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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.20 no.1 São Paulo jun. 2012

 

Reportagens

Reports

 

Os Feitos do Meu Pai: William L. Moreno1

 

Reflections – The Deeds of My Father: William L. Moreno

 

Joseph Moreno

Diretor do Instituto Moreno para Arte Terapias Criativas, Santa Fé, Novo México - EUA

Endereço para correspondência

 

 

UMA HISTÓRIA DE DOIS IRMÃOS

Em tudo o que foi escrito sobre Jacob Moreno, sua vida e contribuições, sua relação com seu irmão, William, foi deixada muito de lado. Por exemplo, na controversa biografia informativa, por Marineau (1989), a respeito de William, ele diz apenas que "ele foi o primeiro Levy a migrar para os Estado Unidos. Um grande admirador de seu irmão Jacob, ele o ajudou financeiramente em Viena e depois em Nova York". É verdade, mas essa curta referência nos conta muito pouco sobre a associação de uma vida toda, que era complexa e teve profundo impacto na vida daqueles dois homens, assim como na minha. Jacob e William nasceram em Bucareste, Romênia.

Jacob, em 1889 e William, em 1892. Jacob, como o filho mais velho, foi designado para as melhores opções de estudos e foi apoiado em sua formação médica universitária. William, que tinha o mesmo potencial para ser excelente na educação superior, foi obrigado a entrar no mundo do trabalho ainda muito jovem, talvez por volta dos doze anos. Naquele tempo, a família estava vivendo em Viena, em situação financeira precária. Com uma família de três irmãos e três irmãs e um pai frequentemente ausente e irresponsável, havia grande pressão sobre William, para que contribuísse com o sustento da casa. Ele me contou sobre seus longos dias no escritório quando era jovem. A sua vocação para os negócios, quando adulto, não foi uma escolha dele, e sim uma imposição das precoces circunstâncias. Foi nessa época que William começou a ajudar Jacob, o que se estendeu por suas vidas; então, enquanto Jacob frequentava a universidade, ele dividia suas criativas ideias florescentes com William. Sua ajuda incluía ficar acordado noites inteiras, digitando os manuscritos de Jacob, após doze horas de trabalho no escritório. Apesar de ter expectativas de reconhecimento desse apoio, era um trabalho de amor e uma demonstração da crença precoce que William tinha no poder e na importância das ideias de Jacob. Ele parecia ser o único membro da família que o entendia.

Todos os que conheceram Jacob concordariam que ele personificava tudo aquilo que ele promovia em seu trabalho: a prima importância da espontaneidade e da criatividade. Ele era um excelente modelo para suas ideias; o homem e seu trabalho eram inseparáveis. William, apesar de ter uma personalidade muito diferente em muitos sentidos, também possuía aquelas qualidades de espontaneidade e criatividade, apesar de ser em um estilo menos extravagante.

A espontaneidade especial de William pode ser vista em um encontro memorável entre William e Jacob. Isso aconteceu em Nova York, lá pelos anos de 1950. Era uma noite de Ano-Novo e uma grande festa em um restaurante incluía William, Jacob, Zerka, Walter Klavun (um ator, que era um seguidor iniciante do psicodrama na América) e muitos outros. O grupo todo estava ficando cada vez mais impaciente e irritado com os funcionários ocupados e distraídos. Eles não estavam sendo atendidos e estavam com fome e, após uma espera interminável, eles ainda não tinham conseguido fazer seu pedido. Finalmente, Klavun, o ator, que tinha excelentes habilidades sociais, conseguiu chamar a atenção de um dos garçons. Enquanto entregava a ele, discretamente, uma nota de cem dólares, ele começou a negociar a comida e o serviço desejados. Mesmo com essa negociação, a situação permaneceu inalterada: sem atendimento e sem comida. Nesse ponto, e sem fazer alarde, William se levantou, caminhou diretamente para a cozinha do restaurante, pegou uma grande bandeja de comida e trouxe para a mesa para servir o grupo faminto e agradecido. A resposta de J. L. foi exclamar: "Klavun é um ator, e William é um executor!". De fato, William era um grande executor, um homem que punha a comida na mesa, literal e figurativamente, para aqueles que despertavam sua simpatia.

