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Journal of Human Growth and Development

Print version ISSN 0104-1282On-line version ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.30 no.2 São Paulo May/Aug. 2020

http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.v30.10368 

ARTIGO ORIGINAL

 

O uso da eletromiografia de superfície como medida de desfecho da fisioterapia em crianças com Paralisia Cerebral: uma revisão sistemática

 

 

Bruna Garcia SchmidtI; Laís Rodrigues GerzsonII; Carla Skilhan de AlmeidaIII

IFisioterapeuta, Kinder - Centro de Integração da Criança Especial; AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente, Porto Alegre, RS, Brasil
IIPrograma de Pós-Graduação Saúde da Criança e do Adolescente, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
IIIDepartamento de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: A Paralisia Cerebral é a deficiência física mais comum na infância. A fisioterapia desempenha um papel central na gestão do tratamento das sequelas da Paralisia Cerebral. Contudo, é sempre um desafio conseguir quantificar os resultados obtidos nas intervenções fisioterapêuticas. Dessa forma, a eletromiografia de superfície vem sendo cada vez mais empregada por fisioterapeutas por ser um método quantitativo de avaliação e tratamento das disfunções do sistema neuromuscular
OBJETIVO: Analisar o uso da eletromiografia de superfície como medida de desfecho da fisioterapia em crianças com paralisia cerebral
MÉTODO: A partir da busca em duas importantes bases de dados, foram selecionados ensaios clínicos de intervenções fisioterapêuticas que utilizaram a eletromiografia de superfície como fator de desfecho da fisioterapia em crianças com paralisia cerebral, publicados em português, inglês, francês ou espanhol até agosto de 2019
RESULTADOS: Foram encontrados 166 artigos nas bases consultadas. Desses, somente 15 foram incluídos e classificados com qualidade metodológica boa pelo PEDro e por terem relação com a eletromiografia de superfície. Um fluxograma com padronização das ações foi construído levando em consideração os achados mais prevalentes nos estudos
CONCLUSÃO: A eletromiografia de superfície vem sendo aplicada pelos fisioterapeutas para avaliar os efeitos da intervenção, mas precisa melhorar seu nível de evidência

Palavras-chave: Paralisia Cerebral, fisioterapia, eletromiografia.


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

Entende-se que a abordagem de vários métodos, técnicas e conceitos dentro da área da fisioterapia deve ser baseados em evidências científicas, favorecendo assim, a prática clínica.

A eletromiografia é uma ferramenta bastante relevante para estes achados nas disfunções do sistema neuromuscular. E cada vez mais os fisioterapeutas anseiam por respostas que possam auxiliar no tratamento de seus pacientes, neste caso, estudamos a paralisia cerebral (PC).

Através do sinal eletromiográfico é possível estudar a resposta aos exercícios terapêuticos comumente utilizados na reabilitação no que se refere ao início e término da atividade, tipo de contração muscular e a posição articular.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

Dos 155 artigos encontrados, apenas 15 foram incluídos em uma revisão sistemática, os quais demonstraram a importância do uso da EMG's na prática fisioterapêutica como desfecho, com teor metodológico rigoroso.

Analisando os 15 artigos somente um artigo recebeu pontuação nove de acordo com a Escala PEDro, a maioria ficou com pontuação quatro ou cinco na escala.

Quatro analisaram a ativação muscular em exercícios isométricos, seis utilizaram exercícios isotônicos e somente um artigo utilizou exercícios isocinéticos. Dois artigos avaliaram a EMGs durante exercícios isotônicos e em repouso. Um artigo avaliou exercícios isotônicos e também durante exercícios de equilíbrio e um artigo avaliou a EMGs durante manipulações realizadas pelo avaliador.

O que essas descobertas significam?

Esses achados significam que a EMGs tem sido muito utilizada por fisioterapeutas para demonstrar a resposta muscular aos estímulos neurais de uma forma não invasiva.

Através da EMGs é possível observar o grau, duração, tipo de contração muscular, alteração da composição das unidades motoras resultante de programas de treinamento muscular, estratégias neurais de recrutamento, além de possibilitar inferências relativas à fadiga muscular.

