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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.30 no.2 São Paulo maio/ago. 2020

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.v30.10365 

ARTIGO ORIGINAL
https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.10365

 

Levantamento sobre vivências de violência entre estudantes de escolas públicas

 

 

Andréia Isabel GiacomozziI; Jane Laner CardosoII; Camila Detoni Sá de FigueiredoIII; Natália Cristina de Oliveira MeneghettiIII; Giorgia Andréa WiggersIV; Priscila Pereira NunesV; Vanessa Philippi CecconiVI

IUniversidade Federal de Santa Catarina, Professora Doutora da Pos-graduaçãoda Psicologia;
IISecretaria de Estado de Santa Catarina, Brasil. Vigilancia Epidemiologica
IIISecretaria Estadual de Educação de Santa Catarina. Brasil
IVAdministradora escolar - Coordenação do Programa Saude na Escola- Secretaria Municipal de Educação - Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
VDiscente do Curso em Graduação de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina
VIProfessora do Ensino Infantil. Secretaria Municipal de Educação - Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: A violência escolar é um problema que envolve muitas consequências ruins para a vida dos alunos Portanto, prevenir e pesquisar sobre isso é muito importante
OBJETIVO: Identificar as experiências de violência de alunos de escolas públicas participantes do PSE - Programa de Saúde na Escola e SPE - Saúde e Prevenção nas Escolas de Florianópolis
MÉTODO: Participaram 871 alunos da 9ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, com média de idade de 15 anos e 6 meses
RESULTADOS: Em relação às experiências de violência, 81,6% afirmaram já ter presenciado cenas de violência, sendo 51,1% delas na escola. Além disso, 28% dos participantes relataram já ter sofrido preconceito na escola. Houve associação estatisticamente significante entre comportamento violento e ser menino, com o hábito de assistir filmes e jogar videogame com conteúdo violento, matar aulas e ter um relacionamento regular a ruim com os professores
CONCLUSÃO: A violência faz parte das atividades diárias do aluno, envolvendo um contexto amplo e está praticamente relacionada à escola

Palavras-chave: violência, estudantes, escola, adolescentes.


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

Este estudo foi feito para possibilitar aos profissionais da saúde e educação que trabalham com a presença de violência nas escolas, no âmbito do PSE, reconheçam as principais violências que ocorrem no ambiente escolar. Conhecer tais dados é importante para que se possam programar ações de prevenção nas escolas.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

Os pesquisadores realizaram um estudo amplo, de levantamento de dados acerca das violências vivenciadas pelos estudantes da rede publica de ensino de Florianópolis. Os principais achados demonstram que a violência faz parte do cotidiano dos estudantes, estando principalmente associada ao ambiente escolar.

O que essas descobertas significam?

Tais dados chamam a atenção para o grande numero de ocorrências de situações de violência no ambiente escolar.

 

INTRODUÇÃO

No âmbito escolar brasileiro, foram firmadas parcerias entre o Ministério da Saúde e Educação com o intuito de efetivar ações de prevenção à saúde em todas as esferas da gestão pública, representadas pelo Projeto Prevenção e Saúde na Escola, no governo estadual e Programa Saúde na Escola, no município. As iniciativas de ambos os programas são articuladas por abordagens de promoção da saúde e prevenção de doenças, além de temas relacionados à saúde reprodutiva e sexual. As ações de saúde direcionadas aos alunos são relevantes uma vez que esse público vivencia experiência significativa em sua interação na escola.

A violência tem sido destacada como um dos maiores problemas da saúde pública mundial, de forma que em 2015 foi listada como agenda prioritária pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Organização Mundial de Saúde (OMS)1 define violência como "O uso intencional de força ou poder físico, ameaçado ou real, contra si mesmo, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que tem alta probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação".

Portanto, a violência é um fenômeno multidimensional, que atinge a integridade física, psíquica, emocional e simbólica de indivíduos ou grupos e ocorre em espaços públicos ou privados. Também é importante destacar que atualmente a violência tem sido relacionada a eventos que antes eram considerados prática normal regulada nas relações sociais, como violência dentro da família, contra mulheres ou crianças e violência simbólica contra grupos, categorias sociais ou etnias2.

