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Barbaroi

versão impressa ISSN 0104-6578

Barbaroi  no.36 Santa Cruz do Sul jun. 2012

 

ARTIGOS

 

Amizades internacionais: panorama da literatura empírica e um estudo descritivo

 

International friendships: overview of empirical literature and a descriptive study

 

 

Luciana Karine de SouzaI; Cristina Yumi Nogueira SediyamaII

IUniversidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte - Brasil
IIUniversidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte - Brasil

 

 


RESUMO

A amizade está entre os relacionamentos interpessoais mais importantes para o desenvolvimento humano. No entanto, estudos que abordem a percepção de brasileiros em relação à amizade e realizem comparações com participantes de outras culturas ainda são escassos. Nesse sentido, este trabalho tem dois objetivos: 1) apresentar um panorama de estudos empíricos sobre a percepção das amizades em diferentes países, e 2) apresentar um estudo descritivo sobre a percepção da amizade em adultos de nacionalidade estrangeira residentes no Brasil e compará-las com brasileiros. Participaram da coleta de dados 14 estudantes brasileiros e 14 estudantes de diferentes nacionalidades, todos regularmente matriculados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As variáveis analisadas foram presença, sexo, origem, duração, reciprocidade e proximidade geográfica da melhor amizade. Os principais resultados indicam a prevalência de amizades do mesmo sexo em todos os participantes. Também observou-se uma média maior de amizades residentes na mesma cidade para os participantes brasileiros. Discute-se a presença de laços fortes por parte dos participantes estrangeiros com suas amizades no país de origem.

Palavras-chave: Amizade. Relacionamento. Desenvolvimento. Estudos interculturais.


ABSTRACT

Friendship is one of the most important interpersonal relationships to human development. However studies that analyze Brazilian´s perceptions of friendship in comparison to participants from other cultures are scarce. This study is twofold: 1) present an overview of empirical studies about the friendship perceptions in different countries, and 2) present a descriptive study about the perception of friendship in adults with foreign nationality that live in Brazil and compare it to Brazilian´s. Data collection resulted in 14 Brazilian students and 14 students from different nationalities, all regular students from Universidade Federal do Rio Grande do Sul. The variables about best friendships analyzed were frequency, gender, origin, duration, reciprocity, and geographical proximity. Main results indicated a prevalence of same-sex friendships in all participants. Results also showed that the Brazilian sample presented a higher mean of friendships living in the same city as they were at the time of the data collection. Strong bonding between foreign students and their best friendships from home countries are discussed.

Keywords: Friendship. Relationship. Development. Cross-cultural studies.


 

 

Introdução

A amizade está entre os três tipos de relacionamentos mais associados à felicidade e satisfação de vida (ARGYLE, 2001), além de criar impacto significante no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo do indivíduo. Partindo de um ponto de vista histórico, os filósofos ocidentais Platão e Aristóteles são conhecidos por terem registrado apontamentos sobre as relações de amizade. No entanto, a investigação empírica sobre a definição do conceito de amizade só teve início na década de 1970 (SOUZA; GAUER, 2012). Apesar desse crescimento expressivo no que tange as pesquisas sobre amizade, estudos transculturais ainda são escassos, no que diz respeito ao ponto de vista conceitual, metodológico e empírico.

Com a manifestação de fenômenos como o avanço tecnológico e a globalização, as amizades interculturais vem tomando mais espaço nas interações sociais. Um contexto que exemplifica bem este crescimento de contatos interculturais é o do ensino superior. Há cada vez mais estudantes universitários participando de programas de intercâmbio internacional, assim como universitários estrangeiros buscando o Brasil para troca de experiências acadêmicas (ver, por exemplo, <www.ufmg.br/dri>). Há também as modalidades de formação stricto sensu no exterior, assim como o Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior (PDEE) da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), informalmente conhecido como "doutorado sanduíche" (<www.capes.gov.br>). Outro exemplo de contexto propício a amizades interculturais é o Estágio Pós-Doutoral, voltado a professores/pesquisadores com doutorado, referido também como "programa sabático". É neste contexto de novas interações de indivíduos de nações diferentes que tem surgido estudos com universitários estrangeiros e suas relações com os estudantes do país anfitrião.

