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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.27 no.1 São Paulo jan./abr. 2017

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.127684 

ARTIGO ORIGINAL

 

Prevalência de desvios posturais na coluna em escolares: revisão sistemática com metanálise

 

 

Ana Paula Kasten; Bruna Nichele da Rosa; Emanuelle Francine Detogni Schmit; Matias Noll; Cláudia Tarragô Candotti

Federal University of Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: A Era da informação e da tecnologia tem causado grande impacto na vida dos cidadãos. As invenções de máquinas, de automóveis, da televisão e do computador, induziram os indivíduos a adotarem a postura corporal "sentada" a fim de se adaptar as novas necessidades tecnológicas.
OBJETIVO: Estimar a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral de escolares brasileiros.
MÉTODO: Foram realizadas buscas nas bases de dados EMBASE, LILACS, PubMed, SCOPUS, SciELO, Science Direct, e Web of Science, além de buscas manuais a fim de identificar estudos que avaliassem a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral em escolares brasileiros. Dois revisores independentes realizaram a seleção dos estudos, avaliaram a qualidade metodológica e o risco de viés dos estudos selecionados e extraíram os dados. Foi realizada a análise de homogeneidade interestudos e a qualidade do nível de evidência foi avaliada utilizando o sistema GRADE
RESULTADOS: Foram incluídos 29 estudos, dos quais foram extraídas as frequências de eventos positivos para as alterações na coluna cervical, torácica, lombar, bem como a frequência de escoliose entre os escolares. Mesmo realizando a metanálise separada por subgrupos de acordo com a região vertebral avaliada, o nível de heterogeneidade ficou a cima dos 90%, não sendo possível estipular a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral em escolares brasileiros a partir da metanálise.
CONCLUSÃO: Existe baixa força de evidência para se estabelecer um consenso acerca dos valores de prevalência de desvios posturais na coluna vertebral de escolares brasileiros.

Palavras-chave: postura, coluna, criança, adolescente.


 

 

INTRODUÇÃO

A Era da informação e da tecnologia tem causado grande impacto na vida dos cidadãos1. As invenções de máquinas, de automóveis, da televisão e do computador, induziram os indivíduos a adotarem a postura corporal "sentada" a fim de se adaptar as novas necessidades tecnológicas. Bem como, a crescente taxa de adesão dos indivíduos às novas demandas de comodidade e conforto tem sido um importante fator causal da má postura e dores nas costas. Assim, tanto os hábitos inadequados quanto o sedentarismo, já desde a infância, contribuem para o aparecimento de fraqueza muscular e frouxidão ligamentar, sobrecarregando a coluna vertebral, o que resulta em sofrimento, dor e incapacidades2-5.

Além disso, tem sido aceito que os problemas posturais relacionados às alterações na morfologia corporal quase sempre têm sua origem na infância, principalmente aqueles relacionados com a coluna vertebral6. Nesse sentido, a identificação ou o diagnóstico das alterações posturais durante a infância e adolescência é de grande importância nessa fase de crescimento e desenvolvimento corporal, uma vez que a correção dessas alterações se baseia principalmente na reeducação global da atitude. De fato, investir na reeducação durante a infância e adolescência tende a minimizar a necessidade de um futuro tratamento conservador que vise, apenas, a melhora da sintomatologia, uma vez que, após a adolescência, já cessou o crescimento ósseo7,8.

Alguns fatores são preponderantes nas causas das alterações posturais em crianças em idade escolar como, por exemplo, as horas sentadas em posições inadequadas na sala de aula, cadeiras inadequadas e transporte de material escolar de modo inadequado9-11 e/ou contendo peso acima de 10% do peso corporal5,10. Além disso, o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) em escolares diagnosticados como pré-obesos e obesos resulta em maior prevalência de assimetria no plano anterior, posterior e lateral12-14. De fato, esses fatores são evidenciados a nível mundial, tanto nos países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. No Irã, país em desenvolvimento, dois estudos encontraram maior prevalência de alterações na coluna vertebral de meninas associada com o sedentarismo e o excesso de peso carregado em mochilas durante o transporte do material escolar15,16. Já, no Japão, país desenvolvido, um estudo longitudinal encontrou relação inversa entre força da musculatura paravertebral e alteração postural lombossacra. Ou seja, ao longo de dez anos de acompanhamento, houve simultaneamente uma diminuição da força da musculatura paravertebral e um aumento, em torno de 10°, do ângulo lombossacro, sugerindo a necessidade da promoção de atividades de manutenção da força muscular a partir da infância e adolescência17,18.

