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Journal of Human Growth and Development

versão impressa ISSN 0104-1282versão On-line ISSN 2175-3598

J. Hum. Growth Dev. vol.32 no.2 Santo André maio/ago. 2022

http://dx.doi.org/10.36311/jhgd.v32.9943 

ARTIGO ORIGINAL

 

Insatisfação corporal e bullying entre escolares de baixo peso do Brasil e Portugal: estudo transcultural

 

 

Marcela Almeida ZequinãoI; Pâmella de MedeirosII; Wanderlei Abadio de OliveiraIII; Manoel Antônio dos SantosIV; Luís Carlos Oliveira LopesV; Beatriz PereiraVI

IProfessora colaboradora da Universidade do Estado de Santa Catarina. Pós-Doutorado em Educação. Doutora em Estudos da Criança com Especialidade em Educação Física, Lazer e Recreação pela Universidade do Minho, Coqueiros, Florianópolis, SC, Brasil
IIProfessora colaboradora da Universidade do Estado de Santa Catarina. Doutora em Ciências do Movimento Humano, pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Barreiros, São José, SC, Brasil
IIIProfessor Doutor do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP, Brasil
IVProfessor Titular do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
VInvestigador do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Doutor em Estudos da Criança com Especialidade em Educação Física, Lazer e Recreação na Universidade do Minho. Campus Gualtar, Braga, Portugal
VIProfessora catedrática do Instituto de Educação e Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho, Braga, Portugal

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: a imagem corporal é constituída por aspectos psíquicos e culturais elaborados pelo sujeito. Dela decorre satisfação ou insatisfação, que podem ser promovidas ou intensificadas pela pressão dos pares sobre os ideais de imagem corporal
OBJETIVO: comparar a taxa de prevalência de insatisfação corporal entre estudantes brasileiros e portugueses com baixo peso, e analisar a associação desta variável com o contexto social, estado nutricional e participação em situações de bullying
MÉTODO: participaram da pesquisa 720 estudantes dos dois países (377 meninas; M = 10 anos), de cinco escolas públicas e três escolas privadas. Os participantes responderam os seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico; Escala de Silhuetas Corporais e Questionário de Bullying. Também foram mensuradas massa corporal e estatura. Os dados foram analisados estatisticamente
RESULTADOS: em relação à insatisfação pela magreza os participantes da rede de ensino privada apresentaram 0,43 (IC95%=0,25-0,72) vezes menos chances de manifestarem esse quadro quando comparados aos participantes da rede pública. Os meninos apresentaram 1,64 (IC95%=1,08-2,50) vezes mais chances de apresentar o desfecho de insatisfação que as meninas. Entre as vítimas-agressoras observou-se 3,67 (IC95%=1,41-9,53) vezes mais chances quando comparadas com aqueles que não participavam de situações de bullying. Os dados revelaram que a satisfação corporal foi semelhante entre os estudantes dos dois países, mas diferiu em alguns aspectos de contexto. Verificou-se que crianças e adolescentes com baixo peso também necessitam de atenção em relação à insatisfação corporal, principalmente em função da identificação dessa variável como um possível fator de risco associado a vítimas-agressoras de bullying
CONCLUSÃO: ações interventivas podem ser subsidiadas pelos resultados apresentados para prevenir e combater tanto da insatisfação corporal quanto o bullying escolar

Palavras-chave: satisfação corporal, estado nutricional, bullying.


 

 

Síntese dos autores

Por que este estudo foi feito?

Estudos anteriores já verificaram relações entre insatisfação com a imagem corporal e situações de bullying, principalmente no que se refere à vitimização em crianças com sobrepeso ou obesidade. Contudo, poucos estudos realizam análises comparativas entre países, bem como analisam a relação dessas variáveis em crianças com baixo peso. Assim, esse estudo foi elaborado para adicionar elementos que auxiliem na compreensão do fenômeno e variáveis relacionadas à sua ocorrência, de forma comparativa entre estudantes brasileiros e portugueses que apresentam baixo peso corporal.

O que os pesquisadores fizeram e encontraram?

