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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.29 no.2 São Paulo maio/ago. 2019

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.v29.9419 

ARTIGO ORIGINAL

 

Efeito do peso de objetos e da experiência na organização de tarefas de manipulação de objetos de bebês de 10 meses de idade

 

 

Laísla Camila da SilvaI; Inara MarquesII; Josiane Medina-PapstII

IState University of Londrina - Master's Degree in Physical Education. Center of Physical Education and Sports - State University of Londrina
IIState University of Londrina. Center of Physical Education and Sports - State University of Londrina

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: Pouco se sabe sobre o impacto real da prática de manipulação de objetos no desenvolvimento da percepção-ação de bebês e assume-se que esse conhecimento recém-adquirido é útil para planejar ações futuras
OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi investigar o efeito da prática controlada nas tarefas de alcançar e transportar objetos de crianças de 10 meses de idade quando o peso do objeto é alterado
MÉTODO: Dezesseis lactentes foram divididos em dois grupos: grupo pesado / leve (GPL) e grupo leve / pesado (GLP). A tarefa consistia em alcançar, apreender e levantar uma barra leve ou pesada por 9 tentativas. Na décima tentativa, o peso do objeto foi trocado para o objeto mais pesado ou mais leve (objeto com o peso oposto do utilizado nas 9 primeiras tentativas) para avaliar se os bebês aprenderam e adaptaram o movimento direcionado ao objeto com peso inicial da condição praticada durante as 9 primeiras tentativas
RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças significativas quando comparado às fases de alcance e levantamento dentro dos grupos (GPL, p= 0,41 e GLP, p= 0,06), entretanto, na comparação entre os grupos, o GPL aumentou o pico de velocidade (p= 0,01) durante as tentativas
CONCLUSÃO: Concluímos que o alcance e levantamento de objeto do bebê ao longo das tentativas é muito variável. Isso indica que, possivelmente, aos 10 meses de idade, o bebê apresenta transições de um estado organizacional para outro. No entanto, é necessário realizar investigações mais detalhadas sobre as ações de alcance e levantamento de objetos para entender os processos envolvidos nesses períodos de transição

Palavras-chave: desenvolvimento infantil, habilidades motoras, bebês.


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

A variação das restrições, pode levar a flutuações nas ações manipulativas, porém ainda não se tem um consenso sobre como essas flutuações atuam na configuração dessas ações, sendo assim, este estudo foi realizado mediante a necessidade de investigar o impacto das restrições sobre as ações manipulativas.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

O presente estudo analisou o efeito da prática controlado nas tarefas de alcance e transporte de objetos com pesos diferentes. Verificou-se que as ações de alcance e levantamento do objeto, foram variáveis ao longo da prática, mas que a variabilidade nessas ações é imprescindível no processo de aquisição de habilidades motoras

O que essas descobertas significam?

Os achados inferem que os bebês aos 10 meses de idade passam por um período de transição no qual ações manipulativas são reorganizadas.

 

INTRODUÇÃO

O processo de desenvolvimento motor se revela pelas mudanças que ocorrem nas três classes essenciais de movimento denominadas, estabilização, locomoção e manipulação, que são resultantes da interação de múltiplos fatores internos (orgânico) e externos (confrontando-se indivíduo com indivíduo, indivíduo com grupo e indivíduo com meio físico)1.

Nesse sentido, o indivíduo é compreendido como um sistema composto de vários subsistemas, cada qual passando por alterações significativas, como, por exemplo, no sistema neural, muscular e esquelético, assim como o meio em que o indivíduo está inserido nas suas relações sociais e emocionais. Essas mudanças ocorrem com diferentes taxas que impactarão nas ações habilidosas do indivíduo, a emergência dessas ações ocorre devido à interação dinâmica entre os subsistemas que compõem o indivíduo2. Variações nas restrições do indivíduo, do ambiente e da tarefa levam a flutuações no comportamento que podem resultar em novas formas de ação, isso pode levar a mudanças em um dos subsistemas que atuarão como fatores limitadores da taxa (como a experiência), no surgimento de novos modos de ação3,4.