 

SOBRE MEU PAI, WILLIAM

William era meu pai e, naturalmente, eu o observei em muitas situações. Eu o assisti demonstrar aspectos de espontaneidade e criatividade que mais tarde eu veria em Jacob, e que agora eu entendo como essencialmente psicodramáticos. Jacob é frequentemente lembrado por seus encontros precoces e formativos com crianças pelos parques de Viena. William também tinha uma grande afinidade com crianças. Ele nunca perdia uma oportunidade de interagir com elas e sempre tinha jogos e brincadeiras que as interessava bastante. Sua intenção era se comunicar, fazer contato e entrar no mundo delas, sem esperar que elas entrassem no seu. Regina, a filha de Jacob, lembra-se de como William brincava de maravilhosos jogos inventivos com os filhos dela e que também tinha um papel bastante paternal com ela.

Lembro-me do modo psicodramático do meu pai conhecer adultos; ele humanizava a interação e dissolvia as frequentes barreiras sociais que servem para distanciar as pessoas umas das outras. Eu me lembro de como ele se relacionava com pessoas em papel de empregados, como garçons, funcionários domésticos etc. Ele não se atinha às expectativas formais e engessadas, mas ia ao encontro das pessoas de forma que quebrava as barreiras sociais e levava a uma comunicação verdadeira. Um exemplo disso foi uma vez em que ele conversou de forma humanizada com um garçom em um restaurante e descobriu que ele também era de Bucareste, e então convidou o surpreso garçom como hóspede de honra em nossa casa.

Sua maneira criativa de se encontrar com os outros, entrar em seus mundos e esquecer as formalidades para buscar uma tele real com o outro foi um importante modelo para mim. Ele influenciou o meu estilo de comunicação interpessoal, tanto na vida quanto em meu papel terapêutico no psicodrama com indivíduos e grupos. Cada irmão tinha a capacidade de se comunicar de maneiras que transcendiam as barreiras convencionais; talvez isso tenha intensificado o vínculo entre eles nos seus primeiros anos de vida.

 

APOIO E EXPLORAÇÃO

É sabido que Nissim Levy, o patriarca Moreno, era um pai distante e negligente. Talvez essa ausência de uma figura paterna apoiadora tenha sido uma motivação inconsciente para Jacob procurar esse tipo de conexão expressada, no fim das contas,em seu grande trabalho: "As palavras do pai". No entanto, antes da catarse emocional que o levou a escrever esse trabalho, aos 31 anos, existiram muitos anos de formação. Durante esse tempo, o apoio emocional que Jacob teria, em uma família norma, recebido de seu pai, parece que de alguma forma foi provido por seu irmão mais novo.

William admirava a criatividade inovadora de Jacob, dividia a alegria de seus sucessos, e tinha interesse ativo nos primórdios do psicodrama em Viena. Ele também era o patrocinador do Das Stegreiftheater (o primeiro teatro da espontaneidade) em Viena, em 1922. Um dos amigos de William naquela época era, o até então completamente desconhecido húngaro, Peter Lorre. Lorre era praticamente um mendigo quando William o descobriu nas ruas de Viena e reconheceu seu potencial. Ele o apresentou a seu irmão e a esse mundo novo do teatro experimental. Essa conexão eventualmente abriu as portas para o subsequente sucesso de Lorre em sua carreira de ator e seu sucesso na Europa e na América.

O papel de William como financiador do trabalho de seu irmão é conhecido de uma forma geral. No início, quando os estabelecimentos psicoterapêuticos, da Áustria e da América, rejeitaram veementemente as ideias de Jacob, o apoio de William foi fundamental. Nos anos que mais contaram, enquanto Jacob lutava para se estabelecer, William era um homem pobre que fez sacrifícios financeiros pessoais para auxiliar seu irmão. Isso ajudou Jacob a desenvolver o primeiro teatro da espontaneidade em Viena e, mais tarde, em Nova York, seus consultórios, teatros e hospital em Beacon. Nos Estados Unidos, ele contribuiu para a compra do Moreno Sanatorium, em Beacon, para a construção do palco no escritório da ParkAvenue, que abriu em 1941, assim como para o último teatro, na Rua 78 oeste. Sem esses cenários onde praticar, desenvolver e publicar seu trabalho, é difícil imaginar suas ideias sendo reconhecidas tão cedo; portanto sem William, essa história poderia ter sido muito diferente.

