SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.31 número3A influência do isolamento social na incidência de positividade nos testes de COVID-19 em região metropolitana de São Paulo, BrasilA time-series ecological study protocol to analyze trends of incidence, mortality, lethality of COVID-19 in Brazil índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Journal of Human Growth and Development

versión impresa ISSN 0104-1282versión On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.31 no.3 Santo André sep./dic. 2021

http://dx.doi.org/10.36311/jhgd.v31.12668 

ARTIGO ORIGINAL

 

Desempenho de escolares em fase inicial de alfabetização em habilidades cognitivo-linguísticas durante a pandemia

 

 

Mariana Taborda StolfI; Natália Lemes dos SantosII; Ilaria D'AngeloIII; Noemi Del BiancoIII; Catia GiaconiIV; Simone Aparecida CapelliniV

IGraduanda em Fonoaudiologia. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP - Marília, SP, Brasil
IIFonoaudióloga. Mestranda em Distúrbios da Comunicação Humana na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP - Marília, SP, Brasil
IIIPedagoga. Doutoranda no Programa de Po
́s-Graduação em Ciências Humanas da Universita degli Studi Macerata(UNIMC), em Macerata - Itália
IVPedagoga. Professora Catedra
́tica do Dipartimento di Scienze dell' Educacione e della Formazione na Universita degli Studi di Macerata (UNIMC,) em Macerata - Itália
VFonoaudióloga. Livre-docente. Departamento de Fonoaudiologia e Programas de Pós-Graduação em Educação e em Fonoaudiologia, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: a pandemia do Covid-19 tornou mais evidentes as discrepâncias entre as diferentes realidades educacionais para os escolares em início de alfabetização.
OBJETIVO: caracterizar o desempenho de habilidades cognitivo-linguísticas de escolares em fase inicial de alfabetização durante a pandemia.
MÉTODO: participaram deste estudo 22 escolares do Ensino Fundamental I, distribuídos em GI escolares do 1º ano e GII escolares do 2º ano, submetidos a aplicação do Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas para escolares em fase inicial de alfabetização.
RESULTADOS: os escolares do GI e GII apresentaram desempenho médio para escrita do nome e escrita do alfabeto em sequência. O GI apresentou resposta de recusa para os subtestes de ditado de palavras, ditado de pseudopalavras e ditado de figuras, repetição de palavras e memória sequencial visual de formas e desempenho inferior para reconhecimento do alfabeto em ordem aleatória e desempenho médio para reconhecimento do alfabeto em sequência. O GII apresentou desempenho inferior para os subtestes de ditado de palavras, ditado de pseudopalavras, ditado de figura e desempenho superior para reconhecimento do alfabeto em ordem aleatória, alfabeto em sequência e memória sequencial visual de formas.
DISCUSSÃO: a apropriação do mecanismo de relação letra-som traz questionamentos, uma vez que, evidenciou a dificuldade de todos os escolares em habilidades cognitivo-linguísticas necessárias para o pleno desenvolvimento da leitura e da escrita em um sistema de escrita alfabético como o Português Brasileiro.
CONCLUSÃO: os escolares do 1º e 2º anos apresentaram desempenhos inferiores em habilidades cognitivo-linguística importantes para a aprendizagem da leitura e escrita.

Palavras-chave: alfabetização, pandemia, aprendizagem, desenvolvimento infantil, educação.


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

Com o fechamento das escolas durante a pandemia do Covid-19 as discrepâncias entre as realidades educacionais tornaram-se mais evidentes, agravando a relação ensino-aprendizagem e comprometendo o processo inicial de alfabetização, período este, extremamente importante para a aquisição e desenvolvimento das habilidades necessárias para a leitura, escrita e matemática. Desta forma, as autoras se propõem a caracterizar o desempenho de habilidades cognitivo-linguísticas de escolares em fase inicial de alfabetização durante a pandemia.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

Este estudo tem por objetivo caracterizar o desempenho de habilidades cognitivo-linguísticas de escolares em fase inicial de alfabetização durante a pandemia por meio da aplicação do a aplicação do Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas para escolares em fase inicial de alfabetização. Este estudo se baseia na literatura científica nacional e internacional que destaca a necessidade de compreendermos o impacto da pandemia e, consequentemente do isolamento social, na aprendizagem de escolares.

O que essas descobertas significam?