A investigação dentro dessa linha teórica foi imprescindível para identificar e compreender os efeitos das diferentes restrições na emergência de novos comportamentos de bebês. Por exemplo, Rounis et al.5, Wiesen et al.6, Libertus et al.7, Baumgartner & Oakes8, Bourgeois et al.9, Newell10, Rocha et al.11 e Mash12 conseguiram demonstrar o impacto que a alteração em um ou mais subsistemas poderiam ter no processo de desenvolvimento motor na primeira infância. Entre os subsistemas mais investigados estão os efeitos da restrição física, ou seja, o tamanho, textura, forma e peso do objeto, tamanho da mão, entre outros. Corbetta et al.13 chamaram a atenção também para a importância da prática. A prática na manipulação de objetos permite que os bebês e as crianças explorem os affordances na manipulação de objetos. Poucos estudos consideraram o papel da experiência e o efeito das restrições no desenvolvimento infantil em relação ao ciclo de percepção-ação. Da mesma forma, os resultados do estudo de Corbetta & Snapp-Childs14 demonstraram que bebês com menos de nove meses de idade não se beneficiaram com o período de prática controlada imposto, tornando o assunto ainda mais intrigante. De acordo com isso, antes dos oito meses de idade, os bebês apresentam algum conflito entre percepção e ação, que possivelmente está relacionado à falta de experiência em habilidades manipulativas com objetos de diferentes formas (texturas, peso e tamanho), consequentemente diminui oportunidades de exploração de affordances antes dos 9 meses de idade.

Enquanto Molina & Jouen15 afirmam que a discriminação do peso do objeto começa no final do primeiro ano de vida, Mounoud & Bower16 demonstraram que bebês mais jovens são capazes de modificar suas ações nos affordances dos objetos, bem como na capacidade de diferenciar objetos17,18. Além disso, quando se aborda especificamente a classe de manipulação de objetos no primeiro ano de vida, deve-se notar que o controle da força dos dígitos atua como um dos principais e mais complexos fatores. Assim, além da experiência prévia, outros fatores podem atuar nesse processo, como o peso do objeto e a prática controlada, mas ainda não há consenso sobre o impacto dessas restrições na adaptação e organização do comportamento manipulativo de bebês.

Portanto, é imprescindível entender os efeitos da prática controlada e do peso dos objetos nas habilidades de alcance e transporte de objetos para compreender como esses fatores influenciam na configuração dessas ações. Desta forma os profissionais podem usar essas informações para aperfeiçoar suas intervenções. No presente estudo, o objetivo foi investigar o efeito da prática controlada nas tarefas de alcançar e transportar objetos de bebês de 10 meses de idade quando o peso do objeto é alterado. A hipótese inicial é que os bebês se adaptarão ao peso do objeto no decorrer da prática, apresentando trajetórias mais retilíneas com maiores velocidades e seu levantamento será modificado na fase pós-teste quando o peso do objeto foi alterado.

 

MÉTODO

Participantes

No total 146 bebês foram convidados a participar do estudo, desses 32 pais ou responsáveis autorizaram a participação do bebê no estudo. 9 bebês não realizaram a tarefa, e 7 bebês não completaram a tarefa. Desta forma o estudo contou com a participação efetiva de 16 bebês saudáveis, nascidos a termo, com 10 meses de idade (X idade=10,45 ±0,4) sem deficiência e/ou qualquer atraso motor, cognitivo ou sensorial. Os bebês foram distribuídos de forma aleatória em dois grupos: pesado/leve (GPL; n = 08) ou leve/pesado (GLP; n = 08). O grupo GPL realizou o alcance e a manipulação da barra pesada primeiro e o grupo GLP realizou o alcance e a manipulação da barra leve.

