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Revista Brasileira de Psicodrama

versão On-line ISSN 2318-0498

Rev. bras. psicodrama vol.29 no.1 São Paulo jan./abr. 2021

 

Artigo Original

 

Escola e manejo de condutas violentas: as contribuições do sociodrama temático

 

School and management of violent behavior: the contributions of thematic sociodrama

 

Escuela y manejo del comportamiento violento: las aportaciones del sociodrama temático

 

 

Ronilto Arthur Gonçalves LopesI*, Alexandra Sombrio CardosoI,II, Gabriela Pereira VidalI

IViver Mais Psicologia – Tubarão (SC), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5734-6078

IIUniversidade Federal de Santa Catarina – Departamento de Psicologia – Florianópolis (SC), Brasil. http://orcid.org/0000-0003-0985-5649

 

 


RESUMO

A escola é essencialmente reconhecida como local no qual a aprendizagem acontece, porém esse se amplia, podendo também apresentar condutas relacionais violentas entre: aluno–escola, professor–aluno e professor–docência. Diante desse tema, o objetivo deste artigo foi compreender as contribuições do sociodrama temático no manejo das condutas violentas. O ato socionômico apresentado caracteriza-se como uma pesquisa ação realizada com 19 professores em uma escola pública. A aplicação do sociodrama temático possibilitou a revelação, discussão e compreensão da dinâmica de violência que acontecia no contexto escolar.

Palavras-chave: Escola; Conduta violenta; Psicodrama; Sociodrama.


ABSTRACT

The school is essentially recognized as a place where learning takes place, but it expands and can also present violent relational behaviors between: student–school, teacher–student and teacher–teaching. Given this theme, the objective of this article was to understand the contributions of thematic sociodrama in the management of violent behavior. The socioeconomic act presented is characterized as an action research carried out with 19 teachers in a public school. The application of the thematic sociodrama made it possible to reveal, discuss and understand the dynamics of violence that happened in the school context.

Keywords: School; Violent conduct; Psychodrama; Sociodrama.


RESUMEN

La escuela es esencialmente reconocida como un lugar donde se produce el aprendizaje, pero se expande y también puede presentar comportamientos relacionales violentos entre: alumno–escuela, profesor–alumno y profesor– enseñanza. Ante esta temática, el objetivo de este artículo fue comprender los aportes del sociodrama temático en el manejo de conductas violentas. El acto socioeconómico presentado se caracteriza por ser una investigación-acción realizada con 19 profesores de una escuela pública. La aplicación del sociodrama temático permitió revelar, discutir y comprender las dinámicas de violencia ocurridas en el contexto escolar.

Palabras clave: Escuela; Conducta violenta; Psicodrama; Sociodrama.


 

 

INTRODUÇÃO

Os conceitos de violência e escola tornam-se foco de estudo e discussão através das representações da mídia com relação à precariedade das instituições em periferias. Segundo Sposito (2001), nesse primeiro momento a ideia de violência estava relacionada à necessidade de proteção do patrimônio escolar, pois ela se manifestava através de agentes externos, com intenção de depredação da instituição.

De acordo com Guimarães (2003), a depredação pode se manifestar em resposta às exigências, em instituições severas e repressoras, ou à desorganização, em instituições com ausência quase total de normas. A dinâmica da violência escolar é estruturada por buscar-se o cumprimento de regras e leis ao mesmo tempo em que apresenta, em seus grupos internos, a necessidade de rupturas e transformações (Guimarães, 2010).

Nessa perspectiva, pode-se encontrar o cenário de uma direção que avalia o desempenho do educador através de suas habilidades em manter ordem e disciplina, e por vezes acontece a negação das diferenças em duas esferas, professor–aluno e professor–direção. Em instituições que se mantêm com essa idealização de ordem e disciplina, tanto do papel do professor quanto dos alunos, anulam-se espaços de criação e experimentação, mantendo relações nas quais o outro é, eventualmente, um inimigo (Guimarães, 2010).

