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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.30 no.2 São Paulo maio/ago. 2020

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.v30.9968 

ARTIGO ORIGINAL

 

Perfil lipídico de pessoas com síndrome de Down: uma revisão da literatura

 

 

Eloise Werle de Almeida; Márcia Greguol

Departamento de Educação Física, Centro de Educação Física e Esporte, Universidade Estadual de Londrina (UEL) - Londrina (PR), Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: Pessoas com síndrome de Down (SD) podem apresentar alterações no perfil lipídico. O objetivo desta pesquisa foi reunir dados da literatura sobre o perfil lipídico e o efeito do exercício sobre essa variável de pessoas com SD. Cinco bases de dados foram pesquisadas (MedLine, Lilacs, EBSCO Host, Web of Science e PsycInfo), utilizando termos relacionados aos objetivos da pesquisa. Ao final das buscas, 15 artigos foram incluídos na revisão. Cinco estudos verificaram alterações no perfil lipídico e incidência elevada de dislipidemias, sendo as alterações mais frequentes o baixo HDL e triglicérides elevados. Dois estudos investigaram o efeito de intervenção com exercícios físicos e com aconselhamento para práticas benéficas para saúde e verificaram melhora principalmente no HDL depois do período de intervenção. Assim, o perfil lipídico deve ser investigado em pessoas com SD e a prática de exercícios físicos pode ser utilizada para o controle destas variáveis

Palavras-chave: perfil lipídico, Síndrome de Down, exercício físico, revisão de literatura


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

A síndrome de Down envolve uma série de características morfológicas e funcionais que requerem atendimentos e cuidados específicos. Para que estes cuidados possam ser administrados, é importante a sistematização das informações sobre a saúde desta população, uma vez que é crescente o número de profissionais que atuam junto às pessoas com SD e ainda carecem de subsídios para que esta atuação seja cada vez mais específica às necessidades da deficiência. Neste sentido, realizamos a revisão de literatura para que pudéssemos reunir informações da literatura sobre o perfil lipídico de pessoas com SD, uma vez que esses dados são relevantes para a saúde desta população.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

Reunimos dados da literatura sobre o perfil lipídico e o efeito do exercício sobre essa variável de pessoas com SD. Cinco bases de dados foram pesquisadas (MedLine, Lilacs, EBSCO Host, Web of Science e PsycInfo), utilizando termos relacionados aos objetivos da pesquisa. Ao final das buscas, 15 artigos foram incluídos na revisão.

Foi possível perceber que uma parcela elevada desta população apresenta resultados negativos do perfil lipídico. Ainda, foram encontradas relações importantes entre acúmulo de gordura abdominal e o perfil lipídico. O excesso de gordura abdominal está associado a maior nível de colesterol total, LDL e triglicérides e menor HDL colesterol. Por fim, foi verificado que desde a prática de atividades físicas recreativas até exercícios físicos regulares e sistematizados parecem beneficiar o perfil lipídico, especificamente o HDL colesterol de pessoas com SD.

O que essas descobertas significam?

Foi possível perceber que pessoas com síndrome de Down apresentam resultados negativos relacionados ao seu perfil lipídico, e mesmo que alguns estudos busquem entender o que interfere nestas variáveis, ainda existem poucas pesquisas investigando estes dados.

Ainda, sabe-se que em pessoas sem deficiência, a prática de exercícios físicos pode apresentar benefícios para o perfil lipídico. No entanto, poucas pesquisas verificam os efeitos do exercício para a população com síndrome de Down.

Por isso, de uma forma geral, os resultados indicam a necessidade de investigar ainda mais os efeitos do exercício no comportamento do perfil lipídico de pessoas com síndrome de Down, para que cada vez mais um estilo de vida ativo seja estimulado entre esta população, e para que benefícios trazidos com a prática de exercícios físicos se manifestem na manutenção de uma saúde positiva entre estes indivíduos. Além disso, os resultados encontrados neste estudo podem direcionais profissionais que atuam juntamente a pessoas com síndrome de Down, no sentido de orientar novas possibilidades de pesquisas que podem ser conduzidos com essa população.