Nesse sentido, um exemplo de estudo acerca da adaptação de estudantes internacionais foi o realizado por Constantine et al. (2005). Estes autores investigaram a adaptação social de 12 universitários africanos a uma universidade dos Estados Unidos da América (EUA). Os participantes deixaram claro que, embora sejam importantes as amizades com indivíduos da cultura na qual se encontravam (EUA), os amigos mais valorizados em suas redes sociais estão os familiares e os pares que possibilitam a eles a validação de seu senso de self e seu jeito de ser. Dessa forma, parece relevante certa atenção e acompanhamento à adaptação social de estudantes internacionais, possibilitando tanto que iniciem amizades com alunos locais como manter firmes os contatos com os familiares e as amizades de seu país de origem.

Outra corrente de estudos empíricos se dedica a comparar características dos relacionamentos de amizade de indivíduos de países diferentes, em sua maioria conduzidos com amostras de estudantes universitários. Estes trabalhos são importantes para o estudo da adaptação social no país estrangeiro uma vez que indicam os principais elementos das amizades dos países investigados. As pesquisas de cunho comparativo podem fornecer diretrizes para as nações analisadas no que diz respeito aos estudantes estrangeiros a serem recebidos como intercambistas, bem como estes últimos poderem previamente melhor conhecer as formas como a amizade se apresenta no país de destino. Dessa forma, esta linha de pesquisa dedicada ao estudo das amizades de pessoas de nações distintas é relevante tanto para o estabelecimento de diretrizes para políticas de intercâmbio como para o atendimento em saúde mental oferecido pela nação ao estrangeiro.

Dois grupos de estudos se destacam nas investigações empíricas sobre amizades internacionais. Os trabalhos que comparam a amizade de diferentes culturas, e os que analisam as relações de amizade em pessoas na condição de estrangeiras a um determinado país. Garcia e Miranda (2012) apresentam uma descrição detalhada do estado da arte dos trabalhos empíricos dedicados ao tema. Estes autores relatam investigações que se aprofundaram em quatro conceitos inter-relacionados: amizades interculturais, inter-étnicas, inter-raciais e internacionais.

A seguir serão apontados trabalhos significativos da corrente de pesquisas que comparam amizades de distintos países. Em seguida, serão descritos alguns dos trabalhos de destaque que investigam a amizade de estudantes estrangeiros no país que escolheram para a formação universitária. E para ilustrar as pesquisas descritas, será apresentado um estudo descritivo realizado no Brasil sobre as características da amizade de universitários estrangeiros no país.

 

Estudos comparativos sobre amizade em diferentes países

Primeiramente é importante esclarecer a posição do presente estudo no que diz respeito a diferenças entre países e entre culturas. Para os propósitos deste texto, serão tomados como sinônimos os conceitos de nação e de cultura, a exemplo de Garcia e Miranda (2012). Ainda assim, é claro que o conceito de cultura não se limita ao de nação, sendo este apenas um dos seus componentes. Para uma discussão sobre cultura, recomenda-se, por exemplo, Rogoff (2005) e Hinde (1997).

A literatura empírica que compara amizades entre diferentes culturas não é escassa. No entanto, não são comuns tais investigações pelos recursos humanos e materiais que requerem. Primeiramente, muitas vezes o trabalho exige uma parceria internacional entre pesquisadores. Além disso, requer que ambos destinem recursos materiais para a realização do estudo. A seguir são descritos alguns estudos que se dedicaram a comparar amizades de distintas culturas.

