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Revista Brasileira de Psicodrama

On-line version ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.19 no.1 São Paulo  2011

 

SEÇÃO TEMÁTICA: Os sentimentos no psicodrama

Thematic Session: The feelings in psychodrama

 

 

Psicodrama e amor

 

Psychodrama and love

 

 

Maria da Penha Nery*

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora demonstra como o psicodrama se torna a psicoterapia do encontro, a partir da reflexão do poema de Moreno sobre o tema até seus estudos científicos. Aborda um "ofício do amor" específico, presente nos métodos socioterapêuticos de ação. Avalia o aprendizado emocional e as influências socioculturais constituintes de diversas formas de amar e seus impactos na prática sociátrica.

Palavras chave: Psicodrama, amor, sociometria, encontro


ABSTRACT

Based on reflections of Moreno's poem about encounter as well as her own scientific studies, the author demonstrates how psychodrama becomes the psychotherapy of encounter. She explores the specific ‘craft of love', present in the socio-therapeutic action methods. She evaluates the emotional learning and socio-cultural influences that are constituent of different forms of love and their impact on the sociatric practice.

Keywords: Psychodrama, love, sociometry, encounter


 

 

Falar de amor é tarefa desafiadora, pois o amor simplesmente acontece e brota na experiência do ser-com-o-outro. Se o analisamos, não o vivemos! Ele é o mote de nossa existência heroica, ao trazer o impacto do aqui-agora (fazendo sumir o conceito). Mas, tomei a empreitada e busquei algumas inspirações em meu viver e nas artes para explicitá-lo no psicodrama.

Trata-se de um ensaio sobre psicodrama e amor, que tem por objetivo instigar os leitores a criticá-lo e desenvolvê-lo. O "amor é eterno enquanto dura"1 também na forma de ideias...

Fiz pequenas incursões em algumas perspectivas sobre o tema, a começar pelos "resultados" do amor, ao tentar explicitar o poema de Moreno sobre o encontro; na segunda parte, abordei nosso ofício de psicodramatista e como o amor o envolve. Na terceira, avalio as aprendizagens emocionais e socioculturais que nos direcionam para diversas formas de viver o amor romântico, cotidianamente afetadas pela espontaneidadecriatividade.

 

1 - Dos resultados do amor

Os fios emocionais, mentais, atitudinais se entrecruzam, deixando e ocupando espaços. A vida nos torna artesãos de redes amorosas, familiares, amistosas, fraternais, laborais, comunitárias, sociais. O que faz ligar e desligar? O que direciona nosso ser para esta arte?

Moreno (1972) afirma que sem as redes sociais não sobrevivemos. E nos deixou o legado de estudá-las como redes sociométricas que contêm "estruturas dinâmicas", plenas de correntes psicológicas. As correntes psicológicas nos fazem complementar papéis sociais e, dentro de tantos outros atos, escolher, comunicar, agrupar, separar, identificar, criar, sofrer.

Quanto a isso, filosoficamente, em 1914, o autor conclui:

"Um encontro entre dois: olho a olho, cara a cara
E, quando estiveres perto, arrancarei teus olhos
E os colocarei no lugar dos meus
E tu arrancarás meus olhos E os colocarás no lugar dos teus Então te olharei com teus olhos
E tu me olharás com os meus." (Moreno, 1983, p. 249)

Esta é a máxima moreniana do amor cujo resultado é o encontro. Observamos um processo dolorido, quiçá violento, relacionado ao "arrancar" os olhos e nos esvaziar de nós mesmos. Ao mesmo tempo, nos sinaliza para o alívio de algum preenchimento ou completude. Vejamos, detalhadamente, como ocorre esse processo.

No início, há o olho a olho, o cara a cara. A existência depende da coexistência. Meu olho é o conjunto de olhares de outros olhos, que me faz dizer "sou", ter uma identidade, e, ao mesmo tempo, é direcionado pela espontaneidade-criatividade que traz o tornar-me, o devir (Moreno, 1984).

Cara a cara, com as brechas tão tênues entre fantasia e realidade. Encaramo-nos, perdendo-nos nas inevitáveis idealizações, na segurança de conservas culturais que nos amarram e nos fazem amarrar o outro em "ter que ser" o que dele esperamos!

Tal qual Narciso, o outro é meu espelho. Vejo a mim, me quero e luto pelos meus anseios e desejos. O outro tem que se devotar a mim. Na tentativa do retorno de ser um com o outro, um útero social, cultural, físico, exerço um radicalismo identitário. Por meio da identidade radical, o diferente não se encaixa e precisa ser destruído (Nery, 2010).

