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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.17 no.2 São Paulo  2009

 

DIÁLOGO ELETRÔNICO

Electronic dialogue

 

 

Psicodrama e pesquisa

 

Psychodrama and research

 

Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins*,I; Valéria Cristina de Albuquerque Brito**,II

I Instituto de Saúde - SES/SP

II Focus/ABP-DF

Endereço para correspondência

 

 

Editor: É com renovado prazer que começo a conversa com vocês. A escolha para esta seção da Revista Brasileira de Psicodrama recai sobre nomes que ganharam o respeito da comunidade psicodramática em áreas específicas para discorrer sobre suas práticas e suas ideias. A experiência de vocês na academia ou no movimento psicodramático brasileiro como pesquisadoras ou orientadoras de pesquisa, a meu ver, garante o critério de escolha.

Para começar gostaria que falassem sobre a experiência de ambas com pesquisa na academia ou fora dela.

Cezira: Agradeço o convite. É com muita satisfação que participo desta ótima iniciativa, a do Diálogo Eletrônico. Conversar com profissionais a quem respeito muito é um grande prazer.

Minha experiência com pesquisa vem da época em que eu trabalhava como psicóloga em um hospital público e, para entender melhor alguns fenômenos que despertavam minha curiosidade, fiz uma pesquisa entrevistando algumas mulheres que se inscreviam para o Programa de Fertilização in Vitro. Esse estudo foi discutido com a equipe médica e de biólogos e foi apresentado no XVI Congresso Brasileiro de Reprodução Humana, em 1994.

No Mestrado em distúrbios da comunicação, na Unifesp, pesquisei, com alunos de fonoaudiologia, o tema da orientação de pais de crianças com problemas de audição, atividade essa que era considerada, por professores e alunos, uma tarefa bastante complexa e instigante. E, no Doutorado, também na Unifesp, o estudo foi sobre as vivências dos primeiros atendimentos realizados por alunos de fonoaudiologia (expectativas, angústias).

Depois, no Instituto de Saúde da Secretaria da Saúde de São Paulo (que é uma instituição de pesquisa e assessoria a essa Secretaria), pesquisei vários outros temas, ligados às linhas de pesquisa de que participo: "Humanização em saúde", "Formação do profissional de saúde" e "Processos educativos em Saúde".

A partir desse percurso científico/profissional, posso dizer que lido bem e que sei trabalhar com a abordagem qualitativa de pesquisa. Quanto à abordagem quantitativa, até gostaria de saber mais; às vezes, participo de algum projeto maior, em que há recortes quantitativos, e acabo aprendendo alguma coisa com os outros profissionais...

Atualmente, coordeno um projeto de pesquisa financiado pela Fapesp. Estamos investigando como está a situação do voluntariado em hospitais públicos da Grande São Paulo, tentando responder às perguntas: quem são? por que são voluntários? o que fazem?

Está bem interessante, já que esse tema tem sido pouco explorado no âmbito da Secretaria da Saúde/SP.

Quanto ao psicodrama, tenho acompanhado pesquisas de alunos do curso do Convênio SOPSP - PUCSP, no qual dou aula de metodologia de pesquisa.

Então, o panorama geral é esse.

Valéria: Obrigada pelo convite, Devanir e pela oportunidade de iniciarmos nos apresentando. Atualmente, eu estou envolvida com três pesquisas, e descrevê-las me possibilita sintetizar minha longa paixão pela pesquisa e também fazer um histórico dos diferentes papéis que desempenho no âmbito da pesquisa científica. Estou concluindo um artigo sobre uma pesquisa qualitativa acerca dos padrões familiares em um caso de transtorno depressivo. Essa pesquisa está sendo realizada por um grupo de seis pesquisadores, alunos de psicologia e psicólogos, e eu atuo como coordenadora, em parceria com um colega da área de psicofarmacologia. A pesquisa foi iniciada durante meu período de docência na Universidade Católica de Brasília e continuou em atividade mesmo depois que me afastei em 2007.

Estou orientando uma pesquisa realizada por duas assistentes sociais que atuam com casais em situação de violência no Tribunal de Justiça do DF. As duas profissionais têm formação em psicodrama, e o relato dessa pesquisa deve integrar uma publicação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Realizei a coleta de dados para minha tese nesse tribunal e, desde então, mantenho com diversas equipes profissionais uma parceria constante e produtiva que inclui atividades de ensino, supervisão e pesquisa. Finalmente, estou desenvolvendo uma pesquisa sobre programa de acompanhamento interdisciplinar na redução de peso, como parte de minhas funções como servidora no Ministério da Saúde. Desde a graduação, entendo a pesquisa como parte integrante do papel de psicóloga e procurei estender essa compreensão ao papel de psicodramatista também.

Editor: Quando sentiram necessidade/ conseguiram introduzir o psicodrama como método de pesquisa? Se não, por quê?