Ainda há poucos estudos que apresentam os impactos da pandemia do COVID-19 na aprendizagem de escolares em fase inicial de alfabetização. Este estudo demonstrou que tanto escolares do 1º como do 2º ano apresentaram dificuldades com as habilidades cognitivo-linguísticas necessárias para a aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita, evidenciando que a falta de domínio destas habilidades fazem com que as competência de ler e escrever estejam comprometidas, uma vez que estes escolares apesar de dominarem e conhecerem o alfabeto, não sabem realizar a síntese para a formação de palavras lidas ou escritas.

 

INTRODUÇÃO

O COVID-19 espalhou-se rapidamente pelo mundo em 2020 e gerou a situação inédita de 90% da população estudantil estar isolada em todo o mundo1. Neste cenário da pandemia, foi iniciado o isolamento social como medida de prevenção e atenuação do vírus, dentre estas medidas, foram implementadas além do fechamento de muitas instituições de ensino, a suspensão de aulas presenciais e o ensino remoto2.

Quanto ao ensino remoto, o mesmo foi implementado em caráter emergencial, ou seja, somente retornarão ao formato presencial assim que a crise sanitária tiver sido resolvida ou controlada, sendo desta forma, um acesso temporário aos escolares dos conteúdos educacionais de uma maneira a minimizar os efeitos do isolamento social na educação e aprendizagem dos mesmos3.

Entretanto, a pandemia do COVID-19 tornou ainda mais evidentes as discrepâncias entre as diferentes realidades vividas pelos pequenos estudantes, o acesso as aulas virtuais com uso de ferramentas digitais mais avançadas e professores capacitados para a prática não foi igualitária ou homogênea entre os sistemas de ensino público e privado2,3.

Por isso, mais do que um problema educacional, o bloqueio do acesso à escola reconfigurou o sistema de ensino, a sociedade e consequentemente a atuação do fonoaudiológico na clínica fonoaudiológica.

Com base no exposto acima, este estudo teve como proposição investigar se o período do ensino em acesso remoto estabelecido durante a pandemia comprometeu o desenvolvimento das habilidades cognitivo-linguísticas necessárias para a plena alfabetização de escolares em fase inicial de alfabetização.

Portanto, o objetivo deste estudo foi caracterizar o desempenho de habilidades cognitivo-linguísticas de escolares em fase inicial de alfabetização durante a pandemia.

 

MÉTODO

Design do estudo

Trata-se de um estudo corte transversal.

Localização e período do estudo

A avaliação foi realizada no Laboratório de Investigação dos Desvios da Aprendizagem (LIDA) localizado no CER II - Centro Especializado em Reabilitação da FFC/UNESP - Marília-SP.

A coleta de dados foi realizada durante o período de Pandemia do Covid-19, sendo que foram seguidas todas as normas de segurança determinadas pelo Comitê COVID-19 da FFC/UNESP-Marília-SP. O protocolo foi aplicado individualmente, em um ambiente bem ventilado, no período de julho a agosto de 2021.

O procedimento deste estudo foi aplicado presencialmente e seguiram as diretrizes descritas na Instrução Normativa Prope nº 01 (https://www2.unesp.br/portal#!/covid19/reorganizacaodasatividades/normativas/) em relação à propagação do vírus COVID-19, e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), referentes ao uso correto de equipamentos para proteção individual (EPIs) pelo pesquisador como: óculos de proteção, protetor facial, máscara cirúrgica, avental impermeável de mangas longas e Luvas de procedimento.

Como práticas e princípios fundamentais na prevenção da COVID-19, segundo o documento normativo acima citado, foram ainda adotadas: lavagem frequente das mãos - pelo menos de 2 em 2 horas; distanciamento social - os indivíduos devem manter distanciamento mínimo de 1,5m entre si; uso adequado de máscara facial durante todo o período que permanecer no campus, inclusive em áreas externas; autoavaliação para sintomas da COVID-19; os sujeitos e seus responsáveis acessaram apenas as áreas necessárias para a realização da pesquisa.

A coleta de dados foi realizada por contatos pessoais limitados por meio de distanciamento social em uma sala adequadamente ventilada e distanciamento, com a disponibilidade de máscara cirúrgica e álcool 70 para todos os participantes.

Além disso, todos os participantes tiveram a sua temperatura aferida antes e após os procedimentos realizados em todas as sessões de coleta. A pesquisadora fez uso de máscara cirúrgica tripla e avental descartáveis, bem como mascaramento com Face Shield. Ao final de cada atendimento individual, as salas foram completamente higienizadas pela equipe de limpeza do CER II.

População do estudo e critério de elegibilidade

O número total de 28 escolares de ambos os sexos, na faixa etária de 6 anos a 7 anos e 11 meses do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental I, com queixas de problemas de aprendizagem foram encaminhados pelas escolas públicas municipais da região de Marília-SP, conforme fluxograma apresentado na figura 1.

