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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.20 no.1 São Paulo jun. 2012

 

Seção Livre

Free section

 

Um diálogo sobre a construção da capacidade simbólica do ser humano a partir das teorias de Moreno e Winnicott

 

A dialogue about the development of the human being's symbolicthinking based on the theories of Moreno and Winnicott

 

Ana da Fonseca MartinsI; Iza Rodrigues da LuzII

I Psicóloga e psicodramatista

II Professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais - FAE/ UFMG e
do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Infância e Educação Infantil (NEPEI).

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo promover um diálogo entreas teorias de Jacob Levy Moreno e Donald Woods Winnicott objetivandocompreender a relevância dos primeiros anos de vida no processo dedesenvolvimento humano.

Palavras-chave: Psicodrama, Desenvolvimento Infantil, Psicanálise.


ABSTRACT

The present work aimed to promote a dialogue between the theoriesof Jacob LevyMoreno and Donald Woods Winnicott in order to understandthe relevance of early life in the process of human development.

Keywords: Psychodrama, Child Development, Psychoanalysis.


 

 

INTRODUÇÃO

O estudo proposto foi realizado a partir da pesquisa do tipoempírica documental, com pesquisa bibliográfica de textos sobre ateoria do desenvolvimento humano de Jacob Levy Moreno e DonaldWoods Winnicott. O objetivo desta pesquisa foi o de promover umaprofundamento sobre a teoria de desenvolvimento de cada autor eposterior análise de seus conceitos semelhantes e discordantes. Paratanto, foi realizada uma análise de conteúdo (BARDIN, 1979) de textosde Moreno e Winnicott que tratassem dos primórdios do processo dedesenvolvimento, agregando-os nas seguintes categorias: relação mãee filho, relevância do corpo no desenvolvimento infantil, conceito deespontaneidade e importância da primeira infância para a constituição dapersonalidade. Em seguida, foi elaborada uma tabela para demonstraçãodos dados divergentes e convergentes entre as duas teorias.

Na conclusão, destacamos o fato de as teorias apresentadas sinalizarem anecessidade de fomentar trabalhos que possam sensibilizar pais, cuidadorese professores sobre a importância dos primeiros vínculos estabelecidosentre eles e as crianças para o desenvolvimento saudável destas.

 

MATRIZ DE IDENTIDADE: MORENO E ODESENVOLVIMENTO HUMANO

Matriz de Identidade é a teoria criada por Jacob Levy Moreno sobre odesenvolvimento humano e refere-se ao ambiente social em que a criançase insere ao nascer e onde desenvolve suas potencialidades psicológicas,sociais e relacionais. Na tentativa de conceber os conceitos dessa teoria,Moreno priorizou a análise das relações sociais que envolvem o indivíduoao nascer. Nas palavras do autor, a Matriz de Identidade é "a placenta socialda criança, o lócus em que ela mergulha suas raízes. Proporciona ao bebêhumano segurança, orientação e guia." (MORENO, 1975, p. 114)

A Matriz de Identidade divide-se em dois universos, dos quaiso primeiro universo subdivide-se em dois tempos e o segundo, emtrês tempos. Cada um desses tempos possui características próprias,mas respeita o mesmo movimento gradativo de desenvolvimento dascapacidades relacionais.

Cada ser humano possui uma matriz de identidade única, e apreparação para o surgimento dessa matriz inicia-se durante a gestação,através das condições históricas, territoriais e culturais em que o átomo social1 que assumirá o cuidado dessa criança está inserido. Moreno dáo nome de Locus Nascendi a essa configuração anterior ao nascimento. Associado a essa configuração está o movimento, ou Status Nascendi,que conduz ao surgimento da matriz de identidade e apresenta-se nodesenvolvimento do bebê rumo a uma vida mais madura e complexa.Moreno considera o Locus Nascendi, o Status Nascendi e a Matriz deIdentidade, três ângulos de um mesmo fenômeno.

 

A RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHO

Durante o primeiro tempo do primeiro universo, isto é, a fase quese segue ao nascimento, a criança, que durante a gestação mantinha umvínculo orgânico com a mãe, apresenta-se separada fisicamente desta.No entanto, não há consciência de separação e a criança permanececom o sentimento de indiferenciação entre ela, a mãe e o mundo.(MORENO, 1975).

É através de cuidados como a alimentação que o bebê inicia suaexperiência no mundo dos vínculos. Durante a amamentação, a mãeassocia aos aquecedores físicos da criança seus aquecedores mentais,interpretações dos movimentos da criança, ou seja, ao movimentar oslábios a criança aquece-se fisicamente e a mãe, ao entender que a criançaestá com fome, aquece-se mentalmente para a ação de amamentar. Ao oferecer o alimento, a mãe oferece junto o papel de ser cuidado. Duranteo período inicial de vida do bebê, há uma adoção infantil de papéis quetem a função de gerar gradualmente uma expectativa com relação às açõesdesempenhadas pelos parceiros envolvidos na relação. Estes primeirospapéis infantis são denominados psicossomáticos, pois têm ligação diretacom zonas de aquecimento corporais.

