SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número33Ninho cheio: uma nova etapa do ciclo vital familiar?Formação do psicólogo para atuar no sus: possíveis encontros e desencontros entre as diretrizes curriculares nacionais e as matrizes curriculares de um curso de psicologia índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Barbaroi

versão impressa ISSN 0104-6578

Barbaroi  no.33 Santa Cruz do Sul dez. 2010

 

Coesão e adaptabilidade conjugal em homens e mulheres hetero e homossexuais

 

Marital cohesion and adaptability in heterosexual and homosexual men and women

 

 

Clarisse Pereira MosmannI; Eduardo LomandoII; Adriana WagnerIII

I Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS - Brasil
II ESADE Laureate International Universities - Brasil
III Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - Brasil

 

 


RESUMO

A diversidade nas configurações conjugais é um fenômeno em expansão que vem dando visibilidade a arranjos tais como os casais de gays e lésbicas. Esse panorama traz diversos questionamentos quanto à forma como esses casais lidam com suas relações amorosas, especificamente em comparação aos casais heterossexuais. A fim de entender melhor esses aspectos, comparamos um grupo de heterossexuais (149 homens e 149 mulheres) com outro de homossexuais (77 homens gays e 34 mulheres lésbicas), sendo que todos estavam num relacionamento amoroso, a partir do instrumento FACES III, que mede as dimensões de coesão e adaptabilidade conjugal. Comparamos os grupos como um todo, em relação ao sexo - homens heterossexuais com homens gays, mulheres heterossexuais com mulheres lésbicas - assim como os homens gays com as mulheres lésbicas. As médias de coesão e adaptabilidade dos homossexuais foram significativamente maiores quando comparadas às dos heterossexuais, mas não houve diferença significativa quanto à comparação entre gays e lésbicas. Os dados possivelmente apontam para as diferenças entre as configurações conjugais. Fatores como filhos e a instituição do casamento podem contribuir para diminuir os níveis de qualidade conjugal, assim como, por outro lado, a maior flexibilidade dos papéis de gênero e o afeto como fundação da relação conjugal também podem estar associados aos maiores níveis de coesão e adaptabilidade dos casais do mesmo sexo.

Palavras-chave: relações conjugais; homossexualidade; heterossexualidade.


ABSTRACT

The diversity of marital relations is an expansion phenomenon that has been making visible different configurations such as gays and lesbian couples. This scenery opens several questions in relation to the way these couples deal with their relationships and what are the differences and similarities between them and heterosexual couples. In order to better understand these aspects, we compared a heterosexual group (149 men and 149 women) with a homosexual group (77 gays men and 34 lesbian women), all of them in a couple relationship, using the FACES III instrument, which measures couple cohesion and adaptability. We compared the groups taking into account the sex of the participants - heterosexual men with gays men, heterosexual women with lesbian women - and gays men with lesbian woman. The data reveals differences between the couple's configurations. The cohesion and adaptability averages within the homosexual group were significantly higher than the heterosexual group. Aspects such as children and marriage as an institution may contribute to reduce the level of marital quality. On the other hand, the higher gender role flexibility and the affection as the essential aspect of the marital relation may also be associated to the higher level of cohesion and adaptability from the same sex couples.

Keywords: marital relations; homosexuality; heterosexuality.


 

 

Introdução

As diversas mudanças ocorridas nas últimas décadas com respeito às relações familiares e conjugais reverberaram não somente na configuração do que hoje se inclui na categoria casal e família, como também na forma de conceituar esses núcleos de relacionamento. Entretanto, apesar de tais mudanças, observa-se a permanência do desejo das pessoas de se relacionarem de forma íntima e amorosa.

A pluralidade tem sido a tônica dos nossos tempos, visto que são cada vez mais diversas as configurações conjugais que estão longe de estruturar-se a partir do modelo tradicional. Os casais de pessoas do mesmo sexo, que definimos nesse artigo como gays e lésbicas, são um exemplo desse panorama contemporâneo.

Frente a essa crise do modelo tradicional de família e casal, é comum que se questione como essas pessoas estão vivendo tais relacionamentos. Que nível de qualidade conjugal experimentam? Em que medida há diferenças e semelhanças desta configuração conjugal, comparada aos arranjos tradicionais? Enfim, existem demandas específicas desse tipo de conjugalidade?

Frente a isso, dedicamo-nos nesse trabalho a estudar um construto comum a qualquer tipo de conjugalidade: a qualidade conjugal. Buscamos compreender como as pessoas vivenciam sua relação íntima e amorosa, independentemente de como se compõe o casal. A tentativa de desvendar o que exatamente distingue casais felizes de infelizes é uma empreitada que apresenta um alto índice de complexidade e tem sido um desafio para pesquisadores tanto nacionais (NORGREN; SOUZA; KASLOW; HAMMERSCHMIDT; SHARLIN, 2004; MOSMANN; WAGNER; FÉRES-CARNEIRO, 2006; WACHELKE; ANDRADE DE SOUZA; CRUZ, 2007), como internacionais (STANLEY; AMATO; JOHNSON; MARKMAN, 2006; GOTTMAN, 2008). A complexidade que implica a definição e à mensuração deste conceito na população heterossexual se vê multiplicada na população de gays e lésbicas, já que essa é uma conjugalidade ainda pouco estudada. Este panorama também se expressa no número reduzido de investigações com esta população no contexto brasileiro.