A partir da análise de que 6 escolares não conseguiram ler e escrever, o número de participantes foi redefinido para 22 escolares, de ambos os sexos, na faixa etária de 6 anos a 7 anos e 11 meses do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental I divididos em dois grupos:

- Grupo I (GI): composto por 10 escolares do 1º ano do Ensino Fundamental I, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino;

- Grupo II (GII): composto por 12 escolares do 2º ano do Ensino Fundamental I, sendo 83,33% do sexo masculino e 16,66% do sexo feminino.

Os escolares deste estudo não apresentavam alterações auditivas e visuais constantes em prontuário escolar no momento do encaminhamento dos mesmos e todos os pais ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e esclarecido.

Todos os escolares foram submetidos a aplicação da versão coletiva e individual do Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas para escolares em fase inicial de alfabetização4, composto pelas seguintes provas: Escrita do nome, Escrita do alfabeto em sequência, Cópia de formas, Ditado de palavras e pseudo palavras, Ditado de figuras, Ditado de números, Reconhecimento do alfabeto em sequência, Reconhecimento do alfabeto em ordem aleatória, Leitura de palavras, Leitura de não palavras, Rima, Aliteração, Segmentação silábica, Discriminação de sons, Repetição de palavras, Repetição de não palavras, Repetição de números em ordem inversa, Nomeação automática rápida de figuras, Nomeação automática rápida de dígitos, Memória visual de formas.

Análise de dados

A análise dos dados foi realizada utilizando o Statistical Package for Social Sciences, versão 25.0. Os resultados foram analisados estatisticamente com um nível de significância de 5% (0,050).

Aprovação do comitê de ética

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - FFC/UNESP - Marília-SP, sob o número 4.862.668.

 

RESULTADOS

Na tabela 1 foi possível verificar que ocorreu diferença estatisticamente significante com a aplicação do Teste da Razão de Verossimilhança com o objetivo de verificarmos possíveis diferenças entre os grupos deste estudo.

Na tabela 1 foi possível verificar que os escolares do GI e GII apresentaram desempenho médio para escrita do nome e escrita do alfabeto em sequência. O GI apresentou resposta de recusa para os subtestes de ditado de palavras, ditado de pseudopalavras e ditado de figuras, repetição de palavras e memória sequencial visual de formas, além de desempenho inferior para reconhecimento do alfabeto em ordem aleatória e desempenho médio para reconhecimento do alfabeto em sequência.

O GII apresentou desempenho inferior para os subtestes de ditado de palavras, ditado de pseudopalavras, ditado de figura, além de desempenho superior para reconhecimento do alfabeto em ordem aleatória, alfabeto em sequência e memória sequencial visual de formas.

 

DISCUSSÃO

Em todo o mundo, a pandemia causou mudanças substanciais nos mais variados domínios e o setor da Educação não foi exceção. A situação atual sem precedentes exigiu uma transição rápida do ensino-aprendizagem presencial para uma Educação Virtual e agora em uma Modalidade Híbrida.

O processo de desenvolvimento da leitura e da escrita antes da pandemia já era questionável e amplamente discutido pelo fato das metodologias de alfabetização atuais no Brasil não enfocarem o ensino explícito do princípio alfabético e ortográfico da Língua Portuguesa5. Agora, em um sistema de ensino virtual questões relacionadas a apropriação do conhecimento do mecanismo de relação letra-som trazem questionamentos e discussões, uma vez que, entre os resultados deste estudo foi possível observar a dificuldade dos escolares tanto de 1º ano como de 2º ano em habilidades cognitivo-linguísticas necessárias para o pleno desenvolvimento da leitura e da escrita em um sistema de escrita alfabético como o Português Brasileiro.

Hoje, profissionais da área clínica, como o fonoaudiólogo, ao receber escolares com queixas de problemas de aprendizagem, devemos considerar mais do que as queixas dos pais ou professores, devemos considerar o contexto de exposição a situações de ensino-aprendizagem e as consequências de sua privação.

Com a pandemia, principalmente no ensino público, muitas questões foram colocadas em pauta, como por exemplo, a falta de infraestrutura das escolas, a desigualdade no acesso a um bom sinal de internet pelas famílias, pois, segundo o IPEA6 somente 40% dos alunos não conseguiram ter aula por ensino remoto, nem ter o apoio dos pais para a realização das atividades em acesso remoto, além disso, a Sociedade Brasileira de Peditria7 repostou que, com a pandemia, houve uma significativa mudança na rotina das famílias, pois muitos pais precisaram trabalhar em home-office e dividir as tarefas domésticas com o trabalho e a educação dos filhos.