O sufocamento e a falta de liberdade e de igualdade trazem pequenas "mortes coditianas", em que me anulo e anulo o outro (Mansano, 2006). A solidão permeia as relações amorosas (Merengué, 2001) e as redes sociais.

A dinâmica da vida e o tempo carregam o inovar, o renovar, o destruir, o aproximar, o distanciar. E, "quando estiveres perto", torna-se a oportunidade de enxergar melhor, olhar olhando. Eu começo a ser eu e você, você. Iniciamos as diferenciações e enfrentamos os medos da separação e das perdas. Além disso, a vida ao ser vivida, se embebe da morte. Temos que experimentar o luto e tolerar a própria morte para amar melhor (Mansano, 2006).

Passo a não me relacionar só com meu eu carregado de outros, no desejo de ser um com você! Experimento lampejos de liberdade, de espontaneidade- criatividade. Tenho que conviver com a diferença e, minimamente, aprender com o outro. Para encontrar, precisamos confrontar. No encontro existe o contra ou o desencontro (Moreno, 1974).

Eis o inevitável exercício do amor, formado nas entranhas do vivermorrer, naturalmente presente em qualquer rede de relações humanas. Porém, esse exercício não se resume ao "quando estiveres perto". É exatamente aqui que o amor exige avanços. E são avanços que pedem ofício, sacrifício, trabalho, esforço: o arrancar os olhos.

Este ato caminha da paixão ou do sofrimento de você tirar meus olhos e, assim, desnudo-me de mim mesma. Entro, de fato, na experiência da diferenciação eu-você. E lamento profundamente: "mas, não somos um? Você não curará minhas feridas?"; até a compaixão ou o sofrer com você a dor de tirar seus olhos. E você se angustia: ‘"mas, existo mesmo?"

A ação do arrancar implica aceitação da realidade dos limites, das necessidades e carências, impõe o adentrar-se para se dar, adentrar no outro para receber. A intimidade se instaura no humano da incompletude, da imperfeição, da fragilidade. As máscaras se desmancham. As fortalezas se encontram nas fraquezas. A coragem no assumir os medos e desejos.

É, portanto, no "arrancar os olhos" que os passos para a efetiva mudança ocorrem, onde a flexibilização das identidades tem lugar, os cerceamentos ideológicos desfazem-se e iniciam-se processos de distribuição de poder (Nery, 2010). A espontaneidade-criatividade se manifestará, pois lidaremos com a dor, com o vazio, com a falta (Merengué, 2001).

Quando arrancamos "verdades", "orgulhos", "domínios", "defesas", "idealizações", perdemos aquilo que ilusoriamente complementava nosso eu. Surge, neste sangue, o adubo para o terreno do perdão.

Essa profunda dor do eu se ameniza com o desapego e a confiança. O desapego ajudará você a aguentar minha violência ao arrancar-lhe os olhos, confiando que eles não ficarão perdidos. E eu me desapegarei para aguentar sua violência ao arrancar-me os olhos, confiando que eles terão um lugar.

Aqui fica nítido o alerta de Moreno (1972): todo o encontro seria simples, se não precisasse da complicação da reciprocidade de sentimentos, da mutualidade das escolhas. A começar da dificuldade de dar vazão ao autoesvaziamento, do desapegar-se até o entregar-se para a cocriação.

Mas, admitamos que conseguimos "arrancar mutuamente os olhos". E agora, o que ocorre? Nesse ínterim, ficamos cegos por alguns instantes. A cegueira nos leva aos desencontros, às contradições, aos paradoxos, às in tensidades e às complexidades. Ficamos tateando no ar, nas inseguranças e incertezas: até que ponto estou aqui e você aí? O ódio colore este estado de falta, de desejo em vão, de angústia por não se estar aprisionado em "crenças" e "vitórias".

E é o que Romeu deslumbra ao dizer:

"Temos muito o que fazer com o ódio em nossa cidade, e mais ainda o que fazer com o amor. Pois não é o que temos? Amor beligerante, ódio amoroso, tudo e qualquer coisa, nascidos do nada! Uma pesada leveza, uma grave vaidade, um caos deformado de formas aparentemente tão bonitas! Pluma de chumbo, fumaça brilhante, fogo gelado, saúde doentia!..." (Shakespeare, 2010, p. 22)

Esse momento de cegueira é o de caos. Nesse âmago do amor, estão presentes acontecimentos além do bem e do mal, do certo e do errado, em que se supera a moral e a metafísica vigentes, conforme apregoa Nietzsche (Carvalho, 2006).

É quando despertamos outros e mais sentidos. A intuição, o tato, o escutar, a sensibilidade são tomados por novas formas de intuir, contatar, escutar... E os sentidos de verdades são ressignificados, e as ações tomam outros rumos. Ressentimentos, frustrações, iras precisarão do esforço de sair de si e de deixar o outro entrar em nosso eu.

