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Revista Brasileira de Psicodrama

versão impressa ISSN 0104-5393versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.23 no.1 São Paulo  2015

 

COMUNICAÇÕES BREVES

 

Psicodrama pedagógico sob a ótica da transdisciplinaridade na arte-educação

 

Pedagogic psychodrama from the perspective of transdisciplinarity in arteducation

 

Psicodrama pedagógico bajo la óptica de la transdisciplinariedad en arte educación

 

 

Manon Toscano Lopes Silva Pinto*

Associação Baiana de Psicodrama (ASBAP)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O artigo objetiva apresentar um estudo de caso, ocorrido no Colégio Militar de Salvador com discentes do Ensino Básico, resultante de uma experiência com o psicodrama socioeducacional nas oficinas interdisciplinares de Língua Portuguesa – Artes Cênicas. A meta é o desenvolvimento da espontaneidade, da criatividade e da sensibilidade como competências e habilidades auxiliadoras do multiletramento e desenvolvimento de competências, programa instituído pela Divisão de Ensino Preparatório Assistencial que supervisiona o Sistema Colégio Militar do Brasil.

Palavras-chave: Competência Profissional. Ensino. Psicodrama pedagógico. Dança-teatro. Trandisciplinaridade.


ABSTRACT

The article presents a case study, which took place at the Military School of Salvador with elementary school pupils, resulting from the experiential use of socio-educational psychodrama in the inter-disciplinary sessions of Portuguese Language and Performing Arts. The aim was to develop spontaneity, creativity and sensitivity as well as auxiliary skills and abilities that foster multi-literacy and the development of skills, within a programme introduced by the Supportive Preparatory Education Department responsible for Brazilian Military School System.

Keywords: Professional Competence. Teaching. Pedagogic psychodrama. Dance-Theater. Trans-disciplinarity.


RESUMEN

El artículo tiene el objetivo de presentar un estudio de caso, ocurrido en el Colegio Militar de Salvador con alumnos de la educación básica, resultado de una experimentación con el psicodrama socioeducacional en talleres interdisciplinarios de portugués – Artes Escénicas. El objetivo es el desarrollo de la espontaneidad, la creatividad y la sensibilidad como apoyo al multiletramento y desarrollo de destrezas y habilidades y programa de desarrollo de habilidades establecidos por la División Preparatoria de la Asistencia Educación que supervisa el Sistema Colegio Militar de Brasil.

Palabras-clave: Competencia Profesional. Enseñanza. Psicodrama pedagógico. Teatro de la danza. Transdisciplinaridad.


 

 

INTRODUÇÃO

Compreender a utilização do psicodrama em projetos interinstitucionais nas oficinas de dança-teatro do Colégio Militar de Salvador (CMS) foi uma importante ação pedagógica desde 2009, quando o empregamos como uma técnica auxiliar das práticas transdisciplinares implicadas nas atividades motoras, de dança, de circo e até de artes marciais. Nesse processo, as demais áreas de conhecimentos, coadunadas com a dança, auxiliaram o ensino por competências, programas instituídos no Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB).

A necessidade de desenvolver a espontaneidade, a criatividade e a sensibilidade discente nos faz entender que a dança operacionalizada nesses moldes é como estudar o próprio desenvolvimento da dança como atividade lúdico-criativa. Isso porque o psicodrama, implicado na heterogeneidade da dança requerida, torna o resultado desses encontros uma produção híbrida, entendida como fusão de estruturas discretas e internas, como propaga Canclini (2003). Pelo fato de a dança fazer parte de um processo natural de expressão corporal humana, convencionar as gestualidades pode gerar uma perda da identidade. Portanto, ultrapassar as conservas culturais que Moreno denominou categorias de processos reprodutivos da humanidade, torna-se importante, principalmente em qualquer atividade motora. Ressaltamos que a dança, por ser uma atividade extracurricular, foge das normas institucionalizadas, o que facilitou a inserção de outras metodologias sem a necessária autorização para sua prática, assim como o psicodrama que minimizou a gestualidade estereotipada pela intensa convivência com a ginástica e outras modalidades esportivas, bem como respondeu positivamente à questão suscitada respaldada em análises anteriores que mostraram ser necessário ampliar os resultados positivos apresentados nas construções coreográficas, de natureza inter e transdisciplinar: Como o psicodrama foi desenvolvido no colégio em atividades interdisciplinares de dança-teatro?