Valéria: Devanir, antes mesmo que você formulasse sua pergunta eu estava pensando no que Cezira comentou a respeito de sua experiência limitada no uso de métodos quantitativos. Então, acho que a pergunta permite encaminhar a discussão para o âmbito da diferença entre método e metodologia, que me parece central para compreender a originalidade de nossa contribuição como psicodramatistas para o debate epistemológico de nossos tempos.

Eu posso afirmar que a maior parte das pesquisas que realizei para fins acadêmicos não emprega as técnicas psicodramáticas como estratégias de pesquisa. Entendo que o conjunto das ações dramáticas presta-se mais propriamente para a pesquisa que se realiza em parceria com indivíduos ou grupos e atende às próprias inquietações dos participantes. André Monteiro (Monteiro, Merengué, Brito, 2006) discute esse aspecto com bastante propriedade e conclui que na encenação psicodramática o protagonista é o pesquisador principal e o diretor é meramente seu auxiliar. Assim, mais frequentemente, orientei e avaliei pesquisas que empregavam role-play, sessões de grupo e sociodramas como estratégias de pesquisa. Nessas ocasiões, muitas das vezes desempenhei as funções de "advogada do diabo", insistindo pela concisão, contextualização adequada e proteção da privacidade dos (das) envolvidos(as). Um volume imenso de transcrições, típico de intervenções dramáticas, quase sempre é mais um empecilho do que uma vantagem. Mesmo a sociometria, que propicia um conjunto de dados mais circunscritos, me parece muitas vezes limitada como recurso de pesquisa.

Assim é que entendo que todas as pesquisas que realizo e oriento têm fundamento e sentido na teoria em que me baseio, a socionomia, mas nem sempre empregam seus métodos. Dentro de uma perspectiva epistemológica qualitativista (às vezes denominada pós-moderna) de pesquisa, o purismo metodológico, a escolha de um método em detrimento de outros não se constitui garantia da verdade, como preconizam as metodologias positivistas. No positivismo, é apenas o controle de variáveis que permite encontrar o fato, a verdade, e todo esforço da pesquisa é para encontrá-las, diferenciá-las para testar e, idealmente, prever seus efeitos.

Em uma perspectiva epistemológica qualitativista, a ciência e a pesquisa não são arautos da verdade, mas sim porta-vozes de grupos sociais que procuram dar visibilidade, significado e sentido para seus conhecimentos e suas aplicações. Os grupos de pesquisadores em suas diversas áreas de atuação investigam temas que representam interesses humanos e pretendem dar a eles uma argumentação robusta, empírica. Especialmente nas ciências sociais, os interesses de pesquisadores e pesquisados estão muitas vezes em confronto e a pesquisa qualitativista procura evidenciar esses confrontos e não resolvê-los a partir de uma verdade universal, dissociada da história e da cultura. A busca da pesquisa nesse modelo de ciência não é tanto pela verdade, pela explicação, mais sim pelos limites das verdades e suas possibilidades de transformação. Nesse contexto, o método (qualitativo ou quantitativo) não tem um valor em si, deve estar a serviço do tema e propiciar uma representação o mais próxima possível da situação natural.

Assim, entendo que J.L. Moreno foi um precursor dessa discussão no âmbito das ciências sociais e da saúde, e suas ideias, mais do que seus métodos, podem inspirar e alimentar pesquisas em diversas áreas do conhecimento.

E, agora, finalmente, encaminho minha pergunta a Cezira. Em que situações você considerou importante conhecer/empregar métodos quantitativos? Você menciona que conhecê-los facilitaria a comunicação com outros membros das equipes com que trabalha, por quê?

Cezira: Tentando juntar as perguntas de vocês, Devanir e Valéria, gostaria de tecer algumas considerações sobre os métodos habitualmente utilizados nas ciências da natureza e nas ciências humanas.

Nas ciências da natureza, em que os fenômenos são externos e independentes do pesquisador, este somente registra o que ocorre. Existiria, assim, a observação científica objetiva, pelo menos segundo o ponto de vista tradicional (Embora esse ponto de vista seja questionável, como mostra o princípio da incerteza, de Heisenberg, segundo o qual não se pode conhecer com precisão absoluta a posição ou a velocidade de uma partícula porque, para medir qualquer um desses valores, o pesquisador acaba alterando os mesmos).

Já no campo das relações humanas, não se coloca a objetividade nem como ilusão, pois as qualidades de todo "objeto" são sempre relacionais; derivam das condições e relações nas quais se acha cada "objeto" em cada momento. E como o "objeto" é o ser humano, ele é chamado de sujeito. Vale aqui lembrar Bleger (1979), autor sempre atual e bastante lido nos cursos de psicologia, que pontua que não podemos nos ocupar de seres humanos como se não o fossem. E humanos são tanto os sujeitos da pesquisa como também o pesquisador...