 

INTRODUÇÃO

A síndrome de Down (SD), caracterizada pela trissomia do cromossomo 21, é a mais frequente alteração cromossômica ocasionadora de deficiência intelectual1. Dados apontam que, no mundo, a síndrome acomete um a cada 750 nascidos vivos2. Na maioria dos casos, as pessoas acometidas pela SD apresentam a trissomia livre ou simples do cromossomo 21, na qual todas as células do organismo apresentam um terceiro cromossomo do par 213,4.

As características desta síndrome, como a hipotonia muscular, a presença de cardiopatias congênitas, alterações no metabolismo hormonal e enzimático podem favorecer o sobrepeso e a obesidade entre esta população3,5,6. Eberhard et al.3 colocam que alterações cromossômicas que promovem um desequilíbrio neuroquímico na produção de algumas enzimas como a fosfofrutoquisase e a superóxido dismutase podem interferir no processo antioxidativo do organismo, favorecendo desta forma o envelhecimento precoce.

Em relação ao metabolismo lipídico de pessoas com SD, a literatura ainda não fornece dados conclusivos sobre os valores de colesterol total, HDL e LDL colesterol desta população. Alguns estudos apontam níveis considerados normais destas variáveis3,7, entretanto, pesquisas recentes verificaram que o perfil lipídico de jovens e adultos com SD caracterizam quadros de dislipidemia, nos quais são verificados níveis elevados de colesterol total, LDL e triglicérides (TG) e baixos níveis de HDL8-10.O estilo de vida e a prática de atividades físicas estão fortemente relacionados ao controle destes fatores, que por sua vez estão associados com a incidência de doenças cardiovasculares5,11,12.

É frequente em pessoas com deficiência, especialmente a SD, a falta de prática de atividades físicas. Associado às características próprias da síndrome, o comportamento sedentário tem sido um dos motivos que explicam a obesidade e baixos níveis de aptidão física nessa população13,14. Um programa de exercícios físicos regular pode atuar na melhora do perfil cardiovascular, lipídico, pressórico e glicêmico dos indivíduos, ou seja, reduzir a pressão arterial, a necessidade de insulina, as gorduras corporais totais, níveis de triglicérides e aumentar os níveis de HDL colesterol15,16. Entretanto, não existem evidências suficientes para detalhar quais programas de exercício físico são eficazes para melhora destas variáveis em pessoas com SD17-21.

Então, a síndrome de Down envolve uma série de características morfológicas e funcionais que requerem atendimentos e cuidados específicos. Para que estes cuidados possam ser administrados, é importante a sistematização das informações sobre a saúde desta população, uma vez que é crescente o número de profissionais que atuam junto às pessoas com SD e ainda carecem de subsídios para que esta atuação seja cada vez mais específica às necessidades da deficiência. Neste sentido, a revisão e reunião de informações da literatura sobre o perfil lipídico de pessoas com SD torna-se relevante para a saúde desta população.

A partir do exposto, o objetivo deste trabalho de revisão é analisar os dados disponíveis na literatura sobre o metabolismo lipídico e a influência da prática de atividades físicas sobre esta variável considerada controle para o risco de doenças cardiovasculares em pessoas com síndrome de Down.

 

MÉTODO

A revisão da literatura foi conduzida por meio de uma busca de artigos indexados em bases de dados que abordassem o tema do perfil lipídico em pessoas com síndrome de Down e a influência do exercício físico sobre esta variável. Para conduzir a busca foram selecionadas as seguintes bases de dados: Medline - Medlars Online (1950 - Abril de 2018); Lilacs - Latin American and Caribbean Health Science Literature (1982 - Abril de 2018); EBSCO Host (1975 - Abril de 2018); Web of Science (1900 -Abril de 2018); PsycInfo (2001 - Abril de 2018).