Enquanto William fornecia esse apoio a Jacob, ele também era o principal esteio da mãe deles, que agora vivia em Nova York, da irmã, Lotte (que ficou na Europa), bem como da própria família, que consistia em minha mãe, Anne e eu. William era discreto acerca de suas contribuições financeiras ao trabalho de seu irmão, e, por exemplo, se recusava a ter seu nome reconhecido e incluso em placas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, William tomou empréstimos temporariamente para inflar sua conta bancária para refletir um balanço necessário de cinco mil dólares. Essa era a quantia mínima exigida pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para americanos que queriam patrocinar a imigração de judeus para os Estados Unidos, que tentavam escapar do Holocausto de Hitler. Ele usou essas declarações bancárias para convencer as autoridades que ele tinha fundos suficientes para apoiar a imigração de mais de 80 famílias Austro-judias. Ele as salvou da aniquilação através dessa forma criativa. Assim que os vistos daquelas famílias eram emitidos, ele devolvia os empréstimos intocados ao banco. Ele era o "pai" de muitos e ainda assim ele mesmo não tinha um pai de verdade.

Talvez ele visse Jacob como um pai simbólico, mas Jacob estava muito focado em seu trabalho para representar esse papel por muito tempo. Conforme ele tinha crescido em sua fama, ele tinha menos tempo e, naturalmente, estava bastante envolvido em sua vida com Zerka, a quem ele tinha conhecido em 1941. Esse foi o inicio de um período de gradual distanciamento entre os irmãos, que foi difícil para William. Sempre havia tido um vínculo entre eles, e William valorizava essa relação especial. Em seus últimos anos de vida, ele estava desapontado com o contato relativamente escasso entre eles. Jacob tinha se tornado amplamente conhecido e recebia adulações em todos os lugares. Apesar de nunca ter deixado de reconhecer William, Jacob parecia usar a generosidade do irmão em seu favor e não precisava mais de seu apoio emocional. Apesar de tudo, ele dedicou seu Psicodrama: Volume 1 a William: "Dedicado ao meu irmão, William L. Moreno, patrocinador do Primeiro Teatro Terapêutico para Psicodrama, em Viena, 1922, e fundador do Teatro de Psicodrama de Nova York, 1942". Eu tenho um cópia pessoal, de 1946, na qual também há uma dedicatória escrita a mão: "Para William, com saudações fraternais".

 

PRIMEIROS ENCONTROS: PESSOAS, MÚSICA E PSICODRAMA

William era um pai amoroso e um homem a quem eu amava e admirava profundamente. Ele era um músico amador, um bandolinista autodidata; ele me encorajava em meu desenvolvimento musical. Por isso, minha vocação musical é parcialmente devida à influência dele, que me levou à minha carreira musical e à musicoterapia. William também me deu outro presente único que era diretamente ligado à sua relação com seu irmão e teve influência profunda na minha vida.

Quando eu era criança, eu conhecia Jacob de visitas ocasionais que fazia com meus pais a Beacon, e tive um vínculo infantil bastante próximo com Regina, a filha do primeiro casamento de Jacob, com Florence. Com 21 anos eu estava formado em música, pela Universidade de Boston, e me concentrava em minhas lições musicais sem ligação nenhuma com a psicologia ou campos relacionados. Minha única conexão com Jacob era a consciência geral de que eu tinha um tio famoso, um renomado psiquiatra. Ele tinha um papel muito pequeno na minha vida e era essencialmente um estranho de quem eu me lembrava vagamente na infância. O relacionamento que William manteve com o irmão aconteceu fora da esfera da minha existência.

Portanto, foi uma surpresa quando, enquanto estudante da Universidade de Boston, eu recebi uma carta amistosa desse meu tio. Ele escreveu sobre sua iminente chegada a Boston para dar uma demonstração do psicodrama na Universidade de Boston e expressou o desejo de que pudéssemos nos conhecer e nos apreximar. Fiquei intrigado e me comprometi a estar no departamento de psicologia da universidade na noite marcada.