Significa também que o sinal eletromiográfico se torna uma ferramenta útil para analisar o desfecho de tratamentos fisioterapêuticos, porque proporciona um fácil acesso aos processos fisiológicos que fazem com que o músculo gere força, produza movimentos e realize inúmeras funções que nos permitam fazer inferências relevantes quanto à biomecânica dos movimentos humanos.

As novidades desses achados marcam que a EMG´s pode ser usado como indicador de início da ativação muscular (como encontrado na maioria dos estudos), sua relação com a força produzida e seu uso como índice de processos de fadiga. Com o aumento da força muscular, a amplitude do sinal aumenta de forma correspondente, e nas tarefas de destreza, sugere melhor controle postural.

 

INTRODUÇÃO

A Paralisia Cerebral (PC), também conhecida como encefalopatia crônica não progressiva da infância, refere-se a um grupo heterogêneo de distúrbios do movimento e da postura, permanentes, mas não progressivos, causada por lesão do cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento1. É a deficiência motora mais comum na infância. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos estima que, em média, um em cada 323 crianças no país têm PC2. Já, na Europa, estima-se que 2 a 3 casos por 1000 nascidos vivos apresentam a encefalopatia3. Em países subdesenvolvidos o índice alcança 7 por 1.000 nascidos vivos. E no Brasil, a incidência da desordem é de 30.000 a 40.000 novos casos por ano4.

A criança com PC pode apresentar déficits sensitivo, cognitivo, de comunicação e comportamento1. Embora não seja um distúrbio progressivo, mudanças musculoesqueléticas ocorrem ao longo do tempo, como: a espasticidade, a perda de amplitude de movimento, as contraturas, as deformidades e a dificuldade de mobilidade, causando limitações nas atividades de vida diária da criança e, até mesmo, dependência funcional completa de cuidadores e familiares5. Devido às suas graves consequências em longo prazo, intervenções eficazes podem ajudar a melhorar a função motora, a qualidade de vida e a independência dessas crianças1. Nesse sentido, a fisioterapia desempenha um papel central na gestão do tratamento das sequelas da PC, ao se concentrar na funcionalidade, movimento e uso ótimo do potencial da criança. A fisioterapia utiliza abordagens físicas para promover, manter e restaurar o bem-estar físico, que, por sua vez, também será capaz de gerar bem-estar psicológico e social6.

Revisões anteriores abordaram a efetividade das intervenções de fisioterapia para crianças com PC, focando no tratamento por intermédio do conceito neuroevolutivo Bobath7, treinamento de força8, treinamento de marcha9, terapia do espelho10, vibração de corpo inteiro11, equoterapia12, dentre outras, demonstrando dados positivos sobre essas terapias.

Contudo, é sempre um desafio conseguir quantificar os resultados obtidos nas intervenções fisioterapêuticas. Isso se justifica pela grande quantidade de estudos em fisioterapia neurofuncional com pobreza metodológica. É necessário que fisioterapeutas assumam a responsabilidade de utilizar práticas baseadas em evidências e métodos objetivos de intervenção e mensuração da evolução de seus pacientes neurológicos13.

Dessa forma, a eletromiografia de superfície (EMGs) vem sendo cada vez mais empregada por fisioterapeutas por ser um método quantitativo de avaliação e tratamento das disfunções do sistema neuromuscular. São muitos os dilemas clínicos vividos por fisioterapeutas que anseiam por respostas que possam auxiliar o tratamento de seus pacientes com PC, unindo a prática à evidência clínica. Através do sinal eletromiográfico é possível estudar a resposta aos exercícios terapêuticos comumente utilizados na reabilitação no que se refere ao início e término da atividade, tipo de contração muscular e a posição articular. A EMGs é uma técnica que permite analisar a função muscular em determinadas tarefas e, também, avaliar a eficácia de técnicas de recuperação funcional das mais variadas patologias, além de ser usada com a função de auxiliar o treinamento de músculos específicos (biofeedback). Dessa maneira, a EMGs permite inúmeras aplicações, tanto na área clínica como na pesquisa14.

Sendo assim, a procura e a análise de estudos que demonstrem a importância do uso da EMG's na prática fisioterapêutica, com teor metodológico rigoroso e que, de fato, melhorem a forma de mensurar os resultados da fisioterapia, seria de fundamental importância. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o uso da EMGs como medida de desfecho da fisioterapia em crianças com PC.