Em termos antropométricos, os estudantes portugueses apresentaram maior frequência de peso normal comparados aos estudantes brasileiros. Nos dois grupos de estudantes a maioria referiu insatisfação com a imagem corporal. A principal causa de insatisfação foi o "excesso de peso", mesmo as análises tendo sido realizadas apenas com participantes com "baixo peso" ou "peso normal". O que apresenta ser um ponto relevante do estudo, tendo em vista a problemática de distorção de imagem corporal. Observou-se associação entre insatisfação com a imagem corporal e os papéis de participação nas situações de bullying, indicando que não apenas as crianças com sobrepeso e obesidade estão envolvidas neste tipo de violência, mas que as crianças com baixo peso também são um grupo de risco para envolvimento nesse tipo de problema.

O que essas descobertas significam?

Os resultados auxiliam a compreender a associação entre bullying e a insatisfação corporal, sobretudo entre estudantes que possuem condição antropométrica adequada, mas referem não estar satisfeitos com sua imagem corporal ou entre crianças com baixo peso. Intervenções antibullying podem utilizar esses resultados para incluir a discussão sobre os padrões de beleza estabelecidos socialmente e que podem favorecer a ocorrência de bullying em escolas brasileiras e portuguesas.

 

INTRODUÇÃO

A imagem corporal é um constructo biopsicossocial e multidimensional que abrange percepções, cognições, sentimentos e comportamentos em relação à aparência, às funções e capacidades físicas1. Trata-se de uma representação individual/internalizada do corpo, que contribui para a constituição subjetiva de cada pessoa, ao mesmo tempo em que reflete a estrutura e a função real do corpo vivido2. A experiência relacionada ao corpo, nessa perspectiva, assume aspectos sociais e culturais para que o indivíduo possa responder aos padrões e à aparência idealizada, ou aos valores socioculturais impostos para viver sua experiência corporal3,4.

Nesse sentido, o julgamento que cada pessoa faz em relação ao seu corpo, isto é, o componente perceptivo da imagem corporal, é denominado de satisfação corporal1. Quando esse julgamento é negativo, identifica-se a experiência de insatisfação corporal. Sabe-se que essa insatisfação corporal pode contribuir para diversos problemas de saúde mental das pessoas, como baixa autoestima e transtornos alimentares (1), quadros de ansiedade5 e depressão4. Além disso, a sensação subjetiva de satisfação ou insatisfação corporal é um forte preditor de melhor ou pior qualidade de vida, respectivamente6.

Segundo a literatura científica, cada contexto sociocultural modula os níveis de satisfação ou insatisfação corporal dos indivíduos, principalmente ao se considerar que as variáveis contextuais poderão ser associadas a esses níveis7. Assim, cada cultura pode apresentar aspectos particulares no que se refere à imagem corporal e ao que pode ser considerado corpos ideais ou divergentes da norma, mesmo que alguns contextos culturais compartilhem alguns elementos como idioma e modos de vida8,9. Por outro lado, a ampliação do acesso à informação e o incremento da valorização dos padrões estéticos transformaram a insatisfação corporal em um problema global, que pode afetar indivíduos de diversas origens étnicas e culturais10,11. Dessa forma, sinaliza-se para a importância de pesquisas que compreendam, em alguma medida, as influências culturais sobre a imagem corporal e a satisfação ou insatisfação corporal10,11.

Ainda são escassos os estudos que relacionam a (in)satisfação corporal em crianças e adolescentes com o bullying. O bullying é um tipo de violência entre pares caracterizado por agressões repetitivas, intencionais e pautadas em relações com marcado desequilíbrio de poder entre vítimas e agressores12,13. É considerado um problema de saúde pública, sendo que suas taxas de prevalência também variam de acordo com as realidades socioculturais. No Brasil, os índices de vitimização são de, aproximadamente, 7% e a prática das agressões chega a 21%. Em Portugal, uma pesquisa desenvolvida com 360 alunos de escolas públicas revelou uma taxa média de envolvimento em situações de bullying de 27,5%14.

A pressão dos pares, uma das expressões do bullying, também pode influenciar a estruturação da imagem corporal dos estudantes e alterar os comportamentos em relação aos seus corpos, muitas vezes promovendo ou intensificando a insatisfação corporal15,16. Ao mesmo tempo, a autoavaliação do corpo influencia as atitudes e comportamentos, sendo fundamentais no desenvolvimento das habilidades sociais e das relações interpessoais17. Tal aspecto é acentuado no início ou na vivência plena da adolescência, momento em que uma crítica negativa em relação ao corpo ou peso corporal feita pelos pares pode ter efeitos desastrosos na satisfação corporal15. Dados revelam ainda associações entre insatisfação corporal e envolvimento em situações de bullying escolar18.