Em discussões sobre estudos qualitativos, pesquisadores de visão positivista costumam questionar: "Mas isso é pesquisa? Se sim, por que realizar pesquisa tão específica e particular? Servirá para quem, já que, ao não seguir um dos preceitos positivistas relativo à composição da amostra (que, segundo eles, deveria ser representativa), não permite a generalização?"

Como resposta, temos que a originalidade de cada acontecimento não impede o estabelecimento de constantes gerais; além disso, o individual não exclui o geral, nem a possibilidade de introduzir a abstração e categorias de análise. Para que isso possa ocorrer, o pesquisador precisa, com os dados obtidos, atingir um nível conceitual, que é o que vai possibilitar o aproveitamento da compreensão obtida no estudo específico.

Voltando agora à questão proposta pela Valéria, sobre por que eu gostaria de saber um pouco mais sobre a metodologia quantitativa de pesquisa, uma das razões seria a de poder dialogar com pesquisadores de cunho positivista com um pouco mais de conhecimento. Mas não só; seria também uma condição para entender melhor artigos científicos que utilizam métodos quantitativos (que, conforme o tema da pesquisa, é necessário consultar) e poder avaliá-los e criticá-los apropriadamente. (Mas... como vários outros desejos, este ficará na categoria das possibilidades não realizadas nesta existência, já que tenho outros, muito mais próximos e interessantes, como, por exemplo, levar a cabo este precioso e estimulante diálogo eletrônico...)

Por outro lado, o assunto quanti/quali me remete a pensar na diferença que tenho observado nos últimos anos, relativa ao clima menos belicoso entre "quantitativistas" e "qualitativistas". Há uns dez, quinze anos, essa diferença metodológica era motivo de acirradas brigas, que desbordavam o âmbito meramente científico, indo para ataques pessoais: "eles (os quanti) não têm sensibilidade"; "eles (os quali) não sabem fazer ciência e ficam fazendo poesia". Tem havido, mais recentemente, uma rica possibilidade de complementação entre as duas abordagens

No que diz respeito ao âmbito do psicodrama, acho importante destacar algo que a Valéria escreveu ("o conjunto de ações dramáticas presta-se mais propriamente para a pesquisa que se realiza em parceria com indivíduos ou grupos e atende às próprias inquietações dos participantes"), o que me faz lembrar uma questão que frequentemente surge no curso de metodologia da pesquisa sociopsicodramática (pelo qual sou uma das responsáveis no curso do convênio SOPSP - PUCSP). Todo ano tenho pelo menos um aluno que declara: "eu não quero, para fazer pesquisa, ter que 'usar' as pessoas... as pessoas não são objetos". Porém, se eles estiverem utilizando os procedimentos éticos necessários para a realização de uma pesquisa e, mais ainda, se tiverem uma atitude coerente com os princípios da teoria sociopsicodramática (que conduzem à autenticidade e ao respeito ao outro), dificilmente correrão esse risco. O exemplo que às vezes ofereço a eles, nessas situações, é o de uma ex-aluna que pretendia fazer uma pesquisa com um grupo de jovens de uma determinada origem geográfico-cultural, para compreender como eles percebiam, em suas vidas, as influências dessa origem. Apesar de ter o citado receio (de 'usar' as pessoas), a aluna foi a campo, fez o convite (com os devidos procedimentos éticos e cuidados) e, para sua surpresa, obteve aceitação de 100% dos convidados... O que aconteceu é que todos os convidados estavam interessados no tema, com vontade de explorá-lo e de compartilhar com outros suas vivências, percepções, ideias. Assim, a experiência foi significativa para eles e propiciadora de crescimento pessoal, como sói acontecer com grande parte das pesquisas que realizamos. Valéria, gostaria que você desse exemplos sobre as pesquisas em que, como afirma, você se baseia na socionomia mas não emprega seus métodos. Enfim, gostaria de saber como você organiza seu pensamento (e ação) diante dessas situações, pois imagino que eu faça isso meio intuitivamente e que você tenha esse "quadro" mais bem elaborado...

Editor: Como a Cezira, gostaria de retomar a afirmativa da Valéria: socionomia, sim, técnicas, não? Como é isso? Ao contrário desta vertente, minhas experiências com pesquisa utilizando teatro espontâneo, psicodrama ou sociodrama revelam recortes poéticos que podem ser compreendidos cientificamente, sim.

Valéria: Procurei exemplificar a diferença entre método, teoria de base e metodologia como dimensões não apenas distintas, mas hierarquicamente dependentes: a metodologia é o termo mais abrangente, é a aplicação de uma epistemologia científica, ou seja, uma maneira de conceituar conhecimento/ conhecimento científico e os critérios para buscas válidas desse conhecimento. Eu sigo uma metodologia qualitativista, ou seja, entendo o conhecimento científico como um dentre outros igualmente verdadeiros, e subjetivo, cultural e historicamente contextualizado. E entendo que o método deve estar a serviço da pergunta de pesquisa e não a serviço de uma determinada concepção da verdade (como no positivismo).