Para a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores de Ciências da Saúde: "Down Syndrome", "Intellectual Disability", "Mental Retardation", "Blood", "Dyslipidemia", "Lipid Profile", "Cholesterol", "Triglycerides", "Physical Activity", "Exercise", "Fitness", "Training", "Training program", utilizando operadores booleanos OR e AND para ampliar e refinar as buscas. Não foi restrito nenhum idioma das publicações. A decisão pela inclusão dos artigos foi tomada por dois pesquisadores independentes e as eventuais divergências foram resolvidas por consenso.

Concluídas as buscas, os artigos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: estudos de campo com a participação de pessoas com síndrome de Down; avaliação do perfil lipídico dos participantes com síndrome de Down OU efeitos de uma intervenção com exercícios físicos no perfil lipídico dos participantes com síndrome de Down. Foram excluídos deste trabalho estudos de revisão, bem como dissertações e teses.

Após esta etapa, as publicações que contemplassem os critérios de inclusão foram tabuladas e analisadas de acordo com os seguintes fatores: objetivo da pesquisa (a), características das participantes do estudo (b), variáveis pesquisadas (c) e principais achados da pesquisa (d). Novamente com esta análise mais refinada, caso os estudos não estivessem completamente de acordo com os critérios de inclusão propostos, seriam excluídos da revisão.

 

RESULTADOS

Seleção dos estudos

A partir das buscas nas bases de dados selecionadas, foram encontrados 601 estudos utilizando os termos descritos. Foram excluídos os artigos que estavam indexados em mais de uma base de dados, e ao total ficaram 490 artigos. Foi então realizada uma leitura minuciosa dos títulos para confirmar se as publicações se adequavam ao tema de pesquisa proposto. Após esta etapa, 22 estudos foram selecionados.

Os 22 artigos restantes passaram então por uma leitura completa e refinada. Concluídas as leituras, sete estudos foram excluídos por não se adequarem completamente aos critérios de inclusão propostos (não realizaram pesquisas de campo analisando o metabolismo lipídico ou o efeito do exercício sobre esta variável em pessoas com SD). Assim sendo, ao final 15 estudos foram incluídos na presente revisão.

Os resultados das buscas estão descritos na Tabela 1 e a estratégia de seleção dos artigos para esta revisão está descrita na Figura 1.

Características dos estudos incluídos

A maioria dos estudos incluídos nesta revisão tinha características de delineamento transversal. Apenas três estudos eram quase experimentais e avaliaram o efeito de uma intervenção sobre os participantes3,22,23. Dos 15 artigos incluídos, dez realizaram uma análise do perfil lipídico e cinco avaliaram o efeito do exercício sobre esta variável em um determinado momento. No que se trata dos participantes dos estudos, o número de indivíduos com síndrome de Down variou de 11 a 357, totalizando 1097 pessoas com a síndrome. Os principais achados dos estudos estão sintetizados nas Tabela 2 e 3.

Os resultados do perfil lipídico apresentados pelas pesquisas incluídas nesta revisão de literatura foram variáveis e diferentes entre si. Dos dez artigos em que foi feita a análise do perfil lipídico sem a influência do exercício físico7-10,24-29, em cinco os participantes estavam com alguma alteração no perfil lipídico9,10,24,25,27.

Na pesquisa de Rimmer et al.27, 32% das mulheres e 54% dos homens participantes (17 a 72 anos) estavam com valores elevados de colesterol. Da mesma forma, de la Piedra et al.10 relatam que 58% dos participantes (2 a 18 anos) apresentavam alguma alteração no perfil lipídico, sendo o baixo nível de HDL e o valor de triglicérides elevado as alterações mais frequentes. Asua et al.24 apresentam que 17 dos 49 participantes (adultos com mais de 18 anos) com SD foram diagnosticados com dislipidemia e Buonouomo et al.9 verificaram que os participantes (2 a 19 anos) apresentaram valores elevados de colesterol total (CT), LDL colesterol e triglicérides e baixas taxas de HDL, com exceção de meninas maiores de 15 anos de idade, nas quais foram verificados índices normais das variáveis avaliadas. Já na pesquisa de Draheim et al.25 as taxas de colesterol estavam dentro do normal e somente os triglicérides estavam elevados (participantes entre 35 e 60 anos).

