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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.27 no.1 São Paulo jan./jun. 2019

http://dx.doi.org/10.15329/0104-5393.20190005 

DOI: 10.15329/2318-0498.20190005
Artigos Originais

 

Pesquisa participante a serviço da emancipação e da ruptura de silêncios: Uma experiência no Brasil

 

Participatory research in service of emancipation and breaking silence: An experience in Brazil

 

Investigación participante al servicio de la emancipación y de la ruptura desilencios: Una experiencia en Brasil

 

 

Marcos Bidart Carneiro NovaesI*; Andréa Claudia de SouzaII; Joceli Regina DrummondIII

IPotenciar Consultores Associados – São Paulo/SP – Brasil ORCID: 0000-0003-2571-6956 
IIPotenciar Consultores Associados – São Paulo/SP – Brasil ORCID: 0000-0002-4529-3498
IIIPotenciar Consultores Associados – São Paulo/SP – Brasil ORCID: 0000-0003-4363-4786

 

 


Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar a pesquisa participante como estratégia metodológica, em seus fundamentos teóricos e práticos, entrelaçando esses fundamentos com os do Sociodrama. Para  isso, o  trabalho analisa  e discute  uma  experiência  no  Brasil,  realizada com mulheresbordadeiras na periferia de São Paulo e voltada para a formação de um coletivo empreendedor. O foco é o início do trabalho de campo, no qual se abrem espaços comunicativos que permitem a superação de silêncios e a emancipação. Como conclusão, os autores ressaltam que a pesquisa participante pode funcionar como instrumento crítico de rompimento do silêncio e início da mobilização. A pesquisa participante permite gerar conhecimento e superar “estados de resignação” para transformar a realidade dos sujeitos da prática.

Palavras-chave: psicodrama, pesquisa participante, mulheres, mudança social, silêncio


Abstract

The objective of this article is to present participatory research as a methodological strategy in its theoretical and practical bases, interweaving these bases with those of Sociodrama. For this purpose, this study analyzes and discusses an experience in Brazil, with female embroiderers in the suburb of São Paulo, aiming at developing an entrepreneurial collective. It focuses on the beginning of the field work, in which communicative spaces are opened that allow silences to be overcome and emancipation to be attained. The authors conclude by highlighting that participatory research can work as a critical instrument for breaking silence and initiating mobilization. Participatory research allows to generate knowledge and overcome “states of resignation” in order to transform the practice subjects’ reality.

Keywords: psychodrama, participant research, women, social change, silence


Resumen

El objetivo de este artículo es presentar la investigación participante como estrategia metodológica, en sus fundamentos teóricos y prácticos, entrelazandolos con los del Sociodrama. Para ello, el trabajo analiza y discute una experiencia en Brasil, realizada con mujeres bordadoras en la periferia de São Paulo y orientada a la formación de un colectivo emprendedor. El foco es el inicio del trabajo de campo, en el que se da la apertura de espacios comunicativos que permiten la superación de silencios y la emancipación. Como conclusión, los autores resaltan que la investigación participante puede funcionar como instrumento crítico para la ruptura del silencio y el inicio de la movilización. La investigación participante permite generar conocimiento y superar “estados de resignación” para transformar la realidad de los sujetos de la práctica.

Palabras clave: psicodrama, investigación participante, mujeres cambio social, silencio


 

 

INTRODUÇÃO

Jacob Levy Moreno criou o método psicodramático e elaborou a teoria socionômica, hoje conhecida por Psicodrama. Ao longo do tempo, os métodos que compõe a socionomia foram separados e chamados de psicodrama e sociodrama, o primeiro focado no indivíduo, e o outro, no grupo. Ambos tinham como desafio tanto a transformação social quanto a comprovação teórica das ideias do criador do método. Moreno chamava seus trabalhos na época de experimentos, os quais hoje são designados vivências pela maioria dos psicodramatistas. Sua forma de atuar sempre envolveu investigar pela ação temas que interessassem tanto a si como aos integrantes de um grupo, de maneira aberta e adaptada à necessidade do grupo conforme o andamento do trabalho. Os temas de pesquisa eram e são sempre discutidos entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa por meio de ações do próprio grupo com quem se pesquisa (e não sobre quem). A teorização do ocorrido nos encontros se dá posteriormente usando as referências adequadas ao tema. O objetivo maior da pesquisa sociodramática é a transformação do grupo e de suas relações com outras pessoas, grupos ou estruturas, mas na ação. Em Kim (2009) e Contro (2009), o pensamento de Moreno é visto como aderente às práticas da pesquisa-ação (PA), que, segundo Reason e Bradbury (2008), agrega uma série de práticas, não uma estratégia metodológica, mas uma epistemologia que chamam de uma “família de abordagens”. Esses autores discutem as vertentes da pesquisa-ação convergentes e divergentes e seus interesses, que ora são pela autonomia e pela emancipação dos grupos, ora se dobram aos interesses de dominação e adaptação ao status quo.