Os participantes foram recrutados a partir de um banco de dados de pais que deram a sua permissão para ser contatado em uma data posterior para seu filho participar do estudo. Os pais eram contatados via telefone. Durante esse contato inicial por telefone, eles receberam breve explicação sobre o estudo (objetivos e métodos). Se os pais se mostrassem interessados em ter seu bebê participando do estudo, foi agendado uma visita laboratorial. Os pais que trouxeram o bebê receberam um certificado de participação e uma foto do bebê. O estudo foi aprovado pela universidade local (CAAE: 55802115.0.0000.5231; seem: 2.484.868). Antes de iniciar o estudo, todos os pais ou responsáveis assinaram o termo de compromisso autorizando a participação o bebê.

Materiais e Procedimentos Experimentais

Duas barras foram confeccionadas com material polietileno de alta densidade em cores primárias (vermelho, azul, verde e amarelo), com pesos diferentes (270g e 70g) e atrativas para os bebês (Figura 1). Assim, os pesos das barras poderiam ser "percebidos" pelo bebê somente a partir da manipulação com o objeto.

O processo de desenvolvimento motor se revela pelas mudanças que ocorrem nas três classes essenciais de movimento denominadas, estabilização, locomoção e manipulação, que são resultantes da interação de múltiplos fatores internos (orgânico) e externos (confrontando-se indivíduo com indivíduo, indivíduo com grupo e indivíduo com meio físico)1.

Nesse sentido, o indivíduo é compreendido como um sistema composto de vários subsistemas, cada qual passando por alterações significativas, como, por exemplo, no sistema neural, muscular e esquelético, assim como o meio em que o indivíduo está inserido nas suas relações sociais e emocionais. Essas mudanças ocorrem com diferentes taxas que impactarão nas ações habilidosas do indivíduo, a emergência dessas ações ocorre devido à interação dinâmica entre os subsistemas que compõem o indivíduo2. Variações nas restrições do indivíduo, do ambiente e da tarefa levam a flutuações no comportamento que podem resultar em novas formas de ação, isso pode levar a mudanças em um dos subsistemas que atuarão como fatores limitadores da taxa (como a experiência), no surgimento de novos modos de ação3,4.

A investigação dentro dessa linha teórica foi imprescindível para identificar e compreender os efeitos das diferentes restrições na emergência de novos comportamentos de bebês. Por exemplo, Rounis et al.5, Wiesen et al.6, Libertus et al.7, Baumgartner & Oakes8, Bourgeois et al.9, Newell10, Rocha et al.11 e Mash12 conseguiram demonstrar o impacto que a alteração em um ou mais subsistemas poderiam ter no processo de desenvolvimento motor na primeira infância. Entre os subsistemas mais investigados estão os efeitos da restrição física, ou seja, o tamanho, textura, forma e peso do objeto, tamanho da mão, entre outros. Corbetta et al.13 chamaram a atenção também para a importância da prática. A prática na manipulação de objetos permite que os bebês e as crianças explorem os affordances na manipulação de objetos. Poucos estudos consideraram o papel da experiência e o efeito das restrições no desenvolvimento infantil em relação ao ciclo de percepção-ação. Da mesma forma, os resultados do estudo de Corbetta & Snapp-Childs14 demonstraram que bebês com menos de nove meses de idade não se beneficiaram com o período de prática controlada imposto, tornando o assunto ainda mais intrigante. De acordo com isso, antes dos oito meses de idade, os bebês apresentam algum conflito entre percepção e ação, que possivelmente está relacionado à falta de experiência em habilidades manipulativas com objetos de diferentes formas (texturas, peso e tamanho), consequentemente diminui oportunidades de exploração de affordances antes dos 9 meses de idade.

Enquanto Molina & Jouen15 afirmam que a discriminação do peso do objeto começa no final do primeiro ano de vida, Mounoud & Bower16 demonstraram que bebês mais jovens são capazes de modificar suas ações nos affordances dos objetos, bem como na capacidade de diferenciar objetos17,18. Além disso, quando se aborda especificamente a classe de manipulação de objetos no primeiro ano de vida, deve-se notar que o controle da força dos dígitos atua como um dos principais e mais complexos fatores. Assim, além da experiência prévia, outros fatores podem atuar nesse processo, como o peso do objeto e a prática controlada, mas ainda não há consenso sobre o impacto dessas restrições na adaptação e organização do comportamento manipulativo de bebês.

