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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.28 no.3 São Paulo set./dez. 2018

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.152171 

ARTIGO ORIGINAL

Impacto da cárie dentária não tratada na saúde de adolescentes de municípios do interior do Rio Grande do Sul

 

 

Paola TibollaI; Lilian RigoII

IAcadêmica do curso de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED de Passo Fundo (RS), Brasil
IIProfessora Doutora do curso de Odontologia da Faculdade Meridional/IMED de Passo Fundo (RS), Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: A cárie dentária é um grande problema de saúde pública em todo o mundo, pois pode causar dor e sofrimento aos indivíduos. Mesmo com um declínio da doença em crianças nos últimos anos, é observado em muitos países.
OBJETIVO: O objetivo desta pesquisa é analisar a média de cárie dentária e a prevalência de cárie não tratada e fatores associados em escolares da região Sul do Brasil.
MÉTODO: A abordagem do estudo é quantitativa, cujo delineamento é de corte transversal. A amostra foi composta por 77 adolescentes das escolas estaduais da zona urbana dos municípios de Ciríaco e David Canabarro, RS. Para a coleta de dados, foram realizados exames clínicos, utilizando o índice CPOD, e a aplicação de dois questionários semiestruturados dirigidos aos adolescentes e a seus pais. Os dados foram analisados individualmente, primeiramente por estatística descritiva e, posteriormente, por estatística inferencial ao teste do qui-quadrado de Pearson e de ANOVA, ao nível de significância de 5%.
RESULTADOS: A prevalência de cárie dentária não tratada na amostra final foi de 40,3% e a média de dentes com experiência de cárie, medida pelo índice CPOD (média de dentes cariado, perdidos e obturados) foi 2,32, não havendo diferença estatística entre os municípios. Houve relação estatisticamente significativa entre a variável dor de dente nos últimos seis meses e o desfecho cárie não tratada (p=0,012) com 76% dos que tiveram dor. Também houve associação entre a variável percepção do tratamento na última consulta e cárie não tratada (p=0,021) com 84,6% adolescentes que consideraram o tratamento ruim/regular.
CONCLUSÃO: A média de cárie dentária foi baixa, porém, muitos adolescentes possuem dentes cariados sem tratamento, sendo a dor de dente e a ausência de qualidade no tratamento odontológico os fatores que mais impactaram.

Palavras-chave: cárie dentária, índice CPO, odontalgia, tratamento odontológico.


 

 

INTRODUÇÃO

A cárie e a doença periodontal são as doenças bucais mais prevalentes do ponto de vista da saúde pública, causando, assim, grande impacto sobre a qualidade de vida dos indivíduos por elas acometidos. Por essa razão, tais doenças são abordadas em diversas pesquisas epidemiológicas, e seus resultados são importantes para o desenvolvimento de medidas preventivas e de promoção em saúde bucal1.

Em especial, a cárie dentária é um grande problema de saúde pública em todo o mundo, pois pode causar dor e sofrimento aos indivíduos. Mesmo com um declínio da doença em crianças nos últimos anos, é observado em muitos países, a prevalência ainda continua alta, tendo registros de vários países uma prevalência superior a 50% em crianças de 12 anos de idade2.

A dor dentária, que pode ser causada pela cárie dentária não tratada, também se configura como um problema de saúde pública em muitos países, dentre eles o Brasil3. Devido à sua elevada prevalência, essa dor é uma das principais causas de sofrimento e com consequências sociais, psicológicas e econômicas nos indivíduos acometidos, resultando em comprometimento da qualidade de vida e trazendo impactos à sociedade. Além disso, a dor dental tem sido apontada por indivíduos, incluindo crianças, como a principal razão para buscar atendimento odontológico4. É relativamente comum crianças em idade escolar apresentarem alta prevalência de dor dentária, que é causada principalmente pela cárie dentária não tratada e relacionada às más condições de saúde bucal5.