Diante desse cenário, estudos têm se centrado em torno de participantes com sobrepeso ou obesidade19,20. Isso é compreensível, tendo em vista que diversas investigações indicam que as taxas de sobrepeso e obesidade infantil estão crescendo de forma acelerada nos últimos anos6, já sendo considerado um problema de saúde pública tanto em países desenvolvidos, quanto em nações em desenvolvimento21.

Evidências indicam que crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade apresentam maiores chances de desenvolverem insatisfação corporal quando comparados aos pares eutróficos22. Ao mesmo tempo, também são reportados dados que correlacionam o aumento da possibilidade de experiência com bullying entre crianças obesas ou com sobrepeso19,20. Entretanto, sabe-se também que a magreza excessiva pode estar relacionada a maior insatisfação corporal e que ela pode estar associada às experiências de vitimização na escola23. Contudo, poucas pesquisas têm investigado a insatisfação corporal em crianças e adolescentes com baixo peso, e algumas que se propõe a fazê-lo encontram dificuldades em função do reduzido número de participantes recrutados com essas condições24. Essa lacuna da literatura também é encontrada nos estudos sobre bullying com delineamento transversal23.

Apesar das similaridades entre os países, no que tange a língua, por exemplo, acredita-se que as diferenças sociais e culturais podem influenciar no estabelecimento dos padrões de (in)satisfação corporal. Além disso, tem-se que o estado nutricional mais estudado atualmente seja o da obesidade, seguido pelo sobrepeso, no entanto, considera-se que o baixo peso também pode ser um fator relevante para a insatisfação corporal de crianças e adolescentes, por não se encaixarem nos padrões estéticos predominantes. Este parece ser um aspecto importante para ser mencionado quando se pensam nas relações entre os pares, podendo o baixo peso também ser um fator de risco para ser vítima de envolvimento em situações conflituosas no ambiente escolar, como por exemplo o bullying.

Assim, esse estudo tem como objetivo avaliar a taxa de prevalência de insatisfação corporal entre estudantes com baixo peso de duas cidades metropolitanas de Portugal e do Brasil, bem como analisar a associação desta variável com o contexto social, estado nutricional e participação nas situações de bullying. Assim, embasado pela literatura, hipotetiza-se que haja diferenças entre a prevalência de insatisfação corporal dos estudantes entre os dois países, tal como os estudantes com melhor condição social, com baixo peso e vítimas de bullying escolar estejam mais insatisfeitos quanto à percepção da imagem corporal.

 

MÉTODO

Tipo e cenário do estudo

Estudo transcultural de corte transversal de cunho exploratório e amostragem intencional, conduzido na cidade metropolitana de Braga, situada na Região do Minho, ao Norte de Portugal, e também na cidade metropolitana de Florianópolis, estado de Santa Catarina, na Região Sul do Brasil, entre os meses de novembro de 2014 e maio de 2015. A seleção das escolas em ambos os países foi intencional. No total foram selecionadas quatro escolas públicas municipais e uma escola privada em Braga, uma escola pública municipal e duas escolas privadas em Florianópolis.

Participantes

Todos os estudantes do 3º ao 6º ano do Ensino Fundamental, de ambos os sexos, matriculadas nas escolas selecionadas foram convidados a participarem do estudo. A partir do número total de estudantes e as proporcionalidades entre escolas públicas e privadas das duas cidades, foi calculado o tamanho de amostra, assumindo um alfa de 0,05, com poder de 80%. De acordo com o cálculo amostral chegou-se ao número de 767 participantes, sendo 374 (299 de escolas públicas e 75 de escola privada) em Portugal e 393 (266 de escola pública e 126 de escolas privadas) no Brasil. Como todos os estudantes foram convidadas a participar da pesquisa, o número total de participantes foi 774, sendo 379 (295 de escolas públicas e 84 de escola privada) em Portugal e 395 (266 de escola pública e 129 de escolas privadas) no Brasil. Destes, 62 participantes estavam com sobrepeso ou obesidade e por isso foram excluídos das análises. Também foi considerado critério de exclusão indício de rebaixamento intelectual que impedisse a compreensão dos instrumentos, mas nenhum participante foi excluído por esse motivo.

