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Journal of Human Growth and Development

Print version ISSN 0104-1282On-line version ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.31 no.3 Santo André Sep./Dec. 2021

http://dx.doi.org/10.36311/jhgd.v31.12782 

ARTIGO ORIGINAL

 

COVID-19 e a relação com afecções renais: uma revisão de escopo

 

 

Jennifer Soanno MarchioriI; Miguel Athos da Silva De OliveiraI; Italla Maria Pinheiro BezerraII

IAcadêmicos do 10º período do Curso de Graduação em Enfermagem, Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória - EMESCAM, Vitória/Espírito Santo, Brasil
IIEnfermeira. Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória - EMESCAM, Vitória/Espírito Santo, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: COVID-19 é uma doença respiratória aguda original da China que surgiu em dezembro de 2019 e se alastrou rapidamente pelo mundo, atingindo 230.418.415 pessoas e levando 4.724.876 pessoas a óbito. Vindo da família do coronavírus, o SARS-CoV-2 é o novo subtipo de vírus que afeta o trato respiratório em diversos níveis, podendo se alastrar e afetar outras estruturas vitais do corpo.
OBJETIVO: identificar os fatores de risco que levam o paciente contaminado pelo SARS-CoV-2 a desenvolver afecções renais.
MÉTODO: trata-se de uma revisão sistemática do tipo Scoping Review (revisão de escopo), de acordo com o método de revisão proposto pelo Joanna Briggs Institute (JBI), com a implementação de um check-list estruturado pelo PRISMA-ScR que contém 22 itens de carácter obrigatórios na revisão. Utilizado os descritores: infecção por coronavírus (coronavírus infection), lesão renal aguda (acute kidney injury) e fatores de risco (risk factors) em cinco bases de dados, sendo elas PudMed, Scopus, Embase, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e Web of Science.
RESULTADOS: durante a leitura dos estudos, chegou-se em conclusão de que a Lesão Renal Aguda (LRA) fora o principal achado renal em pacientes contaminados pelo SARS-Cov-2. Os fatores de risco para desenvolver o agravamento renal em pacientes com COVID-19 foi o extremo da idade, raça, sexo, doenças pré-existentes e a evolução da doença.
CONCLUSÃO: supõe-se que o acometimento renal não ocorra apenas por um motivo exclusivo, mas como uma conjuntura de fatores. Cabe a equipe de saúde se atentar de forma constante para os sinais de alerta mediante o acompanhamento do paciente contaminado.

Palavras-chave: infecção por Coronavírus, lesão renal aguda, fatores de risco.


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

O presente estudo realizado foi feito pensando no grau de incidência e registro do comprometimento renal em paciente com COVID-19, bem como compreender a causa, visto que esta doença atinge majoritariamente o trato respiratório.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

O objetivo deste estudo é identificar os fatores de risco que levam os pacientes infectados pelo novo coronavírus a desenvolver doença renal. Por meio da realização de uma revisão com base na literatura disponível nas bases de dados. Os achados concluíram que a Lesão Renal Aguda foi o principal achado renal em pacientes contaminados por SARS-coV-2, além dos fatores de risco identificados para o desenvolvimento de piora renal em pacientes com COVID-19, como os extremos de idade, raça, sexo, doenças pré-existentes e a evolução da doença.

O que essas descobertas significam?

O acometimento renal não ocorre apenas por um motivo, mas sim um conjunto de fatores e perfil biológico que no decorrer da doença resultam na Lesão Renal Aguda.

 

INTRODUÇÃO

A COVID-19 é uma doença respiratória aguda causada pelo SARS-CoV-2, que se alastrou rapidamente pelo mundo, tendo sua origem na província de Hubei (Wuhan, China) em dezembro de 2019. Essa nova doença não é a primeira de sua família, mas uma variação da família de coronavírus que raramente afetava os seres humanos, ficando recluso apenas a animais como morcegos, gado, gato e camelos, como por exemplo, o MERS-CoV e SARS-CoV. Embora não se saiba a origem exata do SARS-CoV-2, entende-se que sua estrutura viral é de 96,2% similar ao CoV-RaTG13, que atinge principalmente morcegos e é 79,5% similar ao SARS-CoV do que as outras formas apresentadas da família do coronavírus1-3.

Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou surto de COVID-19 como a sexta emergência de saúde pública de atenção internacional, em que os trabalhadores da saúde, governos e população no geral a fim de que a propagação da doença fosse impedida. Em fevereiro de 2020, a OMS reportou 45.171 casos e 1.114 mortes, em que 99% dos casos e 99% das mortes estavam relacionadas à COVID-19 na China. A disseminação da doença ocorreu de forma rápida e exponencial, atingindo quase todos os países e, mesmo com a tentativa de contenção da doença, a OMS declarou em março de 2020, uma pandemia causada pelo SARS-CoV-22-4.

O SARS-CoV-2 é o vírus causador da doença COVID-19, que atinge principalmente o trato respiratório inicialmente com um quadro gripal, com os sintomas mais comuns como tosse seca, coriza, febre, cefaleia, mialgia, dor de garganta e, posteriormente, a anosmia (perda do olfato), ageusia (alteração no paladar), que levam a uma hiporexia (diminuição do apetite), com possibilidade de evoluir para uma pneumonia grave, com dificuldade para respirar, dispneia (falta de ar), e astenia (cansaço). Dentre os sintomas apresentados pelas pessoas contaminadas pelo SARS-CoV-2, muitos podem apresentar quadro de distúrbios gastrointestinais (diarreia, náuseas/vômitos), mesmo não sendo os mais comuns. A transmissão do novo vírus ocorre por meio do trato respiratório e/ou mucosas, com a dispersão por gotículas, secreções respiratórias, e contato direto3,5.

A COVID-19 pode se apresentar em 80% dos casos de forma assintomática ou oligossintomática (sintomas leves) e, em 20% dos casos, há evolução para a forma grave da doença, com necessidade de usar suporte respiratório em 5% dos casos. A síndrome da insuficiência respiratória aguda é uma complicação decorrida da COVID-19, que acontece mais em idosos, pessoas imunossuprimidas ou quem tem outras comorbidades, como hipertensão, diabetes, doenças neurológicas, respiratórias. Esses fatores de risco, ou o acúmulo dos mesmos, são os principais achados no surgimento de complicações e taxa de mortalidade6.

O SARS-CoV-2 é encontrado em secreções do trato respiratório, saliva, fezes e urina em pacientes com quadro diarreico. O surgimento dos sintomas ocorre do 3° ao 14° dia após o contágio. Seu diagnóstico é dado através de exames laboratoriais, clínico-imagem, clínico-epidemiológico, e clínico, entretanto, não existe tratamento, somente vacinas controlam a doença4-6.

A função renal se apresenta como parte fundamental para o funcionamento do corpo humano; qualquer injúria pode prejudicar esse ciclo e desregular o metabolismo humano. Tendo a lesão renal aguda (LRA) como um acometimento multifatorial de rápida evolução na função de filtração renal, os fatores que levam ao desenvolvimento da LRA giram em torno de doenças clínicas preexistentes, susceptibilidade e algumas intervenções terapêuticas, entretanto seu surgimento pode variar entre etapas, como a pré-renal, renal e pós-renal, causadas pela perfusão renal diminuída ou por drogas hipotensoras, lesão direta nas estruturas glomerular, tubular ou tubulointesticial, e a obstrução do fluxo de urina nas estruturas renais até a uretra, respectivamente7-9.

Assim, tem-se como problema do estudo: Quais os fatores de risco que levam a relação de pacientes com COVID-19 a desenvolver afecções renais? Assim, tem-se como objetivo do estudo identificar os fatores de risco que levam o paciente contaminado pelo SARS-CoV-2 a desenvolver afecções renais.

Acredita-se que esse estudo se torna relevante, já que torna conhecidos os estudos vigentes a respeito do tema, definindo o motivo de tantos pacientes com COVID-19 evoluírem para algum nível de acometimento renal e possibilitando o direcionamento dos profissionais quanto aos manejos necessários.

 

MÉTODO

Trata-se de uma revisão sistemática do tipo Scoping Review (revisão de escopo) de acordo com o método de revisão proposto pelo Joanna Briggs Institute (JBI). A revisão de escopo vem com o intuito mapear através de um método transparente e rigoroso os principais conceitos de uma determinada área de conhecimento, trazendo uma visão completa, a fim de compilar e divulgar os dados obtidos e identificar lacunas de pesquisas existentes sem avaliá-los criticamente10.