Para Thiollent (1987), Karl Marx, de certa forma, lançou a ideia de pesquisa participante (PP) ao realizar a “Enquete Operária” com o objetivo de levar grupos de operários à reflexão sobre seu dia a dia. Quando se usa a expressão Pesquisa Participante, no âmbito dessa família de práticas antes citada, pressupõe-se o objetivo de emancipação e ganho de autonomia de grupos oprimidos ou classes populares. As ideias de Gramsci (Kehoe, 2009) também podem ser consideradas precedentes à PP com essa vertente emancipatória.

O propósito deste artigo é analisar e discutir as possibilidades da PP aliada ao sociodrama como metodologia para abrir espaços comunicativos e apoiar a emancipação de grupos populares. Esses espaços permitem superar silêncios historicamente construídos e que impedem a comunicação e o diálogo necessários para a transformação social. Pretende-se também apresentar os pontos de contato metodológicos entre a PP e o sociodrama na pesquisa, uma vez que a intervenção aqui relatada foi realizada por psicodramatistas, com fortes influências dessa maneira de ver o mundo.

Essa discussão aqui proposta se dará em dois subcapítulos a seguir. No primeiro, definese o que aqui se denomina pesquisa participante, como ela se insere na família de práticas da pesquisa-ação e como constroem-se pontes entre ela e o Psicodrama. No segundo, é apresentado um caso prático de uso da pesquisa participante (PP), envolvendo um grupo de mulheres bordadeiras que vivem em um bairro na zona sul de São Paulo, a 40 quilômetros do centro da cidade. O foco nesse segundo capítulo é a questão da abertura do espaço comunicativo e da ruptura do silêncio necessária para a emancipação.

 

A PESQUISA PARTICIPANTE COMO INSTRUMENTO DE EMANCIPAÇÃO

A PP é aplicada em diversas frentes, como no ensino, nos serviços à comunidade, na saúde, na educação popular, na emancipação de grupos oprimidos etc. Existem diversas abordagens e aplicabilidades do método sem que haja um modelo ou uma metodologia científica únicos, comum a todas as abordagens da PP (Brandão & Borges, 2007). Diversos autores concordam, no entanto, que o diálogo entre os atores sociais, pesquisador e sujeitos da prática, é estabelecido na formação e na manutenção de relações de confiança em um espaço de tempo determinado (Schmidt, 2006).

Mesmo antes de Kurt Lewin, a quem muitos consideram um dos pioneiros da PA, encontramos no livro Psicodrama a afirmação: “em especial na esfera humana é impossível entender o presente social se não tentarmos mudá-lo” (Moreno, 1997, p. 58). O autor se opõe a Bergson e Peirce, denominando-os filósofos-expectadores por trabalhar e reivindicar a figura do filósofo-ator. “Onde o filósofo percebe a superfície a que confere uma expressão aforística, o ator terapêutico das grandes religiões, em seus períodos vitais, penetrou na própria essência, por meio da ação e da realização” (Moreno, 1997, p. 59).

PP e PA são duas modalidades diferentes de pesquisa, mas que apresentam algumas semelhanças, sobretudo em relação ao envolvimento dos participantes. Com efeito, PA pode ser definida, segundo Thiollent (1987, p. 14), como uma pesquisa com base empírica, “realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”. Mas a principal diferença é que, enquanto a PA estimula o envolvimento dos participantes em ações com caráter educativo, social, técnico ou outro, a PP tem a função de envolver e estimular a protagonização emancipatória, individual e coletivo, em geral, grupos oprimidos, marginalizados ou excluídos.

Observação e participação estão no cerne das indagações e das reflexões de Moreno (2008), afinal ele enxerga uma complexidade na observação quando se realiza uma pesquisa participante. Ele reflete a respeito de uma participação existencial, e não observacional no processo de pesquisa, e, em toda sua obra, caminha em busca de um encontro e um equilíbrio entre visões subjetivas e visões objetivas, entre percepções de sujeitos da pesquisa e dos pesquisadores.