Assim, o número final de participantes foi 712, sendo 350 (274 de escolas públicas e 76 de escola privada) em Portugal e 362 (243 de escola pública e 119 de escolas privadas) no Brasil. Em termos de caracterização dos participantes, as meninas eram a maioria (n=377), a idade ficou compreendida no intervalo entre 7 e 14 anos (M = 10 anos), e os participantes estavam distribuídos de forma equilibrada nos diversos níveis de escolaridade: 3º ano (25,6%), 4º ano (26,3%), 5º ano (22,6%) e 6º ano (25,6%).

Procedimentos

Previamente à coleta dos dados, os pais e as crianças e adolescentes receberam informações detalhadas sobre a pesquisa. Os participantes foram esclarecidos sobre a pesquisa e explicitaram sua anuência em participar do estudo por meio do Termo de Assentimento, que foi elaborado em linguagem clara e acessível à idade dos participantes. Da mesma forma foi enviado aos pais e/ou responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido solicitando sua anuência em relação à participação dos estudantes.

Em seguida, de forma coletiva, os participantes responderam aos instrumentos de autorrelato sobre a participação no bullying e sobre a imagem corporal percebida e desejada. Na segunda etapa de coleta de dados foram aferidos o peso corporal e a estatura dos estudantes, para cálculo do índice de massa corporal (IMC). Ambas as etapas foram aplicadas e supervisionadas por dois pesquisadores treinados nos instrumentos aplicados e que ficaram à disposição para esclarecer qualquer dúvida dos participantes. O tempo médio de coleta de dados foi de 50 minutos em cada turma. Os pesquisadores retornaram mais duas vezes em cada turma para busca ativa dos estudantes que estavam ausentes no primeiro dia de aplicação.

Instrumentos

Questionário Sociodemográfico: foi utilizado um instrumento padronizado para coleta dos seguintes dados: sexo, idade, país de moradia, tipo de escola e escolaridade da mãe.

Questionário de Bullying: foram utilizadas duas questões de um instrumento que mensura comportamentos de bullying25. A primeira questão perguntava quantas vezes, nos últimos três meses de aula, o participante tinha sido vítima de bullying escolar, enquanto a segunda questão perguntava quantas vezes o participante tinha sido agressor. Com as informações obtidas por meio daqueles que responderam que foram vítimas e agressores três ou mais vezes, criou-se um grupo de "vítimas-agressoras". Assim, os participantes foram classificados em quatro categorias de participação no bullying: "não participa", "vítima", "agressor" e "vítima-agressora". O instrumento apresentou um nível de consistência interna moderado no grupo amostral, com alfa de Cronbach igual a 0,614.

Escala de Silhuetas Corporais26: composta por um conjunto de figuras de crianças numeradas de 1 a 9, representando um continuum desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9). Esse instrumento foi validado para o contexto brasileiro, com bons índices psicométricos27. As figuras foram apresentadas aos escolares em uma folha única e, em seguida, eles responderam as seguintes perguntas: 1. Qual a silhueta que melhor representa a sua aparência física atual (Silhueta real)? 2. Qual a silhueta que você gostaria de ter (Silhueta ideal)? A satisfação com a imagem corporal foi identificada por meio da discrepância entre o valor correspondente à silhueta real e o valor indicado como a silhueta ideal (silhueta real - silhueta ideal). Desse modo, os escolares que apresentaram valor igual a zero foram classificados como "satisfeitos" com a imagem corporal, e aqueles que evidenciaram valores diferentes de zero foram considerados "insatisfeitos". Quando essa diferença foi positiva o indivíduo foi considerado insatisfeito por excesso de peso e, quando negativa, insatisfeito por magreza. Em relação à confiabilidade interna da escala no grupo amostral, verificou-se um nível de consistência interna moderado, com alfa de Cronbach igual a 0,643.

