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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.18 no.2 São Paulo  2010

 

SEÇÃO LIVRE

Free Section

 

Além da catarse, além da integração, a catarse de integração

 

Beyond catharsis, beyond integration, the catharsis of integration

 

 

Wilson Castello de Almeida1

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O conceito de catarse de integração é a invenção original de J. L. Moreno para as ciências psicológicas e sociais. Refere-se ao acontecimento ab-reativo, de ordem afetivo-emocional, produzido e expresso durante um trabalho, operativo ou terapêutico, da dinâmica grupal. Trata-se de contribuição criada a partir das ações dramáticas. Em Moreno, é fundamental que se entenda esse fenômeno como resultante do movimento dialético: catarse mental ancorada na ação dramática e ação dramática ancorada na catarse mental. Para enriquecer os nossos conhecimentos sobre o assunto em pauta, torna-se necessária uma divagação de compreensão histórica da teoria subjacente ao tema. Pois é disso que este artigo trata.

Palavras chave: Catarse, integração, ação dramática, acontecimento ab-reativo, catarse de integração, fenômeno afetivo-emocional.


ABSTRACT

Catharsis of integration is an original concept developed by J.L. Moreno for the psychological and social sciences. Based in and emerging from the dramatic action, it refers to an affective-emotional ab-reactive response that is produced and expressed during an operative or therapeutic piece of work with group dynamics. In Moreno's view it is fundamental that we understand this as a dialectic phenomenon: mental catharsis anchored in the dramatic action and dramatic action anchored in mental catharsis. In order to further our understanding of this issue, it is necessary to make a digression around the historical connotations of the underlying theory. It is this that this paper aims to do.

Keywords: Catharsis, integration, dramatic action, ab-reactive response, catharsis of integration, affective-emotional phenomenon.


 

 

"Toda cultura científica deve começar por uma catarse intelectual e afetiva.
Resta, então, a tarefa mais difícil: colocar a cultura científica em estado de mobilização permanente,
substituir o saber fechado e estático por um conhecimento aberto e dinâmico, dialetizar todas as
variáveis experimentais, oferecer enfim à razão, razões para evoluir."
Gaston Bachelard,
A formação do espírito científico

 

O que é isso , catarse ?

Comecemos pela definição do dicionário (Houaiss: 2001): "etimologicamente a palavra vem do grego – kátharsis – significando purificação, purgação, mênstruo, alívio da alma pela satisfação de uma necessidade moral".

O vocábulo tem sido usado na religião, na medicina e na filosofia da Grécia antiga, no sentido de expulsão daquilo que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por esta razão, o corrompe e o adoece.

Na religião, manifestaria o conjunto de cerimônias de expiação a que eram submetidos os candidatos à iniciação religiosa, particularmente nos mistérios de Elêusis.

Na medicina, refere-se à evacuação, à exoneração dos intestinos com ingestão de purgativos, à depuração do sangue com sangrias. Não à toa, pois, a metáfora de W. R. Bion para o aparelho mental é a do sistema digestório, permitindo-se pensar em ocorrências mentais similares a vômitos, diarreias e o seu oposto, a prisão de ventre.

Na psicologia, seria a liberação de emoções, sentimentos e tensões reprimidas, através de recursos idênticos à ab-reação. Na psicanálise (que não é psicologia), seria a operação capaz de trazer à consciência memórias recalcadas no inconsciente, libertando a pessoa em análise de sintomas psiconeuróticos associados a esse bloqueio.

E ainda: efeito de transparência produzido pela encenação de certas ações, especialmente as que fazem apelo ao medo e à raiva, ao amor e à alegria, método utilizado pelas psicoterapias baseadas no método teatral. O psicodrama como exemplo.

O empenho social pela liberação emocional é indissociável da contestação das proibições morais. Lacroix (2006) ensina-nos que no século XIX surgiram manuais educativos, de "savoir-vivre", exigindo decoro nas relações humanas. "Era preciso moderar a vivacidade, evitar a demonstração ruidosa de alegria, dissimular a tristeza, atenuar o entusiasmo, refrear os ímpetos de admiração, silenciar a repulsa, mascarar as preferências e as aversões, por fim, rir com comedimento."

Era a sociedade do decoro.

Em meu livro Psicoterapia aberta (2006), registro: "O Psicodrama permitiria vivenciar, em um mundo "sui generis", no "como se fosse" do contexto dramático, todas as formas de comportamento e toda existência subjetiva, a profética e desviada da norma e das regras socioculturais prevalecentes". Tudo a ser elaborado e atrelado ao campo simbólico do "role-taking". O psicodrama é permissivo no contexto terapêutico com técnicas metafóricas próprias.

 

O que é isso , ab-rea ção?

Mais uma vez recorremos ao dicionário: ab = para fora, reagierung = reação. Reação para fora. Botar pra fora. Em latim.

A concepção da locução catarse de ab-reação encontra-se no texto de Freud "O mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos - 1893", onde ele estudou a gênese da doença histérica, chamando esse tipo de acontecimento de "catarse de Breuer".

Ab-reação, para Daniel Lagache (1992) refere-se à expressão ou explicitação de um conflito psíquico até então recalcado, porém reintroduzido modificado na experiência vivida pelo paciente. Veja-se, pois, que a expressão usada pela psicanálise admite uma retomada daquilo que foi colocado fora, porém, transformado.

Resumidamente, pode-se dizer, o sintoma formar-se-ia como "solução de compromisso" para traduzir a relação existente entre um certo acontecimento psíquico, o modo como o indivíduo reage a ele, e a insistência do afeto que os envolve. Essa reação (ab-reação) expressa em emoções, palavras e atuações, "vai das lágrimas à vingança", podendo ocorrer no cotidiano das pessoas ou nas sessões de psicoterapia, em que ao paciente é permitido rememorar e objetivar pela palavra o acontecimento traumático, e assim libertar-se do quantum de afeto que o tornava patogênico, ensina-nos Laplanche e Pontalis (1976)

O quantum de afeto ab-reagido proporcionaria o efeito catártico. Por isso se diz catarse de ab-reação ou catarse da ab-reação, inaugurando o "método catártico" que foi usado entre 1880 e 1895 na terapêutica psicanalítica. Levi-Strauss (1973), em seu artigo clássico – A eficácia simbólica – denomina os xamãs, os psicanalistas e os psicoterapeutas de modo geral de "ab-reatores profissionais".