 

RELEVÂNCIA DO ESTUDO NO CMS

É fato inquestionável que, por meio das artes dramáticas, o corpo se expressa, se comunica e fortalece os vínculos sociais e humanitários. Na educação, as artes cênicas são apontadas como necessidades educacionais e viabilizadoras desses feitos. Haja vista que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) insere essa prática no contexto das atividades pedagógicas, justamente por conta dessas características. Na sua estrutura, a leitura de textos dramáticos é uma das tarefas primordiais, consideradas viabilizadoras da relação com os demais conteúdos, não apenas das referidas disciplinas, mas em outros campos do saber. Com a leitura e a interpretação de textos dramáticos sobre mitologias, lendas, fábulas, contos maravilhosos e histórias em quadrinhos, além das obras dramatúrgicas listadas como obrigatórias, presentes, inclusive, no Ensino Médio, todos os estudantes se sentem obrigados a trabalhar, cenicamente o teatro, a pedido dos respectivos docentes, em todos os níveis de ensino. Especialmente no 6º ano, a ludicidade, a intuição, a imaginação e a expressão oral são referências que elevam a qualidade dessas expressões escritas, verbais ou corporais, diferentemente do panorama citado por Lepage (2013, p. 10), referente à frequência da racionalidade nas escolas quebequenses sobre essas formas de desenvolver a aprendizagem. Infelizmente a sociedade, de uma maneira geral, não confere o devido valor às atividades de dança, principalmente se associadas à ludicidade, desconsiderando a validade do exercício da visão panorâmica que todo ensino por competências procura evidenciar. Assim, passa despercebido que essa é uma oportunidade de usufruir um tempo que explora conteúdos até de outros anos letivos, evitando a realização de trabalhos isolados, ao mesmo tempo em que diminui o número de avaliações públicas e as realizações in loco, verdadeiros atos sociais, ecopedagógicos e de natureza inclusiva que oferecem um leque de opções, que sua praticidade alcança como área fim e área meio.

O desenvolvimento dessas competências específicas, como a espontaneidade, a criatividade e a sensibilidade, elementos essenciais no desenvolvimento da expressão verbal, escrita e corporal e ausente nas manifestações artísticas dos discentes, gerou, em 2013, a idealização de um projeto que suprisse essas necessidades, consideradas primárias para os atos cênicos. As primeiras oficinas, supervisionadas nos moldes definidos pela Associação Baiana de Psicodrama (ASBAP), instituição promotora da formação em psicodrama, foram realizadas nos anos de 2012, 2013 e, mais intensamente, em 2014, quando encerramos o referido projeto com a apresentação pública do musical "O soldado e a bailarina", quando o psicodrama pedagógico foi apresentado como principal recurso metodológico para as atividades de dança. Ademais, tornou-se urgente regularizar as atividades de dança no próprio estabelecimento, tendo em vista que está inserida na área de Códigos e Linguagens, na qual a Educação Física e a Educação Artística e suas especificidades estão inseridas. Por isso, o reconhecimento de que no psicodrama existem ferramentas que podem alardear os objetivos da própria disciplina e do estabelecimento, atendeu ao universo institucional de maneira mais abrangente, fator que impulsionou sua aplicabilidade, tornando a prática uma raridade. As pesquisas educacionais nesse campo, principalmente quando circunscritas no contexto da dança, são relevantes e significativas, e sua justificativa se dá principalmente porque, em um momento em que ainda não se esgotou questões relativas às dificuldades no campo pedagógico por diversas razões, compreender mecanismos de poder que conduzem ou não ao ensino-aprendizagem, conduzem às possibilidades de ampliar o interesse pela apreensão das resistências que ocorrem nesse caso, tornando-o relevante socialmente. Primeiro por se tratar de elementos constitutivos da dança e segundo, pela dimensão que o tema se estende, uma vez que essa atividade é percebida como uma forma de assinar nosso próprio corpo, assim entendemos que se trata de uma prática ecossistêmica e transdisciplinar por natureza.