À proporção que a criança avança na maturação cerebral e do sistemanervoso central, bem como, dispõe da estimulação social necessária,sua capacidade de diferenciação se desenvolve gradativamente. E elacaminha rumo ao segundo tempo do primeiro universo. Nesta fase háum significativo desenvolvimento na diferenciação entre ela e o mundo.A criança desenvolve um proto-eu, e circula pelo átomo social com uma frágil distinção entre ela e os outros membros da família. Reconhecepessoas familiares e interage com sorrisos e movimentos corporais. A mãe, no entanto, continua sendo sua principal referência de ligaçãocom o mundo, e a criança nesta fase desenvolve um fascínio pela mãe,mantendo-se atenta a seus gestos e movimentos. Moreno reconheceno fascínio da criança a descoberta da existência do outro, um sinalque denuncia o início da noção de diferenciação. Simultaneamente, apercepção da dimensão espacial, através da gradual aquisição do sentidode próximo e distante, associa-se o desenvolvimento de preferênciaspor certas pessoas e objetos com relação a outros. Esse é o início dodesenvolvimento da Tele2 e sinaliza a evolução da criança no mundo dasrelações sociais, pois, aponta para o surgimento da distância, ou limite,necessária para a construção da intersubjetividade.

Ao entrar no primeiro tempo do segundo universo, ou período doreconhecimento do Eu, a criança "centra-se em si mesma e desenvolvesuas relações de forma egocêntrica" (FONSECA ,1980, p. 88). A ligaçãosimbiótica que a criança mantém com a mãe vai se ramificando paraoutros membros de sua convivência seguindo a mesma lógica de poucadiferenciação entre a criança e o mundo.

Seguindo seu trajeto na Matriz de Identidade, a criança entra nosegundo tempo do segundo universo. Nesse período a criança se diluina observação de pessoas e objetos. Como os limites do eu ainda nãoestão bem definidos, a criança se perde de si mesma enquanto conheceo mundo que se apresenta para ela.

Para Fonseca (1980) essa fase de reconhecimento do outro estápresente simultaneamente à fase do reconhecimento do eu. Nesta fasea criança desenvolve relacionamentos em corredor, ou seja, as relaçõesnão são apenas com a mãe, mas seguem o mesmo padrão exclusivistaonde o "Tu é meu e de mais ninguém". (FONSECA, 1980, p. 90)

A aquisição mais importante dessa fase é a Brecha entre a Fantasia e a Realidade. É a partir da distinção entre fantasia e realidade que a criançaefetivamente rompe com o primeiro universo da Matriz de Identidadee adquire a capacidade de entender as diferentes relações sociais, suaspossibilidades e seus limites. A habilidade de diferenciar entre processosfantasiosos e reais origina-se das frustrações experimentadas pela criançanas relações estabelecidas em seu átomo social. Nesta fase é fundamentalque os cuidadores da criança, especialmente os pais, apresentem as regrassociais, que desencadeiam sentimentos de frustração na criança. À medida que a criança vai despertando para os movimentos de resistência dos paisà sua ação sem limite, ela começa a distinguir o espaço onde seu podertem limite, a realidade, e o espaço onde seu poder é ilimitado, a fantasia(MORENO, 1975).

Com a diferenciação dos processos em reais e imaginários, os papéisque antes eram ligados a funções corporais, agora se diferenciam tambémem papéis sociais, associados a realidade e interação social, e papéispsicodramáticos, associados à dimensão da fantasia e do imaginário.Enquanto os papéis sociais são marcados pela dinâmica social presente,os papéis psicodramáticos são marcados pela singularidade da fantasia decada pessoa. A possibilidade de manter essas duas dimensões de papéisinterligadas é através de ações espontâneas, em que a singularidade dapessoa e o ambiente social se encontram em uma ação comum.

A criança adquire, a partir dessa brecha, a capacidade de desapegar-sede si mesma e brincar com outros papéis, retornando ao seu lugar socialao fim da brincadeira. Essa é uma capacidade que ela exercitará durantea próxima fase da Matriz de Identidade.

No terceiro tempo do segundo universo, a criança segue seudesenvolvimento rumo à aquisição da capacidade de Inversão de Papéis e a possibilidade de uma relação de reciprocidade e mutualidade.

Nessa fase as brincadeiras de imitação tornam-se mais frequentes,servindo como experiências de pré-inversão de papéis, em que acriança treina a inversão em um ambiente seguro (FONSECA, 1980). Os exercícios dessas brincadeiras, associado ao estímulo dos pais, éfundamental para que a criança desenvolva a capacidade de se colocarno lugar do outro e viver uma relação de reciprocidade e conviverharmoniosamente em suas redes sociométricas3.