 

O sistema de atores baseia-se num consenso que existe apenas no interior da coletividade de atores. Esse consenso interno e secreto pode ser “objetivado” com a ajuda investigativa dos atores e usado pelos observadores do comportamento dessa coletividade de atores com o intuito de complementar e ampliar o sistema que eles estão desenvolvendo, a partir de pistas comportamentais. (Moreno, 2008, pp. 94-95)

 

Moreno (2008, p. 95) afirma que esses “observadores têm que se ‘subjetivar’ e transformar-se em membros da coletividade de atores para conseguir as pistas interiores, isto é, da própria participação existencial no processo”. Afirmação, na época, inovadora, radical, inimaginável naquele momento. E outros autores que discutem o psicodrama e a PA, como Marra & Costa (2004) e Wechsler (2007), seguem nessa reflexão de quanto e de como o pesquisador está implicado no processo de pesquisa, assim como sua observação e análise.

A pesquisa participante (PP) tem como propósito “auxiliar a população envolvida a identificar por si mesma os seus problemas, a realizar a análise crítica destes e a buscar as soluções adequadas” (Le Boterf, 1984, p. 52). Ainda segundo o autor, essa forma de pesquisar a população não é reativa ou passiva diante do estímulo do pesquisador, mas interage com o tema, o planejamento da condução e as decisões.

Segundo a formulação de Brandão e Streck (2006, p. 12), a PP deve ser considerada um “repertório múltiplo e diferenciado de experiências de criação coletiva de conhecimentos, destinados a superar a oposição sujeito/objeto no interior de processos que geram saberes e na sequência de ações que aspiram gerar transformações”. Brandão e Borges (2007) afirmam que a pesquisa participante tem como estrutura os seguintes pontos: deve contemplar “a realidade concreta da vida cotidiana dos próprios participantes individuais e coletivos do processo, em suas diferentes dimensões e interações” (p. 54); e deve contextualizar em sua dimensão histórica as estruturas, os processos, as organizações e os sujeitos sociais, convertendo a visão de sujeitoobjeto em uma relação do tipo sujeito-sujeito.

Moreno (2008, p. 79) formula assim essa mudança de visão e de incorporação dos sujeitos:

 

Antes de propor qualquer projeto experimental ou programa social, o experimentador deve considerar a constituição correta do grupo. Para que os membros estejam adequadamente motivados a participar espontaneamente, é preciso que sintam, no tocante ao experimento, que “ele é uma causa sua, e não de quem promove a ideia – o investigador, o empregador, ou qualquer outro agente do poder”.

 

Todos os pressupostos de caráter político e ideológico devem ser analisados para que não interfiram na pesquisa. Apesar de não ser possível atingir uma total neutralidade, não se pode ir a campo, com pressupostos definitivos. O diálogo não é um discurso doutrinário. “Uma verdadeira pesquisa participante cria solidariamente, mas nunca impõe partidariamente conhecimentos e valores” (Brandão & Borges, p. 55). O processo é dirigido à transformação social, à transformação de conhecimentos, sentimentos e motivações populares.

Como meio para alcançar a articulação de grupos marginalizados, a PP surgiu na América Latina (Brandão & Streck, 1999; Gajardo, 1999; Silva, 1991). No início, a PP foi aplicada a trabalhadores rurais em programas educacionais. Segundo Gianotten & Witt (1999), ela tinha como foco a formação e a expansão da consciência crítica do grupo envolvido para implementar processos políticos de mudança.

A PP tem suas origens, portanto, na ação educativa. Paulo Freire (2005; 1979) foi um de seus grandes influenciadores, com seus trabalhos relativos à educação popular. Seu método de alfabetização baseado na percepção do alfabetizando sobre seu próprio contexto sóciohistórico é que proporcionou as bases da pesquisa participante. Apoiada nos trabalhos de educadores como João Bosco Pinto (1976), Marcela Gajardo (1981) e Carlos Rodrigues Brandão e Danilo Streck (1981), desenvolveu-se a chamada vertente educativa da PP. “Uma pesquisa que é também uma pedagogia que entrelaça atores-autores e que é um aprendizado no qual, mesmo quando haja diferenças essenciais de saberes, todos aprendem uns com os outros e através dos outros”, conceitua Brandão e Streck (2006, p. 13).

Existe também uma abordagem sociológica da PP, inaugurada pelo colombiano Orlando Fals Borda (1972) no início da década de 1970. Comprometido com as lutas populares e campesinas, ele propõe uma divisão entre a ciência dominante e a ciência popular. A primeira privilegiando a manutenção do sistema vigente, e a segunda baseada no conhecimento empírico e no senso comum. Devolver o conhecimento aos grupos que contribuíram para sua geração exige que o pesquisador se envolva como agente no processo que estuda, uma vez que tomou uma decisão em favor de determinadas opções. O pesquisador aprende, assim, por meio da observação e também do próprio trabalho com as pessoas com quem se identifica (Fals Borda, 1981).