 

MÉTODO

Esta revisão foi realizada de acordo com as diretrizes para realização de revisões sistemáticas Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A amostra foi composta por ensaios clínicos de intervenções fisioterapêuticas que utilizaram a EMGs como fator de desfecho da fisioterapia em crianças com PC.

Critérios de elegibilidade

Foram incluídos ensaios clínicos desde 2000 até 2019 com crianças com PC em idade entre dois a 18 anos. Nos ensaios a EMGs foi utilizada como forma de avaliação de algum tratamento fisioterapêutico. Ensaios que proporcionaram outros adjuvantes à fisioterapia, tais como: rizotomia dorsal seletiva, terapia com injeção de toxina botulínica ou baclofeno, além de intervenções cirúrgicas ou farmacêuticas foram excluídos.

Estratégia de busca

A pesquisa foi realizada no período de maio de 2017 a agosto de 2019 nas bases de dados Pubmed sem restrição de idioma, utilizando a seguinte estratégia de busca avançada: cerebral palsy AND physical therapy modality AND electromyography. Não foi possível acessar o banco de dados Embase.

Seleção dos estudos e extração dos dados

Após a busca, dois avaliadores independentes realizaram a seleção dos artigos através da leitura de títulos e resumos. Todos os artigos que foram previamente selecionados foram lidos na íntegra pelos dois avaliadores para verificar se contemplavam os critérios de elegibilidade da revisão. Quando houve discordância entre os avaliadores, as mesmas foram resolvidas por consenso.

A extração de dados foi por meio de um formulário padronizado também por dois revisores de forma independente. Foram extraídas informações sobre amostra, avaliações, tempo e tipo de intervenção que favorecesse o desenvolvimento motor. Em caso de dúvida, os autores dos artigos originais foram contatados.

Avaliação do risco de viés e análise dos dados

A avaliação do risco de viés foi realizada pelos dois avaliadores de forma independente utilizando a Escala PEDro15. A escala avalia a validade interna (aleatorização dos grupos, ocultação da distribuição por grupos, comparabilidade inicial dos grupos, cegamento de grupos, terapeutas e paciente, análise por "intenção de tratamento" e adequabilidade do período de follow-up) e a interpretabilidade dos dados (existência de comparações estatísticas entre grupos, estimativas e medidas de variabilidade), através de 10 critérios15. Quando houve discordância entre os avaliadores, as mesmas foram resolvidas por consenso.

 

RESULTADOS

Dos 166 artigos encontrados nas duas bases de dados somente 15 artigos preencheram os critérios de inclusão e foram selecionados. Todo o processo de seleção dos artigos é demonstrado na Figura 1.

Cada um dos 15 artigos selecionados foi avaliado quanto a sua qualidade metodológica segundo a Escala PEDro14. Somente o artigo de McGibbon et al.16 recebeu pontuação nove, a maioria dos artigos ficou com pontuação17-30 quatro ou cinco na escala como é possível observar na Tabela 1.

Os artigos selecionados pesquisaram 325 crianças com PC. Destes artigos, três, utilizaram grupo controle com crianças com desenvolvimento típico sem nenhuma alteração neurológica, somando um total de 58 crianças saudáveis, enquanto um artigo compôs seu grupo controle por oito crianças com déficit cognitivo leve e desenvolvimento motor de acordo com sua idade. As idades das crianças variaram de dois a 18 anos. Quanto ao tônus, todas as crianças com PC apresentaram tônus espástico. Sobre a topografia da PC, sete estudos avaliaram diplégicos, três avaliaram hemiplégicos, um avaliou quadriplégicos, dois estudos avaliaram hemiplégicas e diplégicos e somente um estudo avaliou crianças quadriplégica, hemiplégica e diplégicas. Já, em relação ao nível motor, segundo o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS)30, oito artigos analisaram crianças com GMFCS I a III, em um artigo o GMFCS variou entre I a IV enquanto em outro artigo a variação foi entre I a V. Dois artigos utilizaram o Sistema de Classificação da Habilidade Manual (MACS)31 para classificar as crianças, pois analisaram a EMGs de músculos dos membros superiores. A classificação variou de I a III em um artigo e de I a II em outro. E dois artigos não utilizaram nenhumas das classificações para caracterizar sua amostra. A Tabela 2 apresenta os artigos que fizeram parte dessa pesquisa.