A cárie dentária pode ser influenciada por fatores ambientais, pelo estilo de vida e por condições socioeconômicas. Porém, existem limitações e dificuldades para seu controle e em grande parte do mundo ela continua sem tratamento, particularmente nas populações em desvantagem socioeconômica, afetando ainda em grande proporção crianças e adolescentes6.

Nos últimos anos, a condição social tem sido destacada na avaliação da cárie dentária, sendo considerada como um fator de relevância para o risco da cárie2. A baixa renda, representada pela dificuldade de acesso aos serviços odontológicos e aos produtos de higiene, aliada à falta de informação e de conhecimento sobre hábitos de higiene bucal, está associada à prevalência e à severidade da cárie dentária7-9. Muitos estudos epidemiológicos descrevem a associação entre condição social e pior condição de saúde bucal7-10. Há evidências de que a distribuição da cárie nas populações é desigual e comumente associada à condição socioeconômica. Desse modo, os estudos sobre os fatores que determinam as doenças bucais ganharam maior importância e usualmente incluem fatores socioeconômicos, tais como o grau de escolaridade, a renda individual ou familiar e a ocupação dos indivíduos2.

Nesse contexto, torna-se de suma importância a realização de um levantamento epidemiológico em municípios que ainda não foram realizados, tal qual o desenvolvido no presente trabalho, que pretende servir de base para avaliação da situação atual e para o monitoramento desses indicadores. Além disso, será possível avaliar o impacto das possíveis mudanças, que devem ser alcançadas a partir do desenvolvimento de medidas preventivas, educacionais e de promoção de saúde bucal na população.

O objetivo desta pesquisa é analisar a média de cárie dentária e a prevalência de cárie não tratada e fatores associados em escolares da região Sul do Brasil.

 

MÉTODO

Para as questões éticas, o projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Meridional-IMED e aprovado sob número 2.014.434. Foi também solicitado às Diretoras das escolas o consentimento para ter acesso aos escolares, a partir do Termo de autorização do local. Aos pais dos adolescentes, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a fim de confirmar a sua compreensão e a liberação da participação de seus filhos na presente pesquisa. Ainda, aos adolescentes foi solicitada a assinatura do Termo de Assentimento, confirmando sua participação na realização deste trabalho.

Delineamento e amostra do estudo

A pesquisa tem uma abordagem quantitativa, cujo delineamento é de corte transversal. A população do estudo foi composta por todos os 100 alunos matriculados no mês de julho de 2016 nas duas escolas estaduais da zona urbana dos municípios do interior do Rio Grande do Sul com idades entre 11 e 12 anos. Desses, 60 adolescentes eram estudantes da escola que pertence ao município de David Canabarro e 40 estudantes da escola do município de Ciríaco. Do total, 54 e 23 estudantes, respectivamente dos dois municípios, aceitaram participar da pesquisa, totalizando uma amostra de 77 adolescentes, o que caracterizou uma perda de 23%.

Localização do estudo

O município de David Canabarro localiza-se na região Noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil. Com uma população de 4.683 habitantes11 e uma área total de 174,939 km2.

O município de Ciríaco localiza-se na região Noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil. Com uma população de 4.922 habitantes11 e área total de 273,873 km2.

Procedimentos e instrumentos para coleta de dados

Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário auto aplicativo aos escolares e outro aos pais, com questões relacionadas aos cuidados dentários, fatores de risco e conhecimentos sobre a cárie dentária.

Posteriormente, foi realizado um exame clínico para a coleta de dados sobre cárie dentária em todos os adolescentes, utilizando-se, para isso, o índice CPOD (índice de dentes cariados, perdidos e obturados). O índice CPOD mede o ataque de cárie dental à dentição permanente. Suas iniciais representam respectivamente: dentes cariados (C), perdidos (P), obturados (O) e a medida de unidade que é o dente (D). Os perdidos subdividem-se em extraídos (E) e extração indicada (Ei), proposto por Palmer e Klein12.