 

A catarse em Aristóteles : catarse do espectador

O termo surge em Ars Poética, de Aristóteles (2000), para designar o ato de tornar puros os sentimentos, referindo-se aos efeitos da tragédia, gênero de poesia dramática, própria e exclusiva da cultura grega antiga, em que atores, através de adequada representação, suscitavam "temor e piedade" na plateia, mobilizando afetos virtuosos e redentores. Essa comoção dramática ocorrida no imo dos espectadores seria terapêutica, por resolver dinâmicas humanas da loucura, transformando-as de modo a trazer a paz interior.

É importante registrar, Aristóteles estudou o comportamento da plateia do espetáculo, concluindo que a tragédia só se completaria como arte se conseguisse mobilizar as reservas afetivas do público, provocando o exorcismo coletivo.

Por ser médico, Aristóteles entendeu a encenação dramática como um ritual fármaco-espiritual, permitindo ao cidadão ali presente entender seus conflitos, expulsar suas dores e encontrar a serenidade de espírito.

Em um segundo livro, de paradeiro desconhecido, Aristóteles falaria da comédia e da sátira, aí configurando a catarse cômica, identificada no correr do tempo com a gargalhada, a risada, o sorriso e o riso, que Humberto Eco bisbilhotou em O nome da rosa (1983).

 

A catarse como expressão de liberdade em várias experiências es téticas

A liberdade, como conceito básico das psicoterapias, sem dúvida compõe a sua finalidade maior. Três são os diferentes níveis em que ela pode ser entendida: na linguagem cotidiana (a liberdade como característica do comportamento livre); na reflexão moral e política (a liberdade como norma, valor, ideal); na indagação filosófica (a liberdade como modalidade fundamental do ser).

Acreditando na profunda vinculação desses três níveis, aqui abordo, no entanto, a liberdade como modalidade fundamental do ser, em sua subjetividade, compondo a "natureza interna" do ser humano, resultante da personalidade e, em termos morenianos, dos papéis sociais ou psicodramáticos a serem desempenhados pelo sujeito.

A preocupação universal dos filósofos (e agora dos terapeutas) tem sido a de servir à libertação do ser humano, dando-lhe condições de tomar consciência de si mesmo, de sua situação no mundo, de suas origens e de seu destino.

Poderemos refletir com Sartre (1984): "O homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; livre, porque uma vez lançado ao mundo é responsável por tudo quanto fizer."

Acredito que espontaneidade e criatividade, fenômenos primários e positivos, como propõe Moreno, desvinculado da libido ou de qualquer outro impulso animal, possam estar no mesmo nível de importância da liberdade ontológica, com ela confundir-se, ou, quando menos, ser dela um aspecto importante.

"A liberdade é a espontaneidade do surto vital que, a cada momento de sua duração presente, integra toda a realidade psicológica do sujeito", é como se nos apresenta uma assertiva de Bérgson (1979).

"Em resumo, essa espontaneidade moreniana se assemelha bastante à liberdade bergsoniana se pretende que surja a expressão mais original de cada um", diria Lemoine (1974).

Como a liberdade, a espontaneidade em Moreno não é aleatoriedade, não é determinismo, nem anarquismo psicológico, não é primitivismo social, nem atuação patológica ou impulsividade. Tais características não permitiriam o reconhecimento do ato livre do ser humano, anulando-os. Espontaneidade, para Moreno, também é ato livre, por livre vontade.

Porém, uma coisa é certa: o indivíduo será responsável por tudo quanto fizer, e sua liberdade deverá respeitar a liberdade do outro (Kant). Até os atos inconscientes são da responsabilidade do sujeito (Lacan).

A liberdade/espontaneidade, por sua vez, amplia a possibilidade de mediação da consciência, permitindo à pessoa "ser ela mesma", que é viver no mundo social sem assumir o ônus das convenções impostas com desrazão, respeitados os direitos do interesse coletivo de significado maior. A liberdade do indivíduo e a coesão do grupo social terão sempre de encontrar caminhos conciliadores. "Ser ela mesma" é afirmação do espaço psicológico, a conquista de direitos, o exercício da criatividade.

Com esse sentido, exercer a catarse da liberdade é sinônimo de saúde mental.

A catarse através da leitura de textos literários não nos impede de saber que também o ato de escrever é, em si, catártico. O que são os diários juvenis? E os versos adolescentes? Emblemática é a afirmação de Nietszche: "Com o meu livro Humano, demasiadamente humano liberteime do que não pertencia à minha natureza" (1995).

Na apreciação literária propriamente dita estabelece-se um processo de identificação do leitor com o texto, permitindo-lhe o surgimento de emoções e daí a explosão de afetos até então contidos. Alívio e inocência da alma, tratamento do intelecto e estímulo a ações enobrecedoras.

A produção literária de bons autores nos diz daquilo que não sabemos dizer, mas sabemos existir dentro de nós. Eis uma razão para ser leitor assíduo.

Com o uso corajoso da palavra, a literatura é catártica por excelência. Nas entrelinhas romanceadas entende-se a humanidade do ser.

A "escrita automática", observada em personalidades histéricas e tão honesta e instigantemente absorvida pelos estudos espíritas, traz mobilização de profundezas abissais da alma.

Idêntica à catarse teatral, a catarse pela leitura provoca o início de fatores excitatórios dos sentimentos, tais como medo, horror, compaixão, júbilo, empolgação, alegria, escoando, após algum tempo, para a plenitude da placidez, redimindo pecados e pecadilhos.

As fábulas, lidas ou contadas, com seus ensinamentos éticos e as conclusões de ordem moral, estimuladas pelo imaginário popular, permitem a construção social do mundo civilizado.

A literatura, na qual poesias e textos bíblicos se incluem, traz a virtude de curas através da palavra escrita, de valor tão eficiente quanto a palavra falada e a palavra dramatizada.

É de Freud:

"As palavras são o instrumento essencial do tratamento psíquico. Um leigo achará certamente que é difícil compreender como as perturbações patológicas do corpo e da alma podem ser eliminadas por meio de simples palavras (faladas, lidas e ouvidas). Terá a impressão de que lhe pedem para acreditar em magia. E, aliás, não andará muito longe da verdade, porque as palavras que utilizamos na nossa linguagem de todos os dias não são mais do que magia disfarçada" (1986).

A cartarse de Marcel Proust, deflagrada por um sequilho ou torrada, que na França se diz "madeleine", supera a ideia de um simples romance, para constituir-se em texto da luta contra o tempo e contra a morte.