Mensuração de peso corporal e estatura28: utilizou-se uma balança antropométrica com graduação em 0,1 quilogramas e um estadiômetro com resolução de 0,1 centímetros. O estado nutricional foi avaliado por meio do índice de massa corporal (IMC = massa corporal (kg) / estatura (m)2). A classificação do IMC foi realizada de acordo com os pontos de corte estabelecidos29, que permitiram estratificar os participantes em quatro categorias: abaixo do peso, normal, sobrepeso e obesidade. Para fins de cálculo, levando em consideração o objetivo deste estudo, crianças e adolescentes com obesidade e sobrepeso foram retirados das análises.

Análise dos dados

Os dados foram analisados inicialmente por meio de estatística descritiva (média, desvio-padrão e distribuição de frequência). A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov. A comparação das médias das variáveis foi verificada por meio do teste U de Mann-Whitney. O teste qui-quadrado foi utilizado para verificar as associações entre as variáveis categóricas. E a associação entre a insatisfação por magreza e por excesso e as demais variáveis independentes foi analisada por meio da regressão logística binária. Foram testados dois modelos, um simples e outro ajustado por todas as variáveis que, no modelo bruto, apresentaram p<0,2030. O teste de aderência explicou 62,7% do modelo Enter para o ajuste na variável dependente insatisfação pela magreza, e 88,5% na insatisfação pelo excesso. Em todas as análises adotou-se o nível de significância de 5%, utilizando-se o pacote estatístico SPSS versão 20.0.

Aspetos éticos

A pesquisa é parte de um macroprojeto transcultural aprovado pelo Comitê de Ética de Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Minho (processo 010/2014 - Portugal) e Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina (parecer 5439/2011 - Brasil).

 

RESULTADOS

Verificou-se uma homogeneidade dos participantes em relação à idade em ambos os países ( =9,85; DP=1,28, em Portugal; =9,70; DP=1,46, no Brasil). No entanto, os estudantes portugueses apresentaram maior massa corporal ( =37,57; DP=7,95), estatura ( =1,41; DP=0,08) e IMC ( =18,62; DP=2,65) quando comparados aos escolares brasileiros. Também foi verificada associação estatisticamente significante com o estado nutricional e o país de origem (p<0,001). Embora em ambos os países a maior parte dos estudantes tenha sido classificada como 'baixo peso', a frequência de crianças e adolescentes brasileiros com baixo peso (64,9%) foi maior do que a dos portugueses (52,3%), enquanto que os portugueses apresentaram maior frequência de peso normal comparados aos brasileiros (47,7% e 35,1%, respectivamente).

Com relação à satisfação corporal, foi constatado que a maioria dos participantes estavam insatisfeitos com sua imagem corporal. A principal causa de insatisfação foi o "excesso de peso" para 35% dos participantes, mesmo as análises tendo sido realizadas apenas com participantes com "baixo peso" ou "peso normal". Todavia, essa variável não mostrou associação significante com o país de origem. Ademais, foi verificada uma associação entre a escolaridade das mães e o país de origem, sendo que a maior frequência de menor escolaridade foi encontrada nas mães dos estudantes brasileiros, já que em 33,4% dos casos elas frequentaram apenas o Ensino Fundamental. No que tange aos papéis de participação no bullying, também se verificou uma associação significante, indicando que mais estudantes em Portugal do que no Brasil se autodeclararam envolvidos no fenômeno, principalmente nos papéis de agressores e vítimas-agressoras. Esses dados são apresentados na tabela 1.

De acordo com a análise de regressão logística com a variável desfecho insatisfação pela magreza, observou-se associação da insatisfação pela magreza com rede de ensino, sexo, papéis de participação no bullying e estado nutricional. Quando a análise foi ajustada, verificou-se que todas as variáveis se mantiveram associadas ao desfecho. Os participantes da rede de ensino privada tiveram 0,43 (IC95%=0,25-0,72) vezes menos chances de apresentarem insatisfação pela magreza quando comparados aos da rede pública. Os meninos apresentaram 1,64 (IC95%=1,08-2,50) vezes mais chances de apresentar o desfecho do que as meninas, da mesma forma que as vítimas-agressoras tiveram 3,67 (IC95%=1,41-9,53) vezes mais chances do que aqueles que não participam do bullying, e os participantes com baixo peso 3,71 (IC95%=2,17-6,35) vezes mais chances do que os de peso normal. Os resultados dessa análise estão apresentados na tabela 2.