No que tange os países em desenvolvimento, embora o Brasil destaque-se na quantidade de pesquisas sobre a temática da postura de escolares, até onde se tem conhecimento, nenhum estudo foi conduzido sintetizando a realidade brasileira acerca da prevalência de alterações posturais, principalmente aquelas relacionadas à coluna vertebral. Nesse sentido, considerando que o conhecimento do perfil das alterações posturais de crianças e adolescentes em fase escolar é essencial para auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de intervenção, o objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral de escolares brasileiros por meio de uma revisão sistemática com metanálise.

 

MÉTODO

Tipo de Estudo

O presente estudo compreendeu uma revisão sistemática da literatura19, registrada no PROSPERO sob o código CRD42015026504, e norteada conforme as recomendações do Manual Joanna Briggs Institute Reviewers (The Systematic Rewier of Prevalence and Incidence Data)20, das diretrizes da Colaboração Cochrane21 e do relatório MOOSE (Meta-Analysis of Observacional Studies in Epidemiology)22.

Estratégia de Busca

Com o intuito de concretizar o objetivo proposto, foram conduzidas buscas no período de 23 a 25 de setembro de 2015, nas bases de dados EMBASE, LILACS, PubMed, SCOPUS, SciELO, Science Direct, e Web of Science. Os termos e operadores boleanos utilizados foram: "students" [AND] "spinal curvatures" [AND] "prevalence". Não foi feita restrição de idioma e ano de publicação na busca, sendo esta realizada do início das bases até o momento da busca. Os estudos deveriam ser do tipo observacional. Também foram realizadas buscas manuais nas referências dos estudos incluídos. A Tabela 1 apresenta a estratégia de busca utilizada na base de dados PubMed, sendo que nas demais bases esta estratégia foi adaptada, conforme as diretrizes de cada base.

Critérios de Elegibilidade

Dois avaliadores, de forma independente, selecionaram os estudos potencialmente relevantes a partir dos títulos, resumos e texto completo. Os estudos selecionados para leitura na íntegra foram avaliados de acordo com os seguintes critérios de elegibilidade: (a) estudo observacional; (b) amostra exclusiva de escolares brasileiros na faixa etária de 6 a 18 anos; (c) abordar a prevalência das alterações posturais da coluna vertebral. Os casos discordantes foram resolvidos por consenso23.

Avaliação dos Estudos

Os avaliadores obtiveram os dados dos estudos de forma independente e em formulário padronizado de acordo com as seguintes informações: autores, ano de publicação, local de realização do estudo, amostra avaliada, métodos utilizados e prevalências de alterações na coluna vertebral.

Do mesmo modo, os estudos foram avaliados quanto a qualidade metodológica e o risco de viés por meio do Prevalence Critical Appraisal Instrument24, um instrumento desenvolvido para avaliar a qualidade metodológica de estudos que apresentam dados de prevalência. Esse instrumento é composto por 10 itens, que devem ser preenchidos como Sim, Não, Obscuro ou Não Aplicável, os quais são pontuados quando preenchidos com Sim. Nessa perspectiva, a avaliação de cada estudo pode apresentar um escore entre 0 a 10, sendo que quanto mais alta a pontuação, melhor a avaliação metodológica do estudo.A fim de se graduar e estabelecer divisões categóricas de qualidade foi estipulado um ponto de corte, o escore mínimo sete como sendo divisor entre estudos de alta qualidade (escore de 7 a 10) e baixa ou moderada (escore de 0 a 6). Esse ponto de corte foi escolhido de forma arbitrária, uma vez que não há classificações estipuladas para essa ferramenta20. A fim de mensurar a concordância entre os revisores na atribuição dos escores para cada estudo, foi realizado Índice de Correlação Intraclasse, por meio do software SPSS v. 20.0, o qual foi classificado em: pobre (ICC < 0,4); satisfatório (0,4 ICC < 0,75) e excelente (ICC 0,75)25.

Análise Estatística

Os dados foram analisados inicialmente por meio de estatística descritiva, separados em subgrupos de acordo com a região vertebral associada às alterações e o instrumento de análise. Foi realizada metanálise, nos softwares Comprehensive Meta-Analysis, versão 2.2.04 (Biostat, Inc.©, Englewood, Nova Jersey) e MedCalc26, versão 11.0 (MedCalc Software, Mariakerke, Belgium), por meio de estatística inferencial com o teste de Inconsistência de Higgins (I2)21 para verificar a homogeneidade interestudos, sendo considerada a heterogeneidade baixa se I2 < 50% e moderada/alta se I2 50%. Em casos de I2 50%, optou-se pela adoção do efeito de modelos aleatórios. A análise de sensibilidade englobou a exclusão de estudos com base em um cálculo amostral realizado para cada subgrupo, mediante as recomendações de Santos, Abbud e Abreu27, ou seja, para cada subgrupo foram realizados cálculos amostrais a partir de três diferentes valores de prevalência - baixo, intermediário e alto (Tabela 2). Assim, foram excluídos da metanálise os estudos incluídos na revisão sistemática que não houvessem recrutado a mínima amostra para responder ao objetivo proposto. Porém, mesmo com o crivo da análise de sensibilidade baseado na inclusão de estudos com tamanho amostral mínimo correspondente ao obtido pelo cálculo amostral, não foi possível diminuir ou minimizar a heterogeneidade presente nos estudos. Diante disso, as apresentações da metanálise em subgrupos de acordo com a região vertebral associada às alterações foram mantidas de forma geral, a fim de salientar as divergências metodológicas entre os estudos (Material suplementar).