Quando se considera PP em sua vertente latino-americana, ressaltam-se seis princípios metodológicos propostos por Fals Borda (1981): (1) autenticidade e compromisso, pelo qual o pesquisador mostra genuíno interesse na mudança social proposta, respeitando os valores e as convicções do grupo; (2) antidogmatismo, pelo qual se garante ao grupo a liberdade de apresentar seu pensar religioso e político sobre o tema proposto; (3) restituição sistemática, pelo qual se garante ao grupo devolução sobre as análises colhidas e resultados da pesquisa, em linguagem que respeite a tradição cultural do grupo; (4) feedback a outros pesquisadores críticos e interessados na emancipação de grupos populares, garantindo ao pesquisador e ao grupo que o conhecimento pode ser usado em situações semelhantes; (5) ritmo e equilíbrio de ação e reflexão e comunicação articulada ao próprio conhecimento geral, local e o modo peculiar de produção do mesmo; (6) ciência modesta e técnicas dialogais, a ciência realizada e comunicada de maneira simples, mesmo que em situações precárias, para alcançar a realização e a compreensão por qualquer nível de conhecimento grupal. Isso não significa desprezo à ciência acadêmica ou falta de ambição, mas prioriza a escuta e a compreensão dos diferentes discursos e a articulação do conhecimento nas diferentes redes relacionais do grupo, respeitando essa forma de manifestação do diálogo.

AS MULHERES BORDADEIRAS, O SILÊNCIO E A PESQUISA PARTICIPANTE

Um trabalho de PP sempre passa pela fase de abertura do espaço comunicativo na qual é necessário lidar com o silêncio inicial presente entre o pesquisador e o grupo. Não se trata absolutamente de um procedimento frio e mecânico, mas sim de um estabelecer de confiança e de criar um espaço comum afetivo. “Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo” (Freire, 2005, p. 92).

A familiaridade dos pesquisadores com o sociodrama ajudou muito nesse ponto. Seguindo as propostas de Sternberg e Garcia (2000), os momentos de aquecimento do grupo foram por vezes mais cognitivos e em outros afetivos. Foram no início propostos pelos pesquisadores e com o passar do tempo pelos membros do grupo ou pelo diretor. Aquecimentos cognitivos falam mais ao nosso raciocínio mental, com a opção de ações baseadas em dados e fatos como por meio de leituras, apresentações e discussões. Aquecimentos afetivos falam diretamente às nossas emoções e chegam a afetar nossos corpos físicos, assim como podem ser inter-relacionais ou fisicamente ativos. O objetivo dos aquecimentos é sempre preparar o grupo e levá-lo a um estado em que os integrantes possam se sentir confortáveis ou preparados para trazer à tona sentimentos que têm sobre o tema a ser desenvolvido.

No caso das mulheres bordadeiras, apesar de as participantes estarem em maior número que os pesquisadores, o grupo não conseguia se expressar quanto aos seus valores e seus sentimentos, aparentando dificuldade de comunicar causada talvez pela condição socioeconômica, pelas suas experiências pessoais e grupais com grupos marcados como dominantes, colocando-se, assim, no papel de oprimido.

Para esse estado de impossibilidade de comunicação e autoria, os pesquisadores propuseram o conceito de “estado de resignação”, aproximado ao de Freire (2005) quando se refere aos oprimidos.

Torna-se necessário, como diz Schön (2000), superar o silêncio e as atitudes de defesa, a vergonha, o embaraço e a timidez. Inicia-se uma sensibilização que torna possível a construção do “nós”. O pesquisador deve estar preparado para iniciar um processo de troca simbólica (Barbier, 2004), pelo qual se permite que os eus se sintam acolhidos, se expressem, num processo contínuo de crescimento e coconstrução tanto mental quanto emocional.

Santos (2007, p. 30) nos lembra de que “Como a solidariedade é uma forma de conhecimento que se obtém por via do reconhecimento do outro, o outro só pode ser conhecido enquanto produtor de conhecimento”. Essa produção de conhecimento esbarra nos temas do silêncio e da diferença. Silêncio oriundo do fato de que as maneiras de ver e conhecer o mundo de algumas culturas foram abafadas, sintoma de um bloqueio, de uma potencialidade impedida de se desenvolver. A grande questão é “como fazer falar o silêncio sem que ele fale necessariamente a linguagem hegemônica que o pretende fazer falar” (Santos, 2007, p. 30).