Entre a violência que ocorre em um espaço público, há a violência escolar. Segundo Charlot3, a violência escolar pode se apresentar de várias maneiras: violência na escola, violência contra a escola e violência escolar. Enquanto os dois primeiros tipos são a violência praticada pelos estudantes, o último aponta para uma violência institucional. Segundo o autor, a violência na escola acontece dentro desse espaço, mas não está ligada às atividades da instituição. Essa abordagem refere-se a várias formas de violência que são simbolicamente determinadas no e para o ambiente escolar. Este estudo pretende discutir a primeira violência, violência na escola, por meio de preconceito, bullying e violência física ocorrida entre os alunos, bem como hábitos de lazer dos participantes associados à violência fora do contexto escolar.

Trevisol e Uberti4, fizeram uma pesquisa em uma pequena cidade de Santa Catarina, Brasil, e um dos pontos de conclusão é que a escola tem sido palco de agressões e conflitos, principalmente bullying. Segundo Nogueira5, esse fenômeno é definido como um comportamento cruel e intrínseco nas relações sociais, no que os mais fortes tornam mais fracos seus objetos de diversão e prazer, usando piadas que disfarçam o propósito de repetidamente abusar e intimidar.

Estudos demonstram que o assédio moral costuma ser direcionado a grupos com características específicas, e podem ser físicas, socioeconômicas, étnicas e sexuais, como por exemplo, estudantes obesos6,7 e sobrepeso8, e filhos homossexuais9-11 são mais suscetíveis a sofrer bullying.

Considerando esses problemas, nesta pesquisa serão discutidos os conceitos de bullying e preconceito, ainda que distintos, pois se observa que a definição de bullying se aproxima do conceito de preconceito, desde que fatores sociais determinem grupos-alvo, como aqueles que terão o poder de assediar os outros12. Portanto, o bullying é entendido como resultado de um processo de preconceito13.

"O preconceito tem em sua essência na falta de respeito à diferença, ou melhor, a falta de respeito de "eu" em relação ao "outro" e estabelece modelos de comportamento individual e social que colocam o diferente sob a ótica de "ruim", "inadequado "ou" inferior". O outro seria um intruso que traria o caos e, portanto, precisaria ser calado14.

Inicialmente, o preconceito foi estudado pela psicologia como uma característica psicológica do indivíduo15, negligenciando fatores socioeconômicos que muitas vezes são poderosos na determinação desse fenômeno16. No entanto, numa perspectiva social e mais recente, que analisa as relações intergrupais, no contexto em que quando os conflitos nascem, o preconceito é visto como uma forma organizada de relacionamento intergrupal, arredondando as relações de poder entre os grupos. Aqui, são produzidas representações ideológicas para justificar atitudes agressivas e negativas em relação a membros de grupos considerados minoritários17,18.

A teoria do aprendizado social afirma que o indivíduo tende a copiar o comportamento com base em modelos agressivos que observa19. Os filhos dos pais que adotam castigos violentos, sejam físicos ou verbais, tendem a usar os mesmos recursos quando interagem com outras pessoas20,21. O dados da pesquisa de Trevisol e Uberti4 sobre o diálogo e bullying com a Teoria da Aprendizagem Social, conclui que um dos principais motivos que levam o indivíduo a praticar bullying está relacionado às suas características pessoais, ou seja, à natureza de agressões que são pessoais, provenientes das experiências vividas por eles. Além da punição violenta, a exposição à disciplina inconsistente, pouca supervisão, rejeição e / ou indiferença quando os pais estão com os filhos são fatores que podem contribuir para que adultos sejam mais agressivos22-25.

Partindo do referencial teórico de que o desenvolvimento resulta de vários níveis de interação entre fatores de risco e proteção, presentes em nossa sociedade, uma pesquisa com adolescentes em conflito com a lei concluiu que a família, a comunidade e a escola são atores essenciais para evitar que o adolescente cometa uma infração26.

Outros fatores têm sido associados ao comportamento agressivo e / ou violento dos jovens. As questões de gênero estão incluídas, uma vez que estudos comprovam por que o homem afirma sentir-se menos culpado e ansioso quando manifesta comportamento agressivo, enquanto as mulheres afirmam ter mais preocupação com uma possível retaliação27-29. Quanto a diferença entre os sexos, estudos demostram que o comportamento está ligado à educação e à estimulação de que meninas e meninos são expostos. Em geral, os meninos são ensinados a agir de maneira agressiva e ativa, as meninas a serem dóceis e passivas28,30.