Durante esta etapa da Matriz de Identidade, a criança tem aoportunidade de vivenciar vínculos de hierarquia horizontal, ou seja, ela experimenta papéis de qualidade fraterna, com irmãos ou amigos. Com isso, a criança torna-se mais independente da relação com a mãe,aventurando-se agora em outros átomos sociais, como a escola.

 

A RELEVÂNCIA DO CORPO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Durante o nascimento, mãe e filho já utilizam dispositivos corporaispara propiciar o nascimento e permitir uma nova qualidade de relaçãona qual o corpo de ambos será o palco de encontro. Segundo Fonseca(1980), a criança, ao entrar na Matriz de Identidade, é regida pelosmecanismos interoceptivos, ou seja, chora quando sente fome, frio oudor. Por não possuir um mundo interno ao nascer, o bebê experimenta omundo a partir de zonas corporais fragmentadas. Essas zonas são açõesmomentâneas ligadas a uma função vital, que articulam partes do corpodo bebê, da mãe e do espaço entre eles, ou seja, algumas partes do corpomais operacionais enchem-se de energia viabilizando a ação das zonasde aquecimento. Essas zonas possibilitam à criança a sensação de existir,pois, todo o foco da criança dirige-se a uma ação, como mamar, defecar ouurinar. "O significado de cada zona consiste em ser formada no interessede uma ação indispensável da criança e, portanto, estimula a criança aconcentrar-se na ação dessa função." (MORENO, 1975, p. 107).

Para que as zonas possam ser ativadas, a mãe associa aosaquecedores físicos da criança seus aquecedores mentais, isto é, eladesenvolve interpretações sobre os movimentos da criança. Sem essajunção, a criança não desenvolve seu contato com o mundo. Portanto,é fundamental a sintonia entre o pensamento e o toque maternos e asnecessidades da criança.

A criança nesta fase não articula a lógica do tempo linear, para ela nãoexiste nem passado, nem futuro, existe apenas o momento presente. Paratransformar esse momento presente em uma experiência de contato com omeio ambiente, o bebê recorre aos arranques físicos, ou seja, movimentabraços, pernas, lábios e cabeça, gerando o que Moreno chamou de Fome de Atos. Essa movimentação constante, no entanto, apenas se torna umaexperiência de contato se um ego auxiliar somar aos aquecedores físicosda criança seus aquecedores mentais e oferecer um papel psicossomáticoao bebê. Nestas experiências ainda não há um espectador interno queinterpreta as situações vividas e permite que estas sejam recordadas. Nestafase a criança é absorvida pelo ato e vive apenas no momento presente.A criança é o acontecimento.

Na fase que se segue, chamada de período da identidade totaldiferenciada, a criança, que anteriormente era uma recém-chegada nomundo das relações sociais e dependia inteiramente dos egos auxiliarespara interagir com o meio ambiente, agora possui esquemas corporaismais articulados, o que lhe oferece uma rudimentar experiência deintegração corporal. Esse fato, também, demonstra que o foco da criançanão necessita com tanta frequência de arranques físicos para direcionarse.Com isso, há um decréscimo da Fome de Atos, pois, a experiênciade existir não se mantém apenas durante a ação. Isso demonstra umdesenvolvimento da vida subjetiva da criança.

Ao entrar no primeiro período do segundo universo, as vivências deintegração dos esquemas corporais iniciados na fase anterior culminamcom o reconhecimento, da criança, de sua imagem no espelho. Esseprocesso gradativo de reconhecimento de si mesmo começa com aexperiência corporal e caminha para o reconhecimento subjetivo do eu.No início, a criança refere-se a si mesma como se fosse outra pessoa,fazendo uso da terceira pessoa do singular e de palavras como "o bebê",ou "o neném". Mais adiante, passa a utilizar e entender a palavra "eu".Descobrir o significado da palavra "eu" demonstra a constituição de ummundo subjetivo. A criança segue em direção ao que Naffa Neto (1980)chama de corpo pessoal, em que a criança percebe-se como um corpointegrado, mas desconhece sua identidade social.

 

O CONCEITO DE ESPONTANEIDADE

Um dos principais conceitos na teoria moreniana, a espontaneidade,é um fator em que se articula hereditariedade e ambiente social,desenvolvendo-se no indivíduo através das relações que este estabeleceao longo da vida. É por meio da ação espontânea que o ser humanopode se relacionar com o mundo que o circunda de forma singular.(MORENO, 1975).