Além do silêncio em si, há a questão da diferença, que anda de mãos dadas com o silêncio. O conhecimento emancipatório exige que pesquisadores construam com os grupos com que pesquisam solidariedade e colaboração, apesar das eventuais diferenças sociais e culturais. O grau dessas diferenças pode variar bastante, mas muito do que Freire (1979, p. 34) chama de “cultura do silêncio”, referindo-se a camponeses, pode ser compreendido e aplicado a outros grupos. Isso porque na essência dessa cultura está a manutenção de grupos em um estado de dependência e de percepção fatalista. Os grupos que os oprimem tendem a ações verticais, paternalistas, em vez de estimular a tomada de decisão por parte do oprimido. Cabe ao pesquisador que interfere na realidade levar em consideração que o silêncio não está sendo dissolvido apenas para aliviar tensões, e sim para apoiar esses grupos a desenvolver um pensamento crítico e emancipatório.

Todo pesquisador, ao se deparar com uma realidade nova para ele, deve estar aberto e precisa aquecer o grupo e se aquecer, para abrir novas possibilidades de visão e perceber como está o grupo no “aqui e agora”, suas facilidades e dificuldades para lidar com o cotidiano. Slogans e materiais prontos muitas vezes só servem para acalmar o nervosismo do “pesquisador-educador-diretor”. O aquecimento prepara o pesquisador e o grupo, não os tranquiliza, pelo contrário, os coloca em ação. Como afirmam Drummond e Souza (2008), é diante do grupo, com as leituras, a sensibilidade e as técnicas formais, que os pesquisadores podem aprofundar os conteúdos emergentes.

As mulheres bordadeiras com as quais e para as quais se pesquisou vivem na região de Parelheiros, zona sul de São Paulo, a 40 quilômetros do centro da cidade. De acordo com o Censo de 2000, os responsáveis pelos domicílios têm renda média de cerca de US$ 300,00. A renda média per capita era inferior a US$ 100,00 em 27,03% dos domicílios. Seus responsáveis tinham, em média, cinco anos de estudo, dos quais 26,8% deles completaram apenas o ensino fundamental e 12,4% eram analfabetos. As mulheres responsáveis por domicílios correspondiam a 21,0% da população, e 12,1% do total da população era crianças com menos de cinco anos (Bidart-Novaes, 2008).

A origem da pesquisa foi a necessidade de apoiar um grupo de quase 200 mulheres bordadeiras a eliminar intermediários para passar a ganhar mais por seu trabalho de bordados (Bidart-Novaes, 2008). Essas mulheres não tinham contato entre si, e sim apenas com uma delas, que recebia as peças de roupas entregues pelos intermediários e vindas dos bairros do Brás e do Bom Retiro. Enquanto elas ficavam com R$ 0,30 por peça finalizada, os intermediários ficavam com R$ 1,20. Ou seja, as mulheres, que bordavam mil peças por mês e ganhavam R$ 300,00, poderiam ganhar R$ 1.500,00 sem intermediários. Com essa organização, imaginava-se uma série de outros ganhos em termos de empreendedorismo social e capital.

Na fase inicial da pesquisa, considerada de abertura do espaço comunicativo com o grupo de mulheres bordadeiras, foram propostas atividades com função de aquecimento, como o jogo (cena). Após o aquecimento, acontecia sempre o compartilhamento, que propiciou que gradualmente se rompesse o silêncio.

Esses encontros aconteciam sem nenhum apoio institucional ou verbas externas, sempre em espaços que as mulheres propunham, por vezes em uma área nos fundos da casa de uma delas. Foram conduzidos por psicodramatistas, e um dos autores esteve presente em todos os quase 50 encontros. Lentamente foi se construindo o “projeto dramático” (Aguiar, 2006, p. 141), enfrentando todas as dificuldades impostas pela restrição de tempo, pois as bordadeiras dispunham de apenas duas horas semanais, no máximo, nesse início de trabalho.

O interesse do grupo de mulheres em empreender de forma cooperativa foi o ponto de partida. No início, as expectativas dessas mulheres eram as mais diversas: de participar de cursos prontos de diferentes temas à distribuição gratuita de dinheiro e bens, ou ainda garantir a geração de emprego e renda. Por fim, a compreensão do funcionamento do mercado de bordados e costuras foi realçada pela liderança das bordadeiras como um dos fundamentos para que a motivação necessária para a eliminação dos intermediários acontecesse e, dessa forma, o trabalho ganhasse um objetivo mais claro.