Goodwin e Tang (1991) investigaram preferências e diferenças entre um parceiro romântico e um amigo em 48 universitários ingleses e 48 chineses estudando na Inglaterra. No que diz respeito às amizades, enquanto os ingleses salientaram as características de sensibilidade e de bom-humor, para os dois relacionamentos, os chineses destacaram criatividade e desprendimento com dinheiro, também para ambas as relações.

Requena (1995) conduziu um estudo transcultural com participantes dos Estados Unidos e da Espanha para investigar o papel das redes de amizade como promotoras de bem-estar subjetivo, apoio emocional e de felicidade. Os resultados indicaram uma similaridade entre os países, mostrando forte associação entre felicidade e tamanho da rede de amigos. Contudo houve diferenças no que diz respeito à quantidade e à qualidade das amizades. Para participantes dos EUA, ter melhores amigos é mais importante que ter muitos amigos, enquanto que, para os espanhóis, possuir muitos amigos é mais significativo em termos de bem-estar subjetivo.

Um estudo diferente conduzido por Malikiosi-Loizos e Anderson (1999) parece apresentar dados conflitantes com os de Requena (1995). Os autores perceberam diferenças nas amizades de 128 universitários gregos e 137 dos EUA, todos do sexo feminino, especialmente na correlação com dados de solidão. Mais solidão foi detectada nas universitárias gregas que não possuíam uma melhor amizade, enquanto que para as estudantes dos EUA a presença de uma melhor amizade não pareceu estar relacionada com solidão.

Adams e Plaut (2003) compararam aspectos culturais de relacionamentos pessoais em participantes dos Estados Unidos e de Gana, na África. Com relação à amizade, os autores observaram que as pessoas nos EUA indicaram redes mais amplas de amizades e salientaram a importância do companheirismo e do apoio emocional do que os participantes de Gana. Estes últimos, por sua vez, se diferenciaram ao indicar cautela com as amizades e sua importância como ajuda prática.

Koh, Mendelson e Rhee (2003) compararam as amizades de mesmo sexo de universitários canadenses e coreanos quanto às funções da amizade, sentimentos positivos e negativos associados ao melhor amigo, dentre outros aspectos. Os autores observaram que os participantes canadenses relataram que o melhor amigo forneceu mais companheirismo estimulante, desempenhou maior aliança confiável e forneceu mais autovalidação do que a melhor amizade dos estudantes coreanos. Com relação à amostra coreana, os autores observaram que, "embora (os coreanos) tenham a habilidade para a intimidade, parecem se ajustar a normas sociais e culturais para evitar autorrevelação íntima" (KOH et al., 2003, p. 250), além de pressionarem para a manutenção da harmonia social. Nenhuma interação significativa foi observada quanto a sentimentos negativos.

Maeda e Ritchie (2003) investigaram características da melhor amizade em universitários 265 japoneses, comparando-as com um estudo conduzido por Cole e Bradac (1996) com universitários dos EUA. Enquanto os japoneses destacaram na melhor amizade as características de conforto (isto é, sentir-se à vontade com esta amizade), de encorajamento, franqueza e apoio, os universitários dos EUA enfatizaram aspectos como criatividade, energia, pró-atividade e não se lamentar (not a whiner). No entanto, duas dimensões da melhor amizade foram igualmente valorizadas por ambas as amostras: proximidade (closeness) e disponibilidade (dependability).

French et al. (2005) descreveram um estudo comparativo com amostra universitária dos Estados Unidos e da Indonésia. Os autores observaram que em ambos os países a definição de "amigo próximo" envolve intimidade, aliança confiável, companheirismo e ajuda instrumental. Como diferenças entre as duas culturas, observou-se que os estudantes americanos conhecem seus amigos há mais tempo e possuem níveis mais altos de companheirismo e de aliança confiável, na comparação com os indonésios. Porém, quando analisadas as interações dos participantes com seus amigos ao longo de um único dia, os estudantes da Indonésia apresentam um maior número de interações do que os americanos.