Força de Evidência

Com o intuito de resumir a qualidade geral das evidências, foi usado o sistema GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development, and Evaluation)28. O GRADE classifica a qualidade da evidência e a força de recomendação fornecida por revisões sistemáticas, pareceres científicos e diretrizes clínicas. É uma forma de representar a confiança na informação fornecida, ao classificar o nível de evidência e de expressar a ênfase para que seja adotada ou rejeitada uma determinada conduta, no caso de revisões de ensaios clínicos29. A presente revisão sistemática analisou apenas estudos observacionais, sendo então utilizada apenas a classificação do nível de evidência. A avaliação da qualidade da evidência é realizada a partir dos seguintes critérios: delineamento dos estudos incluídos na revisão sistemática; limitações metodológicas dos estudos incluídos; inconsistência (homogeneidade dos estudos); se os estudos apresentam uma evidência direta; precisão dos resultados apresentados nos estudos incluídos; e se a revisão sistemática apresenta um viés de publicação, não incluindo a totalidade dos estudos publicados acerca do problema de pesquisa. Utilizando esses critérios, é realizada a classificação do nível de evidência, dentre os quatro níveis apresentados pelo sistema GRADE: alta qualidade, qualidade moderada, baixa qualidade e qualidade muito baixa. Em evidências cuja qualidade é alta, é muito improvável que pesquisas adicionais mudem a estimativa de prevalência apresentada pela revisão sistemática; quando o estudo apresenta evidências de muito baixa qualidade, a estimativa de prevalência apresentada por ele é muito incerta29, gerando a necessidade de desenvolvimento de novos estudos.

 

RESULTADOS

A busca inicial identificou 1193 estudos, sendo que 221 estavam em duplicata, assim, restaram 972. Porém, 950 foram excluídos baseados no título e resumo, de modo que apenas 22 ficaram para análise detalhada, sendo seis excluídos após o crivo dos critérios de elegibilidade. Foram realizadas buscas manuais nas referências dos 16 estudos, sendo incluídos mais 12 estudos. Dessa forma, foi realizada a revisão de 29 estudos. A Figura 1 demonstra o fluxograma da seleção dos estudos, a Tabela 3 resume as características dos estudos e a Tabela 4 explicita a qualidade metodológica dos estudos.

Visando sumarizar as evidências oriundas dos 27 estudos incluídos, no que diz respeito às alterações posturais na coluna vertebral, pode-se elencar, em ordem crescente de acometimentos: hiperlordose lombar (em 14 estudos, com prevalência entre 19% e 78,1%); hipercifose torácica (em 13 estudos, com prevalência entre 9,7% e 49%) e escoliose (em quatro estudos, com prevalência entre 5,2% e 28%). Além disso, destacam-se os tamanhos amostrais contrastantes entre os estudos, de 47 a 1340 escolares. Destaca-se ainda, a quantidade de estudos realizados nas diferentes regiões geográficas do Brasil, sendo em sua maioria conduzidos na região Sul (n = 14), seguidos pelo Sudeste (n=7), e em menor número o Nordeste (n = 4) e Centro-Oeste (n = 2), o que possivelmente esteja relacionado às limitações e questões econômicas regionais.

No que tange a força de evidência da presente revisão sistemática, com base nos principais critérios estabelecidos pelo GRADE29, tem-se referente a qualidade metodológica 14 estudos na categoria alta, apresentando uma excelente concordância de pontuação entre os revisores (ICC = 0,833] 0,675; 0,918 [p < 0,001), o que subentende um baixo risco de viés. Entretanto, no que diz respeito à inconsistência, foram encontrados valores elevados, que reiteram a heterogeneidade dos estudos, tornando as informações quantitativas de análise perante metanálise imprecisas, fato que se soma aos elevados intervalos de confiança obtidos nos cálculos de prevalência por sub-grupos. Mediante o exposto, é possível que estudos futuros provavelmente tenham um impacto importante na confiança de estimativa de prevalência de desvios posturais na coluna vertebral de escolares, o que torna a presente revisão com força de evidência baixa.