Portanto, é imprescindível entender os efeitos da prática controlada e do peso dos objetos nas habilidades de alcance e transporte de objetos para compreender como esses fatores influenciam na configuração dessas ações. Desta forma os profissionais podem usar essas informações para aperfeiçoar suas intervenções. No presente estudo, o objetivo foi investigar o efeito da prática controlada nas tarefas de alcançar e transportar objetos de bebês de 10 meses de idade quando o peso do objeto é alterado. A hipótese inicial é que os bebês se adaptarão ao peso do objeto no decorrer da prática, apresentando trajetórias mais retilíneas com maiores velocidades e seu levantamento será modificado na fase pós-teste quando o peso do objeto foi alterado.

 

MÉTODO

Participantes

No total 146 bebês foram convidados a participar do estudo, desses 32 pais ou responsáveis autorizaram a participação do bebê no estudo. 9 bebês não realizaram a tarefa, e 7 bebês não completaram a tarefa. Desta forma o estudo contou com a participação efetiva de 16 bebês saudáveis, nascidos a termo, com 10 meses de idade (X idade=10,45 ±0,4) sem deficiência e/ou qualquer atraso motor, cognitivo ou sensorial. Os bebês foram distribuídos de forma aleatória em dois grupos: pesado/leve (GPL; n = 08) ou leve/pesado (GLP; n = 08). O grupo GPL realizou o alcance e a manipulação da barra pesada primeiro e o grupo GLP realizou o alcance e a manipulação da barra leve.

Os participantes foram recrutados a partir de um banco de dados de pais que deram a sua permissão para ser contatado em uma data posterior para seu filho participar do estudo. Os pais eram contatados via telefone. Durante esse contato inicial por telefone, eles receberam breve explicação sobre o estudo (objetivos e métodos). Se os pais se mostrassem interessados em ter seu bebê participando do estudo, foi agendado uma visita laboratorial. Os pais que trouxeram o bebê receberam um certificado de participação e uma foto do bebê. O estudo foi aprovado pela universidade local (CAAE: 55802115.0.0000.5231; seem: 2.484.868). Antes de iniciar o estudo, todos os pais ou responsáveis assinaram o termo de compromisso autorizando a participação o bebê.

Materiais e Procedimentos Experimentais

Duas barras foram confeccionadas com material polietileno de alta densidade em cores primárias (vermelho, azul, verde e amarelo), com pesos diferentes (270g e 70g) e atrativas para os bebês (Figura 1). Assim, os pesos das barras poderiam ser "percebidos" pelo bebê somente a partir da manipulação com o objeto.

Depois de serem aleatoriamente designados para um dos grupos (GPL ou GLP), os bebês foram atados em um assento infantil feito sob medida com uma cinta larga e macia estabilizando seu tronco, permitindo movimentos livres dos membros superiores e inferiores. A altura do assento da criança poderia ser ajustada de modo que os cotovelos dos bebês descansassem confortavelmente na superfície da mesa. Durante o período de familiarização brinquedos atrativos foram oferecidos ao bebê, as barras utilizadas no experimento não foram ofertadas no período de familiarização. Depois do período de familiarização, o experimentador sentado do outro lado da mesa ofereceu a barra leve ou pesada para o bebê, colocando-a ortogonalmente (barra oferecida horizontalmente), no centro da mesa e a uma distância de 15cm da criança, possibilitando o fácil alcance. A criança foi então encorajada a alcançar a barra e levantá-la acima da superfície da mesa, depois o experimentador demonstrou a sequência de ação. Os bebês tiveram que levantar com sucesso a barra acima da superfície da mesa para concluir o teste. Os bebês realizaram nove tentativas de práticas consecutivas de alcançar, apreender e levantar a mesma barra de peso. Após a nona tentativa, as crianças realizaram o alcance, a apreensão e o levantamento da barra de peso contrário. Assim, os bebês do grupo GPL realizaram as nove primeiras tentativas com a barra de 270 gramas, seguida de um teste 10ª tentativa com a barra de 70 gramas. Os bebês do grupo GLP realizaram as nove primeiras tentativas de prática com a barra leve e a última tentativa com a barra pesada.