A pergunta de pesquisa foi feita a partir do acrômio PCC (População, Conceito, Contexto): População - pessoas acometidas pela COVID-19; Conceito - afecções renais; Contexto - relação da COVID-19 com afecções renais.

O estudo foi embasado pelo Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Review (PRISMA-ScR) Checklist, um roteiro norteador para a realização de uma revisão de escopo construído por meio das orientações do Joanna Briggs Institute (JBI). O PRISMA-ScR apresenta 22 itens separados de acordo com os capítulos obrigatórios na revisão, como: título, resumo, introdução, método, resultados, discussões e financiamento11.

Dessa forma, a busca por estudos relevantes foi feita por meio dos bancos de dados PudMed, Scopus, Embase, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e Web of Science. O levantamento bibliográfico aconteceu nos meses de abril a julho de 2021, por meio do método de dupla checagem.

Foram identificados os descritores de acordo com a temática da pesquisa, delimitados através do MeSh (Medical Subject Headings) e DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Foram utilizadas as estratégias de busca em inglês "coronavírus infection AND acute kidney injury AND risk factors" e português "infecção por coronavírus AND lesão renal aguda AND fatores de risco".

Para a realização da busca nas bases de dados, foram incluídos estudos nos idiomas inglês e português, em que foram excluídos os estudos de revisão, estudos de caso, relatos de experiência, editoriais, cartas, teses, dissertações e estudos de conclusão de curso. A pesquisa seguiu o fluxo exemplificado abaixo (figura 1):

 

RESULTADOS

Foi selecionado o total de 32 estudos, que passaram pelo processo de leitura de títulos, resumos, aplicação dos critérios de elegibilidade e leitura na íntegra. Incialmente foram identificados 932 estudos e 690 destes foram excluídos por leitura de título, 51 por leitura de resumo e 46 por leitura completa, conforme demonstra figura abaixo.

 


Figura 2 - Clique para ampliar

 

De acordo com o levantamento nas bases de dados, fizeram parte desta revisão 32 artigos que abordavam fatores de risco relacionados às doenças renais em pacientes com COVID-19. Os primeiros 20 artigos foram publicados no ano de 2020, evidenciando o impacto dessa nova doença e o esforço da comunidade científica em compreendê-la.

A maioria dos artigos abordou o processo de evolução da doença nos pacientes acometidos pela COVID-19, assim como o manejo e a identificação do quadro virulento, além de evidenciar possíveis causas que levariam ao desenvolvimento da Lesão Renal Aguda (LRA). Os artigos também abordam fatores de risco de acometimento renal, trazendo uma discussão voltada para possíveis biomarcadores em algum grau de injúria nos rins, tais como: resultados de exames laboratoriais, marcadores imunológicos, doenças pré-existentes e características biológicas do indivíduo.

Destarte, para melhor organização desta revisão, optou-se em separar por tópicos os achados principais, seguindo a lógica da trajetória do indivíduo na doença.

Achados laboratoriais sinalizadores de lesões renais

A tabela 1 evidencia os resultados que abordaram as análises laboratoriais. Grande parte dos autores concordou que os achados representam sinalizadores para acometimentos renais durante a COVID-19, sendo eles: os marcadores de inflamação sistêmica (procalcitonina sérica e leucócitos sanguíneos); Taxa Estimada de Filtração Gromerular (TFG); baixo nível de albumina sérica; linfopenia; dímero-D elevado; proteína C-reativa (PCR); proteinúria; receptor ativador de plasminogênio do tipo uroquinase solúvel (suPAR); alta contagem de plaquetas; hiperinflamação; tendência para coagulopatia; níveis de lactose desidrogenase altos; e creatinina sérica elevada.

Manifestações imunológicas frente à contaminação pelo sars-cov-2

Na tabela 2 estão os resultados que abordaram marcadores imunológicos em pacientes acometidos pela COVID-19. Os principais achados são: Elevados índices de IL8, IL10 e IL2R.