A Socionomia é uma teoria qualitativista, ou seja, que compartilha dos principais pressupostos filosóficos da metodologia qualitativista junto com outras teorias, como o construtivismo e o construcionismo, por exemplo. Assim, as perguntas de pesquisa que formulo, em geral, têm como fundamento a teoria moreniana, mas os métodos que emprego para pesquisá-las são escolhidos/criados para atender às especificidades da situação de pesquisa. Como as perguntas são de base socionômica, as análises e discussões são também socionômicas. Por exemplo, na pesquisa para o mestrado, investiguei os critérios que as mulheres empregam para definir uma dada interação como violenta e procurar ajuda, e empreguei como método entrevistas telefônicas estruturadas. Discuti os resultados a partir dos conceitos de papel de gênero. A pesquisa foi qualitativista, com uma base teórica que incluía o psicodrama, não se restringia a ele e empregou métodos quantitativos, de cunho epidemiológico. Em suma, como é comum em pesquisas de cunho epidemiológico qualitativo, houve uma variedade de recursos técnicos e teóricos, um aumento das possibilidades de interpretação do fenômeno. Então, Devanir, as epistemologias do final do século XX e início deste, as ditas epistemologias pós-modernas (qualitativista, construcionista, pós-estruturalista, da complexidade e outras) não apenas propõem e defendem novos métodos, elas discutem o que se considera científico.

Sob a égide do positivismo, ciência era sinônimo de objetividade, ou melhor de neutralidade do(a) pesquisador(a), de negação da subjetividade de pesquisadores/pesquisados. As ditas epistemologias pós-modernas recusam essa neutralidade em diferentes níveis, algumas a consideram impossível em todas as práticas humanas, enquanto outras insistem na diferenciação de objetividade entre ciências humanas e da natureza. De modo geral, as variadas metodologias pós-modernas definem o domínio do discurso científico de modo mais amplo e aceitam uma grande diversidade de métodos. Nesse contexto, entendo que as técnicas psicodramáticas são possibilidades metodológicas mais afeitas às pesquisas de base teórica socionômica, mas não devem ser imperativos. Então, eu pergunto: Os trabalhos de conclusão de curso nos diferentes níveis de titulação para psicodramatista devem necessariamente empregar técnicas psicodramáticas para coleta de dados?

Cezira: Sobre o tema das monografias, retomo aqui o que discutimos no 9º Encontro de Professores de Psicodrama do XVI Congresso de Psicodrama de Recife (2008). Nós, participantes desse encontro, pudemos constatar que:

• há pouca produção escrita por parte de alunos, professores e psicodramatistas em geral;

• especificamente no que tange aos alunos, é muito comum, nas diversas federadas, o não cumprimento da etapa "monografia";

• as monografias, quando realizadas, muitas vezes deixam a desejar quanto à sua qualidade. Nós nos perguntávamos, à época do Congresso:

• a pobre produção escrita é reflexo do ensino dado nas nossas escolas?

• o perfil dos alunos que nos procuram (querem "aprender a fazer") dificulta a realização de atividades escritas?

• o que é aceitável e o que não é aceitável numa produção escrita? No meu modo dever, a função formadora inclui: 1. o aprender a fazer;

2. o aprender a refletir sobre a prática. Essas são etapas que se repetirão inúmeras vezes no transcorrer da vida profissional.

Assim, ao menos em tese, espera-se que um aluno do nível II apresente um trabalho de reflexão sobre a prática que seja mais aprofundado do que o do nível I. Idem para o Nível III, com relação ao Nível II.

Especificamente quanto à obrigatoriedade do emprego de técnicas psicodramáticas para a realização da monografia, percebo que há diferentes posições entre os professores de psicodrama. Em minha experiência, já orientei bons trabalhos de alunos que, embora não tivessem empregado técnicas psicodramáticas, realizaram excelentes reflexões sobre a prática a partir de conceitos da teoria psicodramática (como por exemplo: matriz de identidade, papel, tele e outros).

Editor: Talvez até antes de se pensar em pesquisa, frequentemente me pergunto por que é tão difícil escrever, para a maioria de nossos alunos? Pesquisa e escrita são inseparáveis, como temos feito até o momento. A outra questão, mais específica, diz respeito ao uso da dramatização na pesquisa...

Cezira: Sobre a dificuldade de escrita, lembro agora duas imagens feitas por alunos, na passagem do curso de metodologia de pesquisa para a atividade de orientação de monografia, no curso do convênio SOPSP-PUCSP.