Os alcances dos bebês foram filmados por duas câmeras digitais dispostas no plano sagital à mesa, e o equipamento Digital Video Mixer Videonics (Focus Enhancements, Inc., Campbell, CA) foi usado para sincronizar as imagens de ambas as câmeras em uma mesma tela. A análise cinemática do movimento do braço foi obtida pelo sistema de análise de movimento Flock of Birds (Ascension Technology Corp.), posicionando os sensores com uma fita de tecido hipoalergênico sobre cada pulso. O sistema Flock of Birds rastreia o movimento de dois marcadores de 8 mm dentro de um campo magnético de 30 polegadas pré-calibrado a uma taxa de 120 Hz. Este sistema de análise de movimento é particularmente vantajoso para uso em bebês, pois rastreia continuamente os minis marcadores, independentemente da orientação ou dos tipos de movimentos realizados pelos bebês, evitando a perca de dados (Figura 2).

Processamento de sinais e Análise

A saída do sistema Flock of Birds forneceu dados das coordenadas X, Y e Z a partir dos marcadores fixos em ambos os punhos, que foram exportados para o software MATLAB R2009b para análise posterior. As coordenadas exportadas indicam diversas variáveis de parâmetros espaciais (como por exemplo: índice de retilinearidade), parâmetros temporais (como por exemplo: deslocamento), e parâmetros espaço-temporais (como por exemplo: velocidade)12,19,20.

Para as análises das ações de alcance, preensão e transporte, foi definido como o início do alcance o primeiro quadro em que o braço do bebê começou, ininterruptamente, a direcionar-se em direção ao objeto e o término do alcance foi determinado somente quando o movimento do braço resultou em um toque da mão do bebê no brinquedo. O levantamento foi definido como o primeiro quadro em que, após o toque no objeto, há um deslocamento do objeto da superfície até atingir a altura máxima de movimentação do objeto ininterruptamente19,21,22. Foi realizada uma análise por dois experimentadores em que foram extraídas as informações de "Start Horita", "Start Reaching", "Start Grasping", "Start Lifting", e "Max lifting", além da mão em que a criança realizou cada fase.

A rotina implementada aplica uma conversão das coordenadas X, Y e Z de polegadas para centímetros, realizando uma análise espectral do sinal, para estabelecer uma frequência de corte adequada às três coordenadas, sendo assim, foi adotado um filtro Butterworth de quarta ordem, com um corte de frequência de 6 Hz. A rotina também realizou os cálculos de deslocamento (cm), trajetória linear (cm), índice de retilinearidade (cm), média de velocidade (cm/s) e pico de velocidade (cm/s) para a fase de transporte. A variável índice de retilinearidade foi calculada a partir da divisão de duas outras variáveis: o deslocamento (cm) que é caracterizado como a trajetória do início ao fim do transporte, e trajetória linear (cm) caracterizada como a trajetória em linha reta entre o início e o fim do transporte. O índice de retilinearidade informa a diferença entre a trajetória linear e o deslocamento total.

Para a análise inferencial foi testado a normalidade dos dados e a homogeneidade das variâncias por meio do teste de Shapiro-Wilk, os pressupostos não foram satisfatórios, optando-se por testes não- paramétricos. Optamos por expressar os dados através da média das tentativas de prática (MTP), para comparar com a média das tentativas de pós teste (PT). Além disso, comparamos a média das tentativas de pós teste (PT) com a média da última tentativa de prática (MUTP).