Para os critérios de inclusão dos estudantes, estes deveriam estar matriculados nas escolas estaduais da zona urbana de David Canabarro e de Ciríaco, aceitar participar da pesquisa, por meio da assinatura dos Termos de Consentimento, e estar presente na data da coleta dos dados.

Primeiramente, foi solicitada a autorização do local nas escolas estaduais dos municípios, para, posteriormente, solicitar a assinatura dos pais ou responsáveis consentindo participar da pesquisa além da assinatura do Termo de Assentimento pelos adolescentes.

Um questionário foi enviado aos pais dos adolescentes, contendo perguntas relativas a condições socioeconômicas, acesso aos serviços odontológicos dos seus filhos, tendo utilizado como referência o "Formulário de avaliação socioeconômica, acesso aos serviços odontológico, e autopercepção de saúde bucais adotado no 'SB Brasil 2010'13 Ambos os questionários foram adaptados, acrescentando-se algumas questões específicas para o presente estudo sobre conhecimento sobre cárie dentária, métodos de prevenção e higiene bucal, ingestão de balas e doces e de acesso ao dentista.

Posteriormente, foi aplicado um questionário semiestruturado aos escolares com informações referentes à dieta alimentar, conhecimento sobre a cárie dentária, hábitos de higiene bucal e autopercepção de saúde bucal. Os questionários foram entregues aos escolares em suas respectivas salas de aula para serem respondidos. Decorrida 1 hora, passou-se nas salas para recolher os questionários, para que não ocorresse a influência do pesquisador. A coleta de dados foi realizada nas escolas no mês de julho de 2016, nos turnos da manhã e tarde, conforme a disponibilização dos horários pelas Diretoras das Escolas e dos Professores presentes em aula, buscando não atrapalhar as atividades propostas pelas escolas e pelos professores. Após, foi realizada a coleta dos dados, por intermédio de exames clínicos intrabucais, segundo o índice CPOD para cárie dentária. Os alunos foram chamados um por vez, para que pudessem ser examinados adequadamente. Utilizaram-se conjuntos compostos por espelho bucal plano e sonda exploradora esterilizados e abaixadores de língua, seguindo normas de biossegurança do Ministério da Saúde para levantamento epidemiológico. Todos os alunos foram examinados próximo à luz natural (janela) e com iluminação artificial e auxílio de lanterna, em uma sala disponibilizada pelos responsáveis pelas escolas.

Os dados foram analisados individualmente por estatística descritiva e por estatística inferencial pelos testes do qui-quadrado de Pearson e de ANOVA ao nível de significância de 5%. Utilizou-se, para isso, o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)20.0.

 

RESULTADOS

A análise identificou que dos 77 participantes que responderam ao questionário, 54 (70,1%) residiam no município de David Canabarro e os outros em Ciríaco e possuíam 11 ou 12 anos de idade, sendo 50,6% do sexo feminino e os demais do sexo masculino.

Destes, 59 (76,6%) relataram não saber como ocorre à cárie dentária, mas somente 3,9% deles, escovam os dentes somente uma vez por dia, ao contrário dos demais, que escovam duas ou mais vezes por dia e somente 33,8% fazem uso do fio dental diariamente. A maioria deles, já foi alguma vez ao dentista, sendo 98,7% no último ano, cujos motivos foram variados: 54,5% por revisão/check up ou prevenção, 10,4% por dor de dente, e os demais para algum tratamento. A maioria teve uma boa percepção do tratamento odontológico realizado na última consulta (83,1%), porém, 28,6% acha que necessita de tratamento dentário atualmente.

Quando os escolares foram questionados em relação à presença de dor de dente, 25 (32,5%) relataram ter sofrido dor dentária nos últimos 6 meses. Dessa forma, 64 (83,1%) dos alunos tiveram uma boa percepção do tratamento na última consulta estando satisfeitos.