No curso de metodologia, tínhamos tido (Maristela Gasbarro e eu) muitas conversas, role-playings, leituras (inclusive algumas do livro de vocês: Valéria, Devanir e André). Mas agora a hora era a de produzir, escrever... E, nessa vivência, o tema foi o das dificuldades. Os alunos produziram, entre outras, duas cenas (independentes entre si):

1. Um "aluno" ficava em frente ao computador, tentando escrever. Aparecia um anjinho e dizia: "ponha suas ideias, confie em você..."; aparecia um diabinho e dizia: "olha o sol lá fora, a piscina, a cerveja..." E o aluno ficava oscilando entre uma e outra proposta... e optava pela segunda...

2. Um "aluno" sentava para escrever a monografia. De sua cabeça, saiam ideias que iam para uma maravilhosa máquina, que fazia várias tarefas: selecionava as ideias, arrumava as que combinavam umas com as outras, digitava, combinava os trechos de descrição da experiência prática com o conteúdo teórico, fazia as considerações finais. E o trabalho saía pronto, sem sofrimento para o aluno...

Assim, revendo agora essas cenas que me marcaram, penso que poderia categorizar as dificuldades em: primárias e secundárias.

Abordando o que estou chamando de dificuldades primárias, considero que a atividade de escrita é um momento de produção, um momento de compromisso do autor para consigo mesmo. Como processo de produção de algo novo, o sofrimento ocorre porque os velhos caminhos só servem como referências, como condutores... Mas o que vai ser produzido é algo diferente... E, então, algumas das dificuldades que se apresentam são: receio de se comprometer, receio de crítica (auto-crítica e crítica dos outros). Além disso, na escrita, como autora, deparo-me com opções: se opto pelo caminho a, preciso me separar do caminho b e do c, isto é, eu perco aquele mundo de possibilidades que estavam à minha frente e que talvez me dessem a ilusão de que eu tudo podia.

Percebo também que há outros tipos de dificuldade, que estou chamando de secundárias (embora não menos importantes): de domínio da língua, da gramática, da concordância. Há também dificuldades de encadeamento de ideias, para que o texto possa ser compreendido por outros.

E por que primárias e secundárias? Porque se não forem vencidas as primárias (como é o caso de muitos alunos que desistem antes de começar o primeiro parágrafo), dificilmente se chega às secundárias. Assim, quando o orientador tem que corrigir aqueles erros terríveis de concordância, de encadeamento lógico, ele já deveria se dar por feliz, pois foi ultrapassada aquela fase mais nebulosa e aterrorizante.

Valéria: Cezira, penso que você descreve bem alguns dos problemas mais pontuais. Mas, nas oficinas de escrita - que faço inspirada na metodologia de nosso querido editor - surgem ainda questões relativas ao momento cultural das gerações mais jovens. Na sociedade contemporânea, as imagens adquiriram um valor superior à escrita e especificamente no modelo de ensino brasileiro, o Ensino Fundamental e Médio incentivam de modo equivocado a leitura, e, na média, os alunos(as) são ensinados a realizar leituras e produções escritas uma recursos instrumentais. Assim, para muitos de nossos futuros colegas, a escrita não se constitui uma forma de expressão, é apenas uma exigência formal. Alguns pleiteiam que se incluam outras formas de expressão (fotos, filmes) como linguagens nos TCCs, e essa proposta já foi apresentada por professores em encontros de psicodramatistas didatas. Eu sou contra essa proposta, porque entendo que as imagens são recursos intermediários na produção científica. Ou seja, são bons recursos de coleta e registro, mas, por seu caráter analógico, não se prestam a gerar discussões/conclusões socialmente compartilhadas.

Nas minhas orientações, tanto na graduação em psicologia como na especialização em psicodrama, costumo propor a técnica do diário de campo como recurso para tornar a escrita mais visceral. À medida que a escrita torna-se uma forma de expressão, um meio para amplificar a reflexão pessoal e também para exteriorizar sentimentos, os alunos e alunas demonstram mais confiança e empenho em realizar as tarefas mais típicas da construção de um trabalho escrito.

Concordo com Cezira quando ela afirma que é mais produtivo ser tolerante com os erros formais no processo de orientação para, de fato, incentivar primeiramente a produção e só posteriormente aperfeiçoar a adequação às regras ortográficas, gramaticais e metodológicas. Ser autor é um passo importante para a vida de todos e mais ainda para profissionais de nível superior, que terão sua produção submetida ao escrutínio de seus pares e à divulgação pública. E, infelizmente, alguns não poderão mesmo dar esse passo a despeito de todo nosso esforço. Para mim, muitas vezes essa é uma situação de desapontamento mas, entendo que meu papel como orientadora é fazer o convite à escrita, à possibilidade de socializar conhecimentos e experiências e deixar um legado. Frequentemente, lembro que, se Moreno não tivesse ousado escrever a parte mais significativa de sua obra em uma língua estrangeira e de se deixar traduzir, às vezes tão canhestramente como no nosso famoso "livro preto", nós todos não estaríamos nos comunicando.