Se isso não gera pânico, gera, no mínimo, ansiedade. É a angústia da "relação imediata", que precisa ser mediada por defesas, conflitos, amor possessivo e competições. Não suportamos o amor autêntico ou a solidariedade, pois causam as tensões da compaixão, da intimidade, do suportar o diferente (Pagés, 1976).

É mais fácil voltar e se acomodar. Desistir desse ofício angustiante. De repente, retiramos "Gentileza" do cenário do Rio de Janeiro, afinal, dói sentir a amorosidade e insistimos na tormenta das ameaças e violências2.

Mas se conseguirmos persistir nessa cegueira, viveremos muitos confrontos, pois o esvaziamento exige mais descoberta, questionamentos, a experiência íntima do outro. Apagaremos as identidades, embora elas teimem em queimar a liberdade do nosso ser. Nessa seara, nos tornamos Romeu e Julieta tentando refazer estados conservados.

"Julieta: Meu único amor, nascido de meu único ódio! (...) Monstruoso para mim é o nascedouro desse amor, que me faz amar tão odiado inimigo." (Shakespeare, 2010, p. 47)

"Julieta: É só teu nome que é meu inimigo. Mas tu és tu mesmo, não um Montéquio. E o que é um Montéquio? Não é mão, nem pé, nem braço, nem rosto, nem qualquer outra parte de um homem. (...) O que significa um nome? Aquilo a que chamamos rosa, com qualquer outro nome teria o mesmo e doce perfume. (...) Romeu, livra-te de teu nome; em troca dele, que não é parte de ti, toma-me inteira para ti." "Romeu: (...) chama-me de teu amor, e serei assim rebatizado; nunca mais serei Romeu." (Shakespeare, 2010, pp. 52,53)

Nota-se que a dor, a desconstrução, a liberdade e a responsabilidade promovem os atos espontâneos e criativos. "A liberdade como busca de realização do desejo" (Merengué, 2001, p. 39).

Essa dimensão da cegueira é explorada na peça "Fragmentos do desejo", em que o personagem cego se apaixona pelo travesti3. Aqui a sexualidade que se conjuga ao afeto desfaz tabus e preconceitos e reorganiza as violências sofridas.

Ao sobreviver ao intervalo da cegueira na troca mútua dos olhos, nos deparamos com o "colocar os olhos do outro no lugar dos meus" e o "colocar meus olhos no lugar dos seus".

Que estranhamento! Eu não sou eu, sou você. E você sou eu. Eu me sinto você, e me vejo em você. E você se vê em mim, sendo eu... Loucura! É nesse instante que o amor enlouquece, transgride, desfaz crenças, refaz atitudes. A paixão é subversiva, pois recupera elementos ocultos na estruturação social, o polidimensional e a pluraridade de valores (Merengué, 2001). Vemos isso no romance Romeu e Julieta:

"Romeu: Então não te movas enquanto minha prece eu executo. Assim, desde meus lábios, através dos teus, meu pecado é absolvido. (beija-a) Julieta: Então meus lábios agora têm o pecado que tiraram de ti. Romeu: Pecado tirado de meus lábios? Ah! Violação com doçura instigada. Devolve a mim meu pecado. (...) Romeu: ... O que mais é o amor? A mais discreta das loucuras, fel que sufoca, doçura que preserva... (...) Coisa tão terna? O amor? Não; o amor é impiedoso, turbulento e fere o espinho. (...) Ah, doce Julieta, tua beleza fez de mim um efeminado e, apesar da dureza de minha têmpera, amoleceu o aço de meus valores." (Shakespeare, 2010, pp. 45, 23 e 84)

Viver a alma do outro e permitir que o outro viva a minha revela-nos que o amor só acontece na via de mão dupla de desfazimento e refazimento do eu-outro. Qualquer inversão de papéis, seja a que produz o encontro amoroso, o familiar, o social, no trabalho ou comunitário, produz revoluções na pessoa, na relação e nas interações grupais/sociais.

Revoluções que trazem tragicidade, o sofrimento da turbulência, do fel que sufoca. Resta refazer conservas culturais, dar-se conta da impossibilidade de realizar ideais, flexibilizar identidades radicais, desfazer jogos destrutivos de poder, enfrentar os medos em relação ao fazer diferente.