Quanto à variável índice de retilinearidade foi realizada a comparação das tentativas de prática utilizando teste de Friedman. Utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparação da média das tentativas de prática (MTP) com a média da tentativa de pós-teste (PT) e a comparação da última tentativa de prática (UTP) com a média da tentativa de pós-teste (PT). Para a comparação dos grupos na tentativa de pós teste (PT) utilizou-se o teste de U de Mann-Whitney. Foi utilizado o pacote estatístico IBM- Statistical Package for the Social Sciences - SPSS para Windows - (Versão 20.0, SPSS Inc.©, Chicago, Illinois), sendo considerado o nível de significância p<0,05.

 

RESULTADOS

Fase de Alcance

A análise do índice de retilinearidade na fase de alcance não identificou diferenças estatisticamente significativas na comparação das tentativas de prática (x2 = 4,48; gl=8; p=0,81). O mesmo ocorreu quando comparada à média das tentativas de prática (MTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 1.11, p = 0.26) e na comparação da média da última tentativa de prática (MUTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.51, p = 0.60). A variância do índice de retilinearidade na fase de alcance nos grupos foi de: GPL (σ 2 = 0.04); GLP (σ 2 = 0.05), (ver figura 3). Da mesma forma, quando comparados os grupos na fase de alcance, nas tentativas de pós-teste (PT) (Z = 0.31, p = 0.75), também não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes (Figura 3).

 

 

Em relação a média de velocidade na fase de alcance foram comparadas as tentativas de prática e não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes na comparação intra grupos: GLP (x2 = 10.82, gl = 9, p = 0.28) e GPL = 5.91, gl = 9, p = 0.74). O mesmo ocorreu na comparação entre os grupos (x2 = 12.3; gl = 9; p = 0.19). A variância da média de velocidade na fase de alcance nos grupos foi de: GPL (σ 2 = 143.0); GLP (σ 2 = 39.12), (Figura 4).

 

 

Na comparação da média de velocidade da última tentativa de prática (UTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 1.86, p = 0.63), e na comparação da média da última tentativa de prática (MUTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 1.29, p = 0.19), não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. O mesmo ocorreu na comparação do pós-teste (PT) entre os grupos (Z = 1.36, p = 0.17).

Sobre a variável pico de velocidade na fase de alcance foram comparadas as tentativas de prática intra grupos: GLP (x2 = 7.43, gl = 8, p = 0.49) e GPL (x2 = 6.90, gl = 8; p = 0.54)e não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. O mesmo ocorreu na comparação entre os grupos (x2 = 11.1, gl = 8, p = 0.19). A variância do pico de velocidade na fase de alcance nos grupos foi de: GPL (σ 2 = 260.30); GLP (σ 2 = 69.75), (Figura 5).

 

 

Na comparação de pico de velocidade da última tentativa de prática (UTP) (Z = 0.98, p = 0.32), com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.62, p = 0.53), não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. O mesmo ocorreu na comparação do pós-teste (PT) entre os grupos (Z = 0.52; p = 0.60).

Fase de Levantamento

Em relação a variável índice de retilinearidade na fase do transporte não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes na comparação das tentativas de prática (x2 = 7.85, gl = 8, p = 0.44). O mesmo ocorreu quando comparada a média das tentativas de prática (MTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 1.29, p = 0.19) e na comparação da média da última tentativa de prática (MUTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.82, P = 0.40). A variância do índice de retilinearidade na fase de transporte nos grupos foi de: GPL (σ2 = 0.19); GLP (σ 2 = 0.73), (Figura 6). Da mesma, forma, não foi encontrada diferença significativa entre os grupos no pós-teste (PT) (Z = 1.36, p = 0.17).

 

 

Em relação à média de velocidade na fase de transporte foram comparadas as tentativas de prática e não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes na comparação intra grupos: GLP (x2 = 10.82, gl = 9, p = 0.28) e GPL = 5.91, gl = 9, p = 0.74). O mesmo ocorreu na comparação entre os grupos (x2 = 12.3; gl = 9; p = 0.19). A variância da média de velocidade na fase de transporte nos grupos foi de: GPL (σ 2 = 168.18); GLP (σ 2 = 73.39), (Figura 7).