A catarse sadomasoquista descrita por Sade e Masoch, em livros e em épocas diversas, ganha atenção apropriada da historiadora Roudinesco, ao discutir, de modo abrangente, a sociedade perversa (2008).

A expressão musical é uma forma de fantasia do psiquismo recalcado, comparada, pois, aos sonhos e sintomas. Também sendo mágica pelo envolvimento anímico, fora do âmbito racional e com função catártica privilegiada, não à toa se fala em musicoterapia.

A dança, a mais antiga das artes, tem servido desde sempre para a extroversão de fantasias e sonhos. Exercício pleno quando ocorre individualmente, se realizado em grupo enriquece-se na troca de comunicações corporais com terceiros, dando significado ao achego ou ao distanciamento dos corpos enlevados.

Alegrias e pesares, fortidão e desamparo, estereotipias e convulsões de ritmo, a dança é a manifestação ritualística mais espontânea e pela qual pode surgir o gesto criador mais expressivo. Pura catarse. Puro psicodrama.

Sem discutir valores estéticos, mas tão só o catártico, ao se propor à tarefa artística pictórica, percebe-se que o paciente e o grupo vivem no seu mundo interior toda a força de um processo dramático, em que as potencialidades perigosas são postas em trilhos capazes de contê-las, e as potencialidades construtivas se esparramam em combinações harmoniosas.

Se o inconsciente bruto não pode ser exposto, que ele se explicite nas "soluções de compromisso" das pinturas e dos desenhos. Remeto o leitor à experiência clássica de Nise da Silveira (1981) e, em nosso meio, ao trabalho de Marina de Oliveira Costa (2004).

Para Claude Levi-Strauss, "o inconsciente é o léxico individual onde cada um de nós acumula o vocabulário de sua história pessoal" (1973). Essa história fará sentido somente quando for explicitada através de um discurso (discurso catártico, pode-se dizer) organizado pelo inconsciente segundo leis próprias. Sim, o inconsciente tem leis próprias.

Aqui, discurso deve ser entendido na sua forma mais coloquial, e não como mensagem solene e prolongada, como se fora um sermão. Utilizo o vocábulo ao modo dos linguístas, como sinônimo de fala, linguajar, comunicação verbal. Pode-se, ainda, entender o discurso no sentido dado por Michel Foucault, como a produção de saberes, constituindo a epistemologia, a ciência do conhecimento.

O fluir de um discurso catártico será tão impreciso ou preciso quanto preciso ou impreciso for a dinâmica interna ao nível do pensamento, sentimento e comportamento do sujeito. Necessita da intervenção do analista para que se rompa o círculo vicioso impeditivo de certos pensamentos se tornarem palavras.

A primeira função dos terapeutas é estimular o discurso catártico, pois só a catarse permitirá o inédito, o novo, o inaudito. Só a catarse trará surpresas sobre o desejo em seus três níveis: consciente, inconsciente e analítico; será capaz de tangenciar o real inefável de que nos fala Lacan, mas que já se estrutura em Freud como "recalque primário"; permitirá-nos reconhecer a "louca da casa" de que nos fala Santa Tereza D´Ávila no seu conceito de imaginação; permitirá a sequência imagética das representações psíquicas que desaguarão nas cenas psicodramáticas; permitirá o aparecimento do que é surreal com suas fantasmagorias; permitirá o surgimento do universo emocional próprio de cada indivíduo; permitirá que o caráter, o temperamento e, por fim, a personalidade surjam livres dos semblantes e das amarras dos discursos dirigidos.

Só a catarse é libertadora: reorganiza a mente promovendo as reparações necessárias para consolidar a identidade do paciente.

"Ninguém pode compreender quando choro". Esta afirmação de Ferenczi (1990) sintetiza toda a dificuldade de se entender, compreender e traduzir os sentimentos humanos, mesmo em nosso papel de profissionais "psi". Cada um vivencia à sua maneira, a mais íntima e intocável, o que lhe vai no coração e na razão. A criança existente nos adultos, as dores e misérias insuspeitadas e até as alegrias e epifanias não conseguem ser adequadamente transmitidas, mesmo para o interlocutor de alma aberta e acolhedora, cheio de boa vontade com o próximo.

Diante de um choro, seja ele contido, elegante, entrecortado ou convulsivo, só podemos nos manter como testemunhas, nada mais. E quando catártico, ainda que não tenha revelada a profundidade emocional de seu significado, terá sido sempre necessário e útil. Sejamos pelo choro, pelo choro catártico.

Ainda que algumas relações aparentemente de causa e efeito possam ser analisadas, o fato é que podemos falar de um "umbigo do choro" com a mesma construção dada por Freud ao "umbigo do sonho".

Segundo o historiador Jean Delumeau (1991), ao fazer o pecador confessar, a Igreja Católica (Concílio de Latrão – 1215) teve a ambição de darlhe o perdão divino, permitindo-lhe que saísse confortado e/ou curado. A confissão auricular, privada, obrigatória, exigia do confesso detalhe de todos os seus "pecados mortais", podendo-se observar daí significativa mudança nos sintomas dos "maus humores" e "doenças da danação". O conforto psíquico de quem confessava dependia de a pessoa ter diante de si um confessor mais indulgente ou, ao contrário, um de maior rigor no julgamento e na distribuição de penitências.

Como dado de informação histórica, o autor ainda instrui-nos que se, de um lado, a confissão tinha seu efeito libertador, de outro, era causa de medo, vergonha, repugnância, com repercussões psicofisiológicas: pavor, sudorese, tremor corporal, insônia e alucinoses. Moralmente era causa de tormentos e humilhações. Ainda: os sacerdotes, chamados "diretores de consciência", quando da estatura moral de um Tomás de Aquino, eram caridosos, discretos, pacientes e benevolentes, com excelente indução de cura.

Entre os vários modelos de linguagem, temos o sonho e as ilusões hipnagógicas, talvez como a forma mais intrigante para ser trabalhada em psicoterapia.

Para a fenomenologia, o sonho não tem o sentido oracular dos antigos nem é simples simbolismo de impulso, reprimido; é tão-somente mais um espaço aberto para as possibilidades existenciais.

Num primeiro momento, leva-nos à compreensão do ser-no-mundo, do seu modo particular de viver e vivenciar o seu mundo; não nos dá uma explicação de causa e efeito, nem facilita uma interpretação, mas permite-nos evidenciar os nexos, os significados, o fluir das vivências. Qualquer inferência subjetiva que fizermos, mesmo quando alicerçada em hipóteses robustas, corre o risco de distorcer o verdadeiro sentido do sonho em pauta.