Por meio desses “temas geradores” (Freire, 2005), o grupo foi descortinando, ampliando o conhecimento da própria realidade, de tal maneira que pudessem melhor compreendê-la e intervir criticamente de forma consciente. Os pesquisadores procuraram então aprofundar os temas geradores, uma vez que, segundo Freire (2005, p. 101), o que se pretendia investigar não eram os seres humanos, “mas o seu pensamento-linguagem referido à realidade, os níveis de percepção desta realidade, a sua visão de mundo, em que se encontram envolvidos seus temas geradores”.

A pesquisa iniciou com o objetivo de vencer a “cultura do silêncio” (Freire, 2005, p. 201), gerado na cultura opressora. Superar esse silêncio permitiria que essas mulheres desenvolvessem crítica a partir da inocência, partissem da neutralidade para ação, superassem a dor e ganhassem esperança, deixassem a resignação rumo à utopia, constituindo-se em protagonistas capazes de transformar a própria realidade em comunhão com outros.

Os pesquisadores verificaram diferentes intencionalidades, perspectivas e ritmos no trabalho com as mulheres bordadeiras. Os pesquisadores precisavam de tempo para organizar os conhecimentos que surgiam no processo, já os sujeitos participantes tinham urgência de transformar sua realidade. Os pesquisadores acreditavam na metodologia da PP e seus objetivos, e esperavam a participação dos envolvidos. Estes, no entanto, só se dispunham a participar à medida que passavam também a acreditar na transformação que o trabalho poderia proporcionar. Houve um tempo para o envolvimento do grupo até que estivessem prontos para mudar de estado e iniciar o trabalho de fato.

A cada reunião, eram utilizados jogos, vivências e dramatizações, que ao mesmo tempo serviam para dissolver o silêncio inicial típico de encontros assim e para unir o grupo. É necessário enfrentar o silêncio “como dado concreto e como realidade introjetada” (Freire, 1979, p. 85). Esse só pode ser enfrentado com paciência e dando voz ao grupo, em seu ritmo, a seu tempo e com sua linguagem. As atividades utilizadas nessa fase foram as mais diversas.

Apenas como exemplo, uma vez que não é o objetivo deste trabalho detalhar a intervenção, e sim analisar e discutir a PP, relata-se aqui uma atividade e a reflexão por trás. A atividade proposta foi a de que em grupo fosse criado e dramatizado um jornal televisivo do bairro expondo o que as pessoas daquele grupo acreditavam ser o trabalho com bordados, em suas diferentes perspectivas: dos filhos, dos maridos, dos vizinhos etc. Esse tipo de atividade esconde do pesquisador em um primeiro momento o que está sendo dialogado durante a construção das ideias pelo grupo. Os participantes podem ficar à vontade para dialogar sem a interferência do pesquisador que nesse momento representa determinada autoridade e o poder instituído. O grupo ganha confiança para que entre si exerça o diálogo, assuma e represente papéis, trazendo à tona conteúdos não explicitados em uma conversa direta. Poder conversar entre pares sem a interferência externa proporciona ao grupo a possibilidade de construir a confiança, a coparticipação e a união dos membros do grupo. A escolha do que apresentar ou não para a plateia e os pesquisadores é uma escolha feita com liberdade e deve ser respeitada. O conteúdo revelado nas apresentações representa o grupo tanto quanto o conteúdo não apresentado.

Todos esses achados de campo geraram um farto material, que retroalimentava o grupo com possibilidades de discussão e percepções. Relatos colhidos pelos pesquisadores, anotações presenciais e posteriores, fotografias, vídeos, escritos das próprias participantes propiciaram muitos compartilhamentos e processamentos.

A pesquisa participante espera um grande envolvimento do grupo; para além de romper o silêncio, é necessário estimular a criação de vínculos saudáveis entre as participantes. Durante o desenvolvimento do grupo de mulheres foi possível perceber a aproximação entre elas e o aumento da confiança em relação aos pesquisadores. Houve momentos de maior confiança no projeto e momentos em que as situações externas afetaram as relações e causaram tensões no grupo. Como a entrada de uma grande encomenda de um novo cliente e o consequente excesso de trabalho e cansaço, que afetou inclusive a saúde física de uma delas e a relação das mulheres com seus maridos em relação ao apoio ou à restrição ao trabalho.