Quando questionados sobre a frequência da ingestão de balas ou doces, 23,4% afirmaram ingerir todos os dias.

Em relação à escolaridade dos pais, 57,2% estudaram até o ensino fundamental, 27,% até o ensino médio e 15,6% frequentaram ensino superior. Em relação à renda, questionados quanto ao valor recebido mensalmente, 55,9% recebem de R$500,00 até R$1.500,00, sendo que a outra parte (44,1%) recebe de R$1.501,00 até R$4.500, 00 mensalmente. Segundo os pais, 85,5% afirmaram que o acesso ao cirurgião-dentista é fácil e rápido, sendo que 67,5% frequentam o serviço público e 32,5 % frequentam o serviço particular.

A média do índice CPOD encontrada em todos os adolescentes foi 2,32 (dp 1,81). Verificando separadamente, conforme os municípios, a média nos adolescentes de David Canabarro foi de 2,43 (dp 1,93) e nos de Ciríaco de 2,09 (dp 1,50). Conforme análise estatística para verificar diferença entre os grupos, foi possível observar que não houve diferença estatisticamente significativa entre as médias de cárie dentária entre os adolescentes dos dois municípios, a partir do teste de Análise de Variância (ANOVA), com p=0,45.

Quando analisados os componentes do CPOD separadamente, verificou-se que a prevalência de cárie dentária não tratada foi de 40,3%, observados pela soma do componente C (cariado) e do obturado, porém, com cárie presente. Na Figura 1, estão representadas as frequências dos componentes do CPOD (cariado, obturado, obturado e cariado, perdido por cárie) (Figura 1).

 

 

Para a construção da variável dependente cárie não tratada, os componentes do CPOD foram categorizados em dois grupos: 1. Cárie-presente - cariados (C) e obturados, mas com cárie (O); 2. Cárie ausente - todos os outros componentes.

As relações bivariadas estão apresentadas nas Tabelas 1 e 2, entre variável dependente e as independentes (variáveis sócio demográficas e variáveis de hábitos e percepções bucais). Após a análise estatística, observou-se uma relação estatisticamente significativa entre a variável dor de dente nos últimos 6 meses e cárie não tratada com frequência de 76% dos que tiveram dor de dente nos últimos 6 meses e cárie presente (p =0,012). Também, observou-se associação entre a variável percepção do tratamento odontológico na última consulta e cárie não tratada (p=0,021), com frequência de 84,6% dos que consideraram o tratamento ruim e/ou regular (Tabela 1 e Tabela 2).

Os dados encontrados nas publicações cientificas com altas evidências e que serviram para a Discussão do trabalho encontram-se na Tabela 3.

 

DISCUSSÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os valores do índice que correspondem aos seguintes graus de severidade: muito baixo (0,0 a 1,1), baixo (1,2 a 2,6), moderado (2,7 a 4,4), alto (4,5 a 6,5) e muito alto (6,6 e mais)14. Observa-se que os valores obtidos no presente estudo classificam a média de cárie dentária como baixa em ambos os municípios investigados.

O índice CPOD total encontrado foi de 2,32, dos quais 2,43 nos escolares do município de David Canabarro e 2,09 nos escolares de Ciríaco. Resultados semelhantes foram encontrados na Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, na qual o CPOD foi 2,06 na região Sul do País aos 12 anos de idade15, assim como no estudo de Rihs et al.16 no município de Indaiatuba, SP, no qual o CPOD foi 2,50. Esses índices corroboram os dados apresentados na presente pesquisa. A importância destes achados bucais nos escolares é de extrema relevância para a Saúde Pública dos municípios, pois, o planejamento das estratégias pode ser formulado a partir dos resultados aqui demonstrados.