Sheets e Lugar (2005) propuseram-se a descrever e comparar padrões de amizade entre 302 participantes da Rússia (69% mulheres) e 418 dos Estados Unidos (70% mulheres), com média de idade dos participantes dos dois países de 19 anos. Os autores partiram do pressuposto de que há diferenças entre os dois países nas dimensões da amizade e diferenças de gênero dentro de cada país e entre países. Os participantes foram convidados a listar amigos próximos e algumas características, como gênero, duração da amizade e grau de compartilhamento de informações íntimas. Dentre os principais resultados do estudo, os russos relataram possuir menos amigos, conversarem com menos freqüência e partilharem de menos informações íntimas com amigos, na comparação com a amostra dos EUA. Os participantes dos EUA relataram compartilhar mais informações íntimas com amigos de sexo oposto do que de mesmo sexo, enquanto os russos relataram mais partilha íntima de informações com amigos de mesmo sexo. Contudo, em ambos os países, as amizades para homens e para mulheres são semelhantes na prevalência de amizades de mesmo sexo.

French et al. (2006) procuraram correspondência empírica à hipótese de H. Triandis, a qual postula que as amizades de pessoas de culturas coletivistas são mais próximas e restritas do que as de culturas individualistas. Comparando dados de 61 universitários dos EUA, 56 da Indonésia e 35 da Coréia do Sul, os autores confirmaram parcialmente a hipótese. As amizades dos sul-coreanos mostraram-se realmente mais próximas e restritas, embora as dos participantes da Indonésia não tenham se mostrado dessa forma.

Há pesquisas que têm apontado como aspectos culturais influenciam significativamente a percepção e a concepção de amizade. Num estudo realizado por Li et al. (2006), foram comparadas as definições de proximidade com respeito a família, amigo, parente, colega e vizinho em 220 participantes do Canadá, 196 da China e 212 da Índia. Os resultados indicaram que, nas três culturas, as relações com a família e com amizades foram consideradas as mais próximas do que as demais. Os participantes da Índia indicaram mais amigos próximos do que os canadenses e chineses, respectivamente. Segundo Li et al. (2006), essa ordem de proximidade nas relações indica fortes diferenças culturais, uma vez que para os indianos a relação mais próxima é um amigo; para os chineses é um membro da família; e para os canadenses, a família e os amigos são igualmente próximos.

Rybak e McAndrew (2006) notaram que estudos multiculturais das relações de amizade têm indicado que pessoas de diferentes culturas nomeiam diferentemente suas relações. Com base nisso, os autores conduziram uma investigação com o objetivo de comparar os critérios de participantes dos Estados Unidos e da Polônia para diferenciar amigos de não-amigos, assim como para classificá-los em distintos níveis de amizade.

Foram utilizados dois questionários. No primeiro, nove situações hipotéticas permitiam avaliar o grau de intimidade do participante com uma pessoa, classificando-a como "conhecido", "amigo" ou "melhor amigo". O segundo instrumento utilizado foi a versão modificada da Escala de Medida de Intensidade de Amizade (Friendship Intensity Measurement Scale), composta por 22 itens com questões relacionadas à percepção de apoio, intimidade e harmonia. A escala foi respondida com relação a um conhecido, a um amigo e ao melhor amigo. Dentre os principais resultados, Rybak e McAndrew (2006) observaram que os indivíduos dos EUA percebem todas as três relações como sendo mais íntimas e intensas, na comparação com os poloneses.

Observações pertinentes foram traçadas por French et al. (2005) ao observarem problemas metodológicos nos estudos que relacionaram amizade e cultura. Na visão dos autores, três pontos deveriam ser considerados em futuros estudos. O primeiro ponto refere-se à utilização da abordagem multimetodológica com distintas fontes de informação na condução de um estudo transcultural. Isto é relevante, segundo os autores, visto que possibilita uma abrangência metodológica congruente com a dimensão multifatorial da amizade. O segundo ponto reporta-se à necessidade de uma discussão sobre as classes sociais analisadas, uma vez que os resultados alcançados podem estar mais relacionados a distintas classes sociais do que a distintas culturas. Finalmente, foi abordada pelos autores a importância da integração de métodos qualitativos e quantitativos, diretriz metodológica rara nos estudos já conduzidos.