Na tabela 3 verifica-se que, em relação à insatisfação pelo "excesso de peso", houve uma associação estatisticamente significante com sexo e estado nutricional. Contudo, na análise ajustada, apenas a variável estado nutricional se manteve associada ao desfecho, sendo que os participantes com peso normal apresentaram 2,90 (IC95%=2,06-4,10) vezes mais chances de estarem insatisfeitos pelo excesso quando comparados aos de baixo peso.

 

DISCUSSÃO

Este estudo teve por objetivo comparar a prevalência da insatisfação corporal entre estudantes com baixo peso de duas cidades metropolitanas de Portugal e do Brasil, bem como verificar a associação desta variável com o contexto social, estado nutricional e participação no bullying. Entre os principais resultados encontrados verificou-se que, embora os estudantes dos dois países tenham se diferenciado no que tange aos aspectos antropométricos, a insatisfação corporal se deu de maneira equivalente em ambos. Além disso, os fatores associados à insatisfação pela magreza foram: rede de ensino, sexo, estado nutricional e papéis de participação no bullying, enquanto que apenas estado nutricional esteve associado à insatisfação pelo excesso. Também se verificou que os participantes portugueses apresentaram maiores médias em todos os aspectos quando comparados aos brasileiros.

Alguns estudos transculturais vêm comparando variáveis antropométricas de crianças e adolescentes de diferentes países e etnias, sendo que nessas pesquisas foi possível identificar diferenças no que tange à massa corporal, estatura e IMC24,31. Uma investigação realizada com meninas em faixa etária semelhante à do presente estudo (x- = 9,11), que viviam na Inglaterra, encontrou diferenças entre as etnias, já que as meninas caucasianas tinham maior massa corporal e IMC em comparação com as meninas asiáticas31. Em outros dois estudos envolvendo adolescentes com média de idade aproximada de 13,0 anos, verificou-se que no primeiro os japoneses também apresentaram maior massa corporal, estatura e IMC quando comparados aos vietnamitas em ambos os sexos32. Em relação à segunda investigação, as meninas suecas apresentaram maior massa corporal e estatura do que as meninas argentinas, e os meninos suecos apenas maior estatura em relação aos meninos argentinos8. Outro estudo mostrou que adolescentes australianos apresentaram maior IMC quando comparados aos malásios e chineses7.

Essas diferenças também são encontradas quando se leva em consideração o estado nutricional de crianças e adolescentes de diferentes partes do mundo. No presente estudo, crianças e adolescentes brasileiros apresentaram maior índice de baixo peso quando comparados aos portugueses. De forma semelhante, no estudo de Hill e Bhatti31 meninas asiáticas estavam com peso abaixo do padrão esperado para a idade, enquanto que as meninas caucasianas estavam 9,0% acima do esperado. Esses resultados indicam que, mesmo quando as crianças apresentam um desenvolvimento físico semelhante conforme a faixa etária, cada etnia possui características típicas em relação às variáveis antropométricas.

Embora as diferenças físicas e os diferentes níveis socioeconômicos, baseados na escolaridade das mães, estivessem presentes entre os participantes deste estudo, verificou-se que não houve associação estatisticamente significante entre a satisfação corporal e o país de origem. Isso indica que essa variável se distribuiu de forma homogênea tanto em Portugal (43,4%) quanto no Brasil (46,1%). No entanto, a existência de diferenças transculturais no que tange à insatisfação corporal ainda é um tema controverso na literatura. De modo similar, em um estudo realizado entre adolescentes da Suécia e Argentina, também países da Europa e da América Latina respectivamente, não foi encontrada diferença estatisticamente significante em relação à insatisfação corporal em função do país de origem8. Em outro estudo realizado com meninas britânicas, porém de diferentes etnias, verificou-se que caucasianas e asiáticas tiveram níveis de insatisfação corporal semelhantes, independentemente das diferenças étnicas apresentadas31.

Por outro lado, alguns estudos têm relatado diferenças na percepção da imagem corporal entre crianças e adolescente de diferentes países. Já se verificou, por exemplo, que adolescentes coreanos de ambos os sexos apresentaram maior insatisfação corporal quando comparados aos americanos33. Em outro estudo realizado nos Estados Unidos com crianças de diferentes etnias, também se verificou que crianças asiáticas estavam mais insatisfeitas com seus corpos do que os afro-americanos, caucasianos ou hispânicos24. Adolescentes malaios e chineses também apresentaram níveis significativamente mais elevados de insatisfação corporal quando comparados com adolescentes australianos7.