Outro momento onírico consiste em ajudar o paciente a perceber sua existência, o uso que tem feito de seu tempo e espaço, as distorções do seu viver (o que lhe é supérfluo e o que lhe é ausente), os núcleos conflituais de sua personalidade, o desempenho de seus papéis e, enfim, as suas possibilidades.

O desejo humano, polimorfo e complexo, encontra no cinema um modo particular de vivenciar fantasias as mais diversas, sendo as fantasias sexuais as de maior atração. Nesse sentido o cinema é libertador, pois possibilita a projeção e a sublimação de inclinações emocionais que vão das mais destrutivas e odientas às mais ternas, afetuosas e concilidadoras.

Merecem registro as catarses dionísicas, as orgias e as libações extremadas, as emoções tribais que procuram civilizar-se nos campos esportivos, bem como o exorcismo ligado à bruxaria clerical com mandalas, mantras, cânticos, danças, círculos, meditações, unguentos, incenso, em que os humores são excitados e "canalizados" de forma a transportar e aplicar "a sutil substância da mente."

As orações como forma de catarse compõem o antídoto de religiosidade contra as forças emocionais destrutivas, permitindo ao sujeito safarse das angústias e temores fóbicos, do ódio e da ira. Dependendo do grau de sinceridade, da crença e da fé, as orações ajudam a pessoa a rever sua agressividade, os sentimentos de culpa, e a baixa autoestima, fortalecendo-a para as lides cotidianas e os desafios da vida. E ainda abre o ser para os sentimentos nobres, nos quais o amor pontifica e a paz se faz presente.

As orações ajudam na expulsão dos demônios, a metáfora secular para a inveja e a crueldade humana.

Em algum lugar do mundo, num dia igual à eternidade, dois pobretões aguardam a convocação de um senhor, que insiste em não dar as caras. E ali ficam esperando, Esperando Godot, tal como foi denominada a peça teatral de Samuel Beckett (2006).

Comédia ou tragédia?, pergunta-se. O fato é que essa obra marcou a transição na estética dramática do século XX, mais precisamente nos anos 50, espelhando um instante a ser identificado como a catarse frustra, aquela não acontecida, e também chamada a catarse do absurdo, explicitando o surreal da condição humana.

Vladimir e Esteagon, personagens abstratas, estão lançadas em uma paisagem desértica (palco vazio, uma árvore e a lua), paralisadas pela "obrigação" de ali permanecerem, aguardando a resolução de algo compromissado com tons de realidade e fantasia.

Os críticos teatrais dispersaram-se em menções diversas e várias leituras descortinaram naquela construção teatral: a espera de Deus ou da morte. Poderia conter, ainda, reflexões acerca da Segunda Guerra Mundial, a angústia sobre o sentido da vida, outras hipóteses controversas e tudo o que pudesse explicar o clima de uma expectativa infinda.

Os vagabundos conversam, mas não chegam a nada, permanecem no vazio, sem perder a esperança naquele encontro enigmático e incerto. Esperando Godot, uma parábola, resume de forma apurada a catarse frustra, a catarse ansiosamente aguardada que, inexplicavelmente, não ocorre, como em muitas das sessões de nosso trabalho analítico/terapêutico, o momento estagnado, a vida desprovida de ação.

Sócrates (469-399 a.C.) legou-nos um modo de se relacionar com o outro, por meio de debates sobre questões de ordem política, moral, religiosa, jurídica e psicológica. Conta-nos a história que ele tinha profunda convicção de seu "papel de conversador" e a consciência de missão quase religiosa responsável pelo gesto de sacrifício da própria vida.

Seus conceitos éticos propugnavam por vida individual e pessoal, curadora zelosa da "alma", a partir da reafirmação do que estava inscrito no Templo de Delfos: "Conhece-te a ti mesmo" (Drosdek: 2008).

Pretendia o filósofo a descoberta factual das motivações e necessidades do homem em sua ilusão de ser sábio, localizando nessa busca pretensiosa as fragilidades do ser humano. Dava-lhe, ao seu interlocutor, a consciência de sua realidade e concretude.

É de Sócrates: "A maior, pior e mais perigosa ignorância é a que não sabe e crê saber".

No desvelamento da ignorância para alcançar um tipo de sabedoria criativa e construtiva, ele desenvolveu o método de dialogar que consistia em não responder nunca, quando interrogado, às perguntas em si. Para isso usava o subterfúgio da ironia ou da contrapergunta, usando, por último, o recurso da refutação, quando o outro tivesse resposta. Partejava o diálogo, na certeza de que tudo, toda resposta estava dentro do sujeito em viva potencialidade pronta para vir à luz, à semelhança do nascimento de uma criança. Para ele, o encontro com o outro ou consigo mesmo ocorreria a partir da consciência da própria ignorância e da busca da Verdade no seu desiderato religioso e sagrado.

Esta é a catarse na maiêutica socrática, inspiração para todos os tipos de psicoterapias, da psicanálise ao psicodrama.

Para toda catarse de palavras há a questão da memória. A recuperação das lembranças e a possibilidade de surgirem falsificadas é tema do livro Histórias histéricas (Showalter: 2004).

Nos anos 40 do século XX, com o uso do "soro da verdade" (Pentotal) a farmacologia foi capaz de induzir as mais violentas catarses mentais, acompanhadas de vívidas imagens, trazendo, para a consciência lúcida, lembrança do que até então estava nos desvãos penosos da memória.

O uso da mescalina, conforme nos relata Huxley em As portas da percepção (1984), aviva a percepção das cores, não só no mundo exterior, mas também no mundo interior, propiciando "revelações" próprias das catarses místicas.

As drogas lícitas ou ilícitas servem como catalisadores da ampliação dos processos inconscientes até então recalcados. Cada droga tem uma especificifidade psicoquímica capaz de produzir este ou aquele "estado alterado de consciência", qualquer deles de indução catártica.

No consultório médico ou no ambulatório hospitalar, na sala do analista ou do psicodramatista, a fala do paciente ou suas vivências dramatizadas têm de ser protegidas. Moreno proclama a necessidade do compromisso ético do grupo com um código referendado que está publicado no livro Psicoterapia de Grupo e Psicodrama (1974). Ao consultório, Winnicott chamou de "lugar de segurança", Bion denominou de "função de continência" e Ronald Britton, de "santuário".