Em relação à dramatização na pesquisa, acho que já me pronunciei, mas, a propósito do tema escrita, talvez caiba um adendo. Moreno tem um adágio talvez esquecido: "A ação não se opõe à fala e nem a substitui". O foco da intervenção psicodramática é o desenvolvimento da espontaneidade, da tele e dos papéis, a ação dramática é apenas um dos recursos disponíveis para realizar esse intento. Uma tirania da dramatização é tão nociva como uma tirania da "falação". Falar, escrever, desenhar são ações tão legítimas quanto aquelas realizadas no espaço dramático e, muitas vezes, mais geradoras de descobertas do que cenas de baixa qualidade. Tal como nas demais intervenções (clínicas, socioeducativas), o uso de um ou outro recurso de investigação deve atender às especificidades da situação de pesquisa e dos objetivos da intervenção, e não a uma noção conservada de pesquisa científica como sinônimo de positivismo ou de psicodrama como sinônimo de dramatização.

Cezira, ainda sobre escrita, eu gostaria que você comentasse sobre as dificuldades de analisar e sintetizar dados qualitativos. E lanço aqui uma outra citação de dois grandes teóricos qualitativistas: "Na pesquisa qualitativa o problema não é colher os dados, é nos livrarmos deles" (Denzin e Lincoln, 1994).

Cezira: Bem, agora partindo para a questão da análise em estudos qualitativos, cito também a Maria Cecília Minayo (1994), que, ao se referir a essa etapa do trabalho, diz que, nas publicações, "nota-se certa repugnância dos pesquisadores em tornar evidente a sua 'hesitante alquimia' para transformar os dados brutos".

Muito bem. Então, ao menos conforme Denzin e Lincoln (citados pela Valéria) e também Minayo (para não nos estendermos com mais autores), a tarefa da análise é árdua e às vezes obscura...

Mas... e quanto àquela pilha de material transcrito à nossa frente... o que fazer? como fazer?

Aqui me lembro das alegres e divertidas (e, ao mesmo tempo, sérias e competentes) aulas do Egberto Turato, durante o "pós doc" que realizei, entre 2003 e 2005, no Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa da Unicamp, por ele coordenado. No que dizia respeito ao tratamento do material de estudos qualitativos, Turato gostava de utilizar o termo "lapidar o material". E citava Alex Mucchielli (1999), que catalogou cerca de quarenta técnicas para análise de dados em pesquisas qualitativas. No seu livro, Turato (2003) apresenta um quadro classificatório dessas técnicas, advertindo, já de antemão, que se trata de um cipoal, que pode levar o leitor a não saber como sair dele...

De toda forma, seja com uma "técnica" ou com outra, a atividade de analisar o material obtido parece estar sempre ligada a organizá-lo, com o intuito de, posteriormente, discutir/interpretar. E é a criatividade do pesquisador que elabora conceitos e teorias sobre o assunto estudado.

E, quanto a esse aspecto (criatividade), lembro-me de uma experiência que tive no Instituto de Saúde, em um estudo quanti-quali a respeito de como funcionários de um hospital percebiam a sua realidade de trabalho; os instrumentos utilizados nesse estudo tinham sido questionários com questões de múltipla escolha e entrevistas semiestruturadas. Na fase de análise, depois de um trabalho extenuante com o material das entrevistas, fui tomar um café e me distrair um pouco e acabei por acompanhar os trabalhos da análise quanti, que estavam sendo realizados por uma colega pesquisadora e uma assessora de estatística. E qual não foi minha surpresa quando a assessora disse para minha colega: "agora, é com você, com a sua criatividade, para discutir o que essas tabelas estão mostrando..."

Agora, voltando à questão da análise do material em pesquisas de cunho qualitativo, nos meus trabalhos, em geral, sigo as etapas: a. leituras flutuantes para impregnação do discurso, b. categorização dos temas ou tópicos (fase que às vezes é composta por uma subcategorização), c. validação externa. Essa etapa de validação externa, também bastante enfatizada pelo Turato (e muito utilizada por nós, no citado Laboratório), é constituída pela apresentação dos dados brutos (a pilha de material!) a outros pesquisadores, para que estes possam categorizar (ou, ao menos, rascunhar uma categorização) e depois confrontá-la com a do pesquisador. É uma etapa importante, cujo objetivo é o de discutir as várias possibilidades de análise, o que enriquece bastante o processo, contribuindo para quebrar a "visão única e parcial" do pesquisador.

E você, Valéria, como faz para "se livrar" dos dados?

Valéria: Cezira, eu emprego sempre como referência os trabalhos do Egberto Turato e imagino como deve ter sido produtivo integrar um grupo de pesquisa como o que ele coordena. Infelizmente, eu aqui em Brasília não participei de nenhum grupo mais integrado de matriz qualitativista e, portanto, fui descobrindo com meus alunos e alunas uma variedade de métodos de análise, com maior ou menor sucesso em tentativas diferentes.