Durante décadas, os pesquisadores na área da psicologia ocuparam-se em tentar descrever quais as variáveis que definem a satisfação das pessoas com a sua relação amorosa. Essas pesquisas indicam que a qualidade dos relacionamentos aparece vinculada a uma série de variáveis, tanto pessoais de cada um dos cônjuges, como relacionais e contextuais, o que gera pouca precisão na definição daquilo que se conceitua por qualidade conjugal (MOSMANN; WAGNER; FÉRES-CARNEIRO, 2007).

Apesar das diversas formas encontradas na literatura para conceituar a qualidade conjugal, entendemos que esse construto abarca aspectos relativos ao bem-estar emocional do casal. A Teoria da Troca Social (LEWIS; SPANIER 1979, 1982) sustenta a satisfação, a estabilidade e o ajustamento conjugal como as principais dimensões desse construto. Já teóricos embasados na Teoria do Apego de Bowlby (1984) definem que o tipo de apego definido na infância (seguro ou inseguro) é um grande balizador na escolha do parceiro(a) e da qualidade vivida nesses relacionamentos. Por outro lado, pesquisadores apoiados na Teoria da Crise (HILL, 1949) definem que a adaptação ea superação das crises conjugais ao longo do tempo no relacionamento é o que cria possibilidades mais satisfatórias de se relacionar, enfatizando a importância do processo dinâmico do casal (MOSMANN; WAGNER; FÉRES-CARNEIRO, 2006).

Todas essas teorias, de uma forma ou de outra, demonstram que o conceito de qualidade conjugal é demasiado complexo para ser estudado de uma forma global. Assim, optamos neste trabalho por utilizar a teoria de Olson (2000) que define coesão e adaptabilidade como um dos indicadores da qualidade conjugal. A coesão é definida pelo autor como os vínculos emocionais que os casais tendem a ter um pelo outro, ou seja, é uma medida geral da proximidade afetiva da relação. A adaptabilidade, também chamada de flexibilidade, é definida como a habilidade do sistema conjugal de mudar a sua estrutura de poder, os papéis desempenhados e as regras da relação em virtude de estressores relacionais ou ambientais.

Nessa perspectiva, pode-se avaliar a partir de dois modelos o comportamento destas variáveis. Para o modelo circumplexo, níveis moderados ou equilibrados de adaptabilidade e coesão seriam mais funcionais, enquanto níveis muito altos ou muito baixos, considerados desequilibrados, seriam mais problemáticos para os casais ao longo do ciclo vital (OLSON, 2000). No modelo linear, a correlação positiva das variáveis é entendida da seguinte maneira: níveis muito baixos demonstrariam menores índices de funcionalidade dos casais, enquanto que níveis muito altos denotariam maiores índices de funcionalidade. Dessa forma, esse entendimento problematiza a diferenciação entre coesão, flexibilidade e fusão emocional (GREEN; BERTTINGER; ZACKS, 1996).

A falta de clareza conceitual considera que altos níveis de coesão seriam similares à fusão emocional, enquanto que altos níveis de flexibilidade expressariam descomprometimento com o parceiro. Entretanto, pesquisas dos anos noventa demonstraram que altos níveis de coesão e adaptabilidade expressariam melhores níveis de funcionamento conjugal (CLUFF; HICKS; MADSEN, 1994; GREEN; BERTTINGER; ZACKS, 1996).

Independente da discussão existente na literatura sobre tal construto observa-se que grande parte dessas definições foram concebidas considerando casais heterossexuais (OLSON; RUSSELL; SPRENKLE, 1983; OLSON, 2000). Frente a isso, pergunta-se: como se expressam estas dimensões em casais de gays e lésbicas? Essas variáveis se apresentam da mesma forma nesse tipo de conjugalidade? Tais parâmetros de funcionalidade podem ser aplicados diretamente a essa população?

Com objetivo de comparar a conjugalidade hetero e homossexual, mais especificamente, o processo de escolha amorosa, no final da década de noventa foi realizado um estudo com a população brasileira (FÉRES-CARNEIRO, 1997) com 240 casais heterossexuais (119 homens e 121 mulheres), 66 gays e 50 lésbicas. Os sujeitos responderam uma escala com 25 atributos relacionados à escolha e uma entrevista semiestruturada com uma amostra menor dos sujeitos para analisar a sua interação conjugal. Os resultados apontaram que homens e mulheres heterossexuais valorizam os mesmos aspectos na escolha do parceiro (fiel, companheiro, íntegro, carinhoso e apaixonado). Já os aspectos menos valorizados distinguiram-se a partir das diferenças na construção de gênero, sendo que os homens heterossexuais não valorizaram a competência profissional e a ambição feminina, e as mulheres heterossexuais não valorizaram a atração física e a capacidade masculina de ter filhos. Os resultados dos homens e das mulheres homossexuais demonstraram semelhanças quanto ao valor dado ao companheirismo, à integridade e ao carinho. Todavia, enquanto os homens gays valorizam o respeito à privacidade e a capacidade erótica de seus companheiros, as mulheres lésbicas tendem a valorizar a paixão e a fidelidade de suas companheiras. Entre os atributos que foram menos valorizados, não houve nenhuma diferença entre o grupo de homens ou mulheres homossexuais. Há pouca valorização na amostra em geral da capacidade econômica do parceiro, condição para ter filhos, ter a mesma crença religiosa, ser jovem e não ser ciumento. Apesar de ser um estudo realizado há mais de uma década, é inovador, pois revela diferenças com relação aos casais de lésbicas e gays, que muitas vezes são incluídos numa mesma categoria (FÉRES-CARNEIRO, 1997).