Ainda que parte dessas diferenças entre os níveis de insatisfação corporal em diferentes países e diferentes etnias possa ser decorrente das diferenças das metodologias adotadas em cada estudo, a explicação que tem sido considerada mais consistente na literatura é a teoria sociocultural da imagem corporal. Essa teoria sugere que fatores socioculturais podem afetar diretamente na satisfação com o corpo, fazendo com que mesmo em contextos culturais aparentemente semelhantes possam existir diferenças nos níveis de insatisfação corporal entre os indivíduos7,9.

Assim, os resultados apresentados neste estudo, aliados a outros resultados encontrados na literatura, dão indícios de que crianças e adolescentes de países ocidentais tendem a apresentar níveis semelhantes de insatisfação corporal, enquanto os asiáticos tendem a apresentar níveis diferentes de insatisfação31. Contudo, as evidências têm apontado que os padrões de beleza atuais têm sido cada vez mais internacionalizados, deixando de ser apenas um fenômeno da cultura ocidental e sendo almejados por grande parte dos jovens de todo o mundo15. Isso torna o cenário global ainda mais crítico, tendo em vista que as características típicas de cada etnia, muitas vezes, não correspondem aos padrões estipulados pela cultura, o que faz com que a insatisfação corporal seja um fenômeno de elevada prevalência em quase todos os países34.

No que tange às prevalências de satisfação e insatisfação corporal, foi observado que apenas 44,8% dos participantes se declararam satisfeitos com sua imagem corporal (43,4% em Portugal e 46,1% no Brasil), enquanto que 55,2% estavam insatisfeitos ou pela magreza ou pelo excesso. Como as análises foram realizadas apenas com participantes abaixo do peso ou com peso normal, era esperado um alto percentual de crianças e adolescentes insatisfeitos pela magreza. Contudo, 35,0% dos participantes se declaram insatisfeitos pelo "excesso de peso", o que sugere que esses estudantes tendem a superestimar suas medidas corpóreas. Esses resultados foram semelhantes ao de outro estudo realizado com crianças chinesas, no qual apenas 46,5% dos meninos e 43,0% das meninas que estavam com peso saudável se consideraram satisfeitos com sua imagem corporal35. A mesma situação também pode ser observada em estudos desenvolvidos na América Latina36 e especificamente no Brasil3.

Os resultados deste estudo também indicaram uma associação entre os papéis de participação no bullying escolar e o país de origem. Estudantes portugueses declararam mais envolvimento no fenômeno do que os estudantes brasileiros. Também houve diferentes distribuições de papéis em ambos os países. Para explicar tais diversidades encontradas em estudos transculturais, alguns estudiosos apontam as características culturais, as diferenças das escolas37 e a desigualdade social37 como possíveis fatores que podem influenciar fenômenos como o bullying.

No que tange à relação entre bullying escolar e a insatisfação corporal, alguns estudos vêm apontando a importância das relações entre pares na construção da imagem corporal15,16,18,38. Na presente investigação foi encontrada associação entre o papel de vítima-agressora e maior insatisfação pela magreza. Este resultado aponta um caminho que merece maior atenção por parte dos pesquisadores desta área, tendo em vista que esse grupo de envolvimento no bullying escolar é aquele que apresenta maiores fatores de riscos associados ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes39. Ademais, tal variável apresentou relevância semelhante ao estado nutricional para compreensão da insatisfação pela magreza neste grupo específico de participantes com baixo peso. Assim, mais estudos são necessários para compreender os motivos que fazem com que esse grupo se perceba com essa imagem corporal distorcida. As vítimas-agressoras caracterizam-se por assumir ambos os papéis, ora como vítima, ora como agressor, e muitas vezes o desejo por um corpo com proporções maiores pode ser um reflexo da agressão sofrida, que sustenta o desejo de ser capaz de se defender ou de revidar a violência sofrida, ou mesmo de reproduzir com outros a agressão vivenciada, perpetuando desse modo o ciclo de violência e propagando o bullying.