Além disso, dados apontam que a exposição dos jovens à violência na mídia (incluindo filmes e videogames com conteúdo violento) pode ser um importante fator de deflagração da violência individual e social. DeGaetano e Gossman31 realizaram uma meta-análise com 3.500 pesquisas sobre os efeitos da violência na mídia e observaram que 99,5% demonstraram algum tipo de efeito negativo na audiência. Estudos posteriores corroboraram esses dados32,33. No entanto, não é possível adotar uma perspectiva de causalidade linear, vinculando a mídia violenta diretamente à violência cotidiana. Uma análise deve ser feita sobre a exposição na mídia com conteúdo de caráter violento como fator significativo para a efetividade de comportamentos agressivos34.

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi identificar as experiências de violência de alunos de escolas públicas participantes do PSE - Programa de Saúde na Escola e do SPE - Saúde e Prevenção nas Escolas em Florianópolis.

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo quantitativo, qualitativo e de natureza descritiva e analítica35.

Participantes

Participaram da pesquisa 871 alunos de escolas públicas, por serem matriculados e estar frequentando o 9º ano do ensino fundamental ou 1º, 2º e 3º ano do ensino médio. Os sujeitos tinham entre 12 e 26 anos e a média de idade foi de 15 anos e 6 meses com desvio padrão de 1,6. Quanto ao sexo dos participantes, 53,6% eram meninas e 46,4% eram meninos.

Instrumento

Utilizou-se um questionário autoaplicável com um bloco de conteúdo sócio demográfico de perguntas com variáveis como: sexo, idade, escolaridade e também com quem os alunos moram. As demais questões referem-se à participação dos jovens em brigas, acesso a jogos e filmes violentos e cenas de violência assistidas, preconceitos, entre outros.

Análise de dados

As questões fechadas foram organizadas no pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0, para análise dos dados. Foi realizada análise estatística descritiva e verificada a associação entre variáveis elencadas. As comparações das sub amostras (sexo, idade, participação na briga, etc.) foram analisadas pela tabela de contingência (testes estatísticos não paramétricos) e comparação entre médias.

Aspectos éticos

A pesquisa foi aprovada em comitê de ética em pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina com protocolo número 2178/11. A avaliação foi realizada de acordo com que está estabelecido na resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde.

 

RESULTADOS

Relacionamentos Familiares

Entre os estudantes, 55,1% moravam com ambos os pais, 20,4% moravam apenas com a mãe, 11,6% com a mãe e outro tutor, 5,1% apenas com o pai, 4,1% com tutores, exceto mãe e pai e 3,7% com avós.

O próximo item que foi investigado foram os relacionamentos familiares. O primeiro tópico foi o relacionamento com a mãe. Desses, 84,9% afirmaram ter bom relacionamento com a mãe, 9,6% afirmaram ser regular, 2% não têm contato com a mãe, 2% afirmaram que a relação é ruim e 1,5% disseram que eles não têm mãe. Os dados sobre o pai foram diferentes, 73,8% afirmaram ter um bom relacionamento com o pai, 12,2% afirmaram ser regular, 6,8% não têm contato com o pai, 4,4% afirmaram não ter pai e 2,8% afirmaram que a relação é ruim. Terceiro, o relacionamento entre pais, 53,8% afirmaram ser bom, 26,8% não vivem junto, 15,5% disseram que é regular e 4% disseram que é ruim. Além disso, 30,7% dos participantes declararam que alguém da família bebe demais ou usa algum tipo de droga.

Experiências escolares

Quanto ao desempenho escolar, 62,8% dos participantes afirmam nunca ter faltado na escola, enquanto 27,6% faltaram uma vez e 9,6% mais que duas vezes. Quanto ao relacionamento com alunos e professores, 56,6% afirmam que é bom, 40,8% regular e 2,6% ruim. Nas relações com amigos, 86,7% dos participantes afirmam ter um bom relacionamento, 11% regulares e 2,3% afirmam não ter amigos. Analisando a associação dessa variável com o sexo dos participantes, observou-se que meninas (64%) referem ter um bom relacionamento com o professor, enquanto a maioria dos meninos (48,9%) refere relacionamento regular com educadores. [χ2 = 21,76; gl = 2; p = 0,001]

Em relação às experiências dos participantes, 81,6% deles afirmam que já presenciaram cena de violência, sendo 51,1% dessas cenas ocorridas na escola, 28,2% na rua, 8,9% em casa, 6,6% em outros locais, 4,3% no bairro e 0,9% nos locais de lazer.