Nesse sentido, o panorama de estudos comparativos de amizades em distintos países recém apresentado mostra algumas tendências nas investigações realizadas. Há mais estudos comparando residentes dos EUA com indivíduos de outras nações, e estas parecem representar culturas coletivistas, segundo a compreensão de H. Triandis. Os aspectos das relações de amizade nos quais se destacaram, em oposição aos dados coletados nos EUA, apontam para a perspectiva coletivista: preferência pela quantidade de amizades, em vez de profundidade com poucas amizades; franqueza, cautela, conforto, encorajamento, mais interações em um único dia, e menor intimidade na partilha de informações privadas. Ainda assim, é necessário pontuar que estas características também estão presentes nas amizades nos EUA, mas em menor quantidade ou de modo mais tênue, como demonstraram os estudos descritos. Interessante notar que as pesquisas que não compararam os EUA com outros países utilizaram amostras do Canadá ou da Inglaterra, também países com traços individualistas.

Os dados dos estudos comparativos são importantes ao demonstrarem tendências nas características da amizade de dois grupos de países. Trata-se de um ponto de partida válido para a investigação sobre a adaptação social de indivíduos que buscam formação universitária em outras nações, especialmente quando se dirige a um país com formas distintas de relações interpessoais. Alguns estudos desta natureza serão descritos a seguir.

 

Pesquisas sobre amizade no Brasil e no exterior

Assim como na literatura internacional, são raros os estudos transculturais conduzidos no Brasil sobre amizade. O estudo de Rezende (2002) envolveu uma pesquisa etnográfica com participantes das cidades de Londres (Inglaterra) e do Rio de Janeiro. A amostra constou de 17 participantes londrinos (de 25 e 30 anos) e 36 participantes cariocas (de 20 a 55 anos). Dentre os principais resultados, a autora observou que, para os participantes de ambos os países, amizades próximas ou amizades de verdade envolvem afeto (momentos de sociabilidade, abraços, beijos e afagos), afinidade (aproximação por interesses em comum), confiança e intimidade (compartilhar confidências e experiências). Contudo, para os londrinos a confiança possui um sentido mais forte de revelação íntima entre amigos, enquanto que para os cariocas a confiança significa sinceridade e lealdade. No que diz respeito aos tipos de amizade, Rezende relatou a dificuldade encontrada pelos cariocas na distinção entre amizades, uma vez que essas variavam de acordo com as intenções da pessoa (boas ou ruins). Para os londrinos essa dificuldade aparece como dicotomia entre amigos verdadeiros e falsos, onde os primeiros são mais espontâneos e os segundos mais contidos.

Merizio, Garcia e Pontes (2008) entrevistaram quatro libaneses de 56 a 69 anos de idade residentes no Brasil sobre suas relações de amizade. Dentre os resultados encontrados após extensa análise qualitativa de diferentes aspectos das amizades dos participantes, percebeu-se uma espécie de quase sobreposição entre família e amizade. Em outras palavras, mais do que normalmente citado por brasileiros em outros trabalhos (GARCIA, 2005), os participantes libaneses apontavam os primos como as amizades da infância, com intenso incentivo familiar para tal postura. Outro dado citado pelos autores foi a percepção de um maior envolvimento dos pais brasileiros nas amizades de seus filhos, em oposição aos pais libaneses dos participantes, com a ressalva do recorte histórico-cultural do relato de suas infâncias. Além disso, Merizio, Garcia e Pontes (2008) perceberam uma forte influência religiosa sobre as relações familiares e de amizade, referidas pelos participantes.

