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Revista Brasileira de Psicodrama

versão impressa ISSN 0104-5393versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.23 no.1 São Paulo  2015

 

EDITORIAL

 

 

A Revista Brasileira de Psicodrama conquistou o Qualis B2! Para aqueles que não estão familiarizados com essa terminologia, Qualis é o sistema utilizado pelo Ministério da Educação (por meio do Capes) para analisar a qualidade dos periódicos científicos como instrumento para classificar os programas de pós-graduação. Estamos celebrando o resultado positivo de uma longa história de investimento (21 volumes publicados) das várias equipes editoriais da Revista. O início foi em 1994, quando Wilson Castello de Almeida, juntamente com Murillo Viotti, adequaram a Revista aos moldes de um periódico científico. Fortaleceram a visibilidade científica e solidificaram esse veículo de apresentação do Psicodrama brasileiro, missão transferida para Devanir Merengué, em 2005, e para mim em 2012.

Os critérios de avaliação dos periódicos científicos visam aumentar a qualidade dos artigos publicados, o que garante a indexação nas melhores bases de dados e, consequentemente, a visibilidade, a acessibilidade e a credibilidade de nossa produção científica. O sistema de avaliação SciELO estabelece que os periódicos devem publicar predominantemente artigos originais, entendidos como artigos inéditos de pesquisa científica original em suas áreas específicas. Os periódicos podem incluir outros tipos de contribuições, como artigos de revisão, ensaios, comunicações, resenhas e estudos de caso; porém, essas outras categorias não são contabilizadas como artigos originais.

A Revista Brasileira de Psicodrama publica artigos que apresentam resultados de pesquisas originais em áreas de interesse para o desenvolvimento do Psicodrama, relatos breves de pesquisa, novos métodos e técnicas, além de resenhas de livros. Ela está aberta a autores e pareceristas de outras áreas e metodologias, valorizando a fertilização cruzada.

Até recentemente, os Editoriais e as Cartas ao Editor tinham um papel importante na mobilização política da Federação Brasileira de Psicodrama (Febrap). No entanto, a principal demanda tem sido dar continuidade à qualificação da Revista para indexação nas melhores bases de dados, garantindo fácil acesso principalmente à nova geração de profissionais interessados em práticas grupais e no psicodrama.

Este número apresenta várias pesquisas inéditas. Começa com uma pesquisa exploratória-descritiva, qualitativa e quantitativa, de avaliação da qualidade de vida no trabalho. A prática grupal permitiu o acesso às dimensões inicialmente propostas (organizacional, biológica, psicológica, social e percepção pessoal) e também identificou a habitabilidade como uma nova dimensão a ser avaliada nesse contexto.

Continua com a pesquisa direcionada à perspectiva dos filhos adolescentes dos conflitos conjugais dos pais. O Sociodrama temático e o processo de análise evidenciaram a riqueza do método no aprofundamento da investigação das dinâmicas relacionais, dos papéis familiares e dos padrões sociais e morais da família contemporânea.

A multiplicação dramática utilizada na Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires para buscar o "limite do que não se sabe" ilustrou a potência do recurso psicodramático na formação de psicólogos.

Na sequência, encontramos dois relatos de grupo autodirigido na formação de psicodramatistas. A decisão de publicar dois artigos com a mesma temática baseou-se na oportunidade de aprofundar o debate sobre esse recurso pedagógico. Esses textos trazem diferentes perspectivas ilustradas com descrições bastante didáticas para os interessados no tema.

A utilização da linguagem não verbal como recurso para a expressão de conteúdo interno é caracterizada como uma intervenção psicodramática e denominada ressonância corporal. A descrição da prática grupal, o apontamento de aspectos que poderão ser aprofundados e a diferenciação de outras técnicas psicodramáticas tornaram esse relato bastante compreensível para interessados de outras abordagens teóricas.

Muitos têm sido os desafios para os educadores. As Comunicações Breves começam apresentando o Sociodrama no desenvolvimento do papel de educador com estudantes do curso de licenciatura em Pedagogia. A montagem da cena de uma professora que lida com a aluna vítima de abuso sexual e os desdobramentos cênicos ilustram o potencial de um Sociodrama de ato único na criação de um espaço privilegiado para a sensibilização dos formandos para essa temática. Também na formação de professores do ensino público, o Jornal Vivo sensibilizou um grupo de educadores para desenvolver novos olhares sobre os desafios desse papel.

Com alunos do ensino básico, o Psicodrama caracterizado como dança psicodramática facilitou o ensino por competências em oficinas de dança-teatro. Essa prática grupal estimulou várias reflexões importantes para os profissionais responsáveis por essa área.

Entre os Artigos Inéditos, três abordam a aplicação do Psicodrama no ensino básico, na graduação e na pós-graduação. Observa-se tendência semelhante entre as Comunicações Breves. Essa concentração de relatos de aplicação dos recursos psicodramáticos no ensino sugere um reconhecimento crescente do potencial do Psicodrama nessa área. E também pode ilustrar a ausência de intervenções em outros contextos e com outras populações.

A experiência adquirida nesses últimos anos na função de editora recomendou buscar recursos mais potentes para estimular a produção científica. A equipe editorial, representada por mim, editora, e Marlene Marra, coeditora, planejou um Sociodrama para atingir esse objetivo. Com um grupo de professores e supervisores de cursos de formação em Psicodrama de diferentes regiões do Brasil, iniciamos o Sociodrama com uma atividade prática que se propunha a construir vivencialmente os passos na redação de um artigo científico. Fizemos um brevíssimo processamento por meio do levantamento de paralelos entre a experiência vivida e as diferentes seções de um artigo científico. Convidamos um pequeno grupo para relatar a experiência e trabalhamos mais um pouco com os demais buscando aproximá-los da escrita científica. Estamos aguardando o próximo número da Revista para avaliar os resultados concretos deste recurso para a ampliação de autorias.

A maior conquista para o editor de um periódico científico é receber muitos manuscritos e liderar o processo de avaliação com foco na capacitação crescente dos autores. Após esse percurso, às vezes muito longo, vem o momento final de agradecimentos aos colaboradores, especialmente aos nossos autores e pareceristas.

Muito obrigada!
HELOISA FLEURY
EDITORA

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