Consciências de si, do outro, da sociedade se ampliam. Novas ideologias libertam opressões e repressões. E é possível a integração: o macho permite em si o efeminado, o aço dos valores amolece. "Narciso, no desespero do fechamento (...) aponta Dionísio, o múltiplo, o movediço, o estrangeiro." (Merengué, 2001, p. 144)

Na experiência do "então te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus", sentimos o preenchimento do vazio, o alívio da falta. O esforço mútuo resulta em encontrarmos um lugar. Aconchegamos nossos olhos, tivemos o prazer de novamente enxergar e poder descansar. Estamos revigorados (tenho você em mim e você me tem em você). A sensação de ser alguém, de existir e de estar com alguém, produzir bem-estar coletivo: a mágica da cocriação.

Saímos da relação eu-isso, em que o outro é mero objeto, e conquistamos a relação eu-tu, em que eu e o outro somos sujeitos e fazemos a história (Buber, 1979). É quando renasce a esperança, por meio da conquista de um mundo um pouco melhor que antes. E surgem os reinícios do "olho a olho", as interrupções nesse processo, com novos retornos e avanços...

 

2 - O ofício do amor

Moreno (1983, p. 249) defendeu que o "princípio fundamental subjacente a todas as formas de psicoterapia é o encontro". Depois de muitas práticas terapêuticas sociais, principalmente por meio do Teatro Espontâneo e da Sociometria, o autor conseguiu dar "visibilidade" teórica ao encontro, ao isolar o fator tele (Moreno, 1972). Tele é o fator sociogenético, responsável pela criação e manutenção dos vínculos e grupos. É um conector de conteúdos conscientes e inconscientes, que faz os indivíduos criarem conjuntamente.

O fator tele viabiliza o encontro, pois gera a "dupla empatia" (Moreno, 1974, p. 72).

"Encontro é, pois, essencialmente diferente daquilo que os psicanalistas chamam de "transferência". É também diferente daquilo que os psicólogos chamam de "empatia". Move-se do eu para o tu e do tu para o eu. Ele é "sentir a dois", tele." (p. 79).

Tele afeta a capacidade empática das pessoas, desenvolvendo a ação que libera os sofrimentos na relação. Podemos deduzir que o amor emerge do fator tele, localizando-se "entre" as pessoas ou na intersubjetividade.

As trocas mentais, ocasionadas pelo fator tele, criam os estados coconsciente e coinconsciente, resultando em dinâmicas específicas no vínculo e no grupo (Moreno, 1984). Aqui nos deparamos com a extensão da responsabilidade do sujeito sobre sua vida, para a responsabilidade social, ou seja, todos os participantes de um vínculo ou de um grupo geram os adoecimentos, sofrimentos e bem-estar.

No vínculo ou no grupo, alguém expressa a dor ou o alívio da convivência, tentando desvendar os conteúdos dos dramas coletivos. Este é o protagonista, o que clama por todos (Moreno, 1974).

Moreno (1972), por meio de sua prática e seus estudos, desenvolveu estes e outros conceitos teóricos relacionados ao encontro, com o objetivo de dar legitimidade científica a uma psicoterapia para a humanidade. No processo da criação da psicoterapia de grupo, no início do século XX, ele realizou trabalhos inusitados com os excluídos, os marginais, os discriminados. Ajudou as prostitutas a lutarem por sua dignidade, criando sindicatos e buscando melhorias para sua saúde e o seu respeito social. Tentou levar para as crianças a beleza das brincadeiras que as faziam se posicionar como futuras cidadãs. Ao trabalhar as relações dos negros com os brancos, promoveu novos processos de identificações, revisões de ideologias dominantes, o compartilhar de sofrimentos, possibilitando a diminuição do racismo.

Nesses trabalhos, observou que o protagonista se doa; torna-se o veículo de amor, ao receber o amor de quem lhe permite ser o porta-voz. O terapeuta contribui para que ele sirva o grupo, com a gratuidade da expressão do profundo ser. Quando, no grupo, o outro também se permite nessa gratuidade, são possíveis o encontro e a tentativa de superação do bem e do mal.

Um trabalho relevante nesse sentido foi o realizado na penitenciária de Hudson (Moreno, 1972). Moreno tornou-a uma comunidade terapêutica, quando possibilitou confrontos que resultassem na busca do amor fraternal, escondido em tantas histórias de violência social e familiar das "adolescentes em conflito com a lei" da época.

Seu objetivo era acabar com o "olho por olho e dente por dente" que vigia as relações de inimizades com as discriminações raciais e exercícios destrutivos de poder vigentes na penitenciária. A socioterapia mostrou-se possível, lançando as bases para a distribuição de afetividade e de poder. Promoviam-se, em última instância, "exercícios de trocas de amor" nas relações, visando ao diálogo empático, ao respeito à liberdade das escolhas espontâneas, ao aprender com as diferenças. Moreno (1972, pp. 379-380) expõe:

"Outra descoberta sociométrica foi que a expressividade emocional dos indivíduos cresce com seu volume de familiaridade. (...) Quanto maiores as restrições ao entrosamento com membros do grupo majoritário, maior será a carga de frustração sobre expansividade emocional dos membros minoritários, aumentando a intensidade da tensão entre os dois grupos."

