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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.28 no.1 São Paulo jan./mar. 2018

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.143856 

ARTIGO ORIGINAL

 

Conhecimento e aceitabilidade da vacina para o HPV entre adolescentes, pais e profissionais de saúde: elaboração de constructo para coleta e composição de banco de dados

 

 

Priscila Dantas Leite e SousaI; Albertina Duarte TakiutiII; Edmund Chada BaracatII; Isabel Cristina Esposito SorpresoI, II; Luiz Carlos de AbreuI

ILaboratório de Delineamento de Estudo e Escrita Científica, Faculdade de Medicina do ABC, Santo André- SP- Brasil
IIDisciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)- São Paulo- Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: O papilomavírus humano (HPV) é infecção viral prevalente na população sexualmente ativa, podendo ser oncogênico e não oncogênico. Esforços educacionais realizados por profissionais de saúde, voltados para adolescentes e seus pais auxiliam a tomada de decisão sobre a vacinação para o papilomavírus humano, beneficiando o processo de implantação e cobertura vacinal
OBJETIVO: Descrever constructo de coleta de dados sobre conhecimento e aceitabilidade da vacina para o HPV entre adolescentes, pais e profissionais de saúde.
MÉTODO: Estudo de elaboração de constructo a partir de revisão de base empírica da literatura com enfoque qualitativo em base de dados do PubMed, no período de 2007 a 2014, com a utilização das palavras-chave: Papillomaviridae AND Papillomavirus Vaccines AND knowledge AND Community Health Services. Elaborou-se 31 questões divididas em seis categorias. Na validação interna foi aplicado o constructo final em 390 indivíduos (adolescentes, pais/responsáveis e profissionais de saúde) no período de 2014. A proporção de acerto das respostas e respectivo intervalo de confiança de 95% foram utilizados para descrever cada questão.
RESULTADOS: Foram encontrados três artigos sobre a temática nas bases de dados consultadas que serviram como base para elaboração do questionário. Verificou-se menor proporção de acerto entre adolescentes sobre o conhecimento do HPV. Adolescentes, pais e responsáveis mostraram-se com baixa proporção de acerto sobre a segurança e eficácia da vacina. Os três grupos não mostraram barreiras de aceitabilidade à vacina.
CONCLUSÃO: O instrumento mostrou-se adequado para mensurar o conhecimento sobre o HPV, suas repercussões e sua vacina entre os adolescentes, pais/responsáveis e profissionais de saúde, bem como sobre a aceitabilidade da vacina para o papilomavírus humano.

Palavras-chave: HPV, vacinas contra papilomavirus, conhecimento, adolescente, pais, profissional de saúde, inquéritos e questionários.


 

 

INTRODUÇÃO

O papilomavírus humano (HPV) é infecção viral prevalente na população sexualmente ativa, podendo ser oncogênico e não oncogênico. Os tipos oncogênicos mais citados são os 16 e 18 relacionados aos cânceres de colo do útero, anal, peniano, vaginal, oral entre outros. Os não oncogênicos (6 e 11) trazem repercussões na saúde da mulher, como as verrugas anogenitais1,2.

O câncer de colo do útero afeta mulheres com incidência de 16.340 casos no Brasil em 2016. Essa proporção de aproximadamente 15,85 casos a cada 100 mil mulheres representa problema de saúde pública3. A vacina quadrivalente para o HPV (6,11,16 e 18) é considerada umas das estratégias de redução do câncer de colo do útero2,3, com proteção entre vacinados de 80%-100% para verrugas anogenitais e de 60-80% na redução de novos casos de lesões pré-malignas2,4.

No Brasil desde 2014, a vacina tem sido adotada no Programa Nacional de Imunização (PNI), com público-alvo adolescentes do sexo feminino de 9 a 13 anos5. O processo de implantação e adequada cobertura vacinal dependem do conhecimento da população sobre o HPV e suas repercussões na saúde, além da integração entre adolescentes, pais e profissionais da saúde6,7.

Kwan et al.8 e Kornfeld et al.9 trazem informações sobre barreiras de aceitação, lacunas de conhecimento e opinião da população sobre o HPV e sua vacina por meio de instrumentos de coleta a respeito da temática. No Brasil Figueroa-Downing et al.10 e Osis et al.11 utilizaram instrumento de coleta desenvolvido para descrever o conhecimento e as atitudes de profissionais de saúde10 e da população leiga11.