Sendo assim, as repercussões na aprendizagem acadêmica dos escolares brasileiros ainda são inestimáveis, isto porque, os problemas de aprendizagem acadêmica no Brasil não são recentes e datam de antes do início da pandemia do COVID-19. As dificuldades de leitura e escrita sobrepostas podem acarretar repercussões variadas, distintas e talvez incomparáveis entre si.

O início da alfabetização, fase em que se encontram os escolares deste estudo, é um importante período para a aquisição de habilidades cognitivo-linguísticas, consideradas preditoras para a aprendizagem da leitura e da escrita8-10 e as defasagens resultantes de uma inadequação do ensino do princípio alfabético e ortográfico, ou seja, no ensino do mecanismo de conversão letra-som, pode desencadear dificuldades na leitura e na escrita de palavras.

Neste estudo verificamos que entre os escolares do grupo GI ocorreu resposta de recusa para as tarefas de ditado e repetição de palavras e memória sequencial visual de formas e desempenho inferior para reconhecimento do alfabeto em ordem aleatória, enquanto que, os escolares do GII apresentaram desempenho inferior para as tarefas de ditado, evidenciando que apenas o conhecimento da sequência das letras do alfabeto para os dois grupos não foi garantia de aquisição para a aplicação do princípio alfabético e ortográfico no momento da escrita.

Os resultados deste estudo indicam que os profissionais da área da saúde, nos quais se incluem os fonoaudiólogos, devem estar preparados para estabelecer uma atuação de interface entre a saúde e a educação durante a realização de nosso raciocínio clínico diagnóstico e interventivo.

Isto porque, de acordo com a UNESCO, a natural queda na aprendizagem poderá expandir-se por mais de uma década se não forem criadas políticas públicas que invistam em melhorias educacionais11, isto quer dizer que não basta só melhorar imediatamente o ensino à distância, mas é preciso, de forma urgente, pensar e repensar políticas públicas que representem o planejamento de estratégias de recuperação da aprendizagem acadêmica12.

Além disso, a falta de conhecimento sobre o ensino instrucional do princípio alfabético e ortográfico do professor-alfabetizador e a falta de profissionais como o fonoaudiólogo educacional na escola faz com que a relação ensino-aprendizagem dos escolares em fase inicial de alfabetização se encontre em risco, uma vez que a falta de um educador qualificado e capacitado, a partir da identificação precoce dos problemas de leitura e escrita em sala de aula pode contribuir para um planejamento educacional sem o desenvolvimento de estratégias necessárias para a aquisição e desenvolvimento dos mecanismos de decodificação e codificação do nosso Sistema de Escrita da Língua Portuguesa.

Os dados deste estudo nos remetem a necessidade de pensarmos, enquanto fonoaudiólogos clínicos e educacionais que ainda há muito o que se fazer por estes escolares. Em uma revisão de literatura realizada, os autores13 encontraram 15 artigos científicos em 2020 que discorreram sobre os impactos da pandemia nos escolares e foram observados uma frequência de distúrbios psíquicos e alimentares e emoções negativas em 40% dos artigos, ansiedade em 33%, depressão em 26%; irritabilidade, sedentarismo e alteração do sono foi citado em 20% dos artigos, estresse e transtorno do estresse pós-traumático em 6% dos artigos.

Os dados levantados no estudo acima citado são alarmantes, uma vez que os encaminhamentos para a clínica fonoaudiológica serão realizadas pela escola e se o fonoaudiólogo educacional não conseguir conduzir bem estes encaminhamentos provavelmente a maioria destas crianças serão diagnosticadas erroneamente, entretanto, devemos considerar que quatro dos artigos deste estudo referiram que o isolamento social e educacional sofrido pela população infantil tornou a mesma vulnerável para a ocorrência de sintomas de falta de contato social, falta de necessidade de comunicação social, desatenção e hiperatividade, além de ansiedade, irritabilidade, obsessão, hostilidade e impulsividade que podem comprometer a formação de memória para a aprendizagem.

Com base nos dados encontrados neste estudo finalizamos este artigo destacando a necessidade de que o fonoaudiólogo clínico e/ou educacional passe a atuar como vigilantes da aquisição e do desenvolvimento da aprendizagem escolar auxiliando no planejamento de ações específicas para a promoção do desenvolvimento normal e a detecção de processos desviantes do processo ensino-aprendizagem, conquistando assim, um importante espaço junto aos professores e equipe educacional quanto as discussões pertinentes não apenas quanto a importância das habilidades cognitivo-linguísticas para o desenvolvimento da aprendizagem acadêmica, como também quanto aos marcos do desenvolvimento infantil e os preditores para a alfabetização, tão importantes para garantir o sucesso da leitura e da escrita destes escolares em fase inicial de alfabetização e tão desconsiderados ou não priorizados durante o processo de ensino-aprendizagem remoto durante a pandemia da COVID-19.