Porém, se analisarmos esse estudo a partir de uma perspectiva da qualidade conjugal, podemos levantar algumas hipóteses. Nos casais de heterossexuais, as semelhanças dos valores na escolha podem, num primeiro momento do relacionamento, facilitar os processos de coesão. Entretanto, as diferenças nas características menos valorizadas podem comprometer, em longo prazo, as capacidades adaptativas da díade. Isso é, quando temas inerentes à relação conjugal como parentalidade e atração física forem valorizados pelos homens ou demandados a eles, ou quando a ambição e o trabalho forem valorizados pelas mulheres ou demandados a elas, poderemos ter um comprometimento da adaptabilidade do casal. Sabemos que estas duas dimensões estão correlacionadas positivamente, ou seja, na medida em que uma aumenta a outra faz o mesmo movimento e vice-versa (MOSMANN; WAGNER, 2008). Então, neste contexto, se a adaptabilidade diminui também se coloca em risco a coesão conjugal. Já nos casais homossexuais não podemos usar a mesma análise de comparação, ou seja, não podemos comparar gays com lésbicas, assim como comparamos homens com mulheres heterossexuais. Os homens gays estão descrevendo suas escolhas a partir da relação com homens gays, da mesma forma como as mulheres lésbicas. Dessa forma, tanto no início da relação quanto em momentos de crise, quando os aspectos menos e mais valorizados se fazem mais presentes, existem maiores semelhanças do que diferenças nos casais de gays e lésbicas do que nos casais heterossexuais. Essas semelhanças e diferenças na escolha são construídas em grande parte, senão na sua totalidade, a partir dos papéis de gênero. Logo, casais de gays e lésbicas terão mais semelhanças nas questões de gênero do que diferenças, podendo esse aspecto ser de influência positiva na conjuntura da qualidade conjugal. Já nos casais de heterossexuais, essas diferenças de gênero podem culminar em conflitos conjugais.

Porém, especificamente com relação aos aspectos da qualidade conjugal, não encontramos nenhum artigo no âmbito nacional. Já no cenário internacional, encontramos artigos norte-americanos que vêm tentando responder a essas perguntas das mais diversas formas. Desde a década de noventa, Green, Bettinger e Zacks (1996) vêm ocupando-se desta temática. Num primeiro estudo, estes pesquisadores compararam às dimensões de coesão e adaptabilidade, propostas por Olson (2000), em 50 casais de gays, 52 casais de lésbicas e 1140 casais de heterossexuais casados. Em relação à dimensão coesão, os resultados mostraram que os casais de lésbicas pontuaram significativamente mais do que os casais de gays, que por sua vez pontuaram significativamente mais que os casais heterossexuais. Com relação à flexibilidade, novamente os casais de lésbicas tiveram a maior pontuação, ainda que com escores muito próximos dos gays. Entretanto, ambos os grupos pontuaram em torno de quatro vezes mais do que os casais de heterossexuais. Num segundo momento, os autores buscaram analisar as diferenças entre medidas globais de satisfação conjugal dos casais. Para isso, compararam os resultados da mesma amostra de gays e lésbicas com 228 casais heterossexuais casados para dois instrumentos diferentes. Os casais de gays foram comparados com os heterossexuais através do Dyadic Adjustament Scale (DAS). Os resultados mostraram que os heterossexuais pontuaram mais, porém a diferença ficou em 05 pontos dentro de uma escala de 151 pontos. Já os casais de lésbicas foram comparados usando o Family Satisfaction Scale (OLSON et al., 1982). Os resultados dessa comparação mostraram que as lésbicas também apresentaram significativamente maiores níveis de satisfação conjugal que os heterossexuais. Esses estudos objetivaram não só comparar essas dimensões da qualidade conjugal, mas também questionar alguns pressupostos que delimitam o relacionamento de lésbicas como fusionado (com altos níveis de coesão) e o de gays como desprendido (altos níveis de adaptabilidade). Dessa forma, criticam a falta de clareza da teoria sistêmica em diferenciar os aspectos específicos da fusão patológica e da proximidade positiva, baseados na generalização de uma ideia dicotômica de desenvolvimento e conformismo com os papéis de gênero para todos os homens e mulheres, mas que não se encaixam com as experiências de gays e lésbicas. Atualmente, pesquisas realizadas nos últimos anos que também tiveram como objetivo comparar casais de gays, lésbicas e heterossexuais chegaram a conclusões muito semelhantes.

Recentemente, Strohm (2008) estudou a formação e dissolução de casais de gays e lésbicas que coabitavam, casais de heterossexuais que somente coabitavam sem serem casados e casais de heterossexuais que coabitavam e eram casados, em relação à incidência, à dinâmica e à duração desses relacionamentos. Foram analisados dados da 1970 British Cohort Study que continha informações sobre a história dos relacionamentos dessas pessoas desde os 16 aos 34 anos de idade. Com relação à incidência, na idade de 32 anos, as mulheres e os homens heterossexuais já tinham coabitado (71% e 68,9%, respectivamente) ou casado (52,1% e 41,9), enquanto que quase nenhuma mulher lésbica e homem gays tinha ao menos coabitado (1,1% e 1%). O casamento heterossexual foi a união com maior estabilidade. O risco de dissolução, quando comparado ao casamento, é 7,5 vezes maior para casais heterossexuais que para aqueles que somente coabitam, 6,8 vezes maior para casais de gays e 5,0 vezes maior para casais de lésbicas. Essa pesquisa demonstra uma diferença significativa dos casamentos heterossexuais em relação às uniões de gays e lésbicas em relação à duração da união, que é novamente maior nas lésbicas que em relação aos gays. Porém, o tempo de duração nem sempre expressa de forma igual a qualidade do relacionamento tanto na população heterossexual quanto homossexual. Em relação aos heterossexuais, sabe-se que ainda hoje em dia há casais que permanecem casados mesmo com baixos níveis de qualidade conjugal, por diferentes motivos, que vão desde concepções sociais sobre a dissolução do matrimônio até a falsa ideia de que é melhor para os filhos permanecer casados (WAGNER; MOSMANN, 2009).