 

METODOLOGIA

A pesquisa inicial contou com todos os discentes inscritos nas atividades de dançateatro; porém, para a publicação do trabalho, consideramos apenas os quinze integrantes, de ambos os sexos, com idade de 9 a 14 anos do 6º ano, tornando-os a população-alvo do estudo. Em virtude de os discentes sentirem necessidade de investir em atividades voltadas para o exercício da criação coreográfica, as oficinas serviram para consolidar essa solicitação associada a dos docentes e dos gestores, favorecendo outros interesses coletivos relacionados à expressão verbal, oral e corporal. Considerando que a população apresentava dificuldade com a expressividade em todos os campos do saber, as atividades planejadas incluíam prioritariamente esses itens, deixando os conteúdos próprios da dança para um segundo plano.

Para viabilizar o estudo, procuramos entender o conceito de psicodrama aplicado nas artes cênicas, articulado aos princípios de Moreno (1985) e Bermudez (1984), relacionandoos à complexidade de Morin (2000). Centrados em parâmetros epistemológicos cujos conhecimentos estão situados no contexto social, cultural e historicamente determinado, adotou-se uma postura analítica e política diante do objeto estudado, a aplicação do psicodrama nas atividades eletivas de dança em conjunção com a disciplina de Língua Portuguesa. Utilizou-se também da obra de Weil (1967), cujo discurso ecológico, interdisciplinar e transdisciplinar foi necessário para compreender a imersão do psicodrama no Brasil, além de se tratar de um ícone na educação transdisciplinar brasileira.

No SCMB, os jovens, em sua maioria, não escolhem a carreira militar, mas são obrigados a entender os símbolos e a magnitude da instituição como um significado que vai além daqueles que os próprios discentes elegem como primários. E assim assumem, diariamente, um papel de "pseudos" soldados e/ou futuros cadetes, aprendizes de um ofício que pouco tem a ver com a maioria deles, que escolherão profissões díspares: médicos, dentistas, advogados e até artistas, dançarinos ou diretores de teatro. Para entender essas questões, optou-se pela valorização das falas dos discentes por acreditar que, assim, as construções dramáticas pudessem ser mais fidedignas às análises e às interpretações. Para o desenvolvimento do projeto, foi preciso que todos os docentes reconhecessem no psicodrama um instrumento facilitador dos vínculos.

No tratamento de dados, avaliou-se polilogicamente nos momentos de compartilhamento, no final das aulas. Portanto, ao contrário de uma discussão isolada sobre a validade da inserção do psicodrama, pesquisamos a possibilidade de abertura ao diálogo com os principais protagonistas, gerando um trabalho cocriativo, socializando os fatores impactantes, momentos em que expressavam sentimentos, impressões e processos, ressaltando momentos mais significativos.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com Mödinger (2012, p. 14), "ser cidadão significa participar e lidar com segurança com a complexidade do mundo para intervir nele criativamente – para isso, é necessário compreender as relações humanas como complexas, diversas, situadas e historicamente construídas". Idealizamos as oficinas conforme o criador do psicodrama, Jacob Levy Moreno. Nesse processo, o fortalecimento de vínculos torna-se uma constante, conduzindo o tema cidadania com intuito de nos fazer entender que criatividade e artes são processos inteligentes que nos tornam vivos. A criatividade, por exemplo, é uma competência facilitadora da leitura de qualquer obra artística, que não difere da leitura de qualquer texto literário. Essa percepção não é tão clara para os sujeitos, por isso utilizar os recursos psicodramáticos para entender, de forma internalizada, que ação, movimento e imagem se coadunam com o acervo de conhecimentos que o discente adquire.

Trabalhar a dança com esses propósitos é torná-la uma "dança psicodramática", processo gerador de atitudes de valorização das produções discentes, que legitimam o ato de ser-sujeito, aproximando os discentes de suas culturas. Uma vez que o interesse pela música pop americana afasta-os de suas raízes pela intensidade com que trabalham a cultura do norteamericano, o psicodrama potencializa experiências que equalizam as necessidades discentes e os fazem refletir sobre os desejos, os anseios e as questões socioculturais internas e externas, contextualizando seus "saberes e fazeres" como conservas culturais ou não, segundo a própria ótica interna dos participantes. Assim, exercitam a autoconsciência e o autoconhecimento.