Instrumentos de coleta elaborados para analise situacional embora não generalizáveis, são exploratórios no sentido de trazer conhecimento sobre determinada temática. A elaboração de constructo por meio de pesquisa descritiva viabiliza a operação da coleta de dados e utilização dos mesmos dados para análise e juízo de valor12. Ademais, a busca de um constructo para temática HPV e sua vacina permite caracterizar o estado de aceitação da população bem como admissibilidade dos pais em tomar a decisão de vacinar seus filhos.

Assim, o objetivo desta pesquisa é descrever constructo de coleta de dados sobre conhecimento e aceitabilidade da vacina para o HPV entre adolescentes, pais e profissionais de saúde.

 

MÉTODO

Trata-se de instrumento elaborado seguindo critérios de validade do constructo com enfoque qualitativo13,14 (Figura 1):

 

 

Utilização de fontes de evidências

Realizou-se revisão de base empírica de literatura, na base de dados do PUBMED, no período de 2007 a 2014, com os seguintes descritores presentes no MEsH terms: Papillomaviridae AND Papillomavirus Vaccines AND knowledge AND Community Health Services. Os critérios de inclusão foram: artigos originais com temática sobre o HPV e vacina quadrivalente, bem como abordagem de construção e/ou uso de instrumento com questões sobre conhecimento do HPV e de sua vacina. Os artigos de revisão, artigos com temática sobre vacina bivalente e nonavalente para o HPV foram excluídos.

O método de seleção foi leitura do título e resumo. Ao final da seleção, os artigos foram utilizados para subsidiar a elaboração de instrumento sobre conhecimento do HPV, da vacina e sua aceitação pelos adolescentes, pais e/ou responsáveis e profissionais de saúde.

Encadeamento entre as evidências13,14

Trata-se de processo de organização por temas nos resultados dos artigos selecionados e revisão das temáticas e questões realizadas entre os pesquisadores com identificação de conclusões pertinentes, contribuindo para a construção do instrumento sobre conhecimento do HPV e sua vacina.

Identificação de temática

Organização por temas identificados nos resultados dos artigos selecionados, conforme Tabela 1.

Revisão de relatório entre pesquisadores

Elaborou-se questionário composto por 24 questões relacionadas ao conhecimento e aceitabilidade do HPV e de sua vacina. O instrumento foi apresentado para consenso entre especialistas para complementação e sugestões de mudanças.

O questionário foi elaborado e adaptado em quatro versões antes de se formular o modelo definitivo. Após consenso entre especialistas, o questionário passou a ter 26 questões. Foram retiradas abreviaturas. Optou-se por colocar "não resposta" nas questões destinadas a mulheres com antecedente pessoais de câncer de colo do útero e profissionais de saúde, ao invés de colocar como opção de resposta "não se aplica" ou "sem opinião". Foram acrescidas três questões sobre segurança da vacina, a origem do conhecimento sobre a vacina do HPV e se o indivíduo já tomou a vacina.

Especificamente para profissionais de saúde acrescentaram-se duas perguntas: se pacientes que vivem com vírus da imunodeficiência humana (HIV) podem se vacinar e se a vacina é segura para gestantes. O intuito foi obter instrumento autoaplicável.

O instrumento final de coleta de dados (Figura 2) é composto por 31 questões divididas em 6 categorias: 1) Conhecimento sobre o HPV (7 questões); 2) Conhecimento sobre a vacina para o HPV (11 questões); 3) Barreiras à vacinação para o HPV (3 questões); 4) Aceitabilidade da vacina para o HPV (3 questões); 5) antecedentes pessoais relacionados com a infecção pelo HPV em indivíduos do sexo feminino (3 questões); 6) Questões de conhecimento específico e dirigidas para profissionais da área da saúde (4 questões).

As opções de resposta para as questões do instrumento foram: sim (S); não (N); não tenho certeza (NTC). Para a pontuação das respostas foi realizado agrupamento das questões por temas, em que se atribuiu (0) ao não acerto e (1) ao acerto de cada questão. Houve inversão da pontuação nas questões 11, 12, 19, 31. A proporção das respostas corretas e respectivos intervalos de confiança de 95% foram utilizados para descrever a proporção de acerto para cada questão e o conhecimento e aceitabilidade sobre a vacina para o HPV.

