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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.28 no.3 São Paulo set./dez. 2018

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.152196 

ARTIGO ORIGINAL

 

Descrição de padrão atípico de gemelares com Zika congênita presumida e sem microcefalia - Relato de Caso

 

 

Ana Carolina Peixoto e Lucena FontesI, III; Italla Maria Pinheiro BezerraI, II; Luiz Carlos de AbreuI, II

ILaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário FMABC
IIUniversidade Estadual de Pernambuco. Campus de Serra talhada, PE, Brasil
IIIEscola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: A infecção pelo zika vírus (VZIK) foi emergência em saúde pública de interesse nacional brasileiro até maio de 2017, devido ao súbito aumento de nascidos com microcefalia e outras alterações neurológicas durante a epidemia iniciada no Brasil em novembro de 2015. As manifestações da infecção intrauterina pelo VZIK são mais graves quando ocorrem no primeiro e segundo trimestres de gestação, principalmente no primeiro trimestre. Nesta situação, o diagnóstico precoce dos problemas visuais é imprescindível para que os pacientes apresentem avanços nos campos neurológicos e até motores, sendo que há complicações como erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia), estrabismo e hipoacomodação. A ausência de microcefalia em lactentes expostos ao zika vírus não é indicativo de alterações ofatalmológicas, sendo imprescindível ap médico oftalmologista realizar as investigações spertinentes ao caso clínico. Toda e qualquer lesão ocular e em seus anexos são graves. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais cedo a criança pode ser submetida a uma intervenção para habilitação da visão
OBJETIVO: Analisar padrão atípico de gemelares com zika congênita presumida e sem microcefalia.
MÉTODO: Trata-se de um relato de caso, desenvolvido na cidade de Serra Talhada, interior do estado de Pernambuco, Nordeste Brasileiro
RELATO: Caso de gemelares cuja mãe foi exposta ao zika vírus no segundo trimestre de gestação (décima primeira semana). As crianças nasceram prematuras e sem microcefalia. Um dos gemelares apresentou hidrocefalia com necessidade de intervenção cirúrgica. A mesma criança foi levada para exame oftalmológico por possuir estrabismo convergente e foi encontrado nervo óptico hipocorado e cicatriz coriorretiniana em região macular em ambos os olhos semelhantes às lesões descritas pelo zika vírus. Quadro similar, mas com menor comprometimento visual foi identificado no segundo gemelar. A tomografia de crânio demonstrou focos de calcificação nos hemisférios cerebrais bilateralmente.
CONCLUSÃO: Houve presença de desvio convergente e nistagmo às lateroversões. Na fundoscopia, o nervo óptico apresentou-se hipocorado e com lesão coriorretiniana cicatricial com bordos bem delimitados em área macular de ambos os olhos.

Palavras-chave: gravidez, Zika Vírus, oftalmologia, transtornos de visão.


 

 

INTRODUÇÃO

A infecção pelo Zika vírus (VZIK) foi emergência em saúde pública de interesse nacional brasileiro até maio de 2017, devido ao súbito aumento de nascidos com microcefalia e outras alterações neurológicas durante a epidemia iniciada no Brasil em novembro de 2015. As manifestações da infecção intrauterina pelo VZIK são mais graves quando ocorrem no primeiro e segundo trimestres de gestação, principalmente no primeiro trimestre.

O primeiro caso de infecção por ZIKV aconteceu no ano de 1953, na Nigéria1. Após esse primeiro relato o vírus circulou de maneira silenciosa por mais de 50 anos pela África e Ásia, sendo descritos poucos casos de forma isolada e sem indícios de acometimentos graves2-5.

A doença é transmitida pelo mosquito Aedes, cujas espécies mais importantes na transmissão dos recentes surtos são o Aedes aegypti e em menor proporção o Aedes albopictus4-7. No Brasil, o Aedes aegypti vive de forma endêmica e é vetor de outras arboviroses como a dengue e a chikungunya4,8,9, que tem apresentações clínicas semelhantes à Zika, cujo quadro sintomatológico clássico é leve e autolimitado, cursando geralmente com rash maculopapular, febre baixa, artrite ou artralgia, conjuntivite, mialgia, dor de cabeça e edema, sendo assintomático na maioria dos casos6,10,11. Outras formas de transmissão do ZIKV como a sexual12-15, por transfusão sanguínea16 e perinatal17 foram descritas.