Em relação à população homossexual, a literatura expõe dois fatores explicativos para os menores índices de estabilidade de tais relações. Primeiro, pela dificuldade que gays e lésbicas enfrentam em assumir um relacionamento, visto que isso está ligado ao nível de aceitação da própria homoafetividade. Ou seja, pessoas que ainda não assumem sua homoafetividade têm menos chances de assumir um relacionamento (RUBIO, 2000). Dessa forma, gays e lésbicas levam mais tempo para assumir suas identidades afetivo-sexuais e, assim, entram em relacionamentos afetivos de forma mais tardia, o que é corroborado com o dado de que apenas 1% da amostra estava numa coabitação aos 32 anos de idade. Segundo, pela própria diferença social do significado do casamento e da coabitação nessa comparação, ou seja, gays e lésbicas estão numa relação ou a dissolvem basicamente pelo aspecto afetivo. Já, a instituição do casamento impõe outros aspectos que refletem na união e dissolução da relação, tais como: reconhecimento social e legal, regulação das relações sexuais, gravidez e parentalidade, manutenção da descendência, questões econômicas e até políticas, entre outros. Dessa forma, um mesmo fator de risco para o relacionamento, como uma traição, pode reverberar de forma diferente em casais de heterossexuais, de gays e lésbicas. Entretanto na homossexualidade a afetividade pode atuar com um fator mais decisivo de que para os heterossexuais, para os quais essas amarras sociais podem contribuir na manutenção da relação, ainda que esse fator não garanta o nível de qualidade conjugal.

Para compreender melhor a complexidade dessa comparação, Balsam et al. (2008) fizeram uma pesquisa longitudinal com casais do mesmo sexo que estavam em uniões civis (legalizada no Estado de Vermont/EUA), casais do mesmo sexo que não fizeram a união civil e casais de heterossexuais casados. Os resultados demonstraram que os casais do mesmo sexo que não legalizaram sua união tinham mais chances de terem se separado do que os casais de mesmo sexo em união civil ou heterossexuais casados. Porém, comparados aos casais heterossexuais, ambos os grupos de casais homossexuais demonstraram maiores níveis de qualidade conjugal, compatibilidade, intimidade e menores níveis de conflito. No grupo de casais de gays, os preditores longitudinais eram: menos conflito, altos níveis de revelação da orientação e uma menor duração da relação. No grupo de lésbicas, menos conflito e maior frequência sexual foram os preditores encontrados.

Assim, comparando ambos os estudos, podemos verificar a reverberação da legalização da união na duração do relacionamento. Entretanto, no que se refere à qualidade conjugal, novamente se verifica maiores níveis nos casais de mesmo sexo. Esse dado se assemelha a outros achados na literatura que demonstram o mesmo resultado tanto em pesquisas quantitativas, em relação ao ajustamento psicológico, estilos de relação, resolução de conflito e apoio social (KURDEK, 2004), como em pesquisas com observações de casais, em relação a demonstrar menos afetos negativos, menos queixas e tensão, maior humor e maior afeição (GOTTMAN et al., 2003).

Frente à lacuna científica nessa temática em âmbito nacional, nos questionamos: existem diferenças entre as dimensões de coesão e adaptabilidade, assumidas nesse estudo como parte do construto qualidade conjugal, em homens e mulheres hetero e homossexuais? Baseados na literatura, levantamos as seguintes hipóteses: (1) haverá diferença significativa entre ambas as dimensões, sendo que os homossexuais apresentarão maiores níveis de coesão e adaptabilidade em comparação aos heterossexuais, (2) as mulheres lésbicas apresentarão maiores escores do que mulheres heterossexuais (GREEN; BETTINGER; ZACKS, 1996;GOTTMAN et al., 2003; KURDEK, 2004, BALSAM et al., 2008), (3) os homens gays apresentarão maiores níveis de ambas as dimensões que os homens heterossexuais, (4) dentre os homossexuais, as mulheres lésbicas terão significativamente maiores níveis de coesão e adaptabilidade do que os homens gays (GREEN; BETTINGER; ZACKS, 1996; STROHM, 2008).

 

Método

Este é um estudo do tipo descritivo, de caráter quantitativo e comparativo, que investigou, em dois momentos, 298 sujeitos heterossexuais, 77 gays e 34 lésbicas que estavam num relacionamento amoroso há mais de 06 meses, de nível socioeconômico médio, a respeito da qualidade conjugal vivenciada por eles em seus relacionamentos.

Instrumento

O instrumento utilizado era composto por uma parte sociobiodemográfica e uma Escala de Avaliação da Coesão e da Adaptabilidade Conjugal - FACES III (OLSON, 1979, validado por FALCETO, 1997). O Faces III é formado por vinte itens pontuados em uma escala Likert de 05 pontos (quase nunca, alguma vez, às vezes, com frequência, quase sempre) para avaliar a coesão e adaptabilidade familiar e conjugal. O coeficiente Alpha de Cronbach obtido para a dimensão coesão foi de 0,78 e para adaptabilidade 0,72.