Eu diria: a fala do paciente é sagrada, e a sala de psicoterapia é o sacrário.

A catarse pela catarse poderá trazer a ameaça da loucura e da violência. Para que isso não ocorra é necessário configurar alguns auxílios e amparos que possam dar limites no tempo, no espaço, na emoção, na temática, na movimentação corporal e nos critérios ensinados tão sabiamente por Moreno, no uso da ação dramática.

Muitas vezes o diretor de cena e seus auxiliares têm de intervir energicamente para conter excessos. Porém, o grupo se colocará como "rede de apoio" e ajudará na compreensão do ocorrido.

No campo da experiência individual, a razão, como expressão cognitiva, perceberá a intensidade da catarse e lhe dará o freio necessário e o movimento desejado, a meta possível. Cada pessoa sabe como o seu corpo e sua mente, o seu gesto e o seu pensamento poderão extravasar as divergências internas.

 

Gênese da catarse psicanalítica

A partir de 1886, Freud iniciou publicações referentes à sua clínica médica, que passava pela neurologia, pela psiquiatria e pela hipnose, resultando em estudos consistentes sobre a histeria e outras neuroses.

Juntamente com Breuer, publicou Estudos sobre a Histeria (1893) no qual, dentre cinco casos clínicos, sobressaem o de Anna O. e o de Emmy von N. (1986).

Primeiramente Breuer descobrira, em suas observações, que o sintoma histérico sumia de forma permanente quando havia a catarse do fato provocador dos sintomas. Quando o afeto patógeno vinha à luz de modo claro, na forma de palavras, a doença (geralmente, paralisia) cessava, e a psicoterapia se apresentava efetivamente curativa.

Anna O. criou duas expressões para aplaudir a técnica: talking cure (a cura pela palavra) e chimney sweeping (limpeza de chaminé). Neste caso, a hipnose ainda era utilizada para promover a catarse, porém, com o tratamento de Emmy von N., por Freud, houve o abandono dessa prática e iniciou-se a da "associação livre", ou seja, a catarse seria promovida pelo estímulo ao cliente para falar espontaneamente, trazendo à consciência lembranças significativas. Assim, a rememoração catártica era conseguida em pleno estado vigil, sem estados hipnóticos, permitindo descobrir lacunas nas memórias (1986).

As experimentações clínicas continuaram até quando, em 1914, época incluída entre os anos da maturidade, Freud, no artigo "Recordar, repetir e elaborar" (1968), definiu um adequado entendimento sobre a importância da transferência e da resistência no processo do tratamento psicoterápico. Nesse instante inauguram-se as psicoterapias ditas científicas.

Ao propor analisar o "discurso catártico", Freud propunha trazer o recalcado para o contexto da fala coerente e ampla (a palavra plena de Lacan), numa forma sofisticada de catarse, com a ideia de que o paciente busca amparo no desamparo, fortaleza na fraqueza e clareza para o enigma, e de que o analista possa entendê-lo na escuta das entrelinhas.

Além da rememoração das lembranças traumáticas inconscientes, serão tratadas as fantasias inconscientes (sexuais ou não), as expressões pulsionais serão pesquisadas em seu destino e o desejo enigmático ganha também um lugar no interesse do analista. Posteriormente, Freud utilizouse do momento catártico para introduzir no domínio da técnica a noção da construção ou reconstrução, em analogia ao trabalho do arqueólogo.

O importante seria não impedir o sintoma através da sugestão, mas, sim, explorá-lo até se atingir o afeto retido, bloqueado, permitindo-lhe "movimentar- se". A mobilidade afetiva é que vai ajudar na cura, estimulando a espontaneidade e propiciando a criatividade. Rememorar para não atuar, elaborar para curar, lembrar para esquecer, são motes que, no psicodrama, encontram sua correspondência no dramatizar para desdramatizar.

A descoberta essencial de Freud foi a de que a relação afetiva entre paciente e terapeuta era a mais poderosa arma na possibilidade de tratamento e cura, suplantando a sugestão hipnótica, o discurso moralista e a catarse de ab-reação.

A partir do novo direcionamento dado por ele ao trabalho psicoterápico, criou-se um equívoco no mundo psi: o vocábulo catarse sumiu da literatura especializada, mesmo sabendo-se que o fenômeno catártico continuava sendo fator importante, até mesmo para se permitir o desdobramento das intervenções necessárias subsequentes à fala.

Outros autores propõem métodos catárticos diversos a que se denominaram "neo-catarse". Entre eles, cito: Reich, Ferenczi, Groff, Erik Erikson, Arthur Janov, Lowen, Perls. O próprio Moreno deve ser incluído nesse time de inovadores, com a sua catarse de integração.

Em Lacan, pode-se dizer, o analisado é o "discurso catártico", a partir da escuta. A escuta já estava em Freud, porém Lacan elevou-a como técnica singular. A ideia é a de que o paciente pudesse se encontrar a partir de seu próprio discurso, de sua própria fala, o desconhecido até então, ao receber a intervenção do analista.

Philippe Julien (1993), no texto "A análise como exaustão do simbólico", demonstra que o tratamento/cura ocorre no primado do simbólico, em que se reconciliam o universal da linguagem e o particular da palavra, o que ocorreria na equação ternária: intersubjetividade + palavra plena + a história contada (o discurso catártico). A palavra sozinha é quase inútil, é incompleta, sim. Um interlocutor deve estar presente sempre, para validá-la.

A essa equação J. L. Moreno acrescentou mais um termo: encenação ou dramatização, criando a equação quaternária das psicoterapias grupais.

O terapeuta deverá estar atento aos lapsos, ato falho, mecanismos de defesa, por fim, a tudo aquilo que na fala do paciente possa ser visto como expressão de um inconsciente dinâmico e pessoal.

O paciente, à medida que vai desenvolvendo seu discurso catártico, concomitantemente vai recebendo as intervenções do terapeuta e o até então insuspeitável na estrutura do seu pensamento, na organização dos seus sentimentos e na dinâmica de seu comportamento, enfim, permite desvelar o seu desejo e sua singularidade.

Ao instituir um dispositivo analítico peculiar, Lacan pretendeu que o cliente pudesse associar ideias e autointerpretar-se mesmo fora das sessões analíticas. A partir dele pode-se dizer que a alienação do gozo é uma forma de catarse: o que é expelido do corpo é reencontrado na fala, na escrita, na dramatização. Enfim, o discurso designa a forma com que se regulamenta o gozo dos sujeitos falantes.