As doenças pré-existentes como um mau prognóstico na injúria renal durante a covid-19

Os resultados que abordaram, majoritariamente, doenças pré-existentes dos pacientes que foram acometidos pela COVID-19 estão na tabela 3. Durante a análise dos dados, evidenciou-se que as condições pré-existentes que mais causam o desenvolvimento de algum tipo de injúria renal no acometimento da referida doença são: hipertensão; diabetes; insuficiência cardíaca; doença vascular periférica; outras doenças cardiovasculares; Doença Renal Crônica (DRC); outras doenças renais pré-existentes; Índice de Massa Corporal (IMC) elevado; malignidade hematológica; imunossupressão em geral; e doenças cerebrovasculares.

Os aspectos biológicos diante à injúria renal na covid-19

A tabela 4 apresenta resultados de fatores biológicos que causam o desenvolvimento de algum estágio da Lesão Renal Aguda (LRA) durante o acometimento da COVID-19. São eles, idade avançada, sexo masculino e afrodescendência.

Trajetória da covid-19, evolução e o acometimento renal no paciente

De acordo com a tabela 5, os resultados tratam a respeito da evolução da doença como um fator causador para uma injúria renal. É fato que a LRA se apresenta como o acometimento mais recorrente em pacientes afetados pela COVID-19. Esse fato está associado ao uso da ventilação mecânica invasiva (VMI); drogas vasopressoras; droga nefrotóxica; alto escore de APACHE II; diuréticos; falha cardíaca; queda de PaO2/FiO2; sepse; e terapia renal substitutiva (TRS) de algum tipo, como diálise. Indica-se essa relação direta com a evolução para a LRA.

Outro dado identificado corresponde ao período de hospitalização e diagnóstico de LRA em pacientes positivos para COVID-19. A maioria dos indivíduos internados na UTI com algum grau de acometimento renal não sobrevivem após um período de 28 dias, em parte pelo poder virulento do SARS-CoV-2, ou pelos diagnósticos perdidos. Quanto ao achado histopatológico levantado, a LRA pode ocorrer pela lesão tubular aguda, possivelmente causada pela virulência direta do SARS-CoV-2 no epitélio tubular proximal, visto que foram observadas partículas do vírus no epitélio tubular e podócitos.

 

DISCUSSÃO

A COVID-19 é tida como uma doença de cunho respiratório causada pelo vírus SARS-CoV-2, que leva o indivíduo a desenvolver um quadro de Síndrome Respiratória Aguda. Com seu formato espiralado e a presença da proteína Spike (S) ao seu redor, o SARS-CoV-2 ataca as células epiteliais alveolares através da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE-2) por meio da proteína43,44.

Embora a COVID-19 afete principalmente os pulmões, outros órgãos são afetados na evolução da doença, especialmente o coração, fígado, intestino, cérebro, testículos e rins. O motivo pelo qual outros órgãos são igualmente atacados se dá pela presença da ACE-2 nas células, tal como a circulação contínua dessa enzima pela corrente sanguínea43.

No caso da afecção renal, de acordo com os dados obtidos, a sua identificação como Lesão Renal Aguda (LRA) foi unanimidade nos estudos analisados, tendo em vista que os rins são uns dos principais órgãos afetados pelo SARS-CoV-2. Para melhor compreensão dessa comorbidade, é importante citar que o diagnóstico de LRA se dá pelos critérios descritos no manual da organização Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO)45.

A LRA é uma afecção renal aguda que é dividida em 3 estágios, identificada por meio da quantificação de creatinina sérica e urina excretada. O paciente que está no estágio 1 tem 1,5-1,9 vezes a linha de base ou o aumento de 0,3mg/dl (26,5mmol/l) de creatinina sérica, e quantificação de urina <0,5ml/kg/h entre 6-12 horas; estágio 2, o que apresentar 2,0-2,9 vezes a linha de base de creatinina sérica e <0,5ml/kg/h por 12 horas de urina quantificada; estágio 3, se dá para aquele que apresentar creatinina sérica em 3,0 vezes a linha de base ou aumento da creatinina sérica para 4,0mg/dl (353,6mmol/l) e quantificação de urina <0,3ml/kg/h por 24 horas ou anuria por 12 horas46.