Além disso, 28% dos participantes (12,5% dos meninos e 15,5% das meninas) encaminhados já sofrem algum tipo de preconceito ou bullying na escola e, dentre esses, 33,6% refere-se ao peso corporal, 18,7 % preconceito racial, 16,8% homofobia, 12,3% sofreram outros tipos de preconceito, 7,8% devido à aparência física e 4,9% assédio moral em geral. Comparando os estudantes por sexo, conclui-se que entre os que relataram sofrer esse tipo de preconceito/ bullying, os meninos relataram sofrer mais preconceito étnico / racial (69,4% dos meninos contra 30,6% das meninas) e homofobia (53,3 % contra 46,7%), enquanto as meninas relataram sofrer mais preconceito / bullying sobre aparência física (61,9% contra 38,1%) e peso corporal (57,8% contra 42,2%) do que os meninos [χ2 = 20 88; g = 6; p <0,005].

Hábitos de Lazer

A investigação sobre hábitos de lazer e violência mostrou que 41,2% dos participantes afirmaram que costumam assistir filmes com conteúdo violento. Quanto ao sexo dos participantes, de acordo com a Tabela 1, 58,9% dos meninos e 26,2% das meninas afirmaram assistir esse tipo de filmes, sendo que os meninos assistem mais a esses filmes do que as meninas e, houve uma associação estatisticamente significativa entre essas variáveis [χ2 = 82,7; g 1 = 1; p = 0,001].

Em relação aos videogames violentos, 42,3% dos participantes afirmaram jogar todos os dias. Analisando a correlação entre essa variável com o sexo, observou-se que 60,4% dos meninos afirmaram jogar videogames violentos, contra 26,3% das meninas. Houve diferença estatisticamente significante entre meninos e meninas, sendo que os meninos jogam esses jogos mais que as meninas [χ2 = 98,4: g l = 1; p = 0,001].

Comportamento de Risco

Em relação ao comportamento de risco, 34% dos participantes afirmaram que já faltaram aulas, dentre eles, 39,6% são meninos e 27,9% meninas. Houve associação estatisticamente significante entre faltar aula e sexo, demonstrando que meninos faltaram mais aulas que meninas [χ2 = 11,99; g 1 = 1; p = 0,001].

No tópico questões jurídicas 11,9% dos estudantes afirmam que já tiveram problemas com a justiça, dentre esses, 13,5% eram meninos e 10,5% eram meninas, e não houve associação estatisticamente significante entre variáveis.

Sobre o uso de drogas, 15,3% afirmaram já consumir algum tipo de droga (16,3% dos meninos e 14,5% meninas), sendo 13,24% afirmaram que já consumiram maconha, 3,3% cocaína e 0,1% crack. Sobre as bebidas, 65,3% disseram que já beberam de forma abusiva recentemente, sendo 67,4% meninos e 63,3% meninas.

Além disso, 13% afirmaram que já sofreram acidentes (15,2% dos meninos e 11,1% das meninas), tais como: 60,7% em queda, 20,2% em transporte terrestre, 3,4 queimaduras e 15,7% outros tipos de acidentes. Não houve associação estatisticamente significante entre essa variável e sexo dos participantes.

Outro aspecto foi o envolvimento em brigas, 14,8% afirmaram que já se envolveram em brigas. Verificando a associação de sexo dos participantes com essas variáveis, observou-se que 19,5% dos meninos afirmaram envolvimento em brigas contra 10,7% das meninas, e houve associação estatisticamente significante entre o sexo e a participação em brigas [χ2 = 11,74; g 1 = 1; p = 0,001], meninos participaram mais que meninas em brigas.

Associações entre comportamento violento e outra variável

Ao analisar a associação das variáveis: envolvimento no comportamento das lutas e o hábito de assistir filmes violentos observaram-se que 65% dos que já se envolveram em brigas, afirmaram também que assistem filmes violentos [χ2 = 34,05; g 1 = 1; p = 0,001]. Também houve associação entre participação em brigas e o hábito de jogar jogos violentos em vídeo, pois 65,5% dos que afirmaram envolver-se em brigas costumam jogar esses jogos [χ2 = 30,24; g 1 = 1; p = 0,001].

Outra associação obtida foi entre a participação em brigas e faltar aulas, pois 63,3% dos que afirmaram já estarem envolvidos em brigas costumam faltar aulas. [χ2 = 58,68; g 1 = 1; p = 0,001].

O relacionamento ruim ou regular com os professores foi outra variável associada à participação prévia em brigas. Entre os que já lutaram, 53,7% afirmaram ter um relacionamento regular com os professores e 5,8% uma relação ruim [χ2 = 19,31; g = 2; p = 0,001].