Dançar, cantar e representar são atividades que perpassam o "recinto sagrado" silenciosamente. A sensibilidade, o sentimento e a imaginação são, vez ou outra, um apelo discursivo. Embora desconsiderados pelos limites impostos pela caserna, o elo perdido com o "faz de conta" volta a imperar nas unidades militares por meio do corpo daquele que conta com um repositório de fantasia da sensibilidade e que argumenta ser necessário manter no cotidiano as mesmas crianças que ainda acreditam estar neles. Muitas nos mostram que o melhor da vida é dividir alegrias e tristezas com o imaginário que ela própria criou e que ainda mantém no coração um lugar especial. Dos resultados alcançados, pôde-se apreender que o psicodrama proporcionou a valoração da dança-teatro como um importante instrumento para a educação holística. Com essas vivências, acreditamos que o discente possa desenvolver, com mais facilidade, ações que se pautam no criar, alterar, transferir e complementar as atividades sem ferir os estatutos internos da instituição, cujas propostas de produção dos textos devem apresentar situações apropriadas pela disciplina de Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras Modernas e Redação, considerando seus diversos gêneros discursivos, bem como conciliar com as apresentações cênicas locais. Com esse discurso, propomos uma experiência que devolve a consciência planetária nas práticas educativas, dever primordial daquele que acredita ser o propósito do ser-cidadão. E, assim, podemos inferir, pelo menos, três considerações fundamentais para obter sucesso, inclusive com o letramento. A primeira é a necessidade de oferecer uma diversidade de atividades corporais que possa ser observada pelo docente por tempo mais prolongado; a outra é ampliar o campo de ação da educação motora, que seja mais planejada e coadunada com música e práticas populares; e uma terceira, a necessidade de os docentes oportunizarem um tempo para uma escuta sensível que possa dar vazão à espontaneidade e à criatividade, além da sensibilidade, incluindo as técnicas psicodramáticas. Técnica que deu vazão para criarem um nome simbólico para a sala de dança: "quarto de brinquedos".

Os discentes registraram, com essa atitude, o que realmente queriam: uma construção que retratasse a meninice e o ato brincante, apostando em atividades mais deliberativas e mais flexíveis para que as criações de cada um facilitassem o retorno à condição do ser-criança. Para eles, brincar de soldado com todos os apetrechos deixados em cena, era o que mais importava. Podemos dizer que os três elementos que Moreno (1985) admitiu ser os ícones de sua teoria – a espontaneidade, a criatividade e a sensibilidade – foram aflorados nesse momento tão prazeroso que revelou cenas além do que se esperava. Desse modo, entendemos que o psicodrama aplicado nas artes cênicas é uma categoria do saber que, articulada com outras tantas em um ambiente escolar, eleva-se na importância porque tende a dar visibilidade a novas dimensões sociais, como classe, raça/etnia e idade/geração e muitos outros itens que interessa à escola considerar.

Para avaliar o psicodrama nesse contexto, levamos em consideração os critérios que permitiram verificar em que medida o discurso foi competente para tornar as situações emergentes bem-sucedidas e socialmente aceitáveis, como deduz Jonnaert (2007, p. 72). Os discentes normalmente se harmonizam em prol de um resultado positivo. Considerando que no compartilhamento todos disseram quanto ficaram satisfeitos com o processo, entendemos que o resultado teve ressonância grupal, não pela resposta dada pelo grupo, mas pelo desejo coletivo em continuar com os processos cocriativos. Damo-nos também por satisfeitos após verificarmos que o desenvolvimento da espontaneidade, da criatividade e da sensibilidade foi vivenciado em situações concretas e que os manejos em prol da realização de todos os itens requeridos puderam mudar e transformar a realidade inicial, que é a dificuldade em construir coletivamente imagens e sequências coreográficas de forma espontânea. Assim, percebemos que o ato de dançar e dramatizar perpassa o sonho de qualquer cidadão. Uns o fazem, outros imaginam que fazem e outros enganam que fazem e simulam para si mesmo que não gostam desse tipo de arte, apenas porque não acreditam na possibilidade de se expressar, ato tão humano quanto comer, beber, marchar, dormir, entre outros. Ao encenar também representamos diferentes papéis e estados de ser. Compartilhamos música, voz, espaço e expressão corporal, ambiental em um incomensurável estado transdisciplinar em que o ritual é deixado de lado, posto em um cabide para que o corpo do estudante, quase soldado, "torne-se".