O nascimento é considerado por Moreno como o primeiro atoespontâneo do ser humano. Durante todo o período de gestação, mãe efilho se preparam para o momento do nascimento. Pouco antes do parto,mãe e bebê iniciam uma série de movimentos que culminarão na expulsãodo bebê do ventre materno, esses movimentos, chamados aquecimentospreparatórios, são fundamentais para a ocorrência do ato espontâneo denascer. Moreno reconhece a construção física e subjetiva da díade mãebebêem direção ao encontro do nascimento e a combinação da ação deambos para um mesmo objetivo

A espontaneidade não deriva de outros estímulos, ela é pura, econdição essencial para o pleno desenvolvimento da capacidade humanade criar. A aquisição da capacidade de se relacionar singularmentecom o ambiente social inicia-se no ato do nascimento e desenvolve-sepositiva ou negativamente, de acordo com as relações vividas dentrodo átomo social.

 

IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA INFÂNCIA PARA A CONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE

O caminho que uma criança constrói ao percorrer a Matriz deIdentidade organizará os modos de ser e agir do adulto que virá a se tornar.Os vínculos formados durante as primeiras fases do desenvolvimentosão internalizados durante a construção da subjetividade da criança.Sendo assim, as futuras relações estabelecidas com o meio social estarãomarcadas pelas características singulares destes vínculos.

Para Fonseca (1980), dentro de cada ação, pensamento ouposicionamento assumido por um ser humano está inscrita sua Matrizde Identidade, ou seja, existe um registro das relações mais primitivasda infância que permeia a forma singular com que cada ser humanose relaciona com a realidade. Esses registros abrangem as situaçõescaptadas, tanto consciente quanto inconscientemente. E não se restringemao nível psicológico, mas se estendem aos níveis biológicos e sociais. Para Moreno, o ser humano é um ser em relação, tanto em seu desenvolvimentobiológico, em que a articulação dos sistemas é fundamental para o bomfuncionamento do corpo, quanto em seu desenvolvimento social, noqual o convívio com os semelhantes e o ambiente é fundamental paraa constituição da subjetividade. Portanto, para localizar os registrosadquiridos na Matriz de Identidade, é necessário olhar o ser humano deforma integral. Não só no cérebro, no corpo ou nas relações sociais, masno todo integrado da pessoa.

A teoria de desenvolvimento humano de Moreno considera a Matriz deIdentidade a origem à qual o ser humano se reporta durante toda sua vidafutura. A construção da subjetividade continua, após os anos da primeirainfância, no entanto, não se constrói para qualquer direção, mas respeitauma história de vida iniciada no primeiro átomo social.

Moreno (1975) reconhece, também, que todo ser humano é umcocriador, ou seja, é capaz responder com novidade a uma situaçãoantiga através da ação espontânea. Essa percepção de liberdade que o conceito de espontaneidade oferece se concretiza na possibilidade denovas reações diante de repetidos acontecimentos.

 

WINNICOTT E O DESENVOLVIMENTOEMOCIONAL DO INDIVÍDUO

O desenvolvimento emocional do ser humano, na teoria de Winnicott,possui dois princípios fundamentais. O primeiro determina que todo serhumano possui uma capacidade de integração inata que o impulsionapor toda a vida, rumo à construção de uma existência singular. O segundo, que essa capacidade integrativa hereditária não se desenvolveindependentemente de um meio ambiente favorável, é imprescindívelque o ambiente social proveja suas necessidades físicas e afetivas, atravésda relação entre mãe e filho, ou do cuidador que desempenhe a funçãode maternagem.

Para Winnicott, o bebê recém-nascido vive em um mundo nãointegrado e só se tornará um indivíduo integrado se tiver a oportunidadede viver uma relação com uma pessoa que o olhe como um ser inteiro erespeite suas necessidades.

O processo de amadurecimento da teoria de Winnicott aconteceem estágios. Estágio de dependência absoluta; estágio de desilusão einícios dos processos mentais; estágio de transicionalidade e de uso doobjeto; e, finalmente, estágio do "eu sou", em que a criança ruma paraa independência. Durante a idade adulta o ser humano alcança o estágiode independência relativa, no qual se mantém regularmente ao longo davida. (DIAS, 2003).

 

A RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHO

Ao nascer, o bebê vive em uma realidade em que não existedelimitação do que seja o seu corpo e o que seja o restante do mundo. Apresença da mãe, nesse tempo, é fundamental em decorrência do papelde ego substituto que desempenha junto ao bebê, possibilitando a este asprimeiras experiências de contato com a realidade externa. Essa posiçãode ego substituto só é possível se a mãe desenvolver a preocupaçãomaterna primária, que consiste em uma identificação profunda com obebê que a habilita a responder adequadamente às necessidades deste.Segundo Winnicott, "é isso que confere à mãe uma capacidade especialde fazer a coisa certa. Ela sabe como o bebê pode estar se sentindo.Ninguém mais sabe." (WINNICOTT, 1988, p. 21). É em virtude dessa primeira relação que o bebê pode vir a se tornar uma pessoa íntegra e senão é oferecido à criança um cuidador que ocupe esse papel primário,a constituição da criança em um ser com capacidade de interagir com omundo à sua volta será muito dificultada.