Os 15 artigos encontrados trazem várias técnicas fisioterapêuticas utilizadas na reabilitação de crianças com PC que foram avaliadas pela EMGs como demonstrado na Tabela 3.

A aquisição do sinal eletromiográfico detectada por meio de eletrodos colocados na superfície da pele sobreposta ao músculo pode ser feita em vários tipos de posturas, movimentos e exercícios, sejam eles isométricos, isotônicos ou isocinéticos31.

Dos 15 artigos selecionados, quatro analisaram a ativação muscular em exercícios isométricos, seis utilizaram exercícios isotônicos e somente um artigo utilizou exercícios isocinéticos. Dois artigos avaliaram a EMGs durante exercícios isotônicos e em repouso. Um artigo avaliou exercícios isotônicos e também durante exercícios de equilíbrio e um artigo avaliou a EMGs durante manipulações realizadas pelo avaliador.

 

DISCUSSÃO

A EMGs tem sido muito utilizada por fisioterapeutas justamente por ter a capacidade de demonstrar a resposta muscular aos estímulos neurais de forma não invasiva. Através da EMGs é possível observar o grau, duração e tipo de contração muscular, alteração da composição das unidades motoras resultante de programas de treinamento muscular, estratégias neurais de recrutamento, além de possibilitar inferências relativas à fadiga muscular32,33. Dessa forma, são várias as aplicações da EMGs na fisioterapia, seja para avaliar o sucesso de determinada terapia, seja para demonstrar diferenças relativas a ativação muscular intersujeitos e intergrupos34.

Em pacientes com PC, onde a escolha e a resposta à intervenção são difíceis pelo fato da desordem ser heterogênea, apresentar várias etiologias e características motoras e cognitivas, padrões de lesões cerebrais e condições de saúde associadas diferentes, a necessidade de se optar pela melhor terapêutica é de extrema importância para proporcionar melhores ganhos aos pacientes35,36. Por isso, o sinal eletromiográfico se torna uma ferramenta útil para analisar o desfecho de tratamentos fisioterapêuticos porque proporciona um fácil acesso aos processos fisiológicos que fazem com que o músculo gere força, produza movimentos e realize inúmeras funções que nos permitam fazer inferências relevantes quanto à biomecânica dos movimentos humanos34.

Quanto ao uso do sinal eletromiográfico, de acordo com De Lucca35, na biomecânica, são três os tipos de aplicações que prevalecem: seu uso como indicador do início da ativação muscular, sua relação com a força produzida e seu uso como índice de processos de fadiga. Como indicador do início da atividade muscular, o sinal pode fornecer a sequência de temporização de um ou mais músculos executando uma tarefa, como durante a marcha ou na manutenção da postura ereta, por exemplo. No presente estudo, a maioria dos artigos, ou seja, 13 artigos analisaram o processo de ativação muscular, dois artigos relacionaram o sinal eletromiográfico com a força muscular e nenhum artigo analisou questões relacionadas à fadiga muscular.

A relevância de se pesquisar a respeito da ativação e força muscular em crianças com PC após programas de tratamento acontece porque a fraqueza muscular é uma condição presente nessa desordem que contribui para a postura e movimentos anormais. A perda de sinais motores excitatórios descendentes no trato córtico espinhal resulta em redução da ativação e do tamanho muscular, o que é agravado ainda mais por mudanças patológicas na elasticidade do músculo. Entender esses processos e qual terapêutica possibilita melhor ativação e força muscular, direciona o trabalho fisioterapêutico e proporciona melhores respostas funcionais para o paciente37.

De acordo Zhou et al.38 existe uma relação linear entre a amplitude do sinal EMGs e a força de contração do músculo. Com o aumento da força muscular, a amplitude do sinal aumenta de forma correspondente. No estudo de Labarre-Vila39 com estudantes universitários saudáveis para analisar a função muscular dos músculos vasto lateral (VL), vasto medial (VM) e reto femoral (RF) durante agachamentos em diferentes ângulos, os autores observaram diminuição do sinal eletromiográfico com o aumento do tempo e fadiga em cada ângulo de agachamento.