Procedimentos para Coleta de Dados

Em ambos os estudos, os sujeitos foram contatados pelo critério de conveniência, sendo indicados por conhecidos e instituições. No estudo com heterossexuais o contato foi feito diretamente com os sujeitos e na pesquisa com homossexuais, este acesso ocorreu a partir do contato feito direto com os sujeitos e também através de instituições que trabalham com a causa da diversidade, as quais indicaram participantes para o estudo. Depois de contatados os sujeitos, em ambos os estudos, a equipe de pesquisa realizou a aplicação dos instrumentos. Neste momento, os sujeitos foram orientados a responder os questionários que estavam em um envelope juntamente com uma carta com instruções sobre a pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido. Após terminarem, devolviam ao aplicador junto ao termo de consentimento livre e esclarecido assinado; o aplicador colocava o instrumento em um envelope e os lacrava em frente do participante para garantir a confidencialidade dos seus dados.

Apresentação e Discussão dos Resultados

Os resultados aqui apresentados derivam de dois estudos independentes (MOSMANN 2007, LOMANDO, 2008) sobre as dimensões de coesão e adaptabilidade em sujeitos envolvidos em relações conjugais estáveis. Em ambos os estudos foi utilizado o mesmo instrumental metodológico assim como populações semelhantes em termos de faixa etária e nível socioeconômico, o que tornou os dados passíveis de comparação.

Apresentamos aqui os dados relativos a 298 sujeitos heterossexuais, 77 gays e 34 lésbicas. A tabela abaixo apresenta a caracterização da amostra:

 


Tabela 1 - Click para ampliar

 

Observa-se na tabela que a amostra caracterizou-se de forma bastante heterogênea. As diferenças mais marcantes se mostram na situação conjugal, onde os participantes heterossexuais, em sua maioria, estavam casados oficialmente, enquanto a metade da amostra de lésbicas e 76,5% dos gays relatou viver em união estável. O tempo médio de união também variou de 22,4 anos nos heterossexuais, 5,6 anos nos gays e 6,5 anos nas lésbicas. Ainda focando as diferenças, constata-se que todos os heterossexuais entrevistados têm, no mínimo, um filho enquanto a grande maioria dos gays e lésbicas não tem filhos. Os dados se apresentam em uma distribuição mais homogênea em relação à escolaridade e renda pessoal, ainda assim, os homens gays possuem os maiores níveis de escolaridade e renda pessoal e as mulheres heterossexuais os menores níveis de instrução e renda pessoal da amostra total.

Com objetivo de analisar as possíveis diferenças entre as dimensões de coesão e adaptabilidade, nos gays, lésbicas e heterossexuais, realizamos o teste estatístico nãoparamétrico Mann-Whitney e o nível de significância adotado foi de 5%.

O grupo de homossexuais foi comparado com o de heterossexuais e verificamos uma diferença significativa nas dimensões coesão (p=0, 000) e adaptabilidade (p=0, 000). Na coesão, os homossexuais apresentaram médias significativamente maiores ( = 229,79) que os heterossexuais ( =177,20). Da mesma forma, na adaptabilidade os homossexuais apresentaram escores maiores ( =248,30) do que os heterossexuais ( =172,42). Esses resultados confirmam nossa primeira hipótese.

O mesmo aconteceu quando comparamos o grupo de mulheres lésbicas com as mulheres heterossexuais, ficando as lésbicas com escores significativamente maiores em ambas as dimensões de coesão ( =110,76; =87,72; p= 0,022, respectivamente) e adaptabilidade ( =122,87; =84,96; p=0, 000) confirmando a segunda hipótese.

Da mesma forma, na comparação entre homens gays e heterossexuais, os primeiros apresentaram escores significativamente superiores na dimensão de coesão ( =135,26; =102,26; p=0, 000) e na variável adaptabilidade ( = 141,34; =99,11; p=0, 000), o que confirma nossa terceira hipótese.

Esses resultados são corroborados pela literatura internacional que também revela maiores níveis de qualidade conjugal em casais de gays e lésbicas se comparados aos heterossexuais (GREEN; BETTINGER; ZACKS, 1996; GOTTMAN; LEVENSON; SWANSON; SWANSON; TYSON; YOSHIMOTO, 2003; KURDEK, 2004; BALSAM; BEAUCHAINE; ROTHBLUM; SOLOMON, 2008).

Entretanto, a fim de entender melhor tais resultados, é necessário que se compreenda o contexto dos casais aqui pesquisados. É importante salientar que os parceiros heterossexuais entrevistados estão vivenciando seus relacionamentos há mais tempo, no caso os homens (22,4 anos, dp=5,4) e as mulheres (22,4 anos, dp=5,4) do que os de os gays (5,46 anos dp=5,7) e as lésbicas (6,5 anos dp=5,2). Além disso, todos os heterossexuais de nossa amostra tinham filhos e apenas 2,7% dos gays e 5,8% das lésbicas têm filhos. Ambos os aspectos são apresentados pelas pesquisas da área como associados com uma diminuição da qualidade conjugal, pois o primeiro pode propiciar sentimentos de monotonia e rotina da relação, enquanto que o segundo expressa um momento do ciclo de vida do casal heterossexual que demanda maior atenção aos cuidados da prole e, consequentemente, menor atenção aos cuidados da conjugalidade (FINCHAM; HALL, 2005). Podemos considerar, à luz das dimensões coesão e adaptabilidade, que o aspecto relativo à duração do relacionamento poderia estar atuando negativamente nos níveis de coesão, tendo em vista a complexidade que supõe a manutenção dos vínculos emocionais que os casais nutrem um pelo outro, devido ao desgaste da convivência. Já o segundo aspecto, a presença de filhos, poderia estar mais conectado com a capacidade de flexibilidade, uma vez que o casal está permanentemente em uma dança de transição dos seus papéis tradicionais de marido e de esposa para o de pai e mãe, tendo que sofisticar suas estratégias, a fim de não perder o que conquistaram como casal, ao mesmo tempo que não deixam de cumprir as tarefas educativas pertinentes ao momento evolutivo vital dos filhos. Além desses dois aspectos, um terceiro se coloca como pontual nessa diferença: a legalidade do vínculo.