Para Winnicott (2005), um ambiente favorável se apresenta na formade uma mãe suficientemente boa, ou seja, uma mãe capaz de atenderàs necessidades da criança, respeitando seu ritmo e possibilitando,posteriormente, que essa criança se frustre. É a mãe devotada comumque desenvolveu, durante a gestação, a representação dessa criança comouma pessoa singular e pode, por isso, olhá-la como um ser integrado.Se a maternagem não for suficientemente boa, e a criança sofrer cominvasões do ambiente e da própria mãe, a criança desenvolverá marcasque podem comprometer seu amadurecimento emocional.

Segundo Winnicott, a mãe proporciona à criança a sensação desegurança e amparo necessários ao seu desenvolvimento, através docontato corporal que estabelece com ela. Ao segurar seu bebê no colo,a mãe possibilita sensações de proteção física, estimula-o pelo toque dapele e proporciona uma sensação de rotina para ele. Todo esse cuidadooferecido ao bebê é chamado de holding e configura uma das principaisfunções da maternagem. Através dessa manipulação, há a estimulaçãodo tônus muscular que propicia à criança desenvolver o sentimento derealidade.

A apresentação do objeto é outra das funções essenciais da maternageme consiste na apresentação adequada do cuidado quando o bebê necessita.Utilizando o exemplo da amamentação, é a apresentação do seio nomomento em que a criança movimenta-se em busca dele, provocandoassim a ilusão de que o seio é criado por ele.

Quando a mãe percebe que seu bebê já desenvolve rudimentarmentetarefas como a integração no tempo e espaço, o alojamento da psique nocorpo e o contato com a realidade, começa um período de desadaptaçãoprogressiva às necessidades do bebê, ou seja, começam a ocorrerpequenas falhas no cuidado com a criança. Esse movimento é o inicio dorompimento da díade mãe-bebê. A perfeita sintonia dos primeiros mesescomeça a se desarticular. Esse processo coincide com a necessidadeda criança de seguir sua trajetória de desenvolvimento em direção àindependência da mãe.

Este não é um processo sem tensões, a separação da relaçãoestabelecida entre mãe e filho durante os primeiros meses de vida necessita da agressividade materna para se efetivar. A mãe tambémlida durante essa separação com o ódio da criança, provocado peladesadaptação.

Nesta fase de desadaptação, a mãe começa a retirar-se da tarefa de sero ego da criança. No entanto, a criança ainda não dispõe das habilidadesnecessárias para se relacionar com o mundo diretamente. A criança, então,entra no período dos fenômenos transicionais.

A criança, nesta fase, adota um objeto predileto, que pode ser umcobertor, um ursinho, uma boneca, entre outros. O importante é a relaçãoque a criança desenvolve com esse objeto. A mãe auxilia na escolha desseobjeto transicional, ao utilizá-lo para tranquilizar a criança durante osmomentos de ausência materna. Esse efeito tranquilizador, no entanto, sóse sustenta se a mãe não se ausentar por período além do suportável pelacriança. Do contrário, o objeto perde sua função e o desenvolvimento dacriança ficará marcado por essa ausência. (DIAS, 2003).

Os fenômenos transicionais instauram uma fase em que a criançaconstrói um espaço entre ela e o mundo, esse limite ainda é muito frágil eo objeto predileto representa um espaço que faz parte da criança, da mãe edo mundo. Se essa fase for bem-sucedida, a criança poderá desenvolver acapacidade de simbolização e relação com a realidade compartilhada.

Na fase que se segue, chamada de uso do objeto, a criança que recebeuo cuidado necessário para seu desenvolvimento em cada uma das fasesanteriores pode agora fazer uso da sua agressividade para expulsar partede realidade para fora de sua percepção. Esse movimento de expulsãose expressa através de gestos agressivos com a mãe. Essa é a tentativada criança de criar uma realidade externa a ela. Se for bem-sucedida acriança não necessita mais do objeto transicional para experimentar umespaço entre ela e o mundo. Nesta fase, a função do objeto transicional sedilui entre sua percepção subjetiva e sua percepção objetiva e a criançacontinua, agora através das brincadeiras, a construção do espaço desimbolização compartilhada. (DIAS, 2003).

Para Winnicott (1975), o brincar é uma atividade fundamental para odesenvolvimento da criança, pois, oferece a ela um espaço onde possa,no seu ritmo, entrar em contato com a separação da mãe e elaborar asangústias que essa separação provoca. É, também, através do brincar quea criança vai criar seu modo singular de se relacionar com a realidade externa.

A criança agora pode seguir em direção à fase do eu sou, na qual elase identifica como um ser integrado que se relaciona com uma realidadeexterna e compartilhada.