A ênfase dada por Lacan (1998) à palavra ou à linguagem falada não encerra as dúvidas de quem se dedica ao mister das dramatizações. A pergunta que não se cala é: como são aproveitados, no psicodrama, outros tipos de linguagem: a corporal, a estética dramática, a dos gestos, das mímicas e das ações lúdicas? Freud vem nos socorrer: "Ao ouvir o vocábulo linguagem, não devemos entender apenas a expressão do pensamento em palavras, mas também a linguagem gestual (corporal) e qualquer outro tipo de expressão da atividade psíquica, como exemplo, a escrita e o sonho" (1968).

Trata-se, pois, de valorizar o verbal e o não verbal também. Laplanche (1984) é assertivo: "na história individual temos o direito de falar até de um estágio pré-verbal, onde se detecta a sintomatologia de certas neuroses."

 

A crítica a Moreno e a sua defesa

A evolução do pensamento freudiano, com consideração à transferência, às resistências e à elaboração psíquicas, aparentemente deslocou a importância da catarse, mas nem por isso a elidiu dos processos terapêuticos. Equivocadamente, hoje em dia, pouco se fala ou nunca se fala das catarses terapêuticas, mas é em cima do "discurso catártico" que todas as modernas intervenções analíticas incidem. No psicodrama o discurso catártico transmuda-se nas dramatizações. As catarses permanecem presentes em todas as etapas ou em todos os momentos do processo terapêutico, qualquer que seja ele.

Dialogadas, interpretadas ou dramatizadas, as catarses sempre serão o medium/medius que permitirá as intervenções pontuais, responsáveis pelo tratamento possível e pela cura desejada. Só após a catarse é que os analistas da mente humana terão recursos de "massa crítica" para completar a sua função terapêutica, principalmente mostrando o recalcado e permitindo a eclosão do sujeito de que nos fala Lacan (1998).

O fato de existir a ideia equivocada de que o vocábulo catarse estaria banido da literatura psicoterápica propiciou a crítica a J. L. Moreno, por ele ter dado ênfase à expressão "catarse de integração", como meta maior do tratamento do grupo psicodramático. Não é verdade que o termo esteja em desuso, bem como é injusta a crítica a J. L. Moreno.

Os psicanalistas franceses J. Laplanche e J. B. Pontalis, em seu Vocabulário de Psicanálise reparam essa injustiça, registrando: "Além dos efeitos catárticos que se encontram em toda a psicanálise... o psicodrama, segundo Moreno, é definido como uma libertação dos conflitos interiores por meio da representação dramática" (1976).

Também Pontalis, em seu livro A Psicanálise depois de Freud (1972) é incisivo na observação de que se pode criticar Moreno pelos seus escritos (emaranhados), mas não pelo seu trabalho pioneiro.

 

O que é isso , integração?

Integração é o ato ou o efeito de integrar ou integrar-se. Trata-se da incorporação de um elemento num conjunto, conforme está na álgebra e na matemática.

No aspecto social trata-se da ação, processo ou resultado do assimilar completamente os indivíduos de origem estrangeira, social ou racial, ao seio de uma comunidade ou nação, do ponto de vista jurídico, linguístico e cultural, formando um único corpo civilizatório e republicano. A integração é a antiexclusão

Temos usado, muitas vezes, a palavra integração de forma isolada, o que nos leva para outros caminhos. Por aí podemos falar em integração mente versus corpo, individual versus social, dentro versus fora, prática versus teoria, inconsciente versus consciente, grupo versus indivíduo, subjetivo versus objetivo, todo versus parte, fantasia versus realidade, corpo versus espírito e outras combinações. São relações propiciadoras de catarse de integração. Mas não são a catarse de integração.

Pode-se falar ainda em integração de elementos possibilitadores da catarse: a música, a dança, as cores, a plástica, os costumes culturais, o movimento corporal. Contudo, nada disso significará exatamente catarse de integração.

Apenas haverá catarse de integração se o acontecimento se instalar dentro da dinâmica grupal, promovendo mudanças e transformações no indivíduo e no grupo, no grupo e no indivíduo, numa interrelação dialética e télica, através das expressões dramáticas.

Na trilha de Daniel Lagache (1992), pode-se afirmar, no plano do intrapsíquico, que a mente humana trabalha sempre objetivando fazer integrações de várias ordens, principalmente em relação àquilo que permanece inconcluído na vida da pessoa. Seria necessário completar o que ficou pela metade na história do sujeito. Aí estaria a busca incessante de vivências para permitir as integrações, a união adequada dos pedaços. Nesse sentido, a integração é importante e ocorre, sim, no trabalho realizado pelo grupo psicodramático. Porém, não se trata de catarse de integração.

Numa proposta terapêutica, a primeira integração deverá ocorrer entre paciente e terapeuta e, no caso dos grupos, entre os participantes do grupo. Essa primeira integração vai caracterizar o "holding", a sustentação, o amparo, a confiança, a proteção e, por fim, tudo que possa se estabelecer na interrelação através do acolhimento. Todavia, não é catarse de integração.

 

Os três planos terapêuticos do grupo psicodramático

Entendendo a formação social da mente, nada melhor do que a vivência grupal para ajudar nessa composição. O grupo bem conduzido permitirá ser trabalhado em três planos:

 

 

A tarefa do diretor psicodramatista é árdua. Entender a dinâmica do grupo, entender a dinâmica de cada participante do grupo e entender esses vários planos de possibilidades e as interrelações possíveis.

Devemos ter o cuidado de não repetir Charcot (1805) que, apesar de seu brilhantismo como psiquiatra, estimulava a encenação dramática de suas histéricas sem, entretanto, compreendê-las e, muito menos, sem compreendê-las em grupo.

E ainda: o terapeuta não pode ser ingênuo, no sentido de certo provincianismo, e fazer de sua tarefa médica uma "caça às bruxas" própria das interpretações selvagens.

Por fim, o resultado do efeito catártico (ou catársico) é movimento, transformação, mudança, criação e criatividade, simbolização de questões vitais, humanização, ampliação dos vínculos pessoais, incremento da espontaneidade, expressão de qualidade do campo relacional, ampliação da consciência, construção de melhores modelos de sociabilidade, evolução mental, adequação do comportamento, apuro da capacidade reflexiva, equilíbrio entre áreas instintivas e dispositivos defensivos, enriquecimento dos papéis, superação dos estágios regredidos.