Cabe ainda ressaltar dois trabalhos recentes que investigaram as amizades de brasileiros residindo no exterior. Bitencourt Neto e Garcia (2009a) analisaram as relações de amizade de 20 brasileiros residentes nos três países da América do Norte. Um grande conjunto de variáveis foram abordadas no estudo. São de destaque os resultados sobre o papel das amizades na adaptação ao novo país. O apoio social foi fundamental para a adaptação social ao país, com a ajuda das amizades na introdução às rodas sociais, ampliação das redes de contato e oportunidades de interação (como em contextos de lazer, religião, estudos e trabalho). As amizades também pareceram exercer uma importante função mediadora para a adaptação cultural do indivíduo estudado, facilitando sua inserção como novo cidadão no país que o recebera.

Os mesmos autores conduziram um segundo estudo sobre as amizades de brasileiros residindo na Europa (BITENCOURT NETO; GARCIA, 2009b). Com metodologia semelhante ao estudo recém descrito, também 20 brasileiros participaram deste segundo trabalho. Os resultados foram qualitativamente semelhantes aos do estudo prévio, com um pouco mais de destaque ao apoio emocional entre amigos estrangeiros a um mesmo país de residência.

Garcia e Goes (2010) estudaram as relações de amizade de 12 africanos residentes no Brasil provenientes de Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe, todos estudantes estrangeiros da Universidade Federal do Espírito Santo. Prevaleceram as amizades de mesma nacionalidade do participante, com preferência explícita, cujo relacionamento se formava na própria universidade. O estudo, o lazer e a cultura foram os contextos privilegiados indicados como promotores das relações de amizade dos participantes. As amizades apontadas foram associadas a uma boa adaptação cultural e social ao Brasil, com relatos de episódios no qual o(a) amigo(a) forneceu apoio em momentos difíceis, motivação para enfrentar desafios, e ampliação da rede de amizades.

Garcia e Miranda (2012) apresentaram resultados de um estudo preliminar qualitativo sobre amizades internacionais, abrangendo estudantes universitários moçambicanos residentes temporariamente no Brasil. Dez participantes de ambos os sexos, com faixa etária entre 20 e 29 anos, responderam a um questionário sobre a percepção de suas relações de amizade, tanto no Brasil como em Moçambique. Como características das melhores amizades estavam presentes fatores como confiabilidade, sinceridade, humildade e companheirismo. Em relação às diferenças entre brasileiros e moçambicanos, os primeiros foram percebidos por alguns participantes como mais próximos; outros moçambicanos relataram que as amizades em Moçambique são mais calorosas e sinceras. Outro resultado apontado pelo estudo demonstrou que a rede de amigos dos participantes moçambicanos no Brasil é menor na comparação com o país de origem. Este último dado remete à hipótese de que a duração da amizade seja um fator importante para que uma pessoa seja realmente considerada como melhor amiga.

Os estudos recém relatados permitem observar que a pesquisa das relações entre amizade e cultura é atual e relevante. Estes esforços científicos possibilitam um melhor entendimento destes fenômenos, uma vez que interações de amigos são regulamentadas por normas construídas por experiência pessoal e compartilhadas (e mediadas) pela cultura. Além disso, as comparações interculturais podem evidenciar, com as definições de amizade e suas características, diferenças nas normas que regulamentam a amizade bem como as regras particularmente importantes para o relacionamento nas distintas culturas. Neste trabalho, interessam os estudantes que procuraram o Brasil para investir na educação universitária, e nos aspectos envolvidos em suas experiências de amizade.

A seguir é relatado um estudo descritivo que possui dois objetivos. Primeiramente, descreve-se a percepção da amizade em adultos de nacionalidade estrangeira residentes no Brasil. Num segundo momento, compara-se a percepção da amizade destes estrangeiros com um grupo de brasileiros natos.

 

Método

Trata-se de um estudo de delineamento não-experimental, descritivo-exploratório, predominantemente qualitativo.