Outra associação foi entre usar drogas e brigar, uma vez que entre os estudantes que afirmaram nunca usar drogas, 11,3% relataram ter participação em brigas, enquanto entre os que já usavam drogas, esse percentual chega a 32% [ χ2 = 34,18; g 1 = 1; p = 0,001].

 

Tabela 2

 

DISCUSSÃO

A maioria dos adolescentes já viu a cena da violência em vários contextos, mas o local onde eles apontam como aquele onde observam a maioria das cenas de violência foi na escola. O ambiente escolar foi definido como o espaço onde os alunos encontram, elaboram e experimentam violência, contrariando a premissa de que a escola deve ajudar os alunos a construir um relacionamento e conduta adequados com seus colegas de classe36-38. Além disso, essa experiência de violência na escola foi descrita como preditora de distúrbios psicológicos na idade adulta38.

A escola também parece ser um local de vivência de preconceito e bullying para os participantes do estudo, uma vez que 28% deles afirmaram que já sofreram algum tipo de preconceito nessa instituição (12,5% meninos e 15,5% meninas), sendo que os meninos referiram sofrer mais preconceitos raciais e homofóbicos, enquanto as meninas afirmam sofrer mais preconceitos quanto à aparência física. A Pesquisa Nacional de Saúde do Estudante (PENSE), envolvendo 134.310 escolares do ensino fundamental do 9º ano do Brasil em 2015, observou que 7,2% dos alunos entrevistados já sofreram bullying, e a maioria foi entre meninos, contradizendo os dados deste estudo. No entanto, as causas de bullying relatadas na PENSE são bastante semelhantes às encontradas neste estudo, ou seja, 18,6% dos estudantes relataram sofrer bullying por imagem ou aparência física, 16,2% por aparência, 6,8% raça/cor, 2,9% orientação sexual, 2,5% religião e 1,7% local de nascimento, sendo que o preconceito homofóbico e racial também foi maior nos meninos.

Alguns estudos observam a relação entre prática de bullying e violência39. A prática de bullying na adolescência foi associada ao aumento do risco de fumar40, consumo excessivo de álcool41,42, uso de drogas43 e envolvimento com delinquência e violência44,45, além da adoção de comportamento agressivo na idade adulta46. E sofrer bullying na adolescência aumenta o risco de desenvolver sintomas de estresse, depressão, baixa autoestima, ansiedade e favorece baixo desempenho escolar46. Por esse motivo, é importante que as escolas trabalhem com metodologias que envolvam a promoção de relações tolerantes entre os alunos.

Foi observado o uso de drogas por 15,3% dos participantes deste estudo. Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, 65,3% dos que já fazem uso de bebidas, 67,4% são meninos e 63,3% meninas. Esses dados são bastante preocupantes, considerando que estudos anteriores nas mesmas escolas da cidade47 observaram-se uso compulsivo de bebidas em 35,2% dos meninos e 25,4% das meninas. Tais dados mostram um aumento considerável dessa modalidade de consumo de bebidas pelos estudantes nesse período. Sobre o consumo de maconha, também houve um aumento quando comparado com a pesquisa anterior47, uma vez que 7% dos estudantes declararam seu uso e nesta pesquisa foram 13,24%.

Pesquisas têm demonstrado falta de efetividade de ações direcionadas aos jovens com o objetivo de impedir o uso de drogas48. No contexto escolar, as ações mais eficientes são aquelas que promovem a sociabilidade e potencializam as relações entre os estudantes49 do que ações focadas em "dizer não às drogas"50. Em relação à campanha da mídia sobre drogas, o resultado do estudo de Allara et al.51 apontou a necessidade de precaução, uma vez que essa publicidade pode produzir efeitos inesperados e até prejudicar a população a que se destina.

Outra questão foi a manifestação de comportamento violento, ou seja, envolvimento em brigas. Observou-se relação com ser menino, faltar às aulas e ter de regular a mau relacionamento com os professores, além de ter hábitos de lazer associados à violência, como assistir filmes e jogar jogos com conteúdo violento e usar drogas. Portanto, são observados os fatores de risco que apresentam efeito multiplicativo entre os adolescentes, ou seja, mais fatores de risco, maior probabilidade de se envolver em situação de violência52.

A diferença de comportamento entre os sexos estão ligados à educação e aos estímulos, a que meninas e meninos estão expostos. Em geral, os meninos são ensinados a agir de forma agressiva e ativa, enquanto as meninas são ensinadas a desenvolver um comportamento doce e passivo28,30. No entanto, meninos e meninas se envolvem em situações de violência na escola, mas a forma de manifestá-la é diferente. Os meninos são mais propensos a sofrer violência física e as meninas se envolvem mais em experiências indiretas ou verbais53-55.