As forças que habitam o interior do grupo traduzem sua dinâmica (dyna = força). Em Freud, essas "forças" dirigem-se ao chefe, para com ele se identificar e contrapor-se. Em Moreno, o grupo, com as várias constelações possíveis, se estrutura na disposição das "forças" em termos de escolhas, rejeições e neutralidade. São dois modos não-excludentes de compreender o grupo.

 

Por fim , a catarse de integração

Trata-se de um sintagma nominal, sendo, pois, um termo alinhado a outro, uma coisa alinhada a outra, produzindo um sentido. Catarse de integração é uma locução que, para ser bem entendida, deve ser usada com as palavras em conjunção, conjuntamente. Catarse tem um sentido, integração tem outro sentido, e a união dos dois vocábulos nos dá um terceiro sentido, este sim, conforme quis J. L. Moreno.

No processo de dramatizar, deparamos com o mais importante modo de ação terapêutica do psicodrama, que é a catarse de integração.

A função interpretativa da dramatização, considerando-se o psicodrama como psicoterapia de grupo, deverá ser garantida por alguns requisitos: o do adequado aquecimento para o início da atividade grupal (warming-up); o da dinâmica grupal suficientemente trabalhada ao longo do processo; o de que sejam descartados os pseudoprotagonistas e cuidadosamente evitado o seu holocausto; o da possibilidade de ser construído o espaço da lealdade ética, do compromisso estético criativo, da liberdade como singularidade de cada um dentro do grupo, e do status nascendi como pedra angular de toda a dramatização; e, por fim, o do compartilhamento afetivo-emocional, que é a participação terapêutica para coroar o encerramento. O chamado "processamento" refere-se a um momento didático.

Pela "direção" do trabalho grupal, o terapeuta psicodramatista propicia ao grupo ou ao indivíduo dentro do grupo a possibilidade de vivenciar a "catarse de integração", em que sujeito e grupo terão a percepção afetiva e intelectual da situação em que estão envolvidos, não pela intromissão da "interpretação comunicada", mas pela evidência que o drama ali desvelado lhes impõe.

 

E por que a denominação: "catarse de in tegração"?

Basicamente porque, para ocorrer, ela exige a integração em estado télico dos participantes do grupo, o que quer dizer: integração de intersubjetividades, de intencionalidades, de intuições. Ainda, integração do inconsciente comum do grupo, o coinconsciente.

Significaria que ela tem de ser interpessoal, a catarse de cada um dependendo da do outro, integrando-se. Os participantes do grupo deverão identificar-se com o protagonista, integrar-se com ele, autorizá-lo. Sempre através da representação teatral.

O poder purificador do teatro já era conhecido há muito tempo; o fato de as teorias psicológicas explicativas terem lançado luzes para o entendimento desse fenômeno não o inutilizou como eficiente meio de ação terapêutica. Moreno, não se pejando de trabalhar com os poderes mágicos da ação dramática, resgatou para as psicoterapias um segmento originado exatamente dos ritos religiosos e, por isso mesmo, legítima preocupação do homem no que diz respeito aos deuses e demônios que habitam o seu espírito.

A catarse de integração pressupõe um movimento em direção ao aprimoramento de situações sociais de afetos interrelacionados e comportamentos grupais. Podemos falar em catarse de integração quando ocorrerem dentro do grupo aproximações identificatórias: o desorganizado organiza-se, o desfigurado configura-se, o grupo psicótico neurotiza, o vazio preenche, o confuso esclarece, o desvalorizado valoriza-se.

O grupo pode servir de caixa de ressonância a uma catarse individual, acolhendo o acontecimento do protagonista e participando dele, mas a catarse de integração ocorrerá quando o próprio grupo se transforma junto. Também se fala da catarse de integração como rito de passagem.

Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de lugar, de idade, de status, de modos e períodos de vida, de estados psicoemocionais, de estado civil e de transições propiciadas pelas psicoterapias.

Os ritos de passagem são próprios das sociedades primitivas, com comemorações especiais e marcantes; sempre e ainda hoje significam a inclusão social e produtiva das pessoas em suas tribos.

As próprias doenças orgânicas ou psicológicas constituem-se num rito de passagem, e assim também os esforços de tratamento e cura. Morte e renascimento são ritos profundos e enigmáticos. Os esportes radicais dos dias atuais são verdadeiras jornadas iniciáticas próprias dos ritos.

O ato do nascimento é o primeiro exemplo de uma catarse de integração. Outrossim é o acontecimento paradigmático dos ritos de passagem.

 

 

Formas Clínicas de Catarse de Integração

Há uma ideia de que a catarse de integração seria de ocorrência muito rara e de que, quando isso ocorresse, teria uma grande dramaticidade. Aceitar essa hipótese seria negar a presença efetiva de um modo de ação terapêutica do psicodrama e, de certa forma, inviabilizá-lo como método terapêutico original, dentro das terapias coletivas, grupais.

Em minha experiência, pude detectar três formas clínicas de catarse de integração, que assim sistematizei no livro Psicoterapia aberta (Almeida: 2006):

1. Catarse de integração revolutiva: nesta forma, o paciente e o grupo passam pelo acontecimento catártico que os revoluciona interiormente, sensibilizando-os e mobilizando-os para novos e oportunos aprofundamentos.

2. Catarse de integração resolutiva: nesta forma, o grupo e o paciente têm vivência e consciência de todo material psicológico-existencial recalcado, reprimido e oprimido. Como um relâmpago, gravam-se-lhes no espírito as possibilidades de um novo universo e um novo crescimento, dos indivíduos e do grupo. São catarses de grande força dramática e estas, sim, são de ocorrência rara e responsáveis por sessões esteticamente belas e emocionalmente significativas.

3. Catarse de integração evolutiva: nesta forma, o paciente e o grupo vão somando gradativamente elementos catárticos parciais, surgidos no decorrer do processo. Vão também encampando elementos vivenciados em outros modos de ação, tais como o insight, insight psicodramático, feedbacks, love-backs, confrontos, encontros etc. De sessão a sessão, de dramatização a dramatização, a quantidade e a qualidade dos afetos e da compreensão da dinâmica interrelacional vão se modificando, até que um dia finaliza-se o processo.

Albor Vives Reñones, em seu livro O riso doído, é incisivo:

"A Catarse de Integração aponta para uma experiência coletiva de transformação. A coletividade pode começar pela díade terapeutacliente, e terminar com os grandes grupos, e ainda que cada indivíduo viva a transformação de uma maneira singular, todos passam por ela" (2002).