 

A RELEVÂNCIA DO CORPO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Para Winnicott, durante a gestação, o bebê vivencia a descontinuidadeproporcionada pelos movimentos corporais, ou seja, ao movimentar-se noventre materno, a criança já inicia seu despertar para a sensação de existir.Esses movimentos instauram um processo de registro de lembranças.Essas lembranças ficam registradas no corpo e começam a se agruparpara formar um ser humano com uma história singular.

Ao nascer, a criança pode expressar-se através do corpo, é com oimpulso das pernas e da cabeça que começa sua jornada em um novomundo rumo à maturação e à independência (DIAS, 2003).

Nos primeiros momentos após o nascimento do bebê, psique e somaestão indiferenciados. Através da experiência de adaptação propiciadapela boa maternagem, ocorre a diferenciação entre corpo e psique e,ao mesmo tempo, a tendência à integração age para reuní-los em umaunidade relacional.

Os primeiros contatos com a realidade externa são vividos pelo bebêatravés do corpo, os cuidados maternos direcionados às necessidades dacriança, como a alimentação e a excreção, são a oportunidade cotidianade que a criança necessita para se desenvolver em direção à constituiçãode um ser humano integrado e em relação com a realidade externa.Por possuir um corpo fragmentado em diversas funções, as primeirassensações de unidade surgem a partir da excitação que alguns sentimentosprovocam no corpo, principalmente quando associados às funções vitais.Essas excitações provocam o agrupamento dos fragmentos do corpoem um todo ainda pouco organizado, que gira em torno da excitação despertada.

A alimentação é a situação privilegiada, na qual o bebê começa aestabelecer seu contato com a externalidade e da qual a mãe é a primeirarepresentante. Para Winnicott (2005), quando mãe e bebê entram emacordo sobre a alimentação, pode ser desenvolvida a capacidade de acriança relacionar-se com o mundo.

Ainda sem possuir a maturação necessária para diferenciar-se domundo e das pessoas que o circunda, o bebê vai necessitar da ajuda da mãe para apresentar em pequenas doses a realidade externa. Através docuidado que Winnicott denominou de holding, a mãe oferece a segurançanecessária para o saudável desenvolvimento do bebê. Este cuidadoexpressa-se principalmente no aconchego oferecido ao bebê quando amãe lhe pega ao colo.

A mãe possibilita, ao despender os cuidados suficientemente bons parao bebê, que a ilusão de onipotência, essencial para o desenvolvimentoda criatividade, efetive-se. É com o bom contato entre o corpo do bebêcom fome e o seio acolhedor da mãe que essa ilusão de onipotênciapode se constituir.

Um conceito muito importante na obra de Winnicott é a agressividade,segundo sua teoria de desenvolvimento, a agressividade será utilizada peloser humano durante várias fases de seu amadurecimento e é fundamentalpara o estabelecimento da relação entre a realidade subjetiva do ser ea realidade objetiva compartilhada. O surgimento da agressividade,também, tem direta relação com o corpo do bebê recém nascido.

 

O CONCEITO DE ESPONTANEIDADE

A espontaneidade na teoria de desenvolvimento de Winnicott seexpressa nos primeiros momentos de vida de um recém-nascido. Quandoalgum impulso leva o bebê a uma tensão, esta rapidamente se transformaem uma necessidade urgente, como a fome, a excreção ou a dor. Logo essanecessidade se torna um movimento no corpo, que ficará na expectativaindeterminada de ser atendida. (DIAS, 2003) Também são espontâneosos gestos que a mãe faz na direção de atender às necessidades da criança. No entanto, a sintonia dessas ações é essencial para efetivar a funçãoda espontaneidade, ou seja, alimentar a ilusão de onipotência da criançaatravés da crença de que o seio, durante a fome, é criado por ela.

O encontro dos gestos espontâneos da mãe e do bebê se completa naexperiência de criar o próprio mundo, fundamental para o bebê alimentarsua capacidade criativa original.

Para Winnicott, a criatividade é inata, está presente desde o início doamadurecimento do bebê. Durante as primeiras experiências de contatocom a realidade, isto é, durante as primeiras mamadas, o bebê já édotado da criatividade originária e, recebendo os cuidados necessários,contribui pessoalmente para o ato de amamentação, através da ilusãode onipotência.

Conforme nos lembra Dias (2003), para que essa criatividadeAna da Fonseca Martins e Iza Rodrigues da Luz originária possa se desenvolver, é essencial que a criança receba doambiente social o amparo correto de suas necessidades. Acolhido em suasnecessidades quando criança, o indivíduo adulto continuará a exercer suacriatividade de formas cada vez mais complexas.

O conceito de criatividade de Winnicott não se relaciona apenas àprodução artística, mas ao posicionamento singular do ser humano nomundo. É a criatividade que capacita o indivíduo a transitar no mundosocial compartilhado sem perder o contato com seu mundo pessoal eimaginativo.