Documentado inicialmente em abril de 201518,19, o surto da Zika no Brasil alcançou proporções de pandemia20,21, se espalhando rapidamente pelo continente. Postula-se que esse arbovírus foi trazido das Ilhas do Pacífico por ocasião de eventos esportivos ocorridos no Brasil em 201418,22. Um aumento da notificação de casos de crianças nascidas com microcefalia na região Nordeste23 concomitante ao surto de Zika, fez com que se cogitasse uma possível associação causal entre microcefalia e infecção por ZIKV na gestação24, no entanto, tal constatação pela Organização Mundial de Saúde e pela CDC (US Centers for Disease Control and Prevention) somente ocorreu em abril de 201625,26. Em vigência do quadro de risco à saúde pública, em 2016 no Brasil foram adotadas medidas de vigilância em saúde amparadas em leis editadas após surto, com o propósito de controlar disseminação do mosquito transmissor e amparar as famílias de crianças acometidas com microcefalia27.

A confirmação da transmissão vertical do ZIKV uniu esforços na caracterização de uma nova entidade: Zika Congênita. Nessa síndrome foram descritas anormalidades oculares, artrogripose e déficits auditivos, além da microcefalia e anormalidades neurológica8,28-30. No entanto, os relatos de alterações em recém-nascidos cujas mães foram expostas ao ZIKV na gestação e que não apresentaram microcefalia ao nascimento foram poucos31-35, visto que ela tem sido o critério utilizado para diagnóstico e investigação da Zika congênita na maioria dos trabalhos.

Ademais, o diagnóstico precoce dos problemas visuais é imprescindível para que os pacientes apresentem avanços nos campos neurológicos e até motores, sendo que há complicações como erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia), estrabismo e hipoacomodação. A ausência de microcefalia em lactentes expostos ao Zika vírus não é indicativo de alterações ofatalmológicas, sendo imprescindível ao médico oftalmologista realizar as investigações pertinentes ao caso clínico. Toda e qualquer lesão ocular e em seus anexos são graves. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais cedo a criança pode ser submetida a uma intervenção para habilitação da visão

Assim, este relato descreve o caso de uma gravidez gemelar em que a mãe foi infectada pelo ZIKV durante a gestação e as crianças nasceram com alterações oftalmológicas e neurológicas, mas sem microcefalia.

 

RELATO DE CASO

Gêmeos dizigóticos, uma menina e um menino, nascidos em Serra Talhada, cidade no interior do estado de Pernambuco, Brasil, em junho de 2016. A genitora de 31 anos apresentou rash cutâneo com prurido, febre baixa e edema no quarto mês de gestação, mas não foi submetida à investigação adicional na época. Fez pré-natal que cursou sem outras alterações nas cinco consultas registradas no cartão da gestante. Paciente realizou quatro ultrassonografias (USG) obstétricas sem evidências de anormalidades assim como os exames laboratoriais realizados de rotina no pré-natal (rubéola, toxoplasmose, VDRL e HIV). A mãe negou uso de drogas ilícitas, álcool e tabagismo. O parto ocorreu via vaginal na 34ª semana de gestação, sem intercorrências. Os dados relativos ao nascimento das crianças encontram-se na tabela 1.

 

 

Os recém-nascidos foram encaminhados à cidade de Recife, para terapia de suporte e ganho de peso em unidade de terapia intensiva neonatal.

Gemelar 1 (menina)

Foi submetida, aos três meses de idade, à cirurgia de terceiroventriculostomia endoscópica com colocação de derivação ventriculoperitoneal. Sua tomografia axial computadorizada de crânio mostrou focos de calcificação nos hemisférios cerebrais bilateralmente, mais evidentes na projeção dos sulcos caudo-talâmicos e ventriculomegalia (Figura 1).

O gemelar 1 iniciou com episódios convulsivos, o exame eletroencefalográfico (Figura 2), com desorganização do ritmo de base com atividade epileptiforme focal, frequente, nas projeções parietais bilaterais ocorrendo de forma síncrona e independente tendo sido iniciado fenobarbital para controle das crises.