Validade interna

Verificação entre os entrevistados (adolescentes, pais/responsáveis e profissionais de saúde) com redação e análise de dados inseridos nas Tabelas 2, 3 e 4.

Adaptação cultural do instrumento

Foram entrevistados 390 indivíduos selecionados por amostra de conveniência inserida, dos quais 219 são adolescentes (10 a 19 anos)15, 144 pais ou responsáveis (com idade acima de 20 anos) e 27 profissionais de saúde. O estudo foi realizado na Casa do Adolescente de Pinheiros, na cidade de São Paulo, SES/SP, no período de janeiro de 2014, com aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de São Paulo (205/14).

Para adaptação cultural do instrumento, buscou-se identificar problemas de compreensibilidade dos domínios e em seguida estipulou-se índice de conhecimento satisfatório para cada domínio de 80%. Na aplicação do constructo, não foram realizadas restrições quanto à atividade sexual, cor, escolaridade e nível socioeconômico. Indivíduos, que necessitassem da presença de acompanhante durante a entrevista e que não compreendessem o idioma português foram excluídos do estudo.

Análise estatística

Os dados coletados foram tabulados utilizando planilhas eletrônicas do Microsoft Excel. Foram utilizados para descrever os dados: frequências absolutas e relativas e estimativas intervalares (IC 95%) da proporção de acertos. O erro amostral absoluto foi de 5%. As análises foram realizadas no Stata® 11.0 (Stata Corp., College Station, EUA).

 

RESULTADOS

Foram encontrados três artigos16-18 sobre a temática nas bases de dados consultadas. Observou-se a aplicabilidade do questionário em três regiões distintas, sendo um no Canadá, um na China e um na Itália (Tabela 1).

Da aplicação do constructo, foram entrevistados 390 participantes, sendo 79,7% (n=311) do sexo masculino e 20,3% (n=79) do sexo feminino. A distribuição quanto aos grupos fez-se em 56,2% (n=219) adolescentes, 36,9% (n=144) pais e/ou responsáveis e profissionais de saúde 6,9% (n=27), tendo o questionário sido aplicado durante entrevistas admissionais, respondido individualmente entre os entrevistados, em ambiente calmo e privado.

Após coleta de dados, houve momento de discussão aberta entre os pesquisadores e entrevistados com ações em promoção de saúde e aconselhamento sobre o HPV e suas repercussões, bem como sobre a vacina para o HPV na saúde da população.

Os entrevistados apresentaram dificuldade em compreensão das questões com fator de confusão entre HPV (papiloma vírus humano) e HIV (vírus da imunodeficiência humana). Houve ainda necessidade de troca de termos do "exame de colpocitologia oncótica de colo do útero" para "Papanicolaou" (terminologia popular), bem como utilização do termo coloquial "alterações no Papanicolaou" ao invés do termo técnico "neoplasia intraepitelial de alto ou baixo grau" ou "lesão intraepitelial de baixo e alto grau".

Na tabela 2, no que se refere à percepção sobre o conhecimento do HPV e suas repercussões na saúde, identificou-se menor proporção de acerto, principalmente entre adolescentes, para as seguintes questões: "o que é HPV" 60,7% (IC 53,9; 67,2); "se é um vírus" 68,9% (IC 62,4; 75,0); "se é uma doença sexualmente transmissível" 47,0% (IC 40,3; 53,9); "se está relacionada ao câncer de colo do útero" 66,7% (IC 60,0; 72,9); "se o HPV pode causar alterações no Papanicolaou" 50,2% (IC 43,4; 57,0) e "se o câncer de colo de útero é uma das principais causas de câncer em mulheres" 64,4% (IC 57,7; 70,7). O hábito de fumar não foi percebido como risco para câncer de colo do útero nos entrevistados, sendo 47,5% (IC 40,7; 54,3) dos adolescentes, 60,5% (IC 52,2; 68,5) dos pais/responsáveis, 59,3% (IC 38,8; 77,6) dos profissionais de saúde.

Na tabela 3, a percepção do conhecimento sobre a vacina para o HPV como forma de prevenção do câncer de colo do útero mostrou-se com nível de proporção alto de acerto entre adolescentes de 80,4% (IC 77,5; 85,4), pais/responsáveis 88,4% (IC 82,1; 93,1) e profissionais de saúde 81,5% (IC 61,9; 93,7). O momento oportuno para ser inoculado pela vacina teve menor proporção de acerto entre os adolescentes 65,8% (IC 59,1; 72,0), bem como a percepção do uso da vacina antes do início da relação sexual 52,1% (IC 45,2; 58,8).