Na pesquisa de Adelekan et al.8 os valores do perfil lipídico estavam dentro do recomendado para a saúde, mas, ainda assim, foram mais elevados do que os resultados de seus irmãos que não apresentavam a SD, os quais constituíram o grupo controle no estudo. Ainda, Ordoñez-Munoz et al.7, Marín e Graupera28, Wallen et al.29 verificaram que os valores das variáveis do perfil lipídico de adolescentes e adultos estavam dentro do recomendado. Os resultados da pesquisa de Dorner et al.26 indicaram que os adultos com SD apresentaram colesterol menor que os participantes do grupo controle sem deficiência.

Dos cinco artigos em que foi avaliado o efeito do exercício sobre o perfil lipídico3,23,30,31, três tiveram um protocolo quase experimental3,22,23 e aplicaram uma intervenção na pesquisa. Carmeli et al.22 avaliaram o efeito de um programa de treinamento com caminhadas em uma faixa de intensidade de não causasse dor em idosos institucionalizados com SD. O perfil lipídico foi avaliado antes do período de exercícios e os idosos apresentaram índices adequados de colesterol. No entanto estas variáveis não foram avaliadas após o programa de caminhadas e com isso não foi possível verificar o efeito das atividades no perfil lipídico dos idosos. Eberhard et al.23 aplicaram um programa de aconselhamento sobre dieta e exercício físico para pessoas com SD e sem deficiência. Não foram encontradas diferenças nas frações de HDL colesterol entre as crianças com SD que participaram da intervenção e sem SD, enquanto as crianças do grupo controle com SD apresentaram piores resultados nesta variável após a intervenção com aconselhamento.

No estudo de Eberhard et al.3 foi realizado um programa de 12 semanas de treinamento com jovens com SD de 15 a 21 anos. O programa consistia na prática de uma hora de atividade aeróbia em bicicleta ergométrica a uma intensidade de 60% do VO2máximo duas vezes na semana e jogos na escola que envolviam corridas e caminhadas durante uma hora por dia. Foi avaliado o perfil lipídico antes e após um teste incremental de 40 minutos em cicloergômetro, levando os participantes próximos à exaustão. O teste foi realizado antes e após o programa de treinamento. Ao final das 12 semanas os autores perceberam um aumento do HDL colesterol dos participantes após o teste.

Já os outros dois estudos realizaram avaliações após uma sessão de exercícios físicos. Nas pesquisas de Eberhard30 e Flore et al.31, que avaliaram o efeito agudo do exercício, os resultados de colesterol estavam em padrões normais entre os participantes. Eberhard30 encontrou que os participantes apresentaram baixos valores de HDL colesterol e altas taxas de VLDL colesterol. Após um esforço de 40 minutos a uma intensidade de 57% do VO2máximo, foram encontradas poucas alterações nos valores de colesterol. Já Flore et al.31 avaliaram o colesterol antes do exercício, mas após os testes não foram mensuradas novamente as variáveis no perfil lipídico, mas sim variáveis relacionadas à oxidação lipídica após uma sessão de exercício com variações de intensidade de 30 a 75% do VO2máximo.

 

DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo de revisão foi reunir na literatura as pesquisas que investigaram o metabolismo lipídico de pessoas com síndrome de Down ou, além disso, o efeito do exercício sobre estas variáveis.

Assim como na população sem deficiência, tem aumentado entre as pessoas com deficiência intelectual (DI) a mortalidade por doenças cardiovasculares. Adultos com DI leve a moderada e pertencentes a classes sociais mais baixas possuem maiores riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disso, a idade, o sexo, o perfil lipídico e glicêmico e a pressão arterial também são fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de patologia32. Quando submetidos a um programa de exercícios físicos, Elmahgoub et al.33 verificaram que, após 10 semanas de treinamento resistido combinado ao aeróbio, 15 jovens com idades entre 14 e 22 anos com deficiência intelectual moderada a severa, diagnosticados com Autismo ou síndrome do X frágil, apresentaram aumento no HDL e redução no CT, LDL e TG, quando comparados a um grupo controle. Os autores explicam estes resultados pela diminuição da gordura corporal, também observada ao final do programa de treinamento.