O que o psicodrama exige de nós é que possamos perceber não só o que ele permite fazer, mas também o que ele é capaz de dizer. Não esqueçamos, entretanto, de que o que é dito é dito pelo grupo. Para Moreno, "a neurose não se fabrica com um só sujeito, é uma doença de muitos, interrelacionada". Se o psicodrama pretende diagnosticar e tratar o "mal" que existe na interrelação humana, deve tratar, pois, dos confrontos interpessoais que surgem no grupo, ainda que posteriormente venham explicitar as ressonâncias da história pessoal de cada um.

No entanto, este dizer do grupo não deve se referir só à fala coletiva. Que cada discurso catártico dos componentes e, particularmente, do protagonista emergente possa ser lido nas entrelinhas para dar às dramatizações um sentido novo, o sentido do desvelamento. Da mesma forma, possa municiar os egos auxiliares para o exercício de intervenções apropriadas, como a técnica do duplo, por exemplo. Esta é a proposta do psicodrama contemporâneo.

 

A catarse nos textos de J. L. Moreno

Antes de armar suas ideias a respeito do que fosse "catarse de integração", Moreno teve o cuidado de identificar os vários tipos e formas de catarse até fazer o coroamento do tema com o seu conceito mais precioso.

Começou por diferenciar a catarse dos outros termos, tais como: insight, contentamento, êxtase, satisfação de necessidades etc. Descobriu e instituiu a espontaneidade como o princípio comum produtor das catarses, ao que lhe seguiria a liberdade de expressão (verbal, corporal e dramática).

Resgatou, para os componentes da plateia ou do público, a função do coro grego que acolhe, aceita e compreende o sujeito do drama, com ele se identifica, autorizando-o a representá-lo e ser seu porta-voz no palco, como protagonista no sentido estrito proposto por Moreno.

Retomou o pensamento de Aristóteles onde ele o deixara, conceitualmente falando. Sem abandonar a catarse do espectador, valorizou a catarse do ator. Do ator espontâneo, capaz de encenar o drama sem ajuda do script e, sim, com o procedimento criativo realizado in situ e no momento.

Explorou a "universalidade do ato" como aquela que abrange todas as outras formas de expressão: a fala, a música, as cores, a dança e todas as suas possíveis associações.

Percebeu a importância da noção de status nascendi para aquele legítimo drama premente antes mesmo da divisão entre espectador e público, no nascedouro anímico.

Estabeleceu a catarse dramática, a catarse de sua inventiva, a catarse moreniana, aquela que apresenta um movimento pendular ator-espectador, espectador-ator.

Promoveu, por fim, a união dialética da catarse mental ancorada na ação dramática e da ação dramática ancorada na catarse mental.

J. L. Moreno refere-se, ainda, às catarses intelectual, estrutural e social, passiva e ativa, mental, de ação, coletiva ou grupal, finalizando com a catarse de integração. Vejamos:

Catarse intelectual – seria aquela passível de ocorrer já durante a entrevista preliminar, quando o terapeuta faz o estudo diagnóstico de seu cliente.

Catarse estrutural e social – seria aquela que tem lugar no grupo social, envolvendo todos os indivíduos participantes de um grupo não terapêutico, do contexto social. Porém, pode-se considerá-la também como vigente nos grupos terapêuticos. Catarse passiva e ativa – a primeira seria aquela passível de ocorrer somente entre os espectadores, configurando a catarse aristotélica. A segunda, ativa, ocorreria no ator psicodramático. Com essas concepções, Moreno pretende converter o espectador em ator, o homem in situ. Tanto melhor será a prática psicodramática quanto maior número de espectadores se transformar em atores.

Catarse mental – seria aquela correspondente à estudada por Breuer e Freud, no caso exemplar de Anna O., de ab-reação, pois. No entanto, Moreno faz questão de demonstrar que essa forma de catarse pode desdobrar-se em ocorrências no autor, no ator e no público. Começava aí a construção do conceito de catarse de integração.

Catarse de ação – seria o fenômeno catársico exposto através do movimento e dinâmica de ação do drama estabelecido no contexto psicodramático, mas sem caracterizar ainda a catarse de integração, por ocorrer com indivíduos isolados.

Catarse coletiva ou grupal – seria a que perpassa o grupo, mobilizando- o integralmente. Trata-se de catarse psicodramática ou sociodramática por excelência. Ela é que configura a catarse de integração.

Catarse de integração – ainda que a catarse de ab-reação possa estar presente em participantes do processo psicodramático, para J. L. Moreno o que se apresenta como fator decisivo é a integração sistêmica e sistemática de uma "cadeia" sequencial: pessoas estruturadas, papéis estruturados, cenas estruturadas, a que Moreno denominou "cadeia estrutural".

Esta seria a verdadeira catarse coletiva ou de grupo ou de integração, em que há a "interação cooperativa" de todos os membros do grupo a partir da ação dramática desenrolada no contexto dramático, no palco. Recorro ao livro de Rosa Cukier – Palavras de Jacob Levy Moreno - para ter essas informações sem equívocos (2002).

 

Encerramento: psicodrama e sociodrama

Para compreendermos corretamente o psicodrama como tratamento de psicoterapia em grupo, torna-se crucial entendê-lo não como prática à qual se aplica uma teoria, mas sim como um método em que se vive uma práxis. Psicodrama é vivência.

Ouçamos Boris Cyrulnik (2005): "A ação de narrar permite à pessoa se constituir em sujeito íntimo (para o grupo que o acolhe) e a narração convida a assumir seu lugar no mundo humano ao compartilhar (e representar) a sua história."

Para finalizar, devo registrar o que está estabelecido por J. L. Moreno sobre a catarse do psicodrama (senso estrito) e a catarse do sociodrama. No psicodrama, a abordagem envolveria a catarse pessoal. No sociodrama, o sujeito não é a pessoa e, sim, o grupo. No sociodrama, o protagonista se apresenta no seu conceito original, aquele que representa a experiência coletiva, sendo a extensão emocional e dramática dos muitos egos participantes. O sociodrama é, pois, o melhor lugar para a ocorrência e percepção da catarse de integração.

Ofereço esse trabalho para o
amigo e colega José Carlos Landini

 

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Endereço para correspondência
Rua João Moura, 627 Cj. 124, Pinheiros
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e-mail: castellowa@terra.com.br

 

 

1 Psicoterapeuta com formação em psiquiatria, psicodrama e psicanálise