Todos os casais de heterossexuais tinham suas relações amorosas tuteladas pelo Estado através da oficialização do casamento civil. Já os casais de gays e lésbicas não tinham esse elo legal, pois o Brasil não é um país que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Da mesma forma que o casamento pode unir pessoas que se amam, este também pode ser usado para fins diversos como obter reconhecimento social, fundar uma família, estabelecer uma união, regularizar as relações sexuais, manter certa descendência e/ou consolidar relações políticas ou econômicas. Esses fatores podem comprometer os níveis de coesão, uma vez que não se fundam principalmente nas relações afetivas, e podem experimentar crises severas quando em momentos de necessária flexibilidade de papéis, por exemplo, quando da impossibilidade de uma separação conjugal por priorização dos fins relatados acima. Já as relações entre gays e lésbicas, provavelmente pela ilegalidade do vínculo, se fundamentam basicamente na afetividade e no desejo em permanecer juntos, uma vez que nenhum desses fins poderia ser atingido. Esse aspecto se torna paradoxal, pois permite entender que a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo poderia estar proporcionando indiretamente melhores níveis de coesão e adaptabilidade, exatamente pela invulnerabilidade contra fins que poderiam levar ao esgotamento da relação.

Assim como podemos analisar nossos achados a partir das especificidades dos casais de heterossexuais, podemos também explicá-los partindo das diferenças que marcam uma conjugalidade homoafetiva. Desse modo, recorremos às construções de gênero que nos mostram que gays e lésbicas, apesar de serem subjetivados pelos papéis de gênero relativos aos seus respectivos sexos, apresentam maior flexibilidade com relação à mudança de papel na dinâmica conjugal. Ou seja, diferente dos casais de heterossexuais, gays e lésbicas vivenciam seus papéis de gênero de uma forma menos rígida. Visualizando esse ponto a partir das dimensões do estudo, podemos identificar que os gays e lésbicas, de nossa amostra, tendem a ser mais adaptáveis em seus papéis masculinos e femininos frente a momentos cruciais da conjugalidade. Além disso, o fato de estarem se relacionando com alguém do mesmo sexo pode lhes permitir ampliar o envolvimento empático em relação à compreensão dos papéis de gênero. Duas mulheres ou dois homens podem se entender melhor em determinados assuntos, visto que foram subjetivados por papéis de gênero semelhantes. Dessa forma, podem criar maior empatia e clareza comunicacional do que um homem e uma mulher que têm papeis de gênero diferentes.

A quarta análise do estudo foi comparar as lésbicas com os gays. Entretanto, diferente do que a literatura aponta e não confirmando nossa terceira hipótese, não houve diferença significativa tanto na dimensão de coesão ( gays = 56,66; ( lésbicas = 54,61; p=0,746), quanto na adaptabilidade ( gays = 56,36; ( lésbicas = 55,19 (p=0,860).

Podemos sugerir duas explicações para esse resultado. A primeira trata-se de uma questão estatística, pois o número de lésbicas no estudo foi menos da metade do número de sujeitos gays. Esse aspecto destoa da literatura internacional que traz em sua maioria um número aproximadamente igual de sujeitos gays e lésbicas. Talvez um número mais elevado de casais de lésbicas poderia provocar mudanças nos resultados deste estudo. Entretanto, também podemos explicar esse resultado de outra forma: a partir da não rigidez dos papéis de gênero.

A literatura internacional revela como principal explicação para o fenômeno de as lésbicas apresentarem significativamente maiores índices de qualidade conjugal a ideia de que as mulheres em geral experienciam uma construção de gênero baseada no reconhecimento pessoal através da relação amorosa e da primazia do afeto e do desejo sobre outros sentimentos. Esse entendimento se contrapõe aos resultados de pesquisas sobre qualidade conjugal heterossexual onde as mulheres sempre reportam menores níveis de qualidade conjugal, fato que se explica devido às mulheres serem mais exigentes que os homens ao avaliar suas uniões (FALCKE; WAGNER; MOSMANN, 2008; MOSMANN; WAGNER, 2008). Nesse sentido, podemos inferir que as lésbicas da nossa amostra poderiam estar em consonância com as mulheres heterossexuais quando demandadas a avaliar seu nível de satisfação conjugal.

Considerando-se que o conceito de qualidade conjugal é vulnerável a todas as variáveis que compõem sua definição, nossos resultados podem também expressar as idiossincrasias contextuais de nossos sujeitos em comparação aos participantes da maior parte das pesquisas realizadas sobre conjugalidade no panorama mundial. O contexto, os recursos pessoais dos cônjuges e os processos adaptativos, independentes da orientação sexual, matizam as relações amorosas e lhes conferem singularidades.

 

Considerações Finais

Identificamos que, para as nossas amostras, há mais diferenças do que semelhanças nos níveis das dimensões coesão e adaptabilidade. De maneira geral gays e lésbicas apresentaram maiores escores, tanto em coesão quanto em adaptabilidade, do que os homens e mulheres heterossexuais, o que expressa maiores níveis de qualidade conjugal. Isso significaria que os casais do mesmo sexo são mais felizes em suas uniões que os heterossexuais?