 

CONCLUSÃO

Os escolares em fase inicial de alfabetização dos 1º e 2º anos apresentaram desempenhos inferiores em habilidades cognitivo-linguística importantes para o desenvolvimento e a aprendizagem da leitura e escrita, sendo que os escolares do 1º ano ainda apresentaram resposta de recusa em várias destas habilidades por não saberem realizar as tarefas solicitadas por provavelmente não estarem alfabetizados e não saberem utilizar as habilidades cognitivo-linguísticos necessárias para acionar os processos de análise e de síntese necessários para a formação de palavras tanto para a leitura como para a escrita.

Contribuição dos autores

MTF, NLS, IA e NDB foram responsáveis pela coleta e tabulação dos dados e elaboração do manuscrito; CG e SAC foram responsáveis pelo projeto e delineamento do estudo e orientação geral das etapas de execução e elaboração do manuscrito.

Financiamento

Bolsa Capes concedida para a segunda autora deste estudo.

Confirmações

Todos os autores aprovaram a versão final do manuscrito para submissão.

Conflito de interesse

Declaro que não houve conflito de interesse.

 

REFERÊNCIAS

1.Arruda EP. Educação Remota Emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. Em Rede- Revista de Educação à Distância. 2020; 7(1): 257-275.         [ Links ]

2.Camacho ACLF, Joaquim FL, de Menezes HF, Sant'Anna RM. A tutoria na educação à distância em tempos de COVID-19: orientações relevantes. Research, Society and Development. 2020; 9(5): e30953151-e30953151.         [ Links ]

3.Joye CR, Moreira MM, Rocha SSD. Educação a Distância ou Atividade Educacional Remota Emergencial: em busca do elo perdido da educação escolar em tempos de COVID-19. Research, Society and Development. 2020; 9(7): e521974299-e521974299.         [ Links ]

4.Silva C, Capellini AS. Protocolo de avaliação das habilidades cognitivo-linguísticas para escolares em fase inicial de alfabetização. Booktoy. 2019; 1: 1-55.         [ Links ]

5.Pacheco LP, Hubner LC. Como o distanciamento social em tempos de pandemia desafia os estágios iniciais da aprendizagem da leitura em crianças. Signo. 2021; 46(85): 58-69.         [ Links ]

6.Nascimento PM, Ramos DL, Melo AAS, Castioni R. Acesso Domiciliar à Internet e Ensino Remoto Durante a Pandemia. 2020.         [ Links ]

7.Almeida RS, Brito AR, Alves ASM, Abranches CD, Wanderley D, Crenzel G, Lima RC, Barros VFR. Pandemia de COVID-19: guia prático para promoção da saúde mental de crianças e adolescents. Residência Pediátrica; 2020.         [ Links ]

8.Cunha VLO, Capellini SA. Análise psicolinguística e cognitivo-linguística das provas de habilidades metalinguísticas e leitura realizadas em escolares de 2ª a 5ª série. Revista Cefac. 2010; 12: 772-783.         [ Links ]

9.Silva C, Capellini SA. Indicadores cognitivo-linguístico em escolares com transtorno fonológico de risco para a dislexia. Distúrbios da Comunicação. 2019; 31(3): 428-436.         [ Links ]

10.Santos B, Capellini SA. Programa de remediação com a nomeação rápida e leitura para escolares com dislexia: elaboração e significância clínica. CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2020; 32.         [ Links ]

11.UNESCO. A Comissão Futuros da Educação da UNESCO apela ao planejamento antecipado contra o aumento das desigualdades após a COVID-19. Paris: UNESCO, 16 abr. 2020.         [ Links ]

12.Queiroz M, Sousa FGA, Paula GQ. Educação e Pandemia: impactos na aprendizagem de alunos em alfabetização. Ensino em Perspectivas 2.4. 2021, 1-9.         [ Links ]

13.Almeida. IMG, Júnior, AAS. Os impactos biopsicossociais sofridos pela população infantil durante a pandemia do COVID-19. Research, Society and Development. 2021; 10(2): 1-10.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
m.stolf@unesp.br

Manuscrito recebido: setembro 2021
Manuscrito aceito: outubro 2021
Versão online: novembro 2021

Creative Commons License