Diferente destes resultados, alguns estudos encontraram CPOD moderado: em Rio Claro, SP, os autores obtiveram CPOD 2,7117; em João Pessoa, PB, 3,37 nas escolas públicas e 1,35 nas escolas privadas18; em Serro, MG, a média foi 2,733, e no município de Passo Fundo-RS o índice CPOD aos 12 anos de idade foi de 3,386. No entanto, melhores resultados ainda foram encontrados por Geus et al.19, tendo uma média de CPOD muito baixa, de apenas 1,0 em Ponta Grossa, PR, assim como na Pesquisa Nacional de Saúde Bucal que obteve média de 1,49 em Porto Alegre15.

O estudo também objetivou relacionar as condições socioeconômicas, como a renda familiar dos estudantes, com a prevalência de cárie dentária, pois achados na literatura demonstraram associações entre essa variável e o CPOD elevado. Pode-se citar a esse respeito a pesquisa de Galindo et al.8, que reforçam essa afirmação, pois os autores observaram que o CPOD diminuiu significativamente com o aumento da renda familiar. Outros estudos que corroboram esses achados são o de Freire et al.2, que observaram que a experiência de cárie foi significantemente mais elevada em famílias com renda mais baixa, e o de Skinner et al.20, que mostrou que a experiência de cárie dentária severa estava relacionada com diversos fatores, dentre eles a renda familiar. No entanto, no presente estudo, não houve significância estatística. Pode-se atribuir isso ao nível socioeconômico mais elevado dos municípios em que foi desenvolvida a pesquisa. Tais municípios apresentam Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) igual a 0,762 em David Canabarro e 0,719 em Ciríaco. Isso significa que ambos estão na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799) e pode sugerir que há o efetivo acesso aos serviços de saúde e aos bens para sua população. No que se refere às dimensões que mais contribuem para o IDHM de ambos os municípios estão longevidade, renda e educação21. O índice de Gini (que mede o grau de concentração da renda e varia de 0 a 1, em que 0 representa a situação de total igualdade, e o valor 1 significa completa desigualdade de renda) dos municípios é de 0,44 no município David Canabarro e 0,45 no município Ciríaco21. Assim, os indicadores apresentados são considerados bons para demonstrar o desenvolvimento social em ambos os municípios. Cabe ainda salientar que as condições socioeconômicas e o maior nível de instrução e de informação podem estar relacionados a menores índices de cárie dentária nos escolares dos municípios, tendo como consequência uma maior procura pelos serviços odontológicos.

As variáveis "motivo da última consulta", "acesso aos serviços odontológicos", "quando consultou o dentista pela última vez", "frequência da escovação e uso de fio dental" não apresentaram relação com a cárie dentária não tratada no presente estudo. Embora não se tenha observado relação com essas variáveis, o percentual de adolescentes que frequentaram o dentista no último ano foi de 98,7%, e os principais motivos da procura pelo profissional foram revisão, prevenção ou check up, relatados pelos estudantes. Além disso, a grande maioria considerara fácil o acesso aos serviços odontológicos, tanto que 94,8% dos pais relataram levar o filho ao dentista. No que se refere aos hábitos de higiene bucal, a maioria dos alunos relatou escovar os no mínimo, duas vezes ao dia. Segundo autores, os hábitos de higiene e o acesso aos serviços odontológicos são fatores importantes para a prevenção da cárie dentária, como apontam Rigo, Caldas Júnior e Souza6. Porém, o estudo de Ferreira el al.22 mostrou resultados diferentes aos encontrados na presente pesquisa, pois, 33,44% relataram que o motivo da última consulta foi dor de origem dentária, relacionada à baixa frequência de escovação diária, ao maior período de tempo da última consulta odontológica e à alta experiência de cárie. Diante disso, pode-se inferir que a busca pelos serviços odontológicos para revisões e os hábitos de higiene bucal mostraram-se frequentes nos escolares dos dois municípios. Resultados encontrados no estudo de Junqueira et al.23 mostraram relação positiva entre maiores índices de necessidade de saúde e a dificuldade de acesso aos serviços, e, ainda, menores necessidades de saúde relacionadas à maior prevalência de crianças livres de cárie dentária.