Em síntese, a sociometria e os métodos socioterapêuticos (dentre eles, psicodrama, sociodrama, jogos dramáticos, teatro espontâneo) desenvolveram- se cientificamente para promover o encontro (Moreno, 1984). É possível ter o ofício do processo do "arrancar os olhos e ver com o olhar do outro". Busca-se a comunicação autêntica, a ampliação da consciência de si, do outro e o refazimento dos mecanismos opressores sociais e relacionais.

Moreno (1992) propõe "a hipótese da proximidade-espacial", que postula que as pessoas mais próximas precisam de atenção e aceitação, seu primeiro amor. Quando cumprido esse quesito, a atenção deve ser dada aos mais distantes. Pressupõe a hipótese da "proximidade-temporal", ou seja, o aqui e agora demandam ajuda em primeiro lugar, em seguida a ajuda é dada ao que está anterior e posterior em tempo. Quanto a estas propostas, Moreno afirma:

"Aqui eu tinha alguns dos ingredientes do "sistema sociométrico" em mãos, a ideia de proximidade métrica, o amor ao próximo e a ideia do encontro, além da espontaneidade (e) e criatividade (c)." (Moreno, 1992, p. 28)

Os métodos terapêuticos de ação "treinariam" o que há de mais contido, mas está em nossos genes: a espontaneidade (Moreno, 1974). A nossa perdida espontaneidade manifesta-se e desdobra-se em criatividade, rompendo padrões-normas-condutas-valores que adoecem, traumatizam, oprimem, discriminam; e produz novos padrões que liberam o bem-estar coletivo.

Ao longo da vida, as ideologias e a cultura massificada fazem-nos viver o que o poeta reclama: "na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada"4.

Seguimos imutáveis, até que invadem nosso lar, tomam-nos a lucidez e arrancam-nos a voz. E nos damos conta de que "até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo!... Quem roubou nossa coragem?"5

Precisamos resgatar a coragem de sermos protagonistas. A responsabilidade de ser lançado ao mundo e de escolher já nos é dada (Sartre, 1987). Então, é fatal fazermos a história. Como a queremos? Estamos na luta por encontros? Ou estamos amarrados nos passos precedentes a ele, dominados por confrontos destrutivos? E, ainda, acomodados e docilizados por conservas culturais?

Na sessão sociátrica, é função do diretor abrir-se ao amor do protagonista. Essa abertura, em si, é manifestação de amor. Moreno (1983) afirma que a capacidade de amar é um dos requisitos para o papel do terapeuta, além da habilidade e do treinamento. Segundo o autor: "podemos distinguir na psicoterapia três tipos de desempenho profissional: habilidade sem amor, amor sem habilidade e habilidade com amor." (p. 54).

O amor terapêutico tem uma especificidade que conjuga aspectos do amor paternal/maternal, divino, humanitário, romântico. Esta amplitude amorosa norteia o processo psicoterápico, ao favorecer a aceitação do cliente como ele é e a ação de suas fantasias, no cenário dramático.

Moreno convida-nos a sermos um "exército de terapeutas" que visa acabar com o proletariado terapêutico, pois o proletariado econômico no mundo é uma minoria. O proletariado terapêutico ou sociométrico é formado por "pessoas que sofrem de uma outra forma de "miséria": seja psíquica, social, econômica, política, racial ou religiosa." (Moreno, 1974, p. 26).

Em maior ou menor grau, somos nós que sofremos, por não termos potenciais criativos atualizados, e somos excluídos pelo capitalismo selvagem e pela sociedade do espetáculo.

No trabalho socioterápico, o diretor e os demais integrantes do ato ou do processo apregoam a vida antes de todas as coisas. Ao encontrarmos a vida, na cotidiana consciência subjetiva, rejeitamos o ser-imagem-mercadoria e nos ligamos ao movimento de afinação dos desejos (Vaneigem, 2002).

Temos o potencial de sermos os revolucionários ou os anarquistas. Tomamos o discurso de Chaplin na pele do barbeiro judeu, travestido de Hynkel (parodiando Hitler), no filme "O grande ditador" (1940)6: "não sois máquinas, homens é o que sois!" E as lágrimas correm: "Há quanto tempo a vida não está sendo homenageada?"

A revolução do "valor supremo", do cosmo em devir, onde "somos responsáveis por todas as formas de ser e por todos os valores" é a postulada por Moreno (1974, p. 21). Trata-se de um ofício do amor, que poderíamos traduzir como construção da vida.