 

IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA INFÂNCIA PARA A CONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE

Para Winnicott (2005), não se pode conceber o amadurecimentoalcançado durante a vida adulta destacado da trajetória que o indivíduoempreendeu nos primeiros anos de sua infância. Há íntima ligaçãoentre esses estágios primitivos e o posterior desenvolvimento do serhumano. Por conceber sua teoria em estágios, Winnicott, alerta, durante atransposição de um estágio a outro, para a importância de uma boa vivênciano estágio anterior, para que o indivíduo possa desenvolver com plenitudeas possibilidades ofertadas pelo novo estágio em que se insere.

Winnicott (2005) chama de self a unidade para qual o processomaturativo se desenvolve. É através desta unidade que o ser humanoadulto pode se relacionar criativamente com a realidade externa.

Para que o self possa se integrar em um ser humano capaz de serelacionar com a realidade externa, é fundamental que exista umambiente comprometido em atender às necessidades primárias desse serem formação. As características do ambiente que se responsabiliza pelocuidado com o self em formação ajudam a constituir as qualidades dofuturo adulto. As expectativas da família de uma criança são absorvidaspelo movimento integrativo, desenvolvendo-se posteriormente em umaorganização singular de personalidade.

A relação que uma criança desenvolve durante os primeiros momentosde vida é fundamental para sua posterior constituição em um ser integradoou não, com uma relação saudável com a realidade externa ou comvárias dificuldades de se relacionar de forma autêntica com esta. Onão atendimento de suas necessidades pode gerar diferentes níveis debarreiras para o contato saudável com a realidade. Quanto mais prematurofor o desamparo vivido pela criança, maior será a fissura entre o indivíduoe a realidade externa.

O fracasso materno rompe com o movimento integrativo do bebê,causando um desamparo que interrompe a sensação de constânciae continuidade de existir. O indivíduo pode, então, recorrer à cascadefensiva, para proteger o verdadeiro self, através do desenvolvimentode um falso self. (Florenza Neto, s/d)

Esse falso self, ao mesmo tempo que protege, impede que o indivíduoentre em contato com a realidade externa e estabeleça uma relaçãocriativa com esta. Portanto, para Winnicott, a criança que se desenvolveno próprio ritmo, auxiliada pela mãe, vai tornar-se capaz de desenvolverum sentido de vida e experienciar a existência de forma autêntica. Docontrário, desenvolverá uma barreira protetora em relação à realidadeque a impedirá, de construir criativamente sua relação com a sociedade.A contribuição de Winnicott à psicoterapia é o reconhecimento da funçãodo terapeuta associada à função materna, em que o terapeuta, por certotempo, auxiliará o paciente no contato com a realidade, acompanhando-oe respeitando seu ritmo, para assim, resgatar seu movimento de integraçãoe o contato com o verdadeiro self.

 

DIÁLOGO ENTRE MORENO E WINNICOTT

Apresenta-se a seguir a tabela que expõe as semelhanças e asdiferenças encontradas durante a aproximação entre as teorias de Morenoe Winnicott. Passa-se, em seguida, para um diálogo entre as teorias.

 

 

 

A RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHO

A relação entre mãe e filho apresentou muitas semelhanças, os doisautores consideram fundamental a presença da mãe, ou de um responsávelpela maternagem, que atenda às necessidades do bebê, respeitando oritmo deste. Essa é uma relação que tem seu início, para ambas teorias, jádurante a gestação com o reconhecimento pela mãe dos movimentos dobebê. Ao nascer, a criança está em um universo indiferenciado, em quenão há limite entre o "eu" e o "não-eu". Também a relação entre mãe efilho não apresenta limites de diferenciação e, por isso, é necessário quea mãe se posicione como mediadora do contato do bebê com o mundo,apresentando esse mundo lentamente e em doses suportáveis ao bebê.

 

A RELEVÂNCIA DO CORPO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

É através do corpo que a criança desenvolve as primeiras experiênciascom a realidade. Tanto Moreno quanto Winnicott destacam as funçõesvitais do corpo como, alimentação e excreção como as portas de entradapara o contato com a realidade. Para ambos os teóricos, o corpo dacriança nasce fragmentado e as tensões provocadas pelas funções vitaisoferecem a sensação rudimentar de um corpo agregado. A relação entremãe e bebê se expressa através do corpo, é no encontro das necessidadesdo corpo do bebê, com o gesto de cuidado do corpo da mãe que a relaçãoentre os dois se constrói e, paralelamente, a capacidade de simbolizaçãoda criança é erigida.