Quando cheguei, Jacob estava liderando um psicodrama público, o primeiro que eu via. Ainda assim, parecia inconscientemente familiar para mim e eu consegui entrar na sessão em um papel auxiliar. Então, encontrei com meu tio pela primeira vez, enquanto adulto, em um psicodrama, antes mesmo de sermos reapresentados. Eu devo ter interpretado bem o meu papel, pois conforme me lembrei mais tarde, depois de eu me apresentar a J. L., um professor da Universidade de Boston se juntou a nós e me parabenizou pela minha habilidade no papel auxiliar. J. L. replicou: "Outro gênio na família Moreno". Foi gostoso de ouvir, mas aprendi mais tarde que era um elogio que ele fazia a todos! Fiquei para jantar com um grupo impressionante, que incluía J. L., Zerka e Hannah Weiner, uma discípula de Moreno, com quem eu estava destinado a trabalhar e acabei conhecendo muito bem.

No entanto, foi J. L. que me deixou mais impressionado naquela noite. Eu não me lembro dos detalhes da nossa conversa, mas me lembro de ficar inspirado pela energia dele, pela criatividade na conversa, e foi o começo do meu affair com o psicodrama. De alguma forma, uma porta diferente foi aberta dentro de mim. J. L. tinha a habilidade de ajudar as pessoas a ver um senso expandido de suas possibilidades e, não estando consciente disso naquela época, eu acredito que alguma transformação dentro de mim teve raízes nesse primeiro encontro.

 

PSICODRAMA EM NOVA YORK

J. L. sugeriu que nos encontrássemos na próxima vez que eu fosse para Nova York, então se iniciou uma série de encontros, apenas poucos e por um curto período de tempo, que no entanto teve grande impacto na minha vida. Nós falávamos de muitas coisas, sobre a vida em geral, e mais pragmaticamente, ele me guiava através das tribulações de um começo de relacionamento amoroso. Esses encontros ampliaram minhas perspectivas de vida e incitaram meu amor pelo psicodrama. De fato, houve uma ocasião em que eu fiz uma cena psicodramática com J. L. no palco do teatro de Beacon. J. L. interpretou ele mesmo e eu fiz o papel de meu pai, que estava preocupado comigo e tinha dúvidas sobre a minha escolha pela carreira musical. Foi um encontro memorável.

Em Nova York, J. L. me convidou para participar de qualquer um dos psicodramas públicos que aconteciam várias noites por semana no Instituto Moreno. Eram sessões públicas incríveis e sempre imprevisíveis com uma mistura aleatória de participantes. Como J. L. não estava mais como diretor em Nova York, eu me tornei um seguidor de Hannah Weiner, uma diretora maravilhosa adepta dessas sessões. Nessa época, eu estudava musicoterapia e meu envolvimento nessas sessões e o crescente interesse no psicodrama estimulavam novas ideias de integração de música e psicodrama. Jacob, que já tinha feito a experiência com música e psicodrama, apoiava essas ideias. Como resposta a qualquer desafio criativo, sua atitude típica era "por que não?" No final dos anos 1970, comecei a desenvolver uma abordagem integrada de música e psicodrama e, ao longo dos anos, esse trabalho integrativo se tornou minha especialidade e culminou na publicação do meu livro Ativando sua Música Interior: Musicoterapia e Psicodrama (1999). Existe uma rede conectiva de lembranças que remete ao nosso primeiro encontro em Boston.

 

REFLEXÕES SOBRE RELAÇÕES PASSADAS E AÇÕES

Mais tarde, refleti sobre o convite para o encontro em Boston e me perguntei, em primeiro lugar, sobre o porquê de J. L. ter me contatado. Eventualmente, consegui juntar todas as peças. Meu pai confirmou mais tarde que, como ele estava preocupado com a minha direção, ele contatou Jacob e pediu a ele que entrasse em contato comigo para checar como eu estava, e talvez oferecer algum direcionamento, caso eu precisasse. J. L. acatou o pedido e, ao fazê-lo, ele estava retribuindo a William sua generosidade, através do apoio ao filho do irmão. Esse acabou por ser um encontro propício.