Essa anulação pode criar situações relacionadas a diversas formas de violência, para si e para o outro. Lira, Cerqueira e Gomes (2016) relatam que o excesso de energia dos alunos pode gerar brincadeiras de mau gosto e outros comportamentos relacionados à indisciplina e, com isso, influenciar os professores, deixando-os sobrecarregados e impotentes. Assim, o fato de que a violência é uma questão complexa e multifatorial denota a importância da capacitação e da promoção da saúde mental dos professores para a prevenção e o enfrentamento dos diversos tipos de violência e, para isso, é preciso dar visibilidade a essa temática (Lima, Coelho & Ceballos, 2017).

Diante desse contexto de violência na escola, foi feito o uso do sociodrama como método interventivo, que “busca, vivencialmente, ampliar a criatividade dos participantes do grupo. É um método ativo que articula o modo de ser e de pensar de cada um com suas possibilidades de aprendizagem e de resolução de problemas” (Nery & Gisler, 2019, p. 13). A prática interventiva descrita na análise foi estruturada pelo sociodrama temático, especificamente o sociodrama da diversidade, que tem como foco os conflitos relacionados a estereótipos, intolerância e preconceito (Nery, Costa, & Conceição, 2006).

A proposta inicial do sociodrama foi a conscientização dos professores sobre a campanha Setembro Amarelo com a temática do suicídio. Sousa et al. (2020) evidenciam a importância da investigação da ideação suicida entre os adolescentes escolares, já que uma de suas consequências é a morte, além de outras violências, e ainda destacam que “é fundamental a divulgação e debate qualificado de informações acerca do assunto e elaboração de estratégias de prevenção que envolvam a família, alunos, professores e outros funcionários das escolas (Sousa et al., 2020, p. 9). Porém no desenrolar da ação sociodramática externalizaram-se aspectos coconscientes e coinconscientes, que demonstravam condutas violentas do grupo. A partir disso, foi possível desenvolver uma construção coletiva através do saber pessoal dos participantes (Nery & Gisler, 2019). Diante do entendimento da dinâmica de violência na escola, este estudo pretende compreender as contribuições do sociodrama temático no manejo de condutas violentas.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência apresentado através da pesquisa-ação. Tendo o sociodrama como método de intervenção, possibilitando o discernimento e a mediação de uma situação problema nos sistemas grupais (Nery et al., 2006).

O sociodrama ocorre com o uso de alguns instrumentos: a plateia; os protagonistas, que irão representar o grupo; o cenário, espaço destinado à ação; e o próprio diretor, que conduz a ação (Nery & Gisler, 2019). Além disso, tem como etapas o aquecimento, a dramatização, o compartilhamento e o processamento teórico da ação (Nery & Gisler, 2019).

O diretor foi contratado pela secretaria de saúde do município e os participantes foram alocados a uma escola pública para a realização de uma atividade sobre a conscientização em alusão à Campanha Setembro Amarelo e à prevenção do suicídio. O grupo foi composto por 19 professores, de diferentes áreas, que lecionam no ensino fundamental e no ensino médio de uma mesma escola, com faixa etária de 25 a 50 anos, sendo 15 mulheres e 4 homens.

 

RELATO DE SESSÃO

A prática iniciou com a realização de uma roda de apresentações na qual cada integrante deveria falar seu nome, imitar o gesto corporal do colega anterior, e criar um novo. Diante disso, os professores foram fomentados a discutir temas relevantes sobre a campanha Setembro Amarelo, e receberam os seguintes tópicos dos diretores da intervenção: prevenção ao suicídio, bullying, cyberbullying e automutilação.

Os professores foram divididos aleatoriamente em quatro subgrupos, sendo um com quatro integrantes e três com cinco. Os grupos receberam uma pequena introdução de histórias fictícias, criadas pelos diretores, cada uma representando um dos tópicos citados acima, e foram orientados a dar um desfecho para as histórias através de uma cena.

A primeira dramatização começou com a história do valentão do colégio, apresentando as atitudes violentas em relação aos colegas, seu rendimento escolar e seu histórico de negligência familiar. No desfecho sugerido nessa cena, a professora no papel de diretora escolar disse: “não devemos centralizar tudo aqui, é bom que vocês (professores) compartilhem comigo, assim consigo procurar ajuda das demais instituições como o CRAS e a saúde”. Dessa forma, o grupo apresentou um contexto no qual a situação não é responsabilidade somente da escola, abrindo espaço para o trabalho em rede, com outros setores públicos, para a resolução de tal demanda.