 

O CONCEITO DE ESPONTANEIDADE

O conceito de espontaneidade é o que apresenta mais posiçõesdivergentes, no entanto, observando com cuidado essas divergências,detecta-se que elas se apresentam principalmente na relação entre aespontaneidade e a criatividade. Para os dois teóricos o bebê nascecom uma capacidade inata para criar, no entanto, Moreno a denominade espontaneidade e Winnicott dá a ela o nome de capacidade criativaoriginária. Winnicott chega a utilizar a palavra espontaneidade em suateoria, mas para descrever os gestos da criança em busca de saciar suaexcitação, bem como, também o são, os gestos da mãe no sentido desaciar a necessidade da criança. Moreno denominou estes gestos comoaquecedores preparatórios físicos, no caso da criança e mentais, no casoda mãe. Para Winnicott, o encontro do gesto da mãe em sintonia com o gesto do bebê era a primeira ação criativa do ser humano, e o plenodesenvolvimento dessa capacidade criativa propicia ao indivíduo a ponteentre o seu mundo subjetivo e o mundo socialmente compartilhado. Essamesma definição que Winnicott dá para a criatividade, Moreno utilizapara definir a espontaneidade, o encontro dos gestos da mãe com os dobebê, desenvolve-se para efetivar a possibilidade de comunicação entrea dimensão imaginária, palco dos papéis psicodramáticos e a dimensãosocial, palco dos papéis sociais.

A principal diferença da constituição da capacidade humana de criarreside na forma como cada um dos autores descreve seu surgimento. Para Moreno, a espontaneidade é pura e instantânea, já para Winnicott,os gestos espontâneos originam-se dos instintos.

 

A IMPORTÂNCIA DA PRIMEIRA INFÂNCIA PARA A CONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE

Os dois teóricos consideram os primeiros momentos de vida da criançafundamentais para a constituição de sua futura personalidade e capacidadede simbolização. Tanto para Moreno quanto para Winnicott, o ambientepromotor do desenvolvimento da criança deixa marcas na constituiçãosubjetiva do futuro adulto e, consequentemente, também, na formacomo este se relacionará com a externalidade. Se o ambiente ofereceros cuidados necessários ao pleno desenvolvimento da criança, esta sedesenvolverá em um adulto que articula suas necessidades singularescom as demandas da sociedade em que está inserido. Do contrário, se oambiente não oferece esses cuidados e a criança é invadida e desrespeitadaem seu ritmo de amadurecimento, ela desenvolverá barreiras que aimpedirão de se relacionar criativamente com o mundo que a circunda.Moreno e Winnicott não são fatalistas e creem na reabilitação de criançase adultos através da psicoterapia.

 

CONCLUSÃO

As teorias apresentadas sinalizam a necessidade de fomentar trabalhosque possam sensibilizar pais, cuidadores e professores sobre a importânciados primeiros vínculos estabelecidos entre eles e as crianças para odesenvolvimento saudável destas. Essas teorias nos possibilitam pensarem práticas coletivas que promovam reflexões sobre o papel de cuidador (mãe, pai, parentes etc.) como instrumento que facilite a espontaneidadeno desenvolvimento desse papel, que é tão carregado de conservasculturais. Esses espaços que podem ser desenvolvidos em diversasinstituições: escolas, centros comunitários, postos de saúde, igrejas,entre outros, podem exercer uma função de prevenção e promoção dodesenvolvimento saudável da capacidade simbólica de crianças e adultos.A experiência de compartilhar informações com pessoas que estejamvivenciando as mesmas situações pode possibilitar a desmistificação doscomportamentos que "devem" ser adotados na educação das crianças. Adesconstrução da imagem conservada desses papéis sociais possibilitauma vinculação mais criativa e espontânea que, desse modo, beneficiaos dois envolvidos na relação: o adulto e a criança.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Ana da Fonseca Martins
Rua Dulce Maria, 506 ap. 201
31240 160 Ipiranga
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Iza Rodrigues da Luz
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31270-901 Pampulha
Belo Horizonte, MG
e-mail: izarodriguesluz@gm

 

 

Nota:
1. Para Moreno, átomo social é a configuração social das relações interpessoais que sedesenvolve a partir do nascimento. Em sua origem, compreende a mãe e o filho. Com o correrdo tempo, vai aumentando em amplitude com todas as pessoas que entram no círculo da criançae que lhe são agradáveis ou desagradáveis e para as quais, reciprocamente, ela é agradável edesagradável. (Gonçalves, Wolff e Almeida, 1988, p. 63).
2
. O fator Tele recebeu diferentes acepções nos escritos de J. L Moreno, tornando difícil aferir aesse termo uma conceituação única (Aguiar, 1939). Em uma de suas citações, Moreno descreveTele como "um sentimento que é projetado a distância; a unidade mais simples de sentimentotransmitida de um ser humano a um outro" (Moreno, 1975, p. 135). Apesar de difuso, esse termopossui algumas características, como: realizar-se no campo inter-relacional e ser marcado por uma sensibilidade aos processos internos do outro em mutualidade.