William tinha estimulado meu primeiro envolvimento com a música e Jacob abriu para mim o mundo do psicodrama. A combinação desses dois elementos formou uma parte grande do trabalho da minha vida. Esse foco veio não apenas das influências separadas dos dois irmãos, mas também da sua inseparável confluência, que emanava de seu relacionamento próximo e enriqueceu minha vida de muitas formas, pessoal e profissionalmente. Até o meu nome é conectado a essa relação fraterna. Recebi meu nome por causa de Joseph, do Antigo Testamento, um protagonista que, talvez não coincidentemente, tinha questões com seus irmãos, e meu nome do meio, Jacob, veio diretamente do meu tio.

Em 1974, J. L. faleceu, dois anos antes de meu pai. Lembro-me de sua tristeza quando ele visitou Jacob em seus últimos dias, em Beacon. Conforme meu pai relatou, eles tiveram uma interação final calorosa. Eu não sei o que William sentiu na época. Naturalmente, houve tristeza pela perda de seu irmão amado e pela lembrança da proximidade da própria morte. Senti que ele tinha um arrependimento profundo por eles não terem sustentado a proximidade de seu relacionamento.

 

EM CONCLUSÃO

Em 1963, William ouviu as palavras de uma oração em um sonho e enviou uma cópia a seu irmão. Jacob a reconheceu em uma nota que dizia: "Querido William: Muito obrigado pela sua bela oração, a qual, com a sua permissão, podemos incluir na futura edição de As Palavras do Pai". Não acredito que essa publicação um dia vai ser feita, mas trago a seguir a oração sentida no coração de William, uma reflexão verdadeira do espírito de um homem muito especial:

 

UMA ORAÇÃO E UMA LÁGRIMA

Existe um tempo para viver.
Existe um tempo para morrer.
Existirá um tempo em que nós aprenderemos a viver um com o outro.
Existirá um tempo em que amaremos um ao outro.
Existirá um tempo de unidade com você, oh pai.
Oh, que esse tempo seja agora.

 

UM ADENDO

Em setembro de 2010, recebi um e-mail surpreendente, que trouxe um maravilhoso adendo para este artigo, relacionado a uma história sobre meu pai como "executor".

Esse incidente aconteceu há 40 ou 50 anos,quando eu era muito jovem. O ator na história, Klavun, era alguém de quem eu já havia ouvido falar, mas não conhecia pessoalmente.

O e-mail era de uma mulher, Alice, que tinha acabado de ler meu artigo. E, conforme ela me informou, ela era filha de Klavun.

Aqui está o que ela escreveu:

"Meu pai era Walter Klavun, o ator.
Nos anos 1960, estávamos em um restaurante e o serviço estava tão
ruim, que meu pai entrou na cozinha, sentou-se e disse "acho que
terei de ficar sentado aqui para receber algum atendimento".
Eu fiquei com tanta vergonha. Agora eu sei de onde ele tirou isso.
Bem que eu queria que ele tivesse dado ao garçom a nota de cem dólares!"

Eu acho que esse é um exemplo maravilhoso de um protagonista aquecendo outro e uma prova de que a espontaneidade é contagiosa. Meu pai teria adorado isso!

 

Referências

MARINEAU, R. Jacob Levy Moreno 1889-1974: pai do psicodrama, sociometria e psicoterapia de grupo. Routledge: Londres e Nova York. (1989).         [ Links ]

MORENO, A. Comunicações pessoais.         [ Links ]

MORENO, J. J. Ativando sua música interior: musicoterapia e psicodrama. (1999).         [ Links ]

MMB Music Inc.: Saint Louis. (Traduzido por Marina J. Zampieri)        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Joseph Moreno

e-mail: joem@maryville.edu

 

 

Nota:
1. Este artigo foi originalmente publicado no Jornal Britânico de Psicodrama e Sociodrama, em 2006, v. 21, nº 1, e aqui reproduzido com as devidas autorizações do editor e do autor.