O silêncio é apenas mais uma forma de expressão. Pode significar resistência e bloqueio, mas nem sempre é exatamente assim. O silêncio também fala do grupo (Schutzenberger & Weil, 1977). O corpo, as posições assumidas durante o trabalho, o lugar onde as pessoas se sentam, onde se mantêm em pé, tudo pode falar no grupo. O cuidado do pesquisador participante é não definir o que os participantes estão dizendo sem perguntar, indagar, investigar e permitir que o silêncio se transforme em palavras.

Foi o que os autores acompanharam nesse grupo em questão. Com a repetição das reuniões e o desenvolvimento da pesquisa, percebeu-se os pequenos movimentos libertadores e o aumento da união grupal; e com a repetição das intervenções psicodramáticas, essa percepção foi se fortalecendo. Palestras dadas pelas próprias integrantes do grupo sobre os produtos que sabiam fazer ou já haviam feito no passado foram uma constante. Por volta do décimo segundo encontro, frequentavam com maior assiduidade cerca de 20 mulheres que mostravam impaciência por “fazer algo”, com o intuito de gerar renda para suas famílias e para si, a partir do aumento da receita dos bordados. A pesquisa se estendeu por mais 40 encontros, nos quais foram abordados temas como produção e gestão, sempre construindo a ponte entre ciência acadêmica e prática e a linguagem do grupo. Vale ressaltar que o vínculo das mulheres permaneceu após o fim da pesquisa.

A ruptura do silêncio e a abertura do espaço comunicativo para a emancipação não foram um processo linear, e sim feito de idas e vindas. Foi um processo contínuo, diante da fragilidade do vínculo com o grupo. Em trabalhos dessa natureza, é difícil delimitar fases de forma estanque. Dois momentos foram decisivos para a abertura do espaço comunicativo e para a consolidação dessa abertura: (1) logo na terceira reunião, as mulheres conseguiram expressar seus desejos, ainda individualmente; (2) no sétimo encontro, a liderança comunitária, sem a ajuda do pesquisador, conseguiu formular o objetivo do grupo, já voltado para a ação coletiva, da seguinte forma: valorização do trabalho da mulher, renda justa, trabalhar no bairro e desenvolvê-lo. O resultado da atividade demonstrou melhora da autoestima, integração do grupo, construção de uma identidade comum e de um objetivo comum.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como proposto no referencial teórico, esta pesquisa surgiu do legítimo desejo de um grupo marginalizado e excluído de se organizar e se emancipar. As bordadeiras conseguiram ao final de seu empreendimento coletivo quebrar a barreira do intermediário e hoje elas mesmas podem ir ao Brás e pegar as peças que bordam (Bidart-Novaes, 2008). Recebem hoje por peça entre R$ 1,50 e R$ 5,00, em vez de R$ 0,30 e R$ 1,20 que recebiam quando dependiam das intermediárias. Segundo relatos colhidos pelo próprio pesquisador junto às mulheres, isso faz toda a diferença em termos de renda familiar para elas. Em muitos casos, os maridos passaram também a bordar, abandonando atividades ligadas à coleta de material reciclável ou pequenos expedientes. Já as mulheres, além do trabalho com bordados, dedicam-se hoje como grupo organizado a fazer trabalhos para serem vendidos na comunidade, como colchas de retalhos, trabalhos de “fuxico” e outras atividades artesanais.

Com base então no que foi discutido, neste breve relato de uma investigação de pesquisadores brasileiros com a pesquisa participante e influências teóricas e técnicas do psicodrama, foi possível evidenciar a complexidade ética e epistemológica com que se defronta o pesquisador participante. Ele ou ela deve considerar as diferenças culturais que permeiam os universos dos pesquisadores e de grupos oprimidos, em uma sociedade marcada por profundos processos de exclusão social e intelectual.

Evidenciamos, nos exemplos citados, que a necessidade de estabelecimento de um clima de parceria, negociação, transparência e compromisso é fundamental para se permitir que os silêncios se solidarizem e abram espaços para o início de diálogos e processos comunicativos. Foi possível perceber que os silêncios não existem apenas de um lado, nos sujeitos da prática, existem também na pessoa do pesquisador (ou pesquisadores). Aliás, se há silêncios, eles serão sempre mútuos. Cabe ao pesquisador, como profissional, iniciar espaços para sua superação; cabe à pesquisa imbuir-se de seu papel de pesquisa participante e tornar-se um instrumento de coformação.