Essa apresentação manifestou na orientadora pedagógica, que estava como público nesse primeiro momento, um sentimento de revolta, pelo qual ela argumentou com o grupo que essas demandas deveriam permanecer como responsabilidade apenas da escola, principalmente com o setor de gestão escolar. Os protagonistas e o público mostraram-se inibidos, o desfecho resultou na saída da orientadora do momento de capacitação, alegando ter compromissos para resolver.

O início da segunda história retrata duas garotas que estavam se mutilando. Na dramatização, os personagens apresentam medo perante a situação, o que encaminha o grupo para a discussão sobre a falta de preparo ou de atribuição dos professores para trabalhar prevenção e promoção da saúde mental na escola. Após a apresentação da segunda cena, uma professora que estava como público emocionou-se e relatou: “Eu acho que não é obrigação nossa sentar e escutar eles individualmente, mas se suspeitamos de algo, é bom investigar. Só descobri que a minha filha estava passando por isso por causa da professora dela e esse apoio foi essencial pra minha família”.

A terceira história tinha como tema o cyberbullying, na qual a protagonista foi alvo de exposição íntima na internet, recebendo tratamentos chulos ou preconceituosos por parte dos outros colegas, porém os professores preferiram não repetir a maioria dos palavrões, pois dizem que não quiseram repetir uma ação como essa.

Para o último grupo foi entregue a história de um garoto que sofria bullying, apresentando sinais de ideação suicida. A dramatização mostrava uma professora que, ao perceber o isolamento do protagonista, pedia ajuda aos demais alunos que aos poucos se aproximaram do garoto. Depois da cena, uma das professoras relatou estar sempre atenta ao comportamento dos alunos nas redes sociais:

[...] eu tenho Twitter e Instagram, não fico corrigindo e reprimindo eles por lá, até porque é onde eles falam de nós professores, mas quando começam a compartilhar coisas mais pesadas ou pornografias, a gente pode tentar intervir, perguntar o que está acontecendo.

Ao discutirem a cena, alguns professores manifestaram suas dificuldades em debater sobre o suicídio sem olhar com preconceito para o tema, enquanto outros relataram ter mais facilidade.

Durante a etapa do compartilhamento, é possível a expressão das emoções, dos conteúdos e das experiências que os protagonistas desejarem (Nery & Gisler, 2019). Nessa etapa, os participantes revelam que podem perceber quando as mudanças de comportamento dos alunos sinalizam algo negativo e que a interação entre a equipe de professores pode possibilitar soluções para esses impasses. O grupo resgatou a discussão sobre a centralização feita pela administração, manifestando a sensação de impotência perante queixas dos alunos a respeito da saúde mental.

 

ANÁLISE

A primeira parte compõe o aquecimento inespecífico que, para Datner (2012), é responsável por facilitar a manifestação da espontaneidade e da criatividade, já que é através dele que o grupo se situa no aqui e agora. O aquecimento específico tem como objetivo preparar os participantes para a ação (Datner, 2012).

Com relação a primeira cena, a saída da orientadora e a forma como o grupo se mostrou depois, relaciona-se a Guimarães (2003), quando o autor descreve que o controle totalitário usado pelos professores se mostra inútil frente à diversidade inerente dos alunos, o autoritarismo da gestão também se apresenta com incoerência, pois nega aspectos individuais e coletivos, reprimindo a equipe pedagógica e consequentemente gerando violência.

Já na segunda cena, relacionada ao preparo dos professores para lidarem com questões de saúde mental dos alunos, Estanislau e Bressan (2014) afirmam que a escola é um dos principais veículos institucionais para a abordagem do tema saúde mental, tanto pela grande concentração de jovens e crianças quanto por sua acessibilidade. Nessa perspectiva, um professor capacitado e que compreenda aspectos sobre a saúde mental pode atuar na prevenção “identificando sinais que demandem encaminhamento para avaliação de equipe de saúde mental” (Estanislau e Bressan, 2014, p. 17).

Na terceira cena, os professores do grupo disseram que não iriam representar os palavrões descritos na história, essa ação pode apresentar uma negação total da violência, ou seja, a indiferenciação de aspectos que permeiam a instituição escolar através dos alunos. Para Guimarães (2010), a atitude da docência não deve ser a indiferença ou a negação dos conflitos/particularidades dos alunos, mas sim o acolhimento dessas questões, desenvolvendo uma atitude que busca corrigir ou instruir sem intimidar.