Algumas características próprias da síndrome de Down, como a alta incidência de cardiopatias congênitas e de disfunções da tireoide, e o frequente sedentarismo entre esta população, podem aumentar a situação de risco deste grupo3,5,6,34. Por isso, a avaliação e o controle do perfil lipídico de pessoas com síndrome de Down pode ser importante da prevenção de doenças cardiovasculares.

No que se refere ao perfil lipídico, os estudos apresentam diferentes resultados. Dos dez artigos em que foi feita a análise destas variáveis sem a influência do exercício físico7-10,24-29, em cinco os participantes estavam com alguma alteração no perfil lipídico9,10,24,25,27, demonstrando uma elevada incidência destas alterações em pessoas com SD.

O aumento da idade pode ser um fator que influencia em níveis mais altos de colesterol35. No entanto, quando analisada a idade dos participantes dos estudos incluídos nesta revisão que apresentaram índices inadequados de HDL, LDL, CT e triglicérides, em duas pesquisas9,10 os participantes tinham de 2 a 19 anos. No estudo de Rimmer et al.27 em que os participantes apresentaram valores mais altos de colesterol total, a idade destes sujeitos era de 17 e 72 anos de idade. Além disso, na única pesquisa em que foram avaliadas apenas pessoas idosas22, os resultados das variáveis do perfil lipídico estavam dentro do padrão normal no momento inicial do estudo.

Estes dados podem indicar que talvez outros fatores, como o estilo de vida e os hábitos alimentares, que podem levar ao sobrepeso e a obesidade, tenham maior influência no perfil lipídico e glicêmico de pessoas com Síndrome de Down do que a idade36. Na tentativa de entender o que leva a possíveis alterações nas variáveis lipídicas de pessoas com SD, algumas hipóteses são levantadas. O excesso de peso e gordura corporal, principalmente na região abdominal, frequentes entre as pessoas com SD, possivelmente podem interferir nos índices lipídicos. Duas pesquisas incluídas nesta revisão realizaram análises neste sentido. Ordoñez-Munoz et al.7 encontraram correlações significativas entre variáveis antropométricas (IMC, CA e Relação Cintura-Quadril (RCQ)) e o perfil lipídico de jovens com idade média de 16 anos, destacando a correlação forte positiva entre o HDL e RCQ. No entanto, Asua et al.24 verificaram que os participantes adultos com obesidade abdominal, avaliada pela RCQ, não apresentavam valores de CT, LDL, HDL e triglicérides diferentes daqueles que não foram identificados com excesso de gordura abdominal.

Algumas pesquisas apontam que, quando comparadas às pessoas sem deficiência, participantes com SD têm maior consumo nutricional de carboidratos e gorduras e menor consumo de proteínas, fibras e algumas vitaminas e minerais37,38, e estes hábitos alimentares podem estar relacionados ao excesso de peso e gordura. Sendo assim, a análise do consumo alimentar e nutricional pode ser uma estratégia importante para entender as variações do perfil lipídico destas pessoas.

A redução da produção dos hormônios da tireoide, típica do hipotireoidismo, também pode estar relacionada a alterações no colesterol, especialmente ao aumento do LDL e à redução do HDL. Menores concentrações dos hormônios da tireoide diminuem a síntese e a expressão dos receptores de LDL, levando a um aumento sérico das LDL e, consequentemente, do colesterol. Ainda, a atividade da enzima lectina-colesterol-acil-transferase (LCAT), responsável pela esterificação do colesterol endógeno na superfície da HDL, é reduzida em quadros de hipotireoidismo, acarretando a redução do HDL-colesterol nesta disfunção da tireoide39,40.