Vale ressaltar que pacientes que dão início à terapia de substituição renal ou os menores de 18 anos que apresentem diminuição da TFG para <35ml/min por 1,73m2 também se enquadram no estágio 3 de LRA46.

Em relação à importância dos achados laboratoriais para o diagnóstico de lesão renal aguda, os exames realizados para a análise de alguns materiais biológicos, como sangue e urina, a fim de se fechar um diagnóstico ou somente acompanhar o funcionamento do corpo47. Tendo em vista que as alterações fisiológicas muitas vezes alteram os padrões laboratoriais, com os pacientes afetados pela COVID-19, não é diferente.

De acordo com os resultados obtidos, é possível afirmar que os pacientes contaminados pelo SARS-CoV-2 apresentam algumas alterações laboratoriais que podem servir como sinalizadoras de uma LRA, sendo elas: albumina sérica <3,5g/dl, linfopenia, trombocitose, hiperferritinemia, creatinina sérica >1,3mg/dl, proteinúria, taxa de filtração gromerular (TFG) <60ml/min/1,73m2, nível de proteína C reativa (PCR) elevada, dímero D >0,500µd/mL e lactato desidrogenase 246 UI/L15-17,19-20,40.

Ainda pensando nas alterações laboratoriais apresentadas pelos pacientes com a COVID-19, sabe-se que o receptor ativador de plasmogênio do tipo uroquinase solúvel (suPAR) e procalcitonina sérica, entre outros, se apresentam como biomarcadores também associados ao surgimento da LRA18,13.

Dentre as alterações laboratoriais a serem observadas, é importante destacar o papel da trombocitose, fibrinogênio e dímero D no prognostico dos pacientes acometidos pela COVID-19, visto que tal achado se faz importante quando identificado vários casos de tromboembolismo, que vem como um fator possível para a LRA20,48. Ainda assim, outros estudos abordam a não-concordância com o papel da ferritina, PCR, dímero D e fibrinogênio no papel de marcadores mensuráveis identificáveis para a detecção da LRA12.

Tais achados contribuem para a sinalização primária de alterações fisiológicas no corpo do paciente, exigindo a atenção dos profissionais da saúde atuantes.

Embora a COVID-19 seja uma nova doença, a forma que o corpo se comporta não é diferente. Com a ativação do sistema imunológico no primeiro sinal de um "invasor". A identificação de interleucinas em nível aumentado em pacientes que apresentaram LRA é a responsável pela ação pró-inflamatória frente ao SARS-CoV-2, apresentadas pela IL-6, IL-8, IL-2R, e posteriormente IL-10, IL-1β19,21. Tal identificação leva a acreditar que essas proteínas comandam o sistema imunológico e causam uma tempestade de citocinas, o que reflete em uma ação exacerbada do sistema imunológico do indivíduo, fazendo com que um fator protetivo se torne prejudicial, interferindo assim na boa recuperação do paciente. A tempestade de citocinas, em conjunto com outros fatores como o dímero- D elevado, demostram relação com a formação de trombos sanguíneos, que atuam como um causador potencial da LRA frente à complicação e à evolução da COVID-19 nos pacientes contaminados49,50.

Outros estudos afirmam que a identificação imunobiológica não vem sempre como um marcador biológico sinalizando a queda da função renal, mas apenas como um achado clínico da reação do corpo humano na infecção viral12. Esses altos níveis de concentração de proteínas são importantes sinalizadores no acompanhamento de pacientes em casos graves pela doença.

É de entendimento que algumas doenças crônicas já atuam como um fator de risco em doenças infectocontagiosas no geral. Na pandemia da COVID-19 esse fato fora cada vez mais comentado, deixando claro que o cuidado para com essas pessoas deve ser redobrado5. Tal relação se dá pelo fato de os pacientes que tem doenças crônicas tem maior quantidade da enzima ACE-2 expressa em seu organismo. Dessa forma, pela grande afinidade do SARS-CoV-2 com essa enzima, é compreensível o risco elevado que os portadores possuem51.

Mediante os achados durante as buscas, algumas doenças pré-existentes são um risco durante a evolução da COVID-19, como as doenças cardiovasculares (insuficiência cardíaca e doença vascular periférica), hipertensão, diabetes mellitus, imunossupressão por qualquer fator, doença renal crônica, doenças cerebrovasculares, e índice de massa corpórea (IMC) elevada22-27. Existem também outras condições que se enquadram como fator de risco, mas que não foram identificadas nos estudos avaliados, que são: tabagismo, gestação, asma, doenças cromossômicas em estado de fragilidade imunológica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e doenças hematológicas (anemia)5.

A relação entre as doenças pré-existentes e a COVID-19 se dá pela forma pelo qual o corpo responde à contaminação pelo SARS-CoV-2, tendo em vista que um indivíduo que tem alguma doença crônica, ou fatores que comprometem o pleno funcionamento do sistema imunológico, são mais vulneráveis a um mal prognóstico durante a contaminação e sua recuperação. O fato a ser levantado não é unicamente a respeito do risco que esse indivíduo se pré-dispõe, mas sim a como o corpo responderá ao novo vírus e, consequentemente, como a doença evolui. Quanto mais vulnerável o paciente, mais chances ele tem de desenvolver um quadro mais grave na COVID-19 e maior o risco de desenvolver LRA25,52.

Dessa forma, é importante manter vigilância apurada para esse tipo de paciente, visto que tem mais chance de desenvolver uma lesão renal advinda da COVID-19.

Sabe-se que os aspectos biológicos podem influenciar no surgimento da IRA em pacientes contaminados pelo SARS-CoV-2. Idade, sexo e característica étnica podem ser as características daqueles que demonstram grande impacto na busca dos fatores que permeiam os pacientes com LRA na COVID-19.

De acordo com os dados obtidos, indivíduos com mais de 60 anos e do sexo masculino são os mais atingidos. Ser idoso sempre foi um fator de vulnerabilidade, já que o corpo não tem mais mesma apresentação da juventude, o curso fisiológico já não mais atua como antes e as doenças crônicas chegam, e por si só o corpo perde um pouco mais de sua defesa53,54. A COVID-19 se apresenta de forma mais agressiva em pessoas mais velhas, sua relação pode estar atrelada à queda do sistema imunológico, visto que pacientes mais novos contaminados pelo vírus tem melhor prognóstico e menor taxa de desenvolvimento de LRA55.

A relação da prevalência do sexo masculino nos casos de LRA em pacientes contaminados pelo SARS-CoV-2 não é clara, embora estudos apontem que pessoas do sexo masculino cuidam menos de sua própria saúde, chegando ao serviço de saúde na maioria das vezes com um quadro de enfermidade mais avançado56.

Quando relacionado o fato de pessoas afrodescendentes serem mais propensos a terem risco aumentado para LRA durante a COVID-19. Isso se dá pelo fato do indivíduo ser estruturalmente mais propenso a apresentar doenças hematológicas, hipertensão e diabetes28,31,56,57. Ainda sobre as características étnicas, dentro das amostras dos estudos selecionados, houve uma discrepância na porcentagem de pessoas que desenvolveram LRA durante a COVID-19. Os advindos do ocidente tiveram quase três vezes mais indivíduos com algum grau de LRA do que em relação aos orientais. Isso pode se relacionar com o fato de que existe uma maior expressão do da enzima ACE-2 nos podócitos e túbulo proximal de indivíduos advindos do ocidente58.

De modo geral, fica claro que todos os fatores levam à alguma doença de cunho pré-existente do paciente infectado, explicando assim porque pessoas com tais características são mais propensas a desenvolver LRA durante a COVID-19.

A LRA nem sempre se inicia em um ambiente hospitalar. Existem algumas lesões renais agudas de origem pré-renal, ou seja, que se desenvolveram em comunidade seja por desidratação ou outros fatores, mas que se tornaram mais significantes quando combinadas à COVID-19. Mediante o estudo, ficou evidente a equiparação entre LRA pré-renal e intrínseca (que se originou em ambiente hospitalar), com risco de mortalidade igual para ambas32.

De todos os estágios da LRA, o estágio 3 é o mais perigoso, pois é quando não existe possibilidade de retorno da capacidade renal, ao contrário dos estágios 1 e 2. Os pacientes que se encontram com LRA 3 concomitantemente com a COVID-19 não apresentaram melhora no funcionamento renal e/ou não sobreviveram a um período superior a 28 dias de internação, tendo desfechos variáveis entre Terapia de Substituição Renal Contínua (TSRC), transplante de órgãos e óbito31,34.