 

 

A criança foi trazida pela mãe aos sete meses para consulta oftalmológica sob queixas de estrabismo. Ao exame, foi observado desvio convergente e nistagmo às lateroversões. Na fundoscopia, o nervo óptico (NO) apresentava-se hipocorado e lesão coriorretiniana cicatricial com bordos bem delimitados em área macular de ambos os olhos foi encontrada, semelhante a lesões previamente descritas na Zika congênita (Figura 3). A tabela 2 apresenta os dados do exame oftalmológico. Aos oito meses, o exame neurológico apresentou perimétrico cefálico de 41.5 cm, fontanela anterior aberta com 3cm. Sentava-se com apoio, sorria aos estímulos, acompanhava com olhar vertical e horizontal e gorjeiava. A avaliação auditiva foi normal.

Gemelar 2 (masculino)

Durante os primeiros seis meses, realizou consultas de puericultura sem identificação de alterações fenotípicas ou atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Realizou exame oftalmológico também aos sete meses após identificação de lesões de fundo de olho na irmã. Na fundoscopia, foi detectada pigmentação mosqueada no pólo posterior e lesão coriorretiniana já cicatrizada em ambos os olhos (Figura 3). A tabela 2 apresenta os dados do exame oftalmológico de ambas as crianças. Avaliação neurológica aos oito meses de idade demonstrou desenvolvimento neuropsicomotor normal para a idade. Avaliação auditiva foi normal.

Os testes de triagem para as causas mais comuns de infecção congênita (toxoplasmose, citomegalovirus, rubeola, sífilis, herpes e HIV) e também dengue e chikungunya foram negativos para mãe e crianças. A sorologia IgG para Vírus Zika (ELISA) foi positiva na mãe, porém negativa negativa nos lactentes.

 

DISCUSSÃO

A maioria dos achados atuais direciona à assistência médica, no que se refere à Zika congênita, são pautadas em crianças que evoluíram com algum grau de microcefalia. Nesse relato, demonstra-se a possibilidade de indivíduos terem problemas visuais e neurológicos mesmo na ausência da microcefalia, em quadro atípico da exposição intrauterina ao Vírus Zika (ZIKV). Estudos descreveram alterações nessas circunstâncias31-35, mas até o momento não se encontram relatos em gemelares.

Dos pacientes com microcefalia e infecção presumida por ZIKV, 24 a 55% vão apresentar alterações oculares36, no entanto não há como estimar esse aparecimento nas crianças que não desenvolveram microcefalia ao nascimento. Zin et al.34 encontraram alterações oftalmológicas em oito (13,1%) dos 61 recém-nascidos de gestantes com sorologia positiva para ZIKV e sem anormalidades do sistema nervoso central (SNC) e em 6,5% dos nascidos com anormalidades do Sistema nervoso central (SNC), mas sem microcefalia.

Entre os achados oftalmológicos mais comuns descritos em associação à Zika congênita31-40, a lesão coriorretiniana cicatricial bem delimitada em mácula e a pigmentação mosqueada em polo posterior foram identificadas nos gêmeos deste relato de caso, o que desencadeou a investigação da exposição da mãe ao vírus Zika. Relatos de palidez do NO, estrabismo convergente e nistagmo horizontal também foram encontrados35,38, mas o padrão dos achados oculares difere de outras infecções congênitas clássicas34,41,42.

Em consonância com a literatura43, o acometimento dos gemelares aqui descritos são em graus diferentes, não obstante na ausência de microcefalia, o primeiro gemelar apresentou alterações neurológicas compatíveis com espectro da Zika congênita36,44, ventriculomegalia, calcificações cerebrais e epilepsia, mas com fenótipo atípico de menor expressão. A hidrocefalia e a hipertensão intra-craniana também já foram identificadas em alguns casos como parte da apresentação clínica da infecção congênita por ZIKV45, e neste relato há sua ocorrência clínica. Oliveira-Szejnfeld et al.46 destacam que na obstrução de ventrículo cerebral o perímetro cefálico pode estar normal e até mesmo aumentado, dificultando o diagnóstico da Síndrome da Zika, visto ser ela caracterizada por presença de microcefalia.