 

 

Na comparação da média de velocidade da última tentativa de prática (UTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.56, p = 0.56), e na comparação da média da última tentativa de prática (MUTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.31, p = 0.75), não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. O mesmo ocorreu na comparação do pós-teste (PT) entre os grupos (Z = 0.10; p = 0.91).

Em relação pico de velocidade na fase de transporte foram comparadas as tentativas de prática intra grupos: GLP (x2 = 14.6, gl = 8, p = 0.06) e GPL (x2 = 8.16, gl = 8, p = 0.41) e não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. Por outro lado, foi constatada diferença estatisticamente significante entre os grupos (x2 = 19.5; gl = 8; p = 0.01). A variância do pico de velocidade na fase de alcance nos grupos foi de: GPL (σ 2 = 390.70); GLP (σ2 = 99.62), (Figura 8).

 

 

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes na comparação da última tentativa de prática (UTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.05, p = 0.95), e comparação da média da última tentativa de prática (MUTP) com a tentativa de pós-teste (PT) (Z = 0.41, P = 0.67). O mesmo ocorreu quando comparado o pós teste (PT) entre os grupos (Z = 0.31, p = 0.75).

 

DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo investigar o efeito do peso de um objeto e da experiência no alcance e transporte de uma ação manipulativa de bebês de 10 meses de idade. A proposta foi averiguar se o bebê se adaptaria ao peso do objeto no decorrer da prática, apresentando trajetórias mais retilíneas com maior velocidade e o levantamento será modificado na fase pós-teste quando o peso do objeto for alterado.

Nas comparações da variável índice de retilinearidade não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes na fase de alcance. Além disso, não foram encontradas diferenças estatísticas nas variáveis velocidade média e pico de velocidade, mas observando os resultados individualmente dos bebês percebe-se que os bebês que praticaram com o objeto pesado aumentaram a velocidade no decorrer das tentativas. Assim, pode-se inferir, baseado no aumento da velocidade no decorrer da prática, que os bebês podem ajustar suas ações de maneira mais eficaz. Desta forma, deve-se considerar que a prática com o objeto pesado pode favorecer a antecipação para realizar a tarefa de alcance.

Esses resultados corroboram com o estudo de Mash12, que investigou a representação de objetos na coordenação manipulativa, analisando bebês de 9,12 e 15 meses. No estudo foram apresentados dois objetos de estímulo no período de prática, com formato idêntico em tamanho e material, porém, diferentes em cor e peso. Na sequência, o experimentador apresentou dois objetos que tinham sido escondidos do campo de visão, similares aos da prática, mas com a cor e peso diferentes. Com as alterações nos pesos dos objetos pôde-se observar que as ações dos bebês revelaram uma preparação seletiva específica aos objetos experimentados durante o período de prática.

Em análise da fase de transporte, também não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na variável índice de retilinearidade. Enfatizou-se que o bebê demonstrou um comportamento excessivamente variável durante o período de prática imposto, e essa variação é apresentada de forma mais explícita no bebê que realizou a prática com o objeto pesado. Em vista disso, pode-se inferir que o período de prática imposto não foi suficiente para que o bebê demonstrasse um padrão manipulativo.

Não foram encontradas diferenças estatísticas na comparação da última tentativa de prática (UTP) e a tentativa de pós teste (MPT), em que o peso do objeto foi invertido, para nenhuma das variáveis analisadas. Uma possível explicação a ausência de modificação comportamental, é que a antecipação bem-sucedida deve ser baseada em um conhecimento pré-existente sobre os objetos de uma determinada classe23, como os bebês não apresentaram um padrão manipulativo, e o peso é um fator que pode iludir os bebês, pois para perceber a troca do peso seria necessário o toque com o objeto, os bebês analisados não anteciparam e não ajustaram suas ações manuais de forma eficiente.