O hipotireoidismo é uma condição frequente nas pessoas com SD. Aproximadamente 30% a 50% das crianças com SD em idade escolar apresentam quadros de hipotireoidismo41. Assim, ressalta-se a importância da avaliação periódica desta variável, também no auxílio do controle do sobrepeso e obesidade e das condições metabólicas que estão associadas a estes quadros. Um estudo desta revisão realizou análises dos hormônios tireoideanos10 e verificou que 71% dos adolescentes com SD foi diagnosticado com hipotireoidismo. Este grupo não apresentou diferenças significativas com relação aos indivíduos sem disfunção na tireoide, mas uma tendência de maiores níveis de TG e menores taxas de HDL, apontando que os cuidados com o controle do hipotireoidismo são importantes para a manutenção de níveis adequados do perfil lipídico.

A prática de exercícios físicos pode ser uma medida benéfica para o controle e redução dos níveis de colesterol42. Pesquisas indicam que, com a prática de exercícios físicos, o tecido muscular amplia sua habilidade em consumir ácidos graxos e aumenta a atividade da enzima lípase lipoprotéica no músculo, reduzindo os níveis de lipídios plasmáticos. Além disso, a prática de exercícios físicos parece aumentar a atividade da enzima lectina-colesterol-acil-transferase (LCAT), aumentando o HDL-colesterol. Este processo remove a colesterol da circulação para sua eliminação42,43.

Dos cinco artigos em que foi avaliado o efeito do exercício sobre o perfil lipídico3,22,23,30,31, apenas dois estudos, dos três que aplicaram uma intervenção, verificaram melhora no perfil lipídico após o programa de exercícios3 ou de aconselhamento23 sobre hábitos positivos para saúde.

Eberhard et al.3 realizaram 12 semanas de treinamento com jovens com SD de 15 a 21 anos. As atividades aeróbias em bicicleta ergométrica eram realizadas durante de uma hora, duas vezes na semana a uma intensidade de 60% do VO2máximo e, ainda, os participantes realizavam uma hora por dia de jogos na escola que envolviam corridas e caminhadas. Foi avaliado o perfil lipídico antes e após um teste incremental de 40 minutos em cicloergômetro, levando os participantes próximo à exaustão. O teste foi realizado antes e após o programa de treinamento. Ao final das 12 semanas os autores perceberam um aumento do HDL colesterol dos participantes após o teste. Mesmo que benefícios tenham sido encontrados com a aplicação deste protocolo de treinamento, o tipo de jogo realizado na escola, bem como sua intensidade e a participação do aluno nestes momentos não foram mensurados, dificultando a generalização e extrapolação destes dados. Mas ainda assim, este é a única pesquisa encontrada que aplicou uma intervenção com práticas regulares de exercícios físicos e que avaliou seu efeito no perfil lipídico.

Já na pesquisa de Eberhard et al.23 foram dados aos participantes com SD e sem deficiência conselhos relacionados aos hábitos de saúde, como o consumo de alimentos sem açúcares e gorduras, frutas e vegetais e a recomendação da prática de atividades físicas na escola e nos finais de semana. Os jovens foram acompanhados durante um ano e após este período não foram encontradas diferenças no HDL colesterol de crianças com e sem deficiência que participaram da intervenção, enquanto as crianças do grupo controle com SD, que não receberam o aconselhamento, apresentaram piores resultados nesta variável. Portanto, também nesta pesquisa foram encontrados efeitos positivos em variáveis do perfil lipídico investigadas. No entanto, não foi realizado nenhum controle durante o período de intervenção sobre a quantidade e a intensidade de exercícios físicos, bem como dos alimentos consumidos pelos participantes durante o ano. Assim, esta pesquisa demonstra que hábitos positivos relacionados a saúde podem ser positivos inclusive para o perfil lipídico, mas não permite traçar conclusões acerca de qual programa de exercícios traz estes benefícios ou ainda se eles necessariamente precisam estar aliados ao controle alimentar.