Geralmente, quando trabalho com material transcrito, emprego a mesma sequência que você, com a ressalva de empregar muito raramente a consulta a especialista. Ou melhor, no mais das vezes, atuo como especialista nos trabalhos de meus orientandos. Na minha tese de doutorado e em alguns trabalhos que tenho orientado recentemente, os próprios participantes atuam como especialistas e revêem e modificam a organização dos dados. Esse recurso tem sido muito interessante para gerar recortes mais criativos.

Os maiores desafios são material analógico, tais como fotos, vídeos, desenhos e colagens. Embora considere esse material muito rico por sua amplitude e profundidade de expressão, sempre me deparo com questões de confidencialidade e com dificuldades de condensar as análises.

Editor: Pelo que vocês percebem hoje, que perspectivas podemos ter dentro da problemática pesquisa em e com psicodrama?

Valéria: Como você bem coloca, Devanir, o tema pesquisa e psicodrama é problemático.

Em termos científicos, para tratar de um tema problemático é necessário passar da percepção intuitiva da situação para uma investigação metódica. Na minha perspectiva qualitativista, então, pergunto: Como o movimento psicodramático tem conceituado e empregado a pesquisa qualitativa?

Algumas possibilidades de investigação seriam possíveis, mas considerando- se as limitações desse pequeno exercício que desenvolvo aqui, escolho como método a pesquisa bibliográfica e, para tanto, emprego o texto das normas de titulação recentemente aprovadas pela Febrap (disponível em http:// ww.febrap.org.br/biblioteca/pdf/Principios_Gerais_Normativos_2006.pdf).

Um primeiro nível de análise do texto de sete páginas, apenas em termos de frequência do uso de alguns termos-chave, mostra que o termo "pesquisa" aparece três vezes ao longo do texto, enquanto os termos "científico" e "ciência" surgem duas vezes cada um, e já o termo monografia aparece dez vezes no texto. Expandindo um pouco essa primeira varredura, de caráter estritamente quantitativo, podemos tomar os parágrafos em que as palavras-chave aparecem e em um contínuo alargar o âmbito de investigação, mas esses procedimentos pouco ou nada revelam sobre intensidade os debates que experimentei nas reuniões do fórum gestor que aprovaram essas normas e dos muitos debates que elas ainda ensejam em cada unidade formadora e no cotidiano das formações, ou seja, falham em abraçar a complexidade da situação natural em que o tema pesquisa e psicodrama se desenrola.

Em suma, embora de um ponto de vista formal, esse pequeno exercício possa ser considerado investigação qualitativista de matriz psicodramática, é muito pobre e precisa ser repensado desde a pergunta de pesquisa, que é muito geral e pouco afeita a investigações qualitativista, mesmo sendo formulada com o termo curinga das perguntas qualitativistas: "Como". Meu exercício investigativo é uma compilação de dados, não é uma pesquisa qualitativa.

Procurei demonstrar aqui que a popularização da pesquisa científica em nosso meio é até agora apenas reflexo da elevação da educação formal de nossos formadores; não tenho dados, para além da minha própria vivência, para afirmar se isso representa, de fato, uma valorização ou um maior investimento institucional na produção científica ou um aperfeiçoamento na qualidade dos textos que produzimos na titulação ou mesmo em outras publicações, tais como a RBP.

Da mesma maneira que uma formulação de hipótese e teste estatístico não garantem uma boa pesquisa positivista, um conjunto de procedimentos- padrão não garante uma boa pesquisa psicodramática. A presença/ ausência de determinados termos nos nossos discursos pessoais ou institucionais de modo nenhum garante que o movimento psicodramático esteja tornando-se mais científico, produtor de conhecimento socialmente validado. Como as demais produções humanas, a pesquisa científica, seja de matriz psicodramática ou não, será tanto mais relevante quanto mais representar uma compreensão profunda dos dilemas coletivos (tele) e da espontaneidade-criatividade do(a) pesquisador(a). Seja ou não qualitativa, uma pesquisa genuína não é realizada para atender a regras ou modismos – conservas. Realiza-se para gerar algo novo, é uma ação espontânea.

Então, a perspectiva que diviso é que o debate sobre os limites e possibilidades da pesquisa científica no âmbito do movimento psicodramático permaneça ativo por bastante tempo e que inclua dimensões que por vezes negligenciamos, tais como: a maior relevância da reflexão do tipo ensaística em relação à pesquisa empírica na produção de conceitos; as características específicas da pesquisa artística, que difere da científica e que está muito mais próxima de alguns de nossos temas do que a pesquisa científica, e as possibilidades da investigação filosófica.

Pessoalmente vejo com bons olhos nossa aproximação com o ambiente acadêmico e considero fundamental que nos apropriemos do discurso científico em oposição ao discurso dogmático para fomentar a formação continuada de todos nós, mas não tenho certeza dos resultados empíricos dessa aproximação. Muitas vezes, temo que seja mais uma estratégia de marketing para atender às demandas de mercado do que uma genuína busca de excelência.