Já a pesquisa de Nielsen et al.40 aponta para a relação que o sinal eletromiográfico pode trazer a respeito da força e trofismo muscular. Os pesquisadores realizaram treinamento do músculo tibial anterior em 12 pacientes com hemiplegia e demonstraram em seus resultados uma relação quase linear entre a amplitude da EMGs e amplitude da espessura muscular para cada paciente em seus MMII acometidos41.

No presente estudo, dentre os resultados obtidos através da EMGs somente dois artigos não revelaram alterações eletromiográficas significativas após o tratamento fisioterapêutico conduzido. Hodapp et al.19 usaram a EMGs para examinar a ativação muscular do músculo sóleo durante a marcha em crianças com PC antes e após um treinamento em esteira de 10 min por 10 dias. Após 10 dias, os autores não encontraram diferenças significativas nos valores absolutos da EMGs durante a marcha (p = 0,50).

Arya et al.25 utilizaram a EMGs para avaliar a ativação muscular do quadríceps femoral e tibial anterior de dois grupos de crianças com PC antes e após um protocolo que consistia em fisioterapia e terapia ocupacional (TO) para o GC e as duas terapias associadas a estimulação elétrica dos músculos pesquisados durante a marcha no GI. O estudo não obteve respostas conclusivas quanto à ativação muscular após quatro semanas de terapia.

Entretanto, Mukhopadhyay et al.29 em seu estudo, o qual empregou a EMGs com a finalidade de investigar as alterações fisiológicas na força e ativação muscular do músculo tibial anterior em repouso e no movimento de dorsiflexão do tornozelo, antes e após um protocolo de estimulação elétrica, associado à fisioterapia no GI e somente fisioterapia no GC, percebeu aumento da força muscular no GI (p<0,001) após 12 semanas de tratamento.

Xu et al.28 avaliaram o recrutamento e coordenação muscular dos músculos flexores e extensores de punho ao agarrar um peixe de madeira em forma cilíndrica, visando produzir contração máxima isométrica. Três grupos foram avaliados, o primeiro grupo realizou terapia por contenção induzida (TCI) associada à eletroestimulação, o segundo, somente TCI e o terceiro, tratamento convencional com TO. A TCI associada a eletroestimulação mostrou uma maior taxa de melhora na EMGs dos extensores de punho em relação a co-contração em comparação com os outros dois grupos (TCI, TO) aos três e seis meses de tratamento (p < 0,05).

Ainda em relação ao uso do sinal eletromiográfico para avaliar os benefícios da utilização da TCI em pacientes com PC, Stearns et al.20 avaliaram o recrutamento e ativação muscular dos músculos peitoral maior, cabeça longa do tríceps, trapézio superior, deltoide anterior e médio, cabeça longa do bíceps, flexor ulnar e extensor radial do carpo comparando a contração voluntária máxima de cada um desses músculos durante testes funcionais de força de preensão, força de pinça e destreza antes e após duas semanas de intervenção. A análise eletromiográfica mostrou aumento significativo na ativação muscular da pinça (p = 0,05). A inspeção visual dos dados da EMGs sugeriu um aumento da ativação muscular durante a aderência e uma diminuição da ativação muscular necessária durante as tarefas de destreza, sugerindo melhor controle muscular.

Simon et al.27 mediram a atividade muscular dos músculos paraespinal e esternocleidomastóideo em crianças com PC em três posições: DL, DV e DVC. Em todas as posições o terapeuta utilizou facilitação em ponto chave quadril como preconizado pelo Conceito Bobath. Como resultados da EMGs, os autores encontraram aumento na ativação muscular quando o manuseio foi realizado no DL nos níveis C4 (p <0,001), T10 (p <0,001) e esternocleidomastóideo (p = 0,02). Os autores relatam que as manipulações realizadas em DV podem induzir a facilitação do controle da cabeça, avaliada pela atividade dos músculos cervical e superior do tronco.