 

Participantes

Participaram desse estudo 14 brasileiros do Rio Grande do Sul e 14 estrangeiros de 11 diferentes nacionalidades: Áustria, Paraguai, Cabo Verde, Peru, Estados Unidos, Moçambique, Alemanha, Guatemala, Guiné-Bissau, São Tomé e Chile. Todos os participantes estavam regularmente matriculados em algum curso de ensino superior.

Os participantes provêm de uma coleta de dados realizada para uma investigação prévia sobre amizade em jovens adultos (SOUZA; HUTZ, 2007a, SOUZA; HUTZ, 2007b). Por aquele ter se tratado de um estudo interessado na percepção da qualidade dos relacionamentos em brasileiros, 14 participantes estrangeiros foram excluídos da amostra principal e considerados para o presente estudo. Já os 14 participantes brasileiros foram obtidos do banco de dados do estudo principal e pareados com os dados sociodemográficos dos estrangeiros (sexo, curso universitário em andamento, número de filhos e estado civil).

Os dados sociodemográficos dos participantes podem ser observados na Tabela 1. A variável "tempo médio de residência" corresponde ao tempo médio de residência na cidade que o participante declarou morar na época do estudo. É importante mencionar que o questionário não abordou se o participante é residente no Brasil ou se é estudante internacional.

 

 

Instrumentos

O estudo conduzido com brasileiros apresentava seis questionários sobre amizade. Na presente oportunidade serão analisadas as principais variáveis de três dos questionários daquele estudo principal. O primeiro instrumento respondido pelos participantes foi o Questionário Sociodemográfico (QSD), com informações como sexo, idade, curso universitário, cidade de residência atual e há quanto tempo o participante reside nela.

O segundo instrumento aplicado, denominado Questionário Introdutório de Amizade (QIA), apresenta questões sobre as amizades próximas do participante, bem como questões relativas a uma melhor amizade e o sexo da melhor amizade. Os participantes que relataram não possuir uma melhor amizade foram convidados a mesmo assim continuar respondendo os questionários, escolhendo uma pessoa como melhor amiga. Em relação às amizades próximas, o participante era convidado a enumerar quantas amizades eram do sexo feminino e quantas do sexo masculino.

O último instrumento utilizado - o Questionário Complementar de Amizade (QCA) - contém perguntas específicas sobre a melhor amizade indicada pelo participante ao final do QIA. As variáveis que compõem o QCA são: duração da amizade; local onde o participante conheceu o melhor amigo; vínculo concomitante (isto é, além de amigo é um familiar, ou vizinho, etc.); se a melhor amizade indicada pelo participante sabe que ela é assim considerada; frequência de contato por telefone, e-mail, encontro face-a-face com a melhor amizade; e se o participante possui outras melhores amizades e sexo dessas.

 

Procedimentos de coleta e de análise dos dados

A coleta de dados foi realizada por alunos de graduação devidamente treinados para aplicação dos questionários que realizaram o convite em salas de aula nas quais os professores cederam alguns minutos do período da aula para que a pesquisa fosse brevemente explicada e para que a aplicação do questionário fosse realizada. A aplicação dos questionários foi realizada de forma coletiva e em sala de aula. Os cuidados éticos de pesquisas com seres humanos foram tomados e todos os participantes da presente pesquisa aceitaram contribuir com a pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (CAE 2005397). Para a análise das variáveis investigadas no presente artigo, foram utilizadas estatísticas descritivas simples como frequências, médias e porcentagens.

 

Resultados e discussão

A Tabela 2 apresenta as médias de amizades próximas de mesmo sexo, por sexo do participante. Esses resultados apontaram que, para todos os participantes, prevalecem as amizades de mesmo sexo. A média de amizades próximas residentes na mesma cidade do participante foi maior para os brasileiros em relação aos estrangeiros, o que pode indicar fortes laços destes últimos com amizades próximas no país de origem. Este mesmo aspecto, no caso dos estrangeiros, pode estar sofrendo alterações em função do distanciamento geográfico com suas amizades no país de origem, mesmo que temporariamente, e em virtude da redução drástica de interações presenciais cotidianas, pela mesma razão.

Mesmo na ausência de tamanho amostral que possibilitasse a realização de análises estatísticas para comparar médias e averiguar outras comparações, a Tabela 2 revela poucas diferenças marcantes entre os dois grupos analisados. Ademais, a maior parte dos participantes do grupo de estrangeiros provém de países de culturas coletivistas, semelhantes ao Brasil, como argumentado na introdução, no que diz respeito a muitas características das relações de amizade.

Dois participantes estrangeiros responderam não possuírem uma melhor amizade, ao passo que foram três participantes brasileiros a admitirem ausência de um melhor amigo. A Tabela 3 indica as variáveis analisadas da percepção do participante em relação à melhor amizade. Foram analisadas as variáveis ter uma melhor amizade, sexo da melhor amizade indicada, origem dessa amizade, proximidade geográfica (se a amizade relatada mora na mesma cidade que o participante), duração do relacionamento e indicativo de reciprocidade (a melhor amizade descrita pelo participante sabe que ela é assim considerada).

Os dados apresentados na Tabela 3 mais uma vez apontam as semelhanças entre os estudantes universitários estrangeiros e o grupo de brasileiros a eles comparados. As diferenças que se apresentam estão muito provavelmente ligadas à distância geográfica atual do país de origem, no caso dos estrangeiros. Os resultados para proximidade geográfica com a melhor amizade, duração média do relacionamento com o melhor amigo, e a origem universitária da amizade parecem apontar para a direção recém argumentada.

A Tabela 4 apresenta as frequências para o tipo de vínculo concomitante existente com a melhor amizade indicada. Este dado indica se o melhor amigo foi antes um colega de escola ou de trabalho, ou um vizinho, dentre outras possibilidades apontadas nas respostas dos participantes.

Os resultados obtidos para a variável vínculo concomitante destoam um tanto do esperado. Era esperado que os estudantes estrangeiros indicassem que a melhor amizade originou-se de um relacionamento prévio advindo da escola, do trabalho ou da vizinhança. No entanto, nenhum participante deste grupo apontou estes vínculos. Já os brasileiros apontaram vínculos prévios à atual relação de melhor amizade. Uma possibilidade para esta discrepância nos resultados pode ser uma dificuldade de compreensão da questão apontada no Questionário Complementar de Amizade. Obviamente que uma segunda hipótese explicativa necessita ser considerada. É possível que nenhum dos participantes estrangeiros do presente estudo tenha uma relação de melhor amizade com uma pessoa que conheceu na faculdade, no trabalho ou mesmo na vizinhança. Os dois primeiros contextos podem ser explicados em virtude de que a amostra trata justamente de estudantes universitários, cuja melhor amizade originada na universidade precisaria de mais tempo para ser elevada a este status. Além disso, boa parte dos universitários, estrangeiros especialmente, não trabalham no país onde estudam. Já no que tange a vizinhança, o pouco tempo de estadia no Brasil e as dificuldades de comunicação com o idioma português podem influenciar a qualidade do contato com os vizinhos brasileiros.

Foram obtidos dados sobre a presença de outra melhor amizade de mesmo sexo. Esses dados apontaram que a amostra brasileira indicou 10 participantes nesta condição, ao passo que a estrangeira mostrou 11 estudantes com outras melhores amizades. Tais resultados também indicam uma certa harmonia nas características das amizades dos dois grupos.

 

Considerações finais: limitações, contribuições e apontamentos para futuros estudos

O presente estudo objetivou primeiramente apresentar um breve panorama dos estudos empíricos sobre amizade em diferentes países. Nessa intenção, dois conjuntos de estudos foram descritos: aqueles que comparam as relações de amizade de nações distintas e aqueles que analisam a adaptação social e as amizades de estrangeiros no país para onde migraram para estudar temporariamente ou adotar como novo lar.

Em um segundo momento, o presente trabalho objetivou apresentar uma investigