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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.32 no.1 Santo André jan./abr. 2022

http://dx.doi.org/10.36311/jhgd.v32.12968 

EDITORIAL

 

COVID-19 e influenza: implicações no contexto da saúde pública

 

 

Andrés Ricardo Pérez-RieraI, II; Raimundo Barbosa BarrosIII; Kjell NikusIV; Khalifa ElmusharafII, V

ILaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário FMABC, 09060-870 Santo André, SP, Brazil;
IIBrazil and Ireland COVID-19 Observatory;
IIICoronary Center of the Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, Fortaleza, Ceará, Brazil;
IVHeart Center, Tampere University Hospital and Faculty of Medicine and Health Technology, Tampere University, Finland;
VSchool of Medicine, University of Limerick, V94 T9PX Limerick, Ireland

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A pandemia de COVID-19 causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 continua a ter um grande impacto nos sistemas de saúde e sociais em todo o mundo. torna-se necessário que haja monitoramento dessas doenças para que assim, tenha-se parâmetros para melhor tomada de decisão sobre a gestão clínica adequada sobre essas respectivas doenças. Os dois vírus se manifestam de forma semelhante, ao causarem doenças respiratórias que podem se apresentar de forma assintomáticas, assim como do resfriado a problemas respiratórios graves até a morte. A forma de transmissão são parecidas, por contato com gotículas ou partículas de saliva e secreções, o que implica nas ações de prevenção que perpassam pelas mesmas medidas higienização, uso de máscaras e a necessidade de tossir usando o cotovelo ou lenções descartáveis. Isto caracteriza uma sindemia.

Palavras-chave: COVID-19, letalidade, mortalidade, Haemophilus influenzae.


 

 

A pandemia de COVID-19 causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 continua a ter um grande impacto nos sistemas de saúde e sociais em todo o mundo. Como as características clínicas e epidemiológicas do COVID-19 têm muitos paralelos com a gripe, é importante garantir o gerenciamento ideal de ambas as doenças respiratórias1.

Nesse contexto, torna-se necessário que haja monitoramento dessas doenças para que assim, tenha-se parâmetros para melhor tomada de decisão sobre a gestão clínica adequada sobre essas respectivas doenças. Ademais, que a população continue com as medidas de prevenção e promoção da saúde que muito contribuem para redução dos casos, pois são ações que devem ser executada pela população em longo prazo que irão prover um controle simultâneo das infecções respiratórias e suas complicações de forma eficaz.

Assim, ao considerar os dois agravos, comparações vêm sendo feitas entre o vírus SARS-CoV-2, que causa a COVID-19 com o vírus Influenza, causador da gripe, pois, ambos causam doenças respiratórias, entretanto, a propagação e diferenças existentes merecem ser discutidas e analisadas a fim de prover medidas de prevenção e promoção a partir de tomadas de decisão em saúde.

Os dois vírus se manifestam de forma semelhante, ao causarem doenças respiratórias que podem se apresentar de forma assintomáticas, assim como do resfriado a problemas respiratórios graves até a morte. Ainda, a forma de transmissão são parecidas, uma vez que são transmitidos por contato com gotículas ou partículas de saliva e secreções, o que implica nas ações de prevenção que perpassam pelas mesmas medidas, como por exemplo a importância da higienização, uso de máscaras e a necessidade de tossir usando o cotovelo ou lenções descartáveis2.

Por outro lado, como estes vírus se diferenciam? Uma das principais diferenças entre os dois vírus está na velocidade da transmissão. Sabe-se que vírus Influenza tem um período menor de incubação e um menor intervalo serial, quando comparado ao vírus causador da COVID-19, sendo o intervalo serial da COVID-19 é de 5 a 6 dias, enquanto do vírus Influenza é 3 dias. Essa diferença indica que o vírus Influenza pode se espalhar mais rapidamente que o SARS-CoV-2. Ainda se destaca que a transmissão nos primeiros 3 a 5 dias da doença ou a transmissão potencialmente pré-sintomática, é um dos principais fatores de transmissão do Influenza. Por outro lado, embora ainda em análise, existem indicações que as pessoas podem ser contagiosas com COVID-19 de 24 a 48 horas antes do início dos sintomas. Atualmente, isso não parece ser o principal fator de transmissão2.

Para Chotpitayasunondh et al.1, provavelmente essa diferença no potencial de transmissão reflete anos de exposição anterior à influenza, assim como na implementação de políticas públicas de vacinação contra influenza que conferem à população, um nível de imunidade, quando comparado com a falta de imunidade pré-existente ao SARS-CoV-21.

Outro ponto de discussão seria a evolução das doenças, uma vez que a estatística mostra que essa evolução parece ser diferente, embora apresentando sintomas semelhantes. A maioria dos casos da COVID-19 se apresentam como assintomáticos ou sintomas leves, apresentando em torno de 15 % infecções graves e 5% infecções críticas; evolução diferente da Influenza que os números de infecção graves e críticas seriam menores que as observadas para infecção por COVID-193.

Por fim, em relação aos grupos de risco, na Influenza, o grupo com maior risco são as crianças, gestantes, idosos, pessoas com doenças crônicas e imunossuprimidos. Para a COVID-19, o atual entendimento é que a idade avançada e condições pré-existentes aumentam o risco de infecções graves3.

É fundamental a compreensão das diferenças na epidemiologia em grupos de alto risco entre COVID-19 e influenza para que que se garanta o manejo clínico ideal de cada uma dessas doenças. Sabe-se que as crianças apresentam morbidade significativa devido à gripe e são consideradas os principais contribuintes para a transmissão do vírus, enquanto as crianças infectadas com SARS-CoV-2 parecem ser assintomáticas ou apresentam apenas sintomas leves4,5, situações que contribuem para a diferença de transmissão e evolução dessas doenças.

Considerando assim, a evolução das doenças, percebe-se que a COVID-19 apresenta uma evolução que se destaca por sintomas mais graves o que implica em um potencial taxa de mortalidade maior quando comparada a taxa de mortalidade por Influenza, especialmente influenza sazonal.

Destacam-se as tecnologias de informação no contexto da saúde. Para Chotpitayasunondh et al.1, o envolvimento público na notificação de sintomas por meio de dispositivos móveis que pode ajudar a antecipar surtos locais ou regionais, assim como os dados de vigilância sobre a circulação de vírus influenza e/ou SARS-CoV-2 e suas doenças associadas, ajudam no processo de tomada de decisão de diagnóstico e tratamento dessas doenças.

Quanto a medicamentos para a COVID-19 e Influenza, embora existem discussões referentes ao tratamento da COVID-19, com ensaios clínicos, não há atualmente medicamentos licenciados para COVID-19 no Brasil. Remédios que combatem a replicação do vírus, como o Molnupiravir (da MSD) e o Paxlovid (da Pfizer) podem garantir eficácia contra a COVID.

Por outro lado, há vacina e antivirais para influenza, que apesar de não serem efetivas para COVID-19, é altamente recomendada a vacinação todos os anos para prevenção da Influenza6.

Percebe-se que a gripe sazonal e a atual pandemia de COVID-19 representam desafios de saúde globais iminentes. Vacinas eficazes e seguras continuam sendo as ferramentas de linha de frente para mitigar as doenças induzidas pelo vírus influenza e pela síndrome respiratória aguda grave por SARS-CoV-27.

Assim, observa-se que se está diante de duas doenças virais com semelhanças, em especial na sintomatologia, mas que se diferenciam quanto a transmissibilidade e evolução, o que implica na necessidade de ações que possam empoderar a população quanto a medidas de prevenção, promoção e controle para que casos graves que podem surgir da COVID-19 sejam evitados. Tais medidas devem cada vez ser disseminadas e necessárias nos dias atuais, pois neste momento o mundo vive duas epidemias de vírus respiratórios, a COVID-19 e a influenza.

O planejamento adequado é essencial para garantir que recursos e estratégias suficientes estejam disponíveis para atender às necessidades de capacidade de pico e atender à demanda adicional.

É responsabilidade de todos não deixar que a atual pandemia de COVID-19 impeça de lidar adequadamente com a possibilidade de sobreposição de epidemias (gripe sazonal e COVID-19), sendo, a vacinação, o recurso rápido a antivirais e, quando associada às medidas de mitigação da comunidade, serão mais importantes do que nunca para redução de taxas de mortalidade, inclusive8.

Nesse enfoque, destaca-se o Journal of Human Growth and development (JHGD) que traz a cada edição discussões com foco nas tecnologias, inovação e saúde, dando visibilidade a pesquisas que tratam do ciclo de vida e saúde, epidemiologia, direito e saúde, políticas públicas e demais áreas de conhecimento9-25.

Ademais, o JHGD vem propiciando um debate amplo sobre as diferentes áreas de conhecimento, possibilitando o desenvolvimento do pensamento crítico para a comunidade, contribuindo para divulgação científica em nível nacional e internacional.

A pandemia da COVID-19 não acabou. Resta-nos enveredar esforços no sentido de não perder oportunidades para preencher a lacuna da desigualdade. O uso de mascaramento facial26, distanciamento social e vacinação em massa de crianças e adultos é a evidência científica de dispomos para redução a transmissão do vírus SARS-Cov2 e suas implicações para à saúde pública global.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
Andrés Ricardo Pérez-Riera
riera@uol.com.br

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