Assim como o estudo anterior, Santos et al.26 também utilizaram a EMGs para avaliar os efeitos do Conceito Bobath em seu estudo. Dessa forma, mediram a atividade muscular na posição sentada, durante as manipulações de RI do ombro e de RE, que foram realizadas usando a articulação do cotovelo como ponto chave de controle. Os resultados da pesquisa mostraram que houve aumentou no sinal eletromiográfico dos músculos extensores do tronco nos níveis vertebrais C4 (p = 0,007) e T10 (p <0,001) na posição RE. Na região T10, também houve aumento do sinal (p = 0,019) na posição RI. Estes resultados indicam que o manuseio em RE de ombro pode ser usado em crianças diplégicas para facilitar a atividade dos músculos extensores cervicais e de tronco.

Já em relação à equoterapia, McGibbon et al.16 analisaram através da EMGs a simetria do músculo adutor direito e esquerdo durante a caminhada de crianças com PC após treino de equoterapia durante 10 minutos por 12 sessões comparando com crianças que somente se sentaram num barril neste mesmo período. Os resultados do estudo demonstraram que a equoterapia melhorou a simetria do músculo adutor nas crianças com PC estudadas (p <0,001).

Do mesmo modo, Benda et al.18 usaram a EMGs para medir a atividade muscular do tronco e dos MMII durante tarefas realizadas na posição sentada, em pé e durante a marcha. O GI foi avaliado antes e depois de uma sessão de equoterapia e o GC, antes e depois de permanecer sentado em um barril. Os autores observaram melhora significativa na simetria da atividade muscular dos adutores de quadril depois da equoterapia (p = 0,051). Nenhuma mudança significativa foi observada no grupo que ficou sentado no barril. Conforme os autores, estes resultados sugerem que o movimento do cavalo, ao contrário do alongamento passivo, explica as melhorias observadas.

Ainda sobre a equoterapia, Ribeiro et al.30 mediram a ativação dos músculos VL, VM, TA e RF em três momentos, antes e após a cavalgada, com o cavalo parado e durante a cavalgada. GI e GC realizaram o mesmo treinamento. A análise eletromiográfica demonstrou maior ativação do TA em relação aos demais músculos, porém sem demonstrar diferença significativa. E ao comparar os dois grupos, o GI apresentou maior atividade muscular (p= 0,031).

Fowler et al.17 investigaram, por meio da EMGs, a atividade muscular durante o teste do pêndulo para definir se exercícios de fortalecimento do quadríceps (exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos) alterariam a espasticidade dos músculos VL, isquiotibial medial, gastrocnêmio medial e tibial anterior. Os autores não encontraram aumento da espasticidade nos músculos pesquisados após os indivíduos com PC completarem exercícios de fortalecimento muscular do quadríceps femoral com esforços máximos (p< 0,05). Também não encontraram diferenças nos dados pré e pós tratamento, no que diz respeito a ordem e tipo de exercício realizado (p> 0,05). Ainda, segundo os responsáveis pela pesquisa, estes resultados, bem como os resultados de outros estudos que demonstraram melhorias na produção de força em indivíduos com PC, sugerem que não há efeitos prejudiciais associados aos programas de fortalecimento muscular.

Reid et al.21 também utilizaram o sinal eletromiográfico para analisar um programa de fortalecimento, porém, só usaram exercícios excêntricos. Os autores examinaram a atividade flexora do bíceps braquial e braquiorradial durante avaliações isocinéticas antes e depois de um programa de fortalecimento utilizando um aparelho de treinamento excêntrico de membros superiores. O GI foi formado por crianças com PC e o GC, por crianças com desenvolvimento típico. A atividade registrada pela EMGs foi elevada antes do treinamento nas crianças com PC, mas diminuiu após o treinamento para níveis semelhantes aos das crianças com desenvolvimento típico (p = 0,01). De acordo com os responsáveis pela pesquisa, os resultados sugerem que os exercícios excêntricos podem diminuir a co-contração.

Liao et al.22 usaram a EMGs para investigar o recrutamento de agonistas e tempo de reação nos músculos VL, isquiotibial e glúteo máximo durante a tarefa de sentar e levantar, usando um colete com três tipos de cargas (resistência alta/máxima 1RM, resistência moderada 6RM, resistência baixa 10RM). O GI foi composto por crianças com PC e enquanto que o GC foi composto por crianças com desenvolvimento típico. As crianças com PC demoraram mais tempo para se levantar do que o GC quando a carga foi alta (p = 0,004). O pico da EMGs no VL aumentou com o aumento da resistência no GC (p <0,017), mas não em crianças com PC. As crianças com PC apresentaram maior proporção de co-contração no VL do que o grupo controle (p = 0,001) em todos os níveis de resistência.