O uso da TRS precoce em pacientes com LRA em desenvolvimento pode trazer benefícios, visto que substâncias nocivas para o organismo serão removidas e a quantidade de líquido em excesso naquele organismo diminuirá35. Em contrapartida, existe um aumento significante de risco de morte nos pacientes que foram submetidos a diálise36.

Existem alguns fatores que aumentam a chance do paciente a desenvolver LRA, como: queda da PaO2/FiO2, parada cardiorrespiratória, infecções secundárias, assim como as abordagens necessárias durante o atendimento à pacientes acometidos pela COVID-19 que se tornam fatores de risco para o surgimento da LRA, como: Ventilação Mecânica Invasiva (VMI), admissão e permanência na UTI, uso de diuréticos, drogas vasopressoras e outras drogas nefrotóxicas31,37,41,39. Em contraste, embora a VMI seja um fator de risco potencial para o desenvolvimento da LRA e, consequentemente, o óbito, o "atraso" da realização da intubação seria o mais prejudicial para esses pacientes59.

Como rins tem grande quantidade da enzima ACE-2 em seu tecido, os achados histopatológicos da presença do próprio vírus no túbulo proximal são uma possível migração do SARS-CoV-2 pela corrente sanguínea, facilitada pela ACE-2 circulante24,42.

É importante que a LRA seja identificada precocemente, a fim de intervir e interromper a trajetória progressiva agravante do acometimento renal. Vale a pena considerar um fator preocupante que proporciona um aumento na taxa de mortalidade: a falta de diagnósticos em pacientes internados na UTI que já apresentam sinais de falha renal aguda. O corpo demonstra os sinais de LRA e cabe ao profissional investigar e traçar uma linha de cuidado com o intuito de aumentar o tempo de vida desse paciente, bem como preservar ao máximo a funcionabilidade renal daquele indivíduo internado por COVID-1927.

A ocorrência da Lesão Renal Aguda (LRA) em pacientes contaminados pelo SARS-CoV-2 ainda não é clara, porém, acredita-se que tal patologia venha se apresentar como um fator sentinela sinalizador de uma falha sequencial dos órgãos, ou a própria consequência de uma falha múltipla dos órgãos40.

Mediante a análise dos artigos, foi possível compreender que o estado crítico de pacientes com COVID-19 é um dos fatores principais para o acometimento renal.

Embora alguns estudos abordem a formação de trombos sanguíneos como um dos maiores causadores da LRA em pacientes acometidos pela COVID-19, deve-se levar em consideração a ação direta do vírus nos epitélios renais. Dessa forma, é clara a necessidade de estudos mais aprofundados. É importante considerar a hipótese de que o acometimento renal não vem de um motivo exclusivo, mas sim como uma combinação de fatores, como a abordagem medicamentosa, as alterações fisiológicas e outros fatores que vem a prejudicar o sistema renal.

A equipe de saúde deve estar constantemente atenta para todos os sinais de alerta frente a um paciente em estado grave por COVID-19. O diagnóstico precoce pode mudar abruptamente o curso da doença e permitir a melhor intervenção possível para o indivíduo.

 

CONCLUSÃO

Evidenciou-se que os fatores de risco que levam o paciente contaminado pelo SARS-CoV-2 a desenvolver afecções renais foram: idade, sexo masculino, hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca, imunossupressão, doenças cerebrovasculares, doença renal crônica, obesidade, afrodescendência, uso da ventilação mecânica, sepse e uso de diuréticos.

No tocante à relação de pacientes com COVID-19 e o desenvolvimento afecções renais, o fator idade e o sexo dos indivíduos acometidos pela doença indicam uma maior incidência da LRA. Segue-se a observância a doenças pré-existentes, como hipertensão e diabetes, que suscitam atenção no acompanhamento da evolução da doença. Pontua-se, ainda, o uso da ventilação mecânica e a sepse como fatores preponderantes no desenvolvimento da LRA e/ou óbito.

 

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Endereço para correspondência:
jennifermarchiori49@gmail.com

Manuscrito recebido: agosto 2021
Manuscrito aceito: setembro 2021
Versão online: novembro 2021

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