Acreditamos que esse panorama não deve ser assumido de forma determinista tampouco reducionista. O número de variáveis que compõe o construto da qualidade conjugal são muitas e a combinação entre essas é que define a fotografia de cada relação amorosa. A literatura sobre conjugalidade heterossexual já definiu os fatores de risco e de proteção à qualidade e à estabilidade nas uniões amorosas. Entretanto, nossos resultados parecem demonstrar que esses também se aplicam ao entendimento desses construtos nas relações entre pessoas do mesmo sexo. Parece que o contexto onde vivem os casais se expressa na sua conjugalidade como fator de risco ou de proteção, da mesma forma como as expectativas em relação ao parceiro e à própria união.

Nessa perspectiva, nos questionamos o que ocorrerá quando no contexto brasileiro os casais de gays e lésbicas puderem ter suas uniões legalizadas pelo estado e maior facilidade para tornarem-se pais e mães. Será que essas uniões atenderão às expectativas sociais, tanto em relação à conjugalidade quanto aos papéis desempenhados pelos cônjuges, que recaem atualmente sobre os heterossexuais? Será que isso refletirá na diminuição dos níveis de coesão e adaptabilidade destes cônjuges?

Este panorama urge por pesquisas sistemáticas que possam acompanhar o desenvolvimento destes processos da conjugalidade de pessoas do mesmo sexo, fenômeno recente em nosso país, mas que já marca presença no presente e certamente o fará ainda mais no futuro.

 

Referências

BALSAM, K.F.; BEAUCHAINE, T.P.; ROTHBLUM, E.; SOLOMON, S. Three-year follow-up of same-sex couples who had civil unions in Vermont, same-sex couples not in civil unions, and heterosexual married couples. Development Psychology. Washington/EUA, v.44, n. 01, p. 102-116. 2008.         [ Links ]

BOWLBY, J. Apego e Perda. São Paulo: Martins Fontes. 1984.         [ Links ]

CLUFF, R.B.; HICKS, M.W.; MADSEN, C.H. Beyond the Circumplex Model: I. A Moratorium on Curvilinearity. Family Process. New York/ EUA, v.33, n.04, p.455-470. 1994.         [ Links ]

FALCETO, O. G. Famílias com desenvolvimento funcional e disfunciona: validação das escalas diagnósticas Faces III, Beavers - Timberlawn e Avaliação Global do Funcionamento Interacional (Garf). Porto Alegre. 189p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 1997.         [ Links ]

FALCKE, D.; WAGNER, A.; MOSMANN, C.P. The Relationship Between Family-of-Origin and Marital Adjustment for Couples in Brazil. Journal of Family Psychotherapy. Rock Island/ EUA, v.19, n.02, p. 170-186. 2008.         [ Links ]

FÉRES-CARNEIRO, T. A escolha amorosa e interação conjugal na heterossexualidade e na homossexualidade. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre, v.2, n.10, p. 351-368. 1997.         [ Links ]

FINCHAM, F.D.; HALL, J.H. Parenting and the marital relationship. In: LUSTER, T.; OKAGAKI, L. (Eds.) Parenting: An ecological perspective. 2..ed. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 2005, p. 205-234.         [ Links ]

GOTTMAN, J. Gottman Method Couple Therapy. In: GURMAN, A.S. (Eds.) Clinical Handbook of Couple Therapy. New York: Guilfrod Press, 2008, p. 138-166.         [ Links ]

GOTTMAN, J.M.; LEVENSON, R.W.; SWANSON, C.; SWANSON, K.; TYSON, R.; YOSHIMOTO, D. Observing gays, lesbian and heterossexual couples' relations: Mathematical modeling of conflict interaction. Journal of Homossexuality. Kentucky/EUA, v.45, n.01, p. 65-91. 2003.         [ Links ]

GREEN, R.J.; BETTINGER, M.; ZACKS, E. Are lesbians couples fused and gays male couples disengaged?: questioning gender straighjackets. In: LAIRD, J.; GREEN, R. J. (Eds.): Lesbians and gays in couples and families. San Francisco: Jossey-Bass, 1996, p. 185-230.         [ Links ]

HILL, R. Families under stress. New York, Harper, 1949.         [ Links ]

KURDEK, L. Are gays and lesbian cohabiting couples really different from heterosexual married couples? Journal of Marrige and Family. Mineeapolis/EUA, v.66, p. 880-900. 2004.         [ Links ]

LEWIS, R. A.; SPANIER, G. B. Theorizing about the Quality and Stability of Marriage. In: BURR, W.R.; HILL, R.; NYE, F. I.; Reiss, L.I. (Eds.) Contemporary Theories about The Family. New York: The Free Press, p. 268-294. 1979.         [ Links ]

LEWIS, R. A.; SPANIER, G.B. Marital Quality, Marital Stability and Social Exchange. In: NYE, F.I. (Eds.) Family Relationships, Rewards and Costs. Beverly Hills, Sage Publications, 1982, p. 49-65.         [ Links ]

LOMANDO, E. Conjugalidade gay e lésbica e rede de apoio social. Porto Alegre. 89f. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2008.         [ Links ]

MOSMANN, C. A qualidade conjugal e os estilos educacionais parentais. Porto Alegre. 112f. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007.         [ Links ]