Em relação à variável estado nutricional, esse indicador mostrou ser o principal fator associado à insatisfação corporal, tanto pela magreza, quanto pelo excesso. Diversos estudos já apontaram a relação entre maior IMC, sugestivo de sobrepeso ou obesidade, como responsável pela maior insatisfação corporal em crianças e adolescentes, principalmente quando comparados aos pares de peso normal6,16,24,40. Contudo, alguns pesquisadores que analisaram também crianças com baixo peso verificaram resultados divergentes dos encontrados neste estudo. Dentre esses, podem ser mencionados os estudos nos quais foram encontrados que crianças ou adolescentes com sobrepeso ou obesidade tinham mais chances de apresentar insatisfação corporal quando comparadas com as de baixo peso1,15, ou crianças de baixo peso apresentaram menos chances de estarem insatisfeitas22; ou ainda baixo peso não esteve associado à insatisfação corporal3.

Entrementes, salienta-se que esses resultados devem ser interpretados considerando as três principais limitações deste estudo. Primeiramente, por se tratar de uma pesquisa que envolveu amostra não probabilística, seus resultados não podem ser generalizados para outros contextos. Em segundo lugar, o instrumento utilizado para avaliação da imagem corporal não é capaz de mensurar de maneira objetiva medidas de satisfação com a musculosidade, fazendo com que as figuras de corpos maiores pudessem gerar interpretações controversas entre os participantes. E a terceira limitação se refere ao instrumento de autorrelato utilizado para identificar a participação dos estudantes em situações de bullying, pois esse tipo de medida pode induzir o surgimento de respostas socialmente aceitas.

Assim, outros estudos devem considerar essas limitações para tornar mais clara a compreensão do fenômeno da insatisfação corporal em crianças e adolescentes com baixo peso e a associação com variáveis como bullying ou tipo de escola. É preciso que mais estudos incluam participantes com baixo peso nas pesquisas relacionadas à imagem corporal para que seja possível compreender melhor as relações encontradas no estudo em tela. De todo modo, este estudo sugere fortemente a necessidade de implementar ações interventivas junto às crianças e adolescentes, visando à prevenção e combate tanto da insatisfação corporal precoce, quanto do bullying escolar.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da proposta transcultural de comparar dados de estudantes do Brasil e de Portugal, foi possível concluir que, apesar das diferenças sociais e culturais, encontrou-se que a prevalência de insatisfação corporal se deu de maneira equivalente entre os países. Além disso os estudantes da rede privada de ensino tiveram menos chances de apresentarem insatisfação pela magreza, no entanto, os meninos, as vítimas-agressoras e os participantes com baixo peso tiveram mais chances de apresentarem insatisfação pela magreza. Destaca-se também que, mesmo a análise sendo realizada apenas entre crianças e adolescentes com peso normal e baixo peso, ainda assim as crianças com peso normal, relataram insatisfação com a imagem corporal atribuída à percepção de excesso de peso.

Com os dados obtidos foi possível verificar também que a maior parte dos participantes estava insatisfeito com a sua imagem corporal. Isso ocorreu em ambos os países, independente da faixa etária dos participantes, indicando que pode existir possíveis padrões estéticos, muitas vezes inalcançáveis, mesmo entre crianças e adolescentes de diferentes contextos e culturas. Tal situação torna-se ainda mais preocupante quando esses achados se dão em participantes de peso normal, o que demonstra uma grande distorção da sua imagem corporal. Ademais, este estudo avança no sentido de elucidar a problemática envolvendo as crianças e adolescentes de baixo peso, os quais também demonstraram grande insatisfação corporal, podendo inclusive contribuir para o seu envolvimento em situações de violência na escola, como no caso do bullying. Tal aspecto merece ainda mais atenção quando eles assumem o papel de vítimas-agressoras, grupo no qual se encontram os maiores fatores de risco associado. Desta forma, mais estudos devem ser pensados com o intuito de auxiliar as crianças e adolescentes de baixo peso para o enfrentamento dessas dificuldades vivenciadas no ambiente escolar.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
Marcela Almeida Zequinão
marcelazequinao@gmail.com

Manuscrito recebido: maio 2021
Manuscrito aceito: dezembro 2021
Versão online: junho 2022

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