Decorridos mais de dez anos de minhas primeiras reflexões sobre o tema (Brito e Monteiro, 1998), ainda considero que a manutenção e aprofundamento do debate em torno da inserção do psicodrama no âmbito acadêmico é frutífero tanto para nos manter atentos à coerência e consistência de nossos propósitos, e não apenas orgulhosos de nossos resultados práticos, como para enriquecer o campo das ciências sociais com nosso vasto legado de ações transformadoras.

Cezira: As considerações da Valéria a respeito da relação psicodrama/ universidade me estimularam a procurar informações sobre a relação psicanálise/ universidade, que, apesar de um pouco mais antiga que a primeira, é também bastante recente. Encontrei um texto interessante, de Eva Maria Migliavacca (2001).

Eva diz, nesse artigo de 2006, que a psicanálise entrou na universidade há relativamente pouco tempo, e que essa entrada preocupa no sentido de que as duas (a psicanálise e a universidade) carregam historicamente especificidades que colocam em suspenso a avaliação de como está sendo e como pode ser essa cooperação entre elas. Nesse sentido, penso que estamos em terreno bastante semelhante, quando analisamos o psicodrama e sua relação com a universidade.

A autora citada pontua também que "não se pode negar... que a parceria entre universidade e psicanálise tem um quê de artificial", já que a principal característica da psicanálise é a de se dedicar à prática clínica. No caso do psicodrama, podemos igualmente considerar uma certa artificialidade na sua entrada na universidade, embora não esteja somente ligado à prática clínica mas tenha também a vertente atualmente chamada socioeducacional, que, aliás, vem crescendo muito nos últimos anos.

Com relação aos psicanalistas, Eva diz que "a Universidade atrai muito e isso por vários motivos: interesse em ampliar o conhecimento, uma certa idealização da vida acadêmica, campo de trabalho em tempos razoavelmente difíceis..." Creio que também estão presentes esses atrativos no que tange aos psicodramatistas. E, sem dúvida, o último aspecto citado (campo de trabalho em tempos razoavelmente difíceis) constitui potente motivo para a busca pela universidade.

Nesse particular, como já declarei, em 2008, no Congresso de Recife ("Algumas reflexões sobre a (possível) inserção do psicodrama no sistema de pósgraduação stricto sensu", que não posso colocar em Referências Bibliográficas, já que, infelizmente, os Anais do Congresso ainda não ficaram prontos), penso que é bastante razoável, justificável e procedente a busca de parceria com a universidade. Claro que há que se ter cuidado para que o psicodrama não seja engolido pelo enquadre e pelos ditames da universidade. Acredito, porém, que mesmo com esse risco, é/será frutífera essa cooperação.

 

 

Referências

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BRITO, V.C.A. e MONTEIRO, A.M. Psicodrama e pesquisa acadêmica: diálogo e ação para a conquista do espaço universitário. Linhas Críticas. Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, v. 4, 1998.         [ Links ]

DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. Handbook of qualitative research. Thousand Oaks: Sage Publications, 1994.         [ Links ]

MIGLIAVACCA, E. M. A psicanálise e a universidade: pesquisa. Psicologia. USP v.12, n. 2, pp. 119-123, 2001.         [ Links ]

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo - Rio de Janeiro: Hucitec - Abrasco, 1994.         [ Links ]

MONTEIRO A. M.; MERENGUÉ D.; BRITO V. Pesquisa qualitativa e psicodrama. São Paulo: Ágora, 2006.         [ Links ]

MUCCHIELLI, A. Dizionario dei metodi qualitativi nelle scienze umane e sociali. Roma: Borla, 1999.         [ Links ]

NOGUEIRA-MARTINS, M. C. F. Algumas reflexões sobre a (possível) inserção do psicodrama no sistema de pós-graduação stricto sensu. Trabalho apresentado no XVI Congresso de Psicodrama. Recife, 2008. (não publicado)        [ Links ]

TURATO E.R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2003.         [ Links ]

 

Endereço para correspondência
Maria Cezira Fantini Nogueira-Martins
Rua Santo Antonio, 590 - 5º andar Bela Vista
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e-mail: mcezira@yahoo.com.br

Valéria Cristina de Albuquerque Brito
SHIGS 706 Bl. C cs. 03
Brasília - DF CEP 70350-753
e E-mail: valeriacristinabrito@gmail.com

 

 

* Psicóloga (USP); psicodramatista didata/ supervisora (SOPSP); pesquisadora (Instituto de Saúde - SES/SP); doutora (Unifesp); pós-doutorado (Unicamp); professora de Metodologia da Pesquisa Sociopsicodramática (Convênio SOPSP-PUCSP).
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Psicóloga, mestre e doutora em Psicologia (UnB). Psicodramatista didata supervisora (Focus/ABP-DF).