Não se sabe ao certo o espectro completo das alterações associadas à Zika congênita, pois o fenótipo atípico da síndrome ainda está sendo elucidado. Nesse contexto, a discussão sobre os danos causados pela infecção congênita pelo Zika virus e suas consequências, levanta várias questões de ordem, inclusive jurídicas, como é o caso do aborto, a fim de melhor assistenciar as famílias envolvidas ou possivelmente envolvidas, visto que medidas que envolvem a população garantem retorno positivo em questões de saúde. Mais estudos nesse sentido são necessários para amparar a legislação e decisões que norteiem questões tão polêmicas47,48.

Além disso, uma das principais formas de auxiliar nas questões de saúde, em especial nos casos de endemias como o Zika é a promoção da saúde, em especial na orientação da população em evitar medidas que auxiliem o desenvolvimento do mosquito, ampliando o modelo preventivo tradicional e garantindo melhor qualidade de vida da população. Pois promover saúde está associado a um conjunto de fatores que consolidados formam uma assistência humanizada e holística49-51.

Recentemente, estudo genético52 demonstrou que a susceptibilidade à infecção por ZIKV na gestação tem origem genética justificando as diferentes expressões da síndrome em cada indivíduo. Contudo, isso não exclui que outros mecanismos estejam envolvidos na transmissão vertical como a barreira placentária, a distribuição da carga viral e o tropismo do vírus.

A lacuna entre o parto e a primeira avaliação médica a levantar a hipótese diagnóstica de Zika congênita demonstra a fragilidade do protocolo de vigilância53 recomendado pelo ministério da saúde no Brasil, tanto na falha da notificação de casos de rash na gestação, quanto no fato da microcefalia ser o ponto de partida para investigação. Tal situação transmite uma realidade que não condiz com prática, onde um universo maior de crianças foi acometido e negligenciado, não constando nas estatísticas do Estado.

Ainda, considerando-se que a maioria dos RN de parto normal apresenta suturas cavalgadas (superpostas), pode ocorrer que o perímetro cefálico esteja transitoriamente abaixo do parâmetro de corte, recomenda-se que a medida de referência para notificação de microcefalia seja realizada somente a partir de 24 horas após o nascimento53. Os profissionais devem identificar as crianças que apresentam deficiência no desenvolvimento neurológico, psicológico e motor. É recomendado orientar a mãe ou responsável sobre as medidas de estimulação precoce e encaminhar para o serviço especializado53.

O exame oftamológico de fundo de olho é imprescindível de ser realizado em crianças expostas ou suspeitas de exposição ao Vírus Zika.

Dessa forma, o estudo em questão demostrou que outros problemas de saúde podem acometer crianças cujo a mãe foi infectada durante a gestação, evidenciando a importância da assistência de qualidade para indivíduos durante o processo da doença. Por fim, o estudo ainda acrescenta informações para o já descrito fenótipo atípico da síndrome da Zika congênita tendo o oftalmologista papel relevante no diagnóstico inicial. Ainda, que ao exame oftalmológico, observou-se que houve presença de desvio convergente e nistagmo às lateroversões. Na fundoscopia, o nervo óptico apresentou-se hipocorado e com lesão coriorretiniana cicatricial com bordos bem delimitados em área macular de ambos os olhos.

Author Contributions

A.C.Lucena had full access to all the data in the study and takes responsibility for the integrity of the data and the accuracy of the data analysis.

Study concept and design

A.C.Lucena , IMP Bezerra and LC Abreu.

Acquisition, analysis, or interpretation of data

A.C.Lucena , IMP Bezerra and LC Abreu.

Drafting of the manuscript

A.C.Lucena , IMP Bezerra and LC Abreu.

Critical revision of the manuscript for important intellectual content

A.C.Lucena , IMP Bezerra and LC Abreu.

 

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Endereço para correspondência:
anacarol.lucena@gmail.com

Manuscrito recebido: Abril 2018
Manuscrito aceito: Outubro 2018
Versão online: Novembro 2018

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