 

3 - Aprendizagem emocional e influências socio culturais nas relações amorosas

O amor é a base das redes sociométricas. Ele é o fio dos tecidos sociais que construímos. Está no olhar do pai que faz o bebê sorrir; na aproximação da mãe que faz o bebê se aconchegar e mamar; no toque dos amantes; na dedicação dos trabalhadores; nas lutas dos cidadãos em prol da sociedade.

Essas relações que cuidam e nos trazem a sensação do existir são registradas em nossos corações e aprendidas como sustentos emocionais (Nery, 2003; Cukier, 1998). Estes alimentos afetivos aliviam a falta, a dor, a ausência, a separação e a agressão.

Em nossos consultórios de psicoterapia, observamos esse aprendizado e as influências socioculturais em torno das relações amorosas. São frequentes as queixas de solidão, desconfianças, inseguranças, ciúmes, medo de perdas, sofrimentos com rejeições e traições. É o que nos apresenta Merengué (2001):

"A relação amorosa é uma das cenas favoritas para a explicitação de conflitos nodais: aí a possibilidade de atualização dos nossos grandes dramas pessoais e, por que não, sociais." (p. 162)

O processo psicoterápico explicita intercâmbio do coletivo/subjetivo, de culturas, de histórias de vidas, faltas, fantasias e desejos, que impõem as formas de amar e ser amado de cada um. E a intersubjetividade presente na psicoterapia impõe a necessidade de o próprio terapeuta conhecer e trabalhar sua forma de amar (em todos os sentidos).

Mitos, crenças, pactos infantis, experiências, ideologias e modelos familiares/sociais nos ensinam, por exemplo, que é preciso "encontrar a alma gêmea"; "meu marido é tudo para mim"; "o menininho tem que namorar a menininha"; "homem tem que mandar e mulher obedecer"; "só serei feliz se encontrar alguém".

E ainda aprendemos, principalmente no convívio familiar, lógicas afetivas de condutas, ou seja, "crenças" que nos fazem conduzir em direção à conquista de alimentos afetivos ou ao revide, quando não os recebemos (Nery, 2003). Alguns exemplos dessas lógicas são: "não serei amado se mostrar minhas fraquezas"; "se for autêntica, serei desprezada"; "se mostrar carinho, pensará que sou fácil e me abandonará"; ‘tenho que cuidar para ser admirada"; "só batendo para ver que mando aqui"; "o que não tive na infância tenho que dar para os filhos"; "não recebi toque afetivo, como tenho isso para dar?".

Esses aprendizados emocionais conservam condutas e geram características de papéis, como por exemplo: tímido, temeroso, isolado, violento, e que bloqueiam a criatividade e a possibilidade do encontro nas relações amorosas. Ao longo da psicoterapia, vemos claramente o quanto o amor não tolera a estreiteza da cultura, da identidade imposta, de condutas conservadas que bloqueiam a espontaneidade-criatividade. E o quanto a espontaneidade- criadora não suporta o aperto de úteros e nos lança no mundo aberto e em constante mudança (Moreno, 1984). Simplesmente integra e traz a experiência da dialética entre o dado e do vir a ser.

O amor torna os protagonistas seres viajantes, como no filme "O céu que nos protege" (Bertolucci, 1990)7. Eles empreendem "viagens" na tentativa de enfrentar os medos de serem eles mesmos e de conseguir uma comunicação "impossível". O amor infiltra-se no tédio, no mesmo, e busca romper o conforto e a comodidade. Penetra o sufoco daquilo que limita, daquilo que não dá para acompanhar em ritmos iguais e tenta ampliar os horizontes.

Deparamo-nos com o amor que provoca uma permissão inocente da intimidade. Nosso protagonista torna-se Raskolnikov, que, depois de tanto castigo interior e de lutas por álibes para seus crimes, diz para Sônia: "Um momento bom é o que vivo com você" (Dostoiévski, 2005, p. 322). Não tem como não viver com ele esse momento bom. Simplesmente ele a olhou além do ver a prostituta, simplesmente ela o olhou além do ver o assassino. O amor traz o sopro aliviante da liberdade.

Assistimos ao amor (des)-(re)-construindo o ódio capaz de nos tornar assassinos. Por serem estados emocionais que se confluem e fluem, levam-nos para a experiência de Dimitri Karamazov (Dostoievski, 2003). Por um instante não matou seu "abominável" pai, porque não encontrou a amada Grúchenhka em sua casa. Ele correu a procurá-la, pois queria estar nos seus braços e lhe proporcionar a alegria de uma juventude que lhe fora roubada.

