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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.20 no.1 São Paulo jun. 2012

 

Memória

Rememberance

 

O Psicodrama no Rio Grande do Sul

 

The Psychodrama at Rio Grande do Sul state (South of Brazil)

 

 

Marta Echenique

Psicodramatista didata/supervisora, diretora do Instituto de Desenvolvimento Humano

Endereço para correspondência

 

O psicodrama entrou no Rio Grande do Sul pelo Uruguai. No início da década de 1970, um grupo de psiquiatras e psicólogos de Porto Alegre reunia-se para estudar psicologia existencial. Sentindo falta de uma prática psicoterápica em sintonia com a teoria, tomaram conhecimento do Psicodrama Moreniano e procuraram um psiquiatra e terapeuta uruguaio, o psicodramatista Juan Pedro Severino, para realizar sua formação nessa abordagem.

No início de 1973, Severino passou a vir a Porto Alegre regularmente, mas, por volta do fim do ano, repentinamente, deixou de vir nas datas programadas e não mandou mais notícias. Somente mais de dez anos depois, ficou-se sabendo que, denunciado como "agitador internacional", havia fugido e se exilado no México.

Mesmo com a ausência do professor, o grupo continuou se reunindo semanalmente para seminários, ao mesmo tempo em que realizava atividades corporais com a colaboração de grupos de teatro e com profissionais identificados com o trabalho grupal.

Em 1974, outras pessoas foram convidadas a participar do grupo original e foi fundada a Associação Sulriograndense de Psicodrama (ASP).

Havia, então, 24 participantes, que convidaram José Fonseca Filho e Ronaldo Pamplona da Costa, do movimento psicodramático de São Paulo, para reativar o curso de formação, como psicoterapeutas, professores e mentores.

Na época, vivia-se no Brasil a repressão política imposta pelo regime militar e havia muito interesse das pessoas em participar de espaços de convivência e de encontros grupais nos quais pudessem refletir e se expressar com liberdade. Além de promover a formação dos profissionais, a ASP oferecia à comunidade atendimento psicoterápico com pagamento ajustado conforme a renda familiar do cliente, para o que havia uma procura muito grande, sobretudo para atendimento em grupo.

Era um momento propício para o crescimento do psicodrama. Iniciaram-se outras turmas de formação, não só em Porto Alegre, como também em Pelotas.

A ASP participou das reuniões preliminares à formação da Febrap e passou a fazer parte dela, junto com as outras 16 entidades de psicodrama então existentes no Brasil.

A segunda gestão da Febrap foi sediada pela ASP, com a Diretoria assim composta: presidente – Flávio Pinto, vice-presidente – José Diefenthaeler, 1ª secretária – Marta Echenique, 2º secretário – Luciano Correa da Silva, tesoureiro – Ravardieri Gama, suplentes – Valdo Junkes e Suzana Duclos.

Essa diretoria realizou com grande sucesso, em 1980, em Canela, o II Congresso Brasileiro de Psicodrama, que contou com 482 inscrições, número que, para a época, pode ser considerado muitíssimo expressivo.

Na década de 1980, o movimento psicodramático gaúcho, em ressonância com o clima do país, articulou-se com a sociedade civil para promover maior participação popular na vida política do país. Passou a contribuir com o Movimento Gaúcho Pró-Constituinte e, entre outras atividades, realizou um Psicodrama da Constituinte, com o público que visitava a Feira do Livro de Porto Alegre.

Em outros momentos, diferentes atividades de cunho político-social foram desenvolvidas por psicodramatistas, salientando-se os trabalhos realizados nos Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre.

Em 1988, tendo já formado quatro turmas de psicodramatistas, a ASP foi dissolvida; os cursos de formação foram interrompidos e os atendimentos encerrados.

O grupo de Pelotas vinculou-se diretamente à Febrap e os psicodramatistas de Porto Alegre tomaram diferentes rumos.

Deixou de existir a instituição oficial, ligada à Febrap, mas alguns de seus membros continuaram articulados como grupo, promovendo ainda cursos de formação e, sobretudo, continuaram a considerar-se psicodramatistas, utilizando a metodologia moreniana em seus diferentes espaços de trabalho e divulgando sua prática.

Em 2001, institucionalizou-se novamente o psicodrama no Rio Grande do Sul com a criação do Instituto de Desenvolvimento Humano (IDH), filiado à Febrap e dedicado à formação de psicodramatistas e ao atendimento à comunidade, através de sua clínica-escola.

Desde então, o IDH vem formando psicodramatistas nos focos socioeducacional e psicoterápico e, a partir de 2010, em parceria com a IMED – Complexo de Ensino Superior Meridional, de Passo Fundo, fornece, além do título de psicodramatista registrado pela Febrap, o título de Especialista em Sociopsicodrama, reconhecido pelo MEC.

 

 

Endereço para correspondência
Marta Echenique

Rua Rafael Saadi, 142 Menino Deus
Porto Alegre, RS

e-mail: idh@idh.com.br