MOSMANN, C.; WAGNER, A.; FÉRES-CARNEIRO, T. Qualidade Conjugal: Mapeando conceitos. Paidéa. Ribeirão Preto, v.16, n.35, p. 315-325. 2006.         [ Links ]

MOSMANN, C.P.; WAGNER, A. Dimensiones de la conyugalidad y de la parentalidad: un modelo correlacional. Revista Intercontinental de Psicología y Educación. México, v.10, n.02, p. 79-103. 2008.         [ Links ]

MOSMANN, C.P.; WAGNER, A.; FÉERES-CARNEIRO, T. Qué es la Calidad Conyugal? Una revisión de conceptos. Cuadernos de Terapia Familiar. Madrid/Espanha, v.16, n.35, p. 213-229, 2007.         [ Links ]

NORGREN, M. B. P.; SOUZA, R. M.; KASLOW, F; HAMMERSCHMIDT, H.; SHARLIN, S. A. Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: uma construção possível. Estudos de Psicologia. Natal, v.9, n.3, p. 575-584, 2004.         [ Links ]

OLSON, D. H. Circumplex Model of Marital and Family Systems. Journal of Family Therapy. Warrington Cheshire/EUA, v.22, n.04, p. 144-167, 2000.         [ Links ]

OLSON, D.; RUSSELL, C.; SPRENKLE, D. Circumplex model of marital and family systems: VI. Theoretical update. Family Process. New York/EUA, v.22, n.01, p. 69-83, 1983.         [ Links ]

OLSON, D.H.; MCCUBBIN, H.I.; BARNES, H.L.; LARSEN, A.; MUXEN, M.J.; WILSON, M.A. Family Inventories. St. Paul: University of Minesota, Department of Family Social Science, 1982.         [ Links ]

RUBIO, S. Parejas del mismo sexo. In: GÓNGORA, J. N.; MIRAGAIA, J.P. (Orgs. Eds.). Parejas en situaciones especiales. Buenos Aires: Paidós, 2000, p.135-155.         [ Links ]

STANLEY, S. M.; AMATO, P. R.; JOHNSON, C. A.; MARKMAN, H. J. Premarital education, marital quality, and marital stability: Findings from a large, random, household survey. Journal of Family Psychology. EUA, v.20, n.01, p. 117-126, 2006.         [ Links ]

STROHM, C. A Longitudinal Analysis of Same-Sex and Other-Sex Unions Throughout Young Adulthood. Trabalho apresentado na convenção anual da American Sociological Association Annual Meeting. Boston, MA, 2008. Disponível em http://www.allacademic.com/meta/p242562_index.html. Acesso em 16/01/2011.         [ Links ]

WACHELKE, J. F. R.; ANDRADE, A. L.; DE SOUZA, A. M.; CRUZ, R. M. Estudo complementar da validade fatorial da Escala Fatorial de Satisfação em Relacionamento e predição de satisfação global com a relação. Psico-USF. São Francisco, v.12, n.2, p. 221-225, 2007.         [ Links ]

WAGNER, A.; MOSMANN, C.P. A promoção da Qualidade Conjugal como estratégia de proteção dos filhos In: FERES-CARNEIRO (org). Casal e Família: Permanências e Rupturas. 1ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009, p. 169-189.         [ Links ]

 

 

Data de recebimento: 08/10/2010.
Data de aceite: 02/12/2010.

 

 

Sobre os autores:

Clarisse Pereira Mosmann é doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2007), com estágio Pós-Doutoral na Universidade de Girona (2008) e na UFGRS (2010), especialista em Terapia de Casal e Família pela Escuela de Formación en Terapia Familiar - STIRPE, Espanha (2003). Possui Diploma de Estudios Avanzados em Psicología Escolar y del Desarrollo pela Universidad Complutense de Madrid (2003). É graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001). Atualmente é Professora do Programa de Pós-Graduação e do Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Tem experiência em pesquisa na área de Psicologia Familiar investigando principalmente os seguintes temas: Dinâmica de funcionamento familiar e conjugal; Conjugalidade, Parentalidade e Psicopatologia na Infância e Adolescência; Conflito Conjugal e Estratégias de Resolução de Conflitos conjugal e parental. E-mail: clarisse@redemeta.com.br

Eduardo Lomando possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Psicoterapeuta de Casal e Família e fundador do Grupo de Apoio a Famílias e Amigos de LGBT no SOMOS/Poa. Profissional com experiência no trabalho em CAPS de coordenação, clínica individual e de grupos com ênfase em processos relacionais e institucionais. Atualmente docente do curso de Psicologia da ESADE e Doutorando em Psicologia Social pela UFRGS. Tem experiência em pesquisa na área de Psicologia Familiar e Social investigando principalmente os seguintes temas: Dinâmica de funcionamento familiar e conjugal; Conjugalidade; Gays e Lésbicas; Rede de Apoio Social. E-mail: eduardolomando@yahoo.com

Adriana Wagner é graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1988). Possui especialização em Terapia de Família e Casal na Escuela de Formación en Terapia Familiar - STIRPE (Espanha) e doutorado em Psicologia Social pela Universidad Autonoma de Madrid (1994). É professora adjunta do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS e coordenadora do Núcleo de Pesquisa Dinâmica das Relações Familiares (www.ufrgs.br/relacoesfamiliares). Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1B. Tem experiência em pesquisa em Psicologia Social, abordando os seguintes temas: configuração e estrutura familiar, fases evolutivas da família, conjugalidade, educação, transgeracionalidade e direitos na infância desde a perspectiva familiar e escolar. E-mail: adrianawagner.ufrgs@hotmail.com

Creative Commons License