Bustos (1990), ao estudar psicodrama de casais, apresenta-nos como a mitologia também retrata as múltiplas experiências do amor. Afirma que, em seu lado masculino, Eros (Amor) não demonstra sua vulnerabilidade, pois teme ser rejeitado. Se for descoberto, pode ser visto o menino e fugirá envergonhado. Em seu aspecto feminino, Psique (Alma) é vulnerável e bela. Como outros mitos (Eva e Lillith), Psique é curiosa e tenta quebrar regras impostas (geralmente pelos mitos masculinos). Por isso, enfrenta infernos e sonos como castigos até ser despertada pela flecha de Eros.

Apesar de nos apresentar a complexidade amorosa dos mitos, Bustos (1990) simplifica o estabelecimento do vínculo de casal, apontando três componentes que precisam se articular para que se possa estabelecê-lo: sexualidade, afeto (ternura, carinho – requisitos da amizade) e projeto comum (planos econômicos, ideológicos, socioculturais). Segundo o autor, na falta de um destes requisitos, o amor se perde de vista.

Nietzsche, no século XIX, apregoa a importância da amizade para a relação conjugal, e pressupõe a conversação como base do casamento (Carvalho, 2006).

No cotidiano, os três requisitos postulados por Bustos desdobram-se em dezenas de outros. Os estados coconsciente e coinconsciente reconstroem dinamicamente sentimentos, a amizade e exercícios de poder e projetos (Echenique, 1992; Ricotta, 2002). No campo sociométrico das relações amorosas, buscamos várias complementaridades de papéis latentes (ou funções de papéis).

Exigimos que o parceiro complemente-nos, por exemplo, no papel de aventureira, de amante, de confidente, de dona de casa, de mãe e tantos outros. Para Moreno (1984), a busca da plena complementaridade de funções de papéis dentro do vínculo causa muitos sofrimentos.

Nietzsche argumenta que o aumento das expectativas mútuas dos casais faz com que, por exemplo, seja demais exigir da esposa que ela seja a concubina. Ele admite exceção à regra da relação exclusiva (traições), pois diferentes qualidades podem e devem ser buscadas em diferentes parceiros. Afirma que a não-coabitação evita exclusividades e as profundas intimidades que sufocam ao se tentar ter o parceiro ideal (Carvalho, 2006).

Na luta por alimentos emocionais, por sensações de existência e por convívios mais igualitários, a cada período, as influências culturais também renovam as idealizações do amor romântico e as instituições dos casamentos e famílias (Zampieri, 2004; Vitale, 2004).

Em nossos dias, a globalização e a tecnologia da informação fazem-nos virtualmente encontrar tantos amores e criar redes, dando vida a vários personagens que habitam em nós. Porém, o etéreo, o imagético retorna para nosso corpo, trazendo a sensação de incompletude, e conecta-nos ainda mais ao vazio existencial. A ausência de si mesmo promove a profunda solidão (Bonder, 1998).

O "amor líquido" predomina, pois o que importa é a rapidez da relação, a fugacidade sob domínio do sexo e do prazer (Bauman, 2004). Há a "substituição do ideal de amor romântico por uma variação que chamamos de ´ideal de amor sexuado`" (Carvalho, 2006, p. 147), em que ocorrem, por exemplo, a iniciação sexual precoce, a incitação do sexo nos idosos e de novas experiências para os casais, a preocupação com perfomances sexuais, o aumento de mães (adolescentes) solteiras. Há o aceleramento de separações a partir da vivência da traição temida/desejada, da fuga ao enfrentamento dos conflitos, do evitar a compaixão.

Sociometricamente, o escolhido é o que mais me dá benefícios, recursos, bens, felicidade. Ele é facilmente descartado, não existe entrega ou confiança. É o caso de "ficar", ou seja, de usufruir, banalizar, agredir e culpar o outro, que causa os fracassos amorosos. Enquanto Nietzsche, no século XIX, pedia por menos intimidade, atualmente, quando ela e a diferença minimamente se aproximam, o medo ou a vontade de ter tudo as afastam. Não atendemos à proposta de Moreno de cuidar dos mais próximos.

Em termos de gênero, observamos com frequência, no consultório, a jovem mulher que luta por se adequar à objetividade e à praticidade dos homens. O jovem homem em fuga de mulheres competentes no mercado, porém ainda desejosas de relações intensas.

Até o início do século XX, a família era uma "instituição sólida" carregada de opressões e repressões (Gaiarsa, 1986). Atualmente há um desamparo, pois nela predominam os componentes instáveis do nosso psiquismo - afeto e sexo (Carvalho, 2006) e ela delega suas atribuições para instituições fragilizadas, como a escola.