Através das dramatizações, o grupo manifestou a angústia que sente com relação ao funcionamento da gestão, que se mantém com uma perspectiva rígida ao monopolizar as dificuldades, manifestando-se com atitude violenta. De acordo com Guimarães (2010), quando o professor percebe que manifesta conduta violenta e a compara com as atitudes violentas dos alunos, identifica a necessidade de “administrar a violência intrínseca ao seu papel” (p. 419), que possibilita o manejo entre manter seu espaço enquanto limitador, mas também abrir espaços de discussões e liberdade, influenciando na melhora relacional do aluno com a escola.

Ao final do compartilhamento, as falas trazidas pelos professores reforçam e resgatam a discussão da centralização da administração e de como se sentem impotentes diante das queixas dos alunos relacionadas à saúde mental. Segundo Estanislau e Bressan (2014), a contrariedade relacional entre os setores institucionais de educação e de saúde ocasiona uma visão limitada de procura e encaminhamento apenas para queixas de dificuldades de aprendizagem, excluindo outros diagnósticos e tratamentos que poderiam ser previstos. Entende-se que a melhora na relação entre esses setores possibilitaria a capacitação dos profissionais sobre a temática de saúde mental, refletindo em promoção e prevenção para os alunos, melhora do bem-estar e diminuição da evasão escolar (Estanislau e Bressan, 2014).

Diante da ideia inicial sobre a temática do suicídio, percebe-se que os aspectos manifestados corroboram com Guimarães (2010) quando relata o ambiente escolar autoritário, no qual a dinâmica rígida dificulta a discussão e a elaboração de temáticas pertinentes à saúde mental, pois limita o professor ao papel de autoridade de sala de aula e nega a possibilidade de discussão e reflexão junto à equipe de docência, o que talvez fosse facilitado por relações democráticas.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a intervenção realizada, percebem-se algumas das formas nas quais a violência se faz presente nas escolas e a necessidade de reflexões e discussões sobre ela. O sociodrama temático, além de abordar os aspectos sobre o tema de saúde mental, possibilitou a revelação, a discussão e a compreensão da dinâmica de violência que acontecia no contexto escolar.

Através das cenas sociodramáticas, os participantes puderam exercitar o resgate de sua espontaneidade dentro do papel profissional de professor, criando novas ferramentas interventivas e explicativas que contribuem para a diminuição da conduta violenta entre a equipe pedagógica e na relação professor–aluno. Durante o processamento da vivência, pode-se compreender a importância do manejo da conduta violenta, pois ela influencia diretamente a relação aluno–escola e a saúde mental da equipe. Observa-se também a necessidade do fortalecimento do vínculo da escola com outros setores públicos, facilitando os encaminhamentos e tratamentos necessários para cada demanda.

 

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES

Conceitualização: Lopes RAG, Cardoso AS, Vidal GP; Investigação: Lopes RAG, Cardoso AS, Vidal GP; Escrita - Rascunho Original: Lopes RAG, Cardoso AS, Vidal GP; Escrita - Revisão e Edição: Lopes RAG, Cardoso AS, Vidal GP; Supervisão: Cardoso AS.

 

AGRADECIMENTOS

Não se aplica.

 

DISPONIBILIDADE DE DADOS DE PESQUISA

Todos os dados foram gerados ou apresentados neste estudo.

 

FINANCIAMENTO

Não se aplica

 

REFERÊNCIAS

Datner, Y. (2012). Role‑playing: Um método socionômico. In Nery, M. P.; & Conceição, M. I. G. (Eds.). Intervenções grupais: O psicodrama e seus métodos (pp. 161–172). Ágora.         [ Links ]

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Sousa, C. M. S., Mascarenhas, M. D. M., Gomes, K. R. O., Rodrigues, M. T. P., Miranda, C. E. S., & Frota, K. M. G. (2020). Ideação suicida e fatores associados entre escolares adolescentes. Revista de Saúde Pública, 54, 33. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001637        [ Links ]

 

 

 

*Autor correspondente: psicologoarthurlopes@gmail.com

Editor de Seção: Paulo Bareicha

Recebido: Jun. 20, 2020 | Aceito: Dez. 19, 2020

 

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