Esse melhor desempenho nas habilidades locomotoras na faixa etária investigada é explicada pelo próprio processo de desenvolvimento motor, tendo em vista que os princípios de sequência e continuidade propostos por Gallahue, Ozmun e Goodway11 os quais afirmam que os padrões locomotores rudimentares são adquiridos, anteriormente as ações mais complexas como as de manipulação de objetos29 justificando assim o desfecho encontrado. Em relação ao desempenho locomotor as meninas se mostraram melhores que os meninos fato justificado pelo desenvolvimento maturacional mais acelerado nas meninas, o que contribui para um melhor desempenho nas habilidades locomotoras11.

No entanto quando observada a classificação de controle de objetos os meninos apresentaram resultado superior, o que pode ser explicado em virtude dos destes serem mais propícios a aderirem aos jogos e brincadeiras, deste modo, apresentando uma maior tendência para aquisição de habilidades motoras que envolvam manipulação de objetos29. Diante disso, um melhor desempenho dos meninos no controle de objetos está associado às características culturais onde os mesmos estão inseridos30.

Quando correlacionado as oportunidades no ambiente domiciliar e o desenvolvimento motor, foi encontrada correlação significativa para materiais de motricidade fina e grossa para os meninos, e variedade de estimulação, materiais de motricidade fina e grossa e estimulação motora para as meninas. Esses resultados são confirmados na regressão linear múltipla realizada e são justificados, uma vez que as meninas tem um desenvolvimento mais precoce que os meninos e se mostram mais pacientes para realizar atividades de motricidade fina, o que faz com que o AHEMD seja mais compatível ao sexo feminino13. Além disso, esses autores atribuem esse achado a uma maior importância das variáveis, variedade de estimulação e presença de materiais de motricidade fina e grossa, em relação às outras subescalas que compõe o AHEMED.

A análise de regressão revelou ainda que a variedade de estimulação pode ser um preditor significativo para desenvolvimento motor. Esta descoberta sugere que uma adequada quantidade de estímulos na casa pode multiplicar o efeito do ambiente20,31. Em geral, estes resultados mostram evidências promissoras para apoiar a previsão que, com uma boa pontuação de affordance existe a probabilidade de um bom desenvolvimento motor. Tornando-se importante a valorização dos locais aos quais as crianças estão tendo oportunidades de brincar12,32.

Diante dos resultados apresentados, ressalta-se a conscientização de pais e professores sobre a importância das oportunidades motoras, principalmente relacionadas à motricidade grossa ou que envolva os movimentos fundamentais, como implicações práticas desta investigação.

Como limitações do estudo destacam-se, o caráter transversal utilizado, o qual não permite uma inferência causal. Bem como, a utilização de uma amostragem não probabilística, que não permite a extrapolação dos dados para toda a população dessa faixa etária.

Contudo, esses achados podem auxiliar a implementação de políticas, programas e ações voltadas à população infantil, por meio de orientações de práticas que visem minimizar o efeito do ambiente inadequado aumentando a qualidade e quantidade de espaços e equipamentos a fim de otimizar o desenvolvimento da criança e a promoção da saúde.

O ambiente domiciliar está diretamente relacionado com o desenvolvimento motor de meninas e meninos. Sendo que as meninas provenientes de um ambiente domiciliar com maior variedade de estimulação, matérias de motricidade fina e grossa, e meninos que residem em domicílios com mais materiais de motricidade fina e grossa apresentaram melhores níveis de desenvolvimento motor.

 

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Endereço para correspondência:
Elisa Pinheiro Ferrari.
E-mail: elisaferrari_@hotmail.com

Manuscript submitted 2016
Accepted for publication Jun 2016

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