Ao observar sofrimentos conjugais e familiares, Moreno (1984) lança as bases da psicoterapia de casais e de família, e trata, inclusive, um triângulo amoroso. E afirma, logo no início do século XX:

"Não foi possível manter o casamento de Frank e Anna, mas uma boa separação é mais sadia do que um mau casamento. Não nos foi, também, possível substituir um mau casamento por um melhor, entre Frank e Ellen. A solução foi, na melhor das hipóteses, uma espécie de "divórcio catártico", uma terapia através da separação." (p. 215)

Em síntese, ele tentava ampliar a comunicação interpessoal, a empatia mútua (tele) e resgatar espontaneidade-criatividade das pessoas envolvidas.

Na prática sociátrica e no cotidiano, ainda nos deparamos com as perdas tão doídas do amor (carregado do espírito da contemporaneidade). São experiências que nos aconselham: "a arte de perder não tarda aprender, tantas coisas parecem feitas com o molde da perda que o perdê-las não traz desastre..."8. Amores, amigos, parentes, conhecidos, ídolos se vão. Tentamos segurar o amado na mente e "carregar seu coração no nosso coração..."9.

Precisamos devolver o Neruda e arrumar o quarto do filho que morreu10. Desespero e indignação. Até que a prolongada lição do encontro comece a ter efeito. Então, o amor torna-se a base do processo de desapego e do perdão. O encontro nos pede para deixar o outro livre e para viver nossa liberdade. Eis o amor em sua plenitude, dizendo-nos: aprender a perder é aprender a ganhar, é viver sim e não, céus e infernos, vida e morte.

No encontro de dois, entre grupos, nos fios amorosos que nos fazem tecer as redes sociais, temos os limites de se analisar o amor. Afinal, "somos feitos de silêncio e som. Tem certas coisas que eu não sei dizer..." 11

E, assim, psicodrama e amor também são partes interdependentes do projeto moreniano de psicologia do encontro e de psicoterapia para a humanidade.

 

 

Referencias

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Endereço para correspondência
SRTVS, 701 Centro Empresarial Brasília Bloco B, sala 210
CEP 70340-907, Brasília - DF
e-mail: mpnery@hotmail.com

 

 

Notas

1- Referência ao Poema de Vinícius de Morais "Soneto de Fidelidade": Acesso ao site http://pensador.uol.com.br/soneto_do_amor_eterno/ em 02 de dezembro de 2010.
2
- Profeta Gentileza. Acesso ao site http://pt.wikipedia.org/wiki/Profeta_Gentileza no dia 18 de setembro de 2010. No Rio de Janeiro, José Datrino, o Gentileza (1917-1996), peregrinava nas ruas tentando apoiar as pessoas sofridas. Pichava os viadutos com as palavras amor e alegria. Porém, muitas das suas ações eram contidas por policiais.
3 - Fragmentos do desejo (2009), direção: André Curti e Artur Ribeiro. Acesso ao site http://www.dosadeux.com/ em 20 de novembro de 2010.
4 - Referente ao poema de Costa, E. A. "No caminho com Maiakóvski". Acesso em 15 de outubro de 2010 no site: http://www.culturabrasil.pro. br/caminhocomaiakovski.htm
5
- Referência à música de Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá - "Quando o sol bater na janela do teu quarto". Acesso em 26 de outubro de 2010 no site: http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22494/
6
- Referência ao filme O grande ditador, direção de Charles Chaplin (1940). Acesso ao site http://www.webcine.com.br/filmessc/greatdic.htmno dia 02 de novembro de 2010.
7 - Referências ao filme "O céu que nos protege", de Bernardo Bertolucci (1990). Acesso ao site http://www.espacoacademico.com. br/037/37esousa.htm no dia 14 de novembro de 2010.
8
- Referência ao poema de Elizabeth Bishop: "Uma arte". Acesso em 20 de setembro de 2010 no site: http://zezepina.utopia.com.br/poesia/ poesia145.html
9
- Referência ao poema de EE Cummings: "Carrego seu coração comigo". Acesso em 23 de outubro de 2010 no site http://recantodasletras. uol.com.br/contos/186878
10
-Referências às músicas de Chico Buarque: ‘Trocando em miúdos" e "Pedaço de mim". Acesso em 23 de novembro de 2010 no site: http:// letras.terra.com.br/chico-buarque/86030/
11
- Referência à música de Lulu Santos e Nelson Motta: "Certas Coisas". Acesso em 02 de dezembro de 2010 no site: http://letras.terra.com. br/lulu-santos/35063/
* Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília; psicodramatista; autora dos livros "Vínculo e afetividade" e "Grupos e intervenção em conflitos"