No 6º ano, em especial, lida-se ainda com as múltiplas maravilhas dos contos "maravilhosos", quase encantados, quase "faz de conta", nos quais reis e rainhas malvadas cantam, encantam, tudo que o conto apresenta por meio dos mitos, das lendas, das fábulas e dos "contos maravilhosos". Tudo isso encanta de uma forma ou outra, qualquer um, mesmo não sendo apreciador da dramaturgia. Com essas reflexões se estreitam os laços da educação artística e da educação motora no ato de ler e escrever, contar histórias e contar letras e números em um processo inusitado de construção de imagens de um tempo que foi e que não volta mais. Este é um grande desafio do SCMB: aprender a dançar, encenar, cantar e tocar, além de explicar que a leitura e a escrita não é tudo que usufruímos na vida. Dançar com arte e apreço determinado e determinante em um espaço que abriga a dança que se escolhe para dançar é quase uma obrigação, porque não podemos deixar nossos corpos se tornarem marionetes nas mãos de professores coreógrafos que almejam apenas dar um nome a uma imagem sem dono e criada ao sabor do vento. Diante de um cenário altamente racional como é aquele apresentado nos colégios militares, dificilmente acreditar-se-ia que ali também é um espaço para um cotidiano teatralizado. O soldado encena, entra e sai de cena durante todo o cortejo em que seu corpo desfila comprimido por um coturno que recebe parte de uma fantasia, simulando uma floresta que lhe cobre o corpo enquanto brinca de soldadinho de chumbo. Esse é um dos papéis que mais encantam uma bailarina que deseja descer de sua sapatilha de ponta e experimentar, pelo menos, por alguns momentos, a possibilidade de cheirar o mato, a relva, os rios, os mares e as montanhas onde papagaios e pintassilgos cantam com os sabiás que gorjeiam o hino nacional, mesmo não sabendo a letra.

 

CONCLUSÕES

Finaliza-se apresentando o psicodrama como importante instrumento metodológico. Associado às propostas inter e transdisciplinares no CMS, amplia-se a expressividade discente e facilita o ensino por competências, o ato de letrar e o protagonismo em ações individuais e grupais, além de despertar a sensibilidade lúdico-criativa e ampliar as ações socioculturais, tornando a dança, uma prática dialógica, atendendo às necessidades institucionais. Portanto, considera-se o psicodrama uma atividade propícia para o desenvolvimento das competências criativas-espontâneas, promotoras também do desenvolvimento da sensibilidade e do autoconhecimento. Com esses dados, afirma-se que o trabalho preencheu uma lacuna no contexto da dança transdisciplinar atendendo àqueles que possuem interesse em temáticas vinculadas às artes cênicas dessa natureza. Adianta-se que o estudo é inesgotável e pode vir a contribuir para legitimar o psicodrama em outras disciplinas do currículo escolar. Uma vez que na arte tudo pode, forma-se uma rede de possibilidades cruzando culturas, técnicas, conteúdos e áreas do conhecimento até se consolidarem em uma história quase sem fim.

 

REFERÊNCIAS

CANCLINI, N. G. Culturas híbridas. 4. ed., São Paulo: Edusp, 2003.         [ Links ]

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WEIL, P. Psicodrama. Rio de Janeiro: Cepa, 1967.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Manon Toscano Lopes Silva Pinto
Email: toscanomanon@yahoo.com

Rua Ary Pereira de Oliveira, 12
Amaralina – Salvador, BA.
CEP 41941-040.

Tel.: (71) 3240-1212

 

Recebido: 27/06/2015
Aceito: 26/09/2015

 

 

* Licenciada em Educação Física pela Universidade de Brasília. Doutorado e Mestrado na área de Educação Física Escolar. Especializações em transdisciplinaridade, arte-educação no contexto das artes cênicas.

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