Adolescentes e pais/responsáveis mostraram-se com menor proporção de acerto 10,0% (IC 6,4; 14,8) e 10,2% (IC 5,8; 16,3), respectivamente, sobre a vacina ser prejudicial à saúde. A proporção de não acerto foi maior entre os adolescentes nas seguintes questões: "A vacina para o HPV pode causar infecção por HPV?" 44,7% (IC 38,0; 51,6), "A vacina para o HPV é fornecida pelo governo?" 63,9% (IC 57,2; 70,3), "A vacina para o HPV faz parte da carteirinha de vacinação das meninas?" 53,0% (IC 46,1; 59,7), "São necessárias 3 doses para a vacinação completa?" 42,9% (IC 36,3; 49,8) e "A vacina para o HPV diminui as chances de ter verruga genital?" 32,4% (IC 26,3; 39,1).

Os adolescentes, pais e profissionais de saúde apresentaram menor proporção de acertos, sendo, respectivamente, 22,4% (IC 17,0; 28,5), 34,7% (IC 27,0; 43,0) e 51,8% (IC 31,9; 71,3) quando questionados sobre a eficácia da vacina para o HPV na redução de lesões precursoras do câncer do colo do útero.

Na tabela 4, os pais/responsáveis foram identificados com menor propensão de respostas assertivas no que diz respeito à aceitação da vacina nos seguintes questionamentos: "Você conhece alguém que já tomou a vacina contra HPV?" 38,8% (IC 30,9; 47,2) e "Você já tomou a vacina contra HPV?" 9,5% (IC 5,3; 15,5). Os mesmos recomendariam a vacina para filho (a), amigo (a) ou parente em 90,5% (IC 84,5; 94,7).

A elaboração de instrumento de coleta de dados sobre conhecimento e aceitabilidade da vacina para o HPV a partir de revisão empírica da literatura com enfoque qualitativo permite analisar a percepção sobre a temática além de mensurar o conhecimento sobre o HPV, suas repercussões e sua vacina entre os adolescentes, pais/responsáveis e profissionais de saúde, bem como sobre a aceitabilidade da vacina.

Pesquisas de conhecimento e aceitabilidade da vacina HPV visa compreender os aspectos culturais e o conhecimento da população sobre a vacinação para melhor aderência e cobertura vacinal territorial.

O resultado da revisão qualitativa da literatura identificou artigos que abordam a utilização de instrumentos de saúde para explorar os temas "HPV" e "vacina para o HPV" em diferentes populações. Giambi et al.16 desenvolveram questionário contendo 23 itens, divididos em 9 categorias: Informações demográficas, vacinação, barreiras e razões para não vacinação, conhecimento do HPV, fonte de informações sobre HPV, percepção de risco de que sua filha poderia contrair HPV, intenção de vacinação futura, aconselhamento de profissionais de saúde consultados sobre vacinação contra o HPV, caracteristicas socio demográficas e comportamentais dos pais. Neste mesmo estudo, foram entrevistados 1738 familiares de meninas não vacinadas para explorar barreiras à vacinação na Itália.

Rosberger et al.18 investigaram o efeito de uma oficina sobre HPV e sua vacina entre funcionárias de uma agência de saúde e serviço social da comunidade em Montreal (Canadá), onde participantes responderam a 20 itens que mensuram o conhecimento sobre HPV antes e depois da oficina. O questionário continha tópicos sobre a confiança na capacidade de fornecer informações precisas aos pais e sobre a recomendação da vacina contra o HPV para filhas e sobrinhas, além de itens avaliando crenças sobre possíveis barreiras à aceitação da vacina contra HPV.

Fu et al.17 avaliaram o conhecimento de estudantes de medicina sobre o HPV e as doenças relacionadas ao HPV, bem como a intenção de vacinação dessa população por meio de instrumento abordando informações sócio-demográficas, tais como idade, gênero, etnia e grau de conhecimento do HPV, câncer cervical, verrugas genitais e das vacinas contra HPV e percepções da mesma.

A síntese dos três artigos identificados a partir dos descritores permitiu categorizar os temas a serem abordados como o conhecimento sobre o HPV, conhecimento sobre a vacina para o HPV, barreiras à aceitação e conhecimentos específicos entre profissionais de saúde.