 

DISCUSSÃO

A metanálise objetivou identificar a prevalência de alterações posturais na coluna de crianças e adolescentes em fase escolar no Brasil. Apesar da metanálise contar com uma amostra de indivíduos a cima de mil escolares nas análises de cada tipo de alteração postural, não foi possível estabelecer um consenso sobre as prevalências de alterações posturais anteroposteriores e látero-laterais na coluna vertebral de escolares brasileiros. Esse resultado pode ser decorrente da grande heterogeneidade dos estudos, uma vez que se diferem muito com relação aos métodos utilizados para avaliação da postura e ao número amostral. Como consequência, as prevalências de alterações posturais foram discrepantes, atingindo, assim, índices de heterogeneidade a cima de 90%.

Dentre as formas de avaliar a postura da coluna vertebral, a inspeção visual depende exclusivamente da experiência do profissional que realiza a avaliação, além de não permitir quantificar de forma objetiva as alterações, sendo uma avaliação associada a maiores erros e discordâncias30,31. Do mesmo modo, a avaliação postural por fotogrametria, embora forneça evidencias quantitativas sobre as curvaturas da coluna32, também está sujeita à inocorrência de erros, seja pela dificuldade inerente da palpação, seja pelos diferentes procedimentos matemáticos que os softwares possuem33. De fato, os resultados dos estudos que utilizaram a fotogrametria também foram discrepantes entre si. Não obstante, ambos os métodos de inspeção visual e de fotogrametria foram os mais utilizados pelos estudos incluídos nesta revisão sistemática, fatores que podem ser contribuintes para a impossibilidade de chegar a um consenso sobre a prevalência de desvios posturais na população brasileira de escolares.

Ainda, outro fator que pode ter contribuído com a variabilidade dos resultados entre os estudos é vasta oferta de valores de referência para a classificação das curvaturas da coluna vertebral. Por exemplo, para Bernhardt & Bridwell34, os valores do ângulo Cobb para uma curvatura normal da coluna lombar variaram entre 14º a 69º, enquanto que para Propst-Proctor e Bleck35 variam de 22° a 54°. Nesse sentido, dependendo dos valores de referências utilizados nos estudos, esses diferentes espectros podem ter gerado grandes diferenças nas classificações da postura da coluna vertebral.

Apesar dos vieses existentes nas metodologias utilizadas nos estudos incluídos na presente revisão, quando os estudos foram submetidos à avaliação da qualidade metodológica e do risco de viés por meio do Prevalence Critical Appraisal Instrument24, 14 estudos foram classificados com alta qualidade. De acordo com a GRADE29, esse resultado indica um baixo risco de viés da revisão sistemática. Não obstante, a metanálise indica uma inconsistência, devido a elevada heterogeneidade entre os estudos. Nessa perspectiva, ressalta-se que há estudos de elevada qualidade metodológica apresentando o panorama da problemática dos desvios posturais na coluna em escolares brasileiros, porém tais panoramas não podem ser extrapolados para o contexto do país, mas mostrando apenas a realidade da região na qual cada estudo foi desenvolvido. Um exemplo desta questão é o fato de existirem escolares cujo hábito de dormir em redes é tão recorrente que este fator foi avaliado no estudo de Baroni et al.36, sendo considerado um fator protetor para o desenvolvimento da escoliose. Tal hábito de vida foi avaliado apenas no estudo desenvolvido no norte do Brasil, não sendo encontrado em mais nenhum estudo brasileiro. Portanto, uma vez que diferentes regiões do Brasil apresentem diferentes hábitos comportamentais e de vida devido às diferentes influências culturais regionais, pode-se esperar, consequentemente, diferentes tipos de alterações posturais e diferentes prevalências entre suas populações.

Diante do exposto, não foi possível chegar a um consenso no que tange a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral de escolares brasileiros. Nessa perspectiva, vê-se a necessidade de estudos futuros projetados de modo a eliminar os vieses apontados por essa revisão sistemática, para que a realidade brasileira, quanto à postura da coluna vertebral de escolares possa ser documentada. Entende-se que a partir de um conhecimento global, as ações de promoção e educação em saúde possam ser desenvolvidas e colocadas em prática a nível federal, fato que hoje ainda não é possível, sendo necessárias estratégias a níveis regionais.

 

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos da busca sistemática de artigos desenvolvidos no Brasil, conclui-se que há baixa força de evidência para se estabelecer um consenso acercados valores de prevalência de desvios posturais na coluna vertebral de escolares. Sugere-se que estudos futuros sejam mais criteriosos no crivo e estabelecimento de metodologias, bem como usem instrumentos validados para avaliação, e investiguem as diferenças macro e microrregionais dos estados e do país.tino-Am Enferm. 2004;12(3):549-56.

 

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Endereço para correspondência:
Ana Paula Kasten
E-mail:anapalulakasten@hotmail.com

Manuscript submitted 2016
Accepted for publication Jun 2016

 

 

Anexos: Resultados da metanálise

 


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Tabela 2 - Clique para ampliar

 

 


Tabela 3 - Clique para ampliar

 

 


Tabela 4 - Clique para ampliar

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