Outra evidência do trabalho dos autores com as mulheres bordadeiras é de que a pesquisa participante e a socionomia são instrumentos formativos de ambos os lados, sujeitos da prática e pesquisadores. A PP promove práticas educativas e pedagógicas que vão além de seus propósitos. O pesquisador desenvolve-se e qualifica-se ao aprender, incorporar e transformar a cultura local, surpreender-se com respostas e reações do grupo, superar-se em novas interrogações. Os sujeitos da prática resolvem os problemas da prática cotidiana, mas também se envolvem em processos coletivos de dar novos significados às suas experiências e aos seus valores; surpreendem-se ao se confrontar e questionar pressupostos de vida e formação, criando coragem para empreender mudanças.

Os autores puderam perceber no trabalho com as bordadeiras que a entrada do pesquisador em grupos socialmente menos favorecidos requer um trabalho prévio de construção de um universo comum de alguns significados culturais. Trabalho este bastante aproximado do conceito de “universo vocabular mínimo”, proposto por Freire (2005) nos processos de alfabetização de adultos.

A construção desse universo comum é feita pelo diálogo sobre o objeto a ser conhecido e sobre a representação da realidade a ser transformada e é realizada por meio de questões provocadas inicialmente pelo pesquisador, aprofundando as leituras de mundo dos sujeitos envolvidos. O debate que surge daí possibilita uma releitura da realidade de onde pode resultar um maior engajamento dos participantes em práticas políticas com vista à transformação da realidade.

Ficou também evidenciado que a pesquisa participante permite a mediação entre pesquisadores e sujeitos da prática. Isso qualifica o trabalho do profissional pesquisador e abre espaço para as vozes dos sujeitos. O pesquisador precisa dessas vozes para produzir conhecimentos por meio delas; os sujeitos precisam dos pesquisadores para encontrar formas de expressar suas vozes e, nesse processo, de ouvir as próprias vozes. Assim, os sujeitos aprendem a ouvir os outros e com os outros. É um processo mútuo de qualificar a produção de conhecimentos e de qualificar a vida dos sujeitos. É mais que tudo a mediação entre o exercício profissional e a existência.

A construção de um universo comum mencionada anteriormente e a mediação entre pesquisadores e sujeitos da prática são tecidas no âmbito do conceito de “encontro” elaborado por Moreno (2008), com o qual ele busca descrever o fenômeno interpessoal como fato vivo. A palavra “encontro” significa mais do que uma vaga relação interpessoal. Significa que “dois ou mais atores encontram-se, não somente para se encararem mutuamente, mas para viver e experimentar um ao outro, como atores, cada um à sua maneira”. Continua Moreno (2008) afirmando que quando duas pessoas verdadeiramente se encontram, o fazem com todas as suas forças e fraquezas e apenas parcialmente conscientes de seus objetivos. É essa dificuldade e a busca das sutilezas dos encontros que faz com que se pesquise de forma vulnerável, sensível e corajosa na PP.

Desse modo, reafirmamos que, acima de tudo, a pesquisa participante é um empreendimento pedagógico que ofereceu, nesse caso, às mulheres bordadeiras condições de se perceberem como sujeitos sociais, dotados de consciência, desejo e vontade, e que solicitam espaços para autoexpressão e convivência coletiva. É no coletivo, no diálogo com suas circunstâncias, que cada sujeito vai atribuindo sentido à existência coletiva e se comprometendo. Nesse processo, cada um dos envolvidos aproxima consciência e ação, reflexão e práxis, permitindo-nos afirmar que a participação em uma pesquisa participante transcende esses ganhos simbólicos, pois possibilita aos sujeitos vivenciar e construir atitudes críticas construtivas, que são fundamentais para a construção e a produção de conhecimentos para além daqueles que foram o foco da pesquisa.

Esses comportamentos e essas atitudes se generalizam para outras esferas da vida dos sujeitos. Assim, transformam-se em processos educativos de formação. Pode-se afirmar, enfim, que a pesquisa participante e o sociodrama funcionam como um instrumento pedagógico de formação e desenvolvimento de diálogos entre o sujeito e sua existência, entre o saber e o fazer, entre a ética e o método, quebrando silêncios que foram historicamente construídos nessas relações. E, finalmente, permitindo aos sujeitos da prática, entre eles o pesquisador, superar a resignação para transformar sua realidade, encerrando esperas e iniciando esperanças.

 

 

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Recebido: 14/11/2018
Aceito: 17/5/2019

*Autor correspondente: marcos@potenciar.com.br 

 

Marcos Bidart Carneiro Novaes. Doutor em Administração. Professor de Psicodrama na Potenciar Consultores Associados.

Andréa Claudia de Souza. Doutora em Psicologia. Professora de Psicodrama na Potenciar Consultores Associados.

Joceli Regina Drummond. Doutora em Psicologia. Professora de Psicodrama na Potenciar Consultores Associados.

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