Giambi et al.16 ressaltam a importância de explorar nas famílias de meninas italianas não vacinadas barreiras de aceitação à vacinação como o medo dos eventos adversos e a segurança da vacina quanto a desenvolver lesões induzidas por HPV. Rosberger et al.18 demonstraram que educação em saúde entre profissionais de saúde com tópicos específicos sobre a vacina para o HPV trouxe maior confiabilidade em fornecer informações e recomendar da vacina entre os profissionais.

O conhecimento sobre o HPV, câncer cervical, verrugas genitais e vacinas contra HPV, bem como percepções de vacinação, foi avaliado por Fu et al.17 onde a influência do sexo feminino no conhecimento e aceitação da vacina para o HPV demonstrou-se maior na intenção de vacinar. Todos os fatores de saúde relacionados variam na população em geral, tanto em sexo, como em faixa etária quanto em grau de escolaridade11,19,20.

O instrumento de coleta elaborado e analisado aponta menor proporção de acertos nas categorias "conhecimento sobre HPV" e "aceitabilidade da vacina" entre os adolescentes entrevistados, seguido pelos pais/responsáveis e profissionais de saúde, sendo "lacunas de conhecimento sobre o HPV e suas repercussões na saúde" temas de educação em saúde a serem abordada em cada população.

Por sua vez, a adolescência é período marcado por mudanças biopsicossociais e instabilidade emocional, o que desperta nos adolescentes o desejo de vivenciar novas experiências, muitas vezes de maneira precipitada, como o sexo desprotegido. Devido a essa condição de desenvolvimento e exposição, enquadra-se em uma situação de vulnerabilidade, tornando-se expostos, por exemplo, a doenças sexualmente transmissíveis, necessitando, assim, de proteção física, psicológica e social proveniente da família, escola e comunidade21,22.

O conhecimento sobre o HPV foi considerado baixo entre adolescentes de diversos países23,24, achado comum evidenciado pelo constructo. Tal achado corrobora a necessidade de reafirmar a importância de programas de educação sexual e o fornecimento de informações sobre a doença e a vacina.

O constructo por meio de questões relacionadas ao tema "conhecimento do HPV e suas repercussões clínicas", evidenciou menor propensão ao conhecimento da relação do tabagismo com o risco de desenvolver câncer cervical. O tabaco é a segunda droga mais consumida entre jovens no mundo25, sendo assim, desencorajá-los ao uso é um desafio para a saúde pública.

Ademais, ações conjuntas de promoção e prevenção unindo as temáticas do HPV e do tabagismo, principalmente entre os adolescentes, devem ser incentivadas, já que o tabaco também é cofator no desenvolvimento do câncer de colo do útero e interfere na imunidade da jovem26.

Os adolescentes percebem na vacina forma de prevenção primária para o câncer de colo do útero e a importância da administração antes do primeiro contato sexual, quando questionados no constructo sobre a relação entre HPV, câncer do colo do útero e atividade sexual. Kilic et al.6 identificaram que o motivo e interesse em receber a vacina está relacionado à proteção ao HPV e ao câncer de colo uterino. Todavia, Kwan et al.8 demonstraram que o baixo conhecimento e entendimento sobre o processo prevenção e doença sobre HPV e vacina, foi paradoxalmente bom para aceitação do processo vacinal.

Em relatos na América Latina, as adolescentes demonstraram interesse na vacina contra HPV, apesar de considerarem a vacina tecnologia recente e com lacuna de informação específica sobre a mesma. Ademais, a aceitação para a vacina foi relacionada à faixa etária e à presença de atividade sexual27.

As barreiras de aceitação na população-alvo (adolescentes)27 e a recusa em vacinar-se existem devido a fatores como o medo de experimentar dor durante a aplicação, receio de desaprovação familiar, incerteza sobre a eficácia da vacina8,28. A falta de informação adequada e os mitos em relação à infecção pelo HPV podem levar a uma supervalorização da vacina e afetar a percepção da importância da vigilância contra o vírus e o câncer do colo do útero8.

A lacuna de conhecimento sobre a vacina no que se refere à sua segurança e sua ação preventiva em lesões precursoras e verrugas genitais27 são percepções identificadas pelo constructo entre os adolescentes entrevistados.

O problema da aceitação da vacina deve ser encarado como uma rede com níveis de complexidade variados, a desigualdade social e racial tem influência direta em muitos temas de saúde e nesse não é diferente29. O apoio da família e a decisão compartilhada devem sempre ser preferidos à simples imposição governamental24.