Nos resultados de comparação entre os grupos, a variável pico de velocidade observada na fase de transporte, pode-se constatar que os bebês realizaram uma adaptação do comportamento ao longo das tentativas, aumentando os valores de pico de velocidade (P = 0.01). Os resultados de média de velocidade também indicam que ao longo das tentativas, ambos os grupos aumentam a média de velocidade, apesar de não apresentar diferenças estatisticamente significantes. As mudanças na média e no pico de velocidade entre os grupos inferem, que o GLP foi menos variável que o grupo GPL. Dessa forma, os resultados mostraram que o bebê modifica suas ações com base nos conhecimentos adquiridos durante a prática, ou seja, o bebê utiliza as informações obtidas nas tentativas anteriores de realizar a próxima tentativa.

De acordo Van der Kamp & Savelsbergh24, as ações do indivíduo são adaptadas de acordo com a informação disponível que é utilizada para guiar os movimentos. Essas ações são determinadas pela integração das restrições do indivíduo e as alterações nas informações do ambiente, como o peso. O controle das ações de alcançar e apreender são dependentes do sistema proprioceptivo25, desta forma, o peso dos objetos só é percebido, de fato, pelos bebês, ao tocar o objeto. Portanto, o peso deve ser um fator de influência nas ações dos bebês.

Quanto ao peso dos objetos, sabe-se que a experiência é um aspecto importante, pois a ação pode ser antecipada a partir da visão do tamanho do objeto, mas a informação visual não é precisa, podendo, inclusive, iludir o agente. Este aspecto é ressaltado por Mash12, evidenciando a importância da experiência, envolvendo o contato físico e a manipulação dos objetos. No presente estudo, o contato físico e o transporte do objeto foram imprescindíveis, devido às barras serem visualmente semelhantes. Os resultados do estudo de Corbetta & Snapp-Childs14 demonstraram que as crianças mais jovens que nove meses de idade não apresentaram grandes benefícios de aprimoramento da percepção e ação, com o período de prática imposto. Apesar de, à primeira vista, os resultados observados demonstrarem inúmeras possibilidades de resposta dessas crianças mais jovens, as pesquisadoras afirmam que eles trazem uma valiosa experiência sensório-motora que é fundamental para apoiar e impulsionar a mudança no desenvolvimento. Mesmo as crianças mais jovens mostraram pequenas alterações esporádicas na percepção e ação sobre a escala curta de tempo, assim como no estudo de Guimarães & Tudella26, que indicaram que a prática, mesmo de curto prazo, pode aumentar a motivação intrínseca dos bebês para alcançar o objeto, demonstrando a sua capacidade sensório-motora de perceber e responder às demandas da tarefa. Desta forma, talvez fosse necessário à prática com escala de tempo mais longa para que essas pequenas mudanças refletissem em uma estabilidade comportamental, tornando-se mais consistentes.

Estudos como o de Elman et al.27, Plumert & Spencer28, Thelen & Smith29 demonstraram que noções simples de causa e efeito são insuficientes para explicar o desenvolvimento, pois as mudanças ocorrem dentro de sistemas complexos, com muitos componentes que interagem através de múltiplas escalas de tempo.

 

CONCLUSÃO

Conclui-se que as ações para alcançar e levantar o bebê ao longo das tentativas são muito variáveis, mas evidencia-se que a variabilidade desempenha um papel crucial no processo de aquisição de habilidades motoras. Pode-se inferir que bebês de 10 meses passam por um período de transição apresentando um estado reorganizador dessas ações manipulativas. No entanto, mais estudos e investigações são necessários para esclarecer a integração dinâmica entre vários sistemas e escalas de tempo necessárias para que ocorram mudanças no processo de desenvolvimento.

 

Agradecimentos

Os autores agradecem os subsídios concedidos pela CAPES e CNPq, na forma de bolsa de pós-doutorado e Iniciação Científica, e pelas contribuições de Felipe Arruda Moura na rotina de dados, e Daniela Corbetta na revisão final do texto.

 

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Endereço para correspondência:
laislacs4@gmail.com

Manuscrito recebido: Novembro 2018
Manuscrito aceito: Julho 2019
Versão online: Outubro 2019

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