Em relação à mídia, ao produzir um levantamento bibliográfico sobre violência na mídia, Strasburger34 define a agressividade como um comportamento aprendido, de maneira que, com o passar dos anos, a compreensão do indivíduo sobre as consequências adversas da violência tende a aumentar. O tempo de adolescência é permeado por vários estigmas socialmente delimitados, o que pode acarretar um tratamento diferenciado ao adolescente, pois esse indivíduo não é criança nem adulto e está em intenso processo corporal, sexual, social e de identidade afetiva56. Para esse processo de estruturação, é necessário analisar de que maneira o conteúdo em geral pode ou não afetar o desenvolvimento dos indivíduos nessa fase.

Em relação aos filmes com conteúdo violento, Batista et al.57, produziram um experimento com o objetivo de investigar os efeitos de filmes violentos no comportamento infantil, medindo a diferença do grau de agressividade expresso em artigos feitos antes e depois do filme. Os resultados indicaram um nível mais alto de agressividade dos estudantes após expô-los ao filme Mortal Kombat por dois dias. Esses resultados são indicativos de que assistir filmes com conteúdo violento afeta o comportamento de crianças de ambos os sexos, quando avaliados por ensaios.

Observou-se ainda que o bom relacionamento com os professores diminui a manifestação de comportamento violento dos alunos. O estudo de Marriel et al.58 aponta uma relação entre manter um bom relacionamento com colegas e autoestima de professores e alunos. Também mostrou que estudantes com baixa autoestima se relacionam pior com colegas e professores do que aqueles com elevada autoestima. Além de estarem mais frequentemente na posição de vítimas de violência na escola têm mais dificuldade de se sentirem bem dentro do ambiente escolar.

Pesquisas ainda indicam que, para prevenir comportamentos violentos, basta investir em uma representação otimista de si mesma, reconhecendo o potencial do adolescente, fortalecendo sua autoestima e estimulando-o a entender seus próprios limites, bem como os limites das pessoas ao seu redor e da sociedade em geral59.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência faz parte das atividades diárias do aluno, envolvendo um contexto amplo e está praticamente relacionada à escola. A escola foi citada pelos participantes como o local onde observaram mais cenas de violência, além disso, alguns alunos afirmam ter sofrido bullying e vários preconceitos nessa instituição.

As questões de gênero estão relacionadas, uma vez que a manifestação do comportamento violento por meio de brigas, hábitos de lazer associados à violência, assistir a filmes, jogar jogos com conteúdo violento e o uso de drogas estão ligados ao ser menino. No entanto, as meninas não deixam de se envolver com outras formas de violência, como a violência psicológica através da prática de bullying, por exemplo.

A fim de construir alternativas para o relacionamento dos alunos na escola em vários níveis (individual e em grupo) e de diferentes complexidades, vale a pena investir em um bom relacionamento entre professor e aluno, considerando que dados importantes deste estudo apontam para o fato de que um relacionamento adequado com professores diminui a possibilidade do escolar se envolver em comportamentos violentos.

Contribuição dos Autores

AIG - Coordenou a pesquisa, elaborou o projeto, auxiliou na coleta e digitação dos dados. Realizou as análises estatísticas, descreveu e discutiu os resultados.

JLC - Participou da elaboração do projeto de pesquisa, tendo submetido-o ao comitê de ética em pesquisa da UFSC. Realizou revisão final no texto.

CDSF - Participou da elaboração do projeto de pesquisa, auxiliou na coleta e digitação dos dados. Auxiliou na discussão dos resultados. Realizou revisão final no texto bem como sua tradução para o inglês.

NCOM - Participou da elaboração do projeto de pesqisa, bem como da coleta e digitação dos dados. Realizou revisão final no texto.

GAW - Participou da elaboração do projeto de pesquisa bem como coleta e digitação dos dados. Realizou revisão final no texto.

PPN - Auxiliou na coleta e digitação dos dados da pesquisa bem como preparou o manuscrito nas normas da revista para a publicação.

VPC - Participou da elaboração do projeto de pesquisa. Participou da coleta e digitação dos dados.

Apoio financeiro

Esta pesquisa foi financiada pelo CNPQ através PIBIC, ano 2015/2016.

 

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Endereço para correspondência:
lanercardoso@gmail.com

Manuscrito recebido: Setembro 2019
Manuscrito aceito: Janeiro 2020
Versão online: Maio 2020

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