O conhecimento dos pais sobre o HPV e suas repercussões na saúde dos adolescentes, filhos e filhas, é fundamental para a aceitação da vacina9. A decisão de ser vacinado ou vacinar-se é influenciado pelos pais e familiares, principalmente na população-alvo mais precoce6. Muitos pais são contra a vacinação por medo de possíveis efeitos colaterais, havendo, portanto, desconhecimento sobre a segurança e impacto positivo da vacina na saúde dos filhos9.

Após a introdução da vacina nos programas nacionais de imunização os estudos vêm mostrando maior aceitabilidade à vacina noutros países30,31. No entanto, na Colúmbia Britânica (Canadá), mesmo com financiamento público e vacinação nas escolas, 35% dos pais decidiram não vacinar as suas filhas. Os motivos principais relatados foram preocupações sobre a segurança da vacina, intenção de esperar até sua filha estar mais velha e não ter informação suficiente sobre a vacina32.

O constructo (anexo 1), permitiu demonstrar que pais e responsáveis são informados sobre a existência da vacina para o HPV, sendo favoráveis à sua implantação e à iniciativa do governo de vacinar suas filhas. Estudo regional em nosso país observou não haver dificuldades à aceitação da vacina em nosso meio33, o que é corroborado entre os entrevistados.

O conhecimento sobre a origem viral do HPV e de seu envolvimento com o câncer cervical, bem como ser sexualmente transmissível e poder causar alterações na citologia oncótica do colo do útero foram temas identificados por meio do constructo elaborado. A postergação de vacinar é barreira de vacinação relacionada a conhecimento sobre a vacina e sobre o HPV33, bem como, lacunas de conhecimento da infecção por HPV e sua relação com o câncer cervical34 trazem repercussões como adiar a vacinação entre seus filhos.

Outra barreira à aceitação da vacinação comum é o mito entre os pais de que a vacinação possa levar a uma atividade sexual precoce ou promíscua, aumentando a quantidade de parceiros sexuais e também afetar negativamente o uso de preservativo35. De forma divergente, os pais entrevistados (Tabela de 2 a 4) apresentaram boa aceitação e não demonstraram mitos relacionados ao início precoce da atividade sexual.

O constructo permitiu revelar dúvidas a respeito da segurança e da eficácia da vacina para o HPV, principalmente entre os pais entrevistados na (tabela 3). Albright et al.36 demonstraram dúvidas semelhantes referentes à segurança e à eficácia da vacina, o que se refletiu na decisão destes pais de postergar a vacinação em suas filhas até que a sua efetividade ficasse comprovada. Cheruvu et al.37 revelam que pais não tinham intenção de vacinar suas filhas por preocupação quanto à segurança e Figueroa-Downing et al.10 também encontraram lacunas de conhecimento relacionadas à segurança da vacina em seu estudo.

Em relação à eficácia da vacina sobre a saúde dos vacinados, o constructo permitiu identificar menor propensão de acerto entre os pais entrevistados quando interrogados sobre a redução na chance de adquirir verrugas genitais e sobre a eficácia da vacina em reduzir alterações causadas pelo HPV no exame de rastreamento do colo do útero (Papanicolau). Os profissionais de saúde do estudo de McRee et al.38 concedem aos pais a garantia de que a vacina para o HPV é segura e ainda afirmam influenciar a decisão dos pais sobre a vacinação de seus filhos.

Nunes et al.39 concordam que a vacina é altamente eficaz para a prevenção dos sorotipos virais específicos (HPV 6, 11, 16 e 18), bem como, Harper e Demars40 avaliaram e comprovaram a eficácia da vacina para a prevenção do HPV nesta primeira década de vacinação.

Assim, há evidências na literatura dos benefícios da vacina contra o HPV, os profissionais de saúde necessitam ser mais proativos na recomendação da vacina para o HPV, instruindo não apenas a tomada de decisão informada, mas enfatizando a sua importância e o compromisso de completar a série de vacinas exigida pelo governo, garantindo uma adequada cobertura vacinal41.

Os profissionais de saúde apresentam maior proporção de acerto nas questões relacionadas sobre o conhecimento do HPV, sobre ser doença sexualmente transmissível e ter etiologia relacionada ao câncer cervical. Figueroa-Downing10 corrobora semelhante proporção de acerto a respeito do HPV e de sua transmissão sexual.