A prevalência de cárie dentária não tratada apurada neste estudo foi de 40,3%, mostrando-se semelhante aos estudos de Santin et al.24, realizado em Araucária, PR, com adolescentes de 12 anos de idade, em que a prevalência de cárie com diagnóstico clínico não tratado foi de 45%. Da mesma forma, estudo de Skinner et al.20, realizado na New South Wales, Austrália, mostraram que 44,4% dos adolescentes apresentaram experiência em cárie em pelo menos um dente. Porém, revelou-se um pouco mais alta quando comparada a outros estudos, como os de Ferreira et al.22 e Ferreira et al.25, ambos realizados em Piracicaba, SP, que mostraram que 23,3% e 22,32% dos adolescentes apresentavam-se com lesão cariosa não tratada, respectivamente. Entretanto, a prevalência revelou-se mais baixa que os achados da capital, Porto Alegre, onde a experiência de cárie dentária não tratada foi elevada, com 63,1%, e que na região Sul do Brasil, que foi de 60,7%.15 Assim, consegue-se observar que os escolares dos municípios pesquisados tiveram resultados melhores do que os dos estudos realizados no Sul do País.

Além disso, no presente estudo, 32,5% relataram ter sofrido dor dentária nos últimos 6 meses, tempo semelhante aos resultados encontrados por outros autores, como Schuch et al.4, realizado em Pelotas,RS, onde a prevalência de dor dental foi de 35,7%, e Noro et al.26, feito em Sobral, CE, onde a prevalência de dor de dente foi de 31,8% nos últimos 6 meses. Essa prevalência deve ser considerada elevada quando comparada aos seguintes estudos: Freire et al.27, realizado em 26 capitais de estados brasileiros e no Distrito Federal, onde a prevalência de dor de dente foi de 17,8%; Jaiswal et al.28, em Kollipara Mandal, distrito de Guntur, Andhra Pradesh, na Índia, cuja prevalência de dor de dente foi de 28,3%; Rosa et al.29, realizado em 36 municípios com até 50.000 habitantes no Rio Grande do Sul, onde 29,8% relataram ter dor de dente nos últimos 6 meses. Por sua vez, é inferior aos resultados do estudo realizado em Santa Maria, RS, onde encontraram prevalência de dor de dente nos últimos 6 meses em 63,2% estudantes30, e em Leh, Ladakh, Índia, que mostrou que a prevalência de dor dentária nos últimos 6 meses foi de 77%31.

Na literatura, podem-se observar diferentes períodos de tempo para pesquisar a experiência de dor dentária, alguns mais curtos, como de 4 semanas, que reduzem riscos de viés. Porém, em períodos mais longos, como 6 meses e 1 ano, pode ser avaliada a dor resultante de uma doença crônica, como descrevem Schuch et al.4, no qual, da mesma forma que na presente pesquisa, foi adotado um período de 6 meses. A prevalência de dor dentária é uma medida da qualidade de vida e um dos indicadores da saúde oral. Sua redução é um dos objetivos das metas globais para saúde oral 2020, como apontam Pau et al.32.