Bigongiari et al.24 fizeram uso da EMGs para investigar a atividade elétrica dos músculos do ombro e tronco em crianças com PC e sem PC ao agarrar uma bola a partir de uma posição sentada. As crianças com PC apresentaram aumento do sinal eletromiográfico e maior nível de co-contração (p <0,05). A regressão linear indicou uma relação positiva entre EMGs e envelhecimento para o GC, enquanto que essa relação foi negativa para participantes com PC. Os autores sugerem que a principal estratégia de controle postural em crianças seja baseada em correções após o início do movimento. A relação linear entre EMGs e envelhecimento sugere que o desenvolvimento do controle postural é afetado pela doença do nervo central, o que pode levar a um aumento da co-contração muscular.

Trócoli et al.23 investigaram através da EMGs a atividade muscular do músculo RF enquanto as crianças se levantavam de uma posição sentada e também ao caminhar uma distância de três metros. O GI foi formado por crianças com PC e o GI por crianças saudáveis. Todas essas atividades foram analisadas com os participantes em solo e ambiente aquático, e foi padronizado o nível de imersão no processo xifoide. Os resultados da pesquisa demonstraram que, durante a atividade subaquática, houve aumento da ativação muscular do RF em crianças com PC comparadas com as saudáveis (p = 0,0039). Durante a caminhada em solo, a atividade muscular foi maior no grupo de crianças com PC do que o GC (p = 0,0014), além de andar debaixo d'água (p = 0,007). O estudo demonstrou maior ativação muscular do RF em crianças com PC durante a caminhada subaquática, em comparação com o grupo de crianças saudáveis.

A pesquisa apresentou diversas limitações: (a) as intervenções foram distintas; (b) variação na frequência, a duração e o tempo das intervenções; (c) diferiu o método de avaliação e o tempo utilizado para as reavaliações. Todos esses aspectos impediram uma comparabilidade de qualidade, como também o fato de alguns não descreverem os resultados de forma clara e com embasamento estatístico descrito. No entanto, os resultados e as limitações demonstram que é de suma importância pesquisas com maior rigor metodológico, com descrições de tratamentos mais claras e menos empíricos. Outra limitação importante, e que ficou fora do controle das autoras, foi a base de dados do Embase no ano de 2017 a 2019 estar indisponível pela Universidade vinculada.

 

CONCLUSÃO

As aplicações da EMGs na fisioterapia em crianças com PC são amplas e as publicações, em sua maioria, concentram o destino da técnica para o estudo da ativação muscular. Contudo, um só artigo apresentou boa pontuação em relação à sua qualidade metodológica, o que justifica a carência de ensaios clínicos randomizados e duplos cegos com maior rigor metodológico para um melhor nível de evidência. O presente artigo demonstra que crianças com PC se beneficiam do uso da EMGs como medida de desfecho da fisioterapia, pois os processos de ativação muscular relacionados às tarefas motoras proporcionam dados quantitativos que, analisados da forma correta, podem trazer informações importantes, que ajudarão na análise biomecânica do movimento humano e que tornarão a prática clínica do fisioterapeuta mais integrada com as evidências científicas.

Abreviaturas

PC: Paralisia Cerebral; EMGs: Eletromiografia de superfície; GMFCS: Classificação da Função Motora Grossa; MACS: Classificação da Habilidade Manual; GI: grupo interventivo; GC: grupo controle, VL: vasto lateral; : maior; MMII: membros inferiores, TCI: terapia por contenção induzida; MMSS: membros superiores; RM: repetição máxima; RF: reto femoral; TO: terapia ocupacional; RI: rotação interna; RE: rotação externa; C4: cervical 4, T10: torácica 10; DL: decúbito lateral; DV: decúbito ventral; DVC: decúbito ventral na cunha; G: grupo; EMGs: eletromiografia de superfície; VM: vasto medial

 

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Endereço para correspondência:
carlaskilhan@gmail.com

Manuscrito recebido: Setembro 2019
Manuscrito aceito: Janeiro 2020
Versão online: Maio 2020

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