A relação entre as alterações encontradas na citologia oncótica do colo do útero e a infecção pelo HPV foi lacuna de conhecimento identificada pelo constructo entre os profissionais de saúde entrevistados. Ainda, os profissionais de saúde não relacionaram o tabagismo com o câncer cervical, revelando dúvidas ou tema a ser esclarecido em ações de educação em saúde para profissionais e que atuam na saúde do adolescente.

Em relação ao conhecimento sobre a vacina para o HPV, os entrevistados revelaram dúvidas sobre sua eficácia contra lesões precursoras do câncer cervical, sobre o esquema vacinal e sobre sua segurança. Estudos demonstram a eficácia da vacina na redução de lesões cervicais de baixo e alto grau em países que adotaram a vacina como forma de prevenção primária para câncer de colo do útero há mais de 5 anos4,39,42.

Profissionais de saúde recomendam a vacinação como prevenção primária para o HPV43 e afirmam que oferecem a vacina para o HPV como uma imunização opcional aos adolescentes38. Isto reforça a importância de estudos territoriais e com profissionais de saúde sobre a temática. Os resultados demonstram que os profissionais de saúde entrevistados sabem que a vacina é oferecida gratuitamente pelo sistema de saúde e que está inserida no programa nacional de imunização.

Os profissionais de saúde orientados quanto à competência em indicar a vacina e seguros em seus conceitos quanto à eficácia e segurança são norteadores neste processo de implantação de novos meios de prevenção de condiloma acuminado, câncer de colo do útero e entre outras repercussões causadas pelo HPV, contribuindo para a saúde pública na construção de ações e estratégias preventivas19,44.

Os profissionais de saúde devem estar atualizados com o programa implantado em âmbito nacional e atento às lacunas de conhecimento dos pais e adolescentes sobre o HPV e suas repercussões para orientá-los de modo mais eficaz. Devem, ainda, identificar as barreiras de aceitação atuando na educação em saúde da vacina contra o HPV, desmitificando tabus na população e contribuindo com a completa cobertura vacinal7,20.

Por outro lado, os temores sobre a segurança da vacina e as informações veiculadas por alguns grupos impactaram na aceitabilidade em alguns países32,45,46,47. Por se tratar de uma vacina recente, são necessários mais estudos de acompanhamento nos diferentes países após a introdução da vacinação. Políticas e programas precisam ser revistos e reavaliados à medida que os resultados das pesquisas e os dados de monitoramento se tornem disponíveis.

Assim, na abordagem qualitativa, as regras metodológicas de busca empírica da literatura não são fixas e totalmente definidas trazendo limitação do estudo quanto a sistematização da revisão. A elaboração do constructo por meio de revisão qualitativa é flexível e particular com evolução ao longo da investigação para um constructo baseado em interação e análise dos investigadores13,14.

Os pontos fortes do presente estudo são a novidade do questionário, apresentando uma linguagem mais acessível (uma vez que boa parte do público-alvo é leiga), com perguntas direcionadas para pais, adolescentes e específicas para profissionais de saúde e pessoas do sexo feminino, além da capacidade de testar o referido instrumento de pesquisa, o que pode servir de auxílio e de base para futuros estudos similares. Uma possível limitação pode ser atribuída ao pequeno número de participantes, dificultando o estabelecimento de diferenças estatisticamente significativas entre os subgrupos.

O constructo permite identificar conhecimento e percepção sobre temas como HPV, suas repercussões na saúde da mulher e aceitabilidade da vacina na população alvo bem como nos pais e profissionais de saúde. Por fim, a aplicação do instrumento de coleta de dados com recursos e subsídios de entrevista em populações diversas.

 

CONCLUSÃO

O constructo/instrumento mostrou-se adequado para aferir o conhecimento sobre o HPV, suas repercussões e sua vacina entre os adolescentes, pais/responsáveis e profissionais de saúde, bem como sobre a aceitabilidade da vacina para o Papiloma vírus humano sendo instrumento adequado para coleta de dados sobre a temática conhecimento e percepção sobre temas como HPV, suas interações com o hospedeiro humano, vacina para o HPV.

 

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Endereço para correspondência:
icesorpreso@usp.br

Manuscrito recebido: Outubro 2017
Manuscrito aceito: Dezembro 2017
Versão online: Março 2018

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