A experiência de cárie dentária não tratada teve associação estatisticamente significativa com as variáveis dor de dente nos últimos 6 meses, com frequência de 76% dos que tiveram dor de dente nos últimos 6 meses e cárie presente (p =0,012). No estudo de Rihs et al.33, realizado em Paulínia, SP, os estudantes que relataram dor dentária tiveram um índice CPOD mais elevado e, como consequência, uma maior necessidade de tratamento, ditando que a dor nos últimos meses se relacionou a escolares com piores condições de saúde bucal. Nossos resultados ainda corroboram com os achados de Lopes et al.10 realizado em São Paulo, SP, o qual observou associação entre a cárie dentária não tratada em crianças que tiveram dor nos últimos 6 meses, este mesmo mostrou relação com outros fatores para experiência de cárie não tratada como ser de ascendência africana, de escolas públicas, com renda igual ou inferior a um salário mínimo e que viviam em habitação com elevada densidade familiar. O estudo de Rosa et al.29, realizado em 36 municípios com até 50.000 habitantes do Rio Grande do Sul, mostrou que adolescentes com cárie dentária relataram ter até duas vezes mais dor de dente do que aqueles sem cárie dentária. Autores descrevem que a qualidade de vida relacionada à saúde bucal e a dor dentária foi associada à ausência escolar em adolescentes de 12 anos. Os autores descrevem que, a cada 20 crianças, ao menos uma relata ausência escolar devido à dor de dente5. Portanto, presente estudo observou que os adolescentes escolares com presença de cárie dentária não tratada apresentaram dor dentária nos últimos 6 meses, o que foi semelhante a outras regiões do Estado e do País, o que pode causar impactos da saúde bucal dos adolescentes na sociedade.

Noro et al.26 descreveram que o medo de cirurgiões dentistas e dos procedimentos odontológicos ainda são vivenciados por grande parte da população. Em razão disso, os adolescentes são propensos a procurar menos serviços odontológicos, devido à sua desconfiança dos cirurgiões dentistas e à alta ansiedade ligada ao receio com relação aos procedimentos. Segundo os autores, esses elementos explicam o padrão irregular de atendimento odontológico em adolescentes. No presente estudo, outra variável que esteve associada à cárie não tratada foi a percepção do tratamento na última consulta, sendo 84,6% os que acharam o tratamento ruim ou regular, e cárie presente (p=0,021). Pode-se supor que o medo e a ansiedade fazem com que os adolescentes descrevam o tratamento odontológico como ruim ou regular, frequentem menos o dentista e, por consequência disso, apresentem mais cárie dentária não tratada. Corroborando essa afirmação, Schuch et al.4 descreveram que pacientes com medo têm maior possibilidade de adiar o tratamento, acarretando, com isso, em problemas dentários mais extensos.

O estudo tem o delineamento como limitação, especialmente por não permitir inferências de causa-efeito entre os fatores relacionados cárie dentária, e por não permitir acompanhamento dos examinados, assim como na maioria dos estudos transversais2,3,24,34,35. Sugere-se assim, que próximos estudos sejam realizados com uma abordagem metodológica diferente, como por exemplo, um estudo de coorte que permite inferências de causa-efeito com os fatores relacionados a cárie dentária.

A pesquisa tem grande relevância social, já que abordou uma amostra de adolescentes escolares de dois municípios interioranos da região noroeste do Rio Grande do Sul. A determinação do estado de saúde bucal, através deste levantamento, contribui e permite que o setor público tome conhecimento e elabore estratégias para prevenir problemas de maior abrangência, podendo reduzir as patologias investigadas.

A contribuição desta pesquisa para o campo da saúde pública dos municípios está na inediticidade em realizar uma pesquisa epidemiológica com exames bucais nos escolares, descrevendo assim, um prevalente agravo bucal e sua necessidade de tratamento.

 

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, foi possível concluir que:

a média de cárie dentária é baixa nos escolares de ambos os municípios, porém, com uma elevada prevalência de cárie dentária não tratada;

houve associação entre a presença de dor de dente nos últimos seis meses e a percepção do tratamento odontológico na última consulta com a presença de cárie dentária não tratada, sendo a dor de dente e a ausência de qualidade no tratamento odontológico os fatores que mais impactaram.

 

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Endereço para correspondência:
lilia.nrigo@imed.edu.br

Manuscrito recebido: Maio 2018
Manuscrito aceito: Outubro 2018
Versão online: Novembro 2018

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