Carmeli et al.22 também aplicaram uma intervenção e investigaram o efeito de 15 semanas de caminhadas realizadas por três vezes na semana, durante 40 minutos em uma intensidade que não causasse dor em idosos institucionalizados com SD. As variáveis do perfil lipídico foram avaliadas antes do programa de exercícios e, neste momento, os idosos apresentaram índices adequados de colesterol. No entanto, após o programa de caminhadas, não foram repetidas as avaliações e, com isso, não foi possível verificar o efeito das atividades no perfil lipídico dos idosos.

Já Eberhard30 avaliou o efeito agudo do exercício físico sobre o perfil lipídico de 11 adolescentes com SD e encontrou que os participantes apresentaram baixos valores de HDL colesterol e altas taxas de VLDL colesterol. Após um esforço de 40 minutos em cicloergômetro a uma intensidade de 57% do VO2máximo, foram encontradas poucas alterações nos valores de colesterol. No entanto o autor verificou um aumento de ácidos graxos livre (AGL), demonstrando que neste tipo de exercício a intensidade em que foi realizado estimula a metabolização de lipídios. Este estudo apresentou uma proposta diferente dos outros incluídos nesta pesquisa, já que buscou investigar o efeito de apenas uma sessão de exercícios no colesterol. O autor não encontrou resultados neste sentido e destacou que as adaptações no perfil lipídico provavelmente ocorreriam com a prática regular de exercícios físicos, ratificando a necessidade de pesquisas com estes protocolos de intervenção.

Sabe-se que a prática de pelo menos 60 minutos de atividades físicas a uma intensidade moderada por adolescentes está associada a benefícios para a saúde44. Entretanto, é frequente entre as pessoas com deficiência e, especificamente entre as pessoas com SD, o menor envolvimento em atividades físicas de maior intensidade45. Os artigos apresentados nesta revisão encontraram que desde a prática de atividades físicas realizadas em momentos na escola ou como lazer, até práticas de exercícios sistematizadas parecem trazer benefícios para o perfil lipídico de pessoas com SD. No entanto, os artigos possuíam protocolos de intervenção diferentes entre si, dificultando a comparação dos resultados e construção de respostas mais conclusivas. Portanto, os efeitos da prática regular de atividades físicas nesta população ainda constituem uma lacuna e precisam ser mais investigados.

A partir desta revisão foi possível perceber que ainda não existem muitos estudos que investigaram o perfil lipídico em pessoas com SD. E ainda, especialmente, o efeito do exercício físico sobre esta variável ainda não foi estabelecido. Os benefícios do exercício são amplamente conhecidos nas pessoas sem deficiência, e, com o conhecimento das características da SD, torna-se muito importante o estudo dos efeitos do exercício físico nesta população, especificamente no perfil lipídico, já que os indícios apresentados nesta revisão são de que desde práticas recreativas até práticas regulares podem trazer melhoras no colesterol. Este tema ainda é pouco discutido, talvez pela dificuldade de adesão das pessoas com deficiência às práticas de exercício físico. Assim, propostas motivantes para essa população podem ser colocadas para que se possam sanar as lacunas encontradas na literatura.

Limitações da pesquisa

Apesar dos resultados encontrados no presente estudo, algumas limitações precisam ser pontuadas. Devido a ainda escassa quantidade de pesquisas produzidas investigando o perfil lipídico de pessoas com síndrome de Down, foi necessário reunir estudos que pesquisaram as variáveis de colesterol em diferentes condições: faixas etárias diferentes, recrutamento dos participantes diferentes, com a prática ou não de exercícios físicos ou ainda por diferentes metodologias. No entanto, mesmo com as disparidades das pesquisas encontradas, é possível traçar um panorama da literatura no sentido de que ainda são necessárias mais pesquisas que investiguem o perfil lipídico desta população.

Ainda em relação às diferenças dos estudos, o delineamento metodológico distinto de cada um não permite a realização de análises estatísticas para a busca das evidências e para a construção do perfil das variáveis lipídicas da população com síndrome de Down.

 

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Endereço para correspondência:
eloisewalmeida@gmail.com

Manuscrito recebido: Setembro 2019
Manuscrito aceito: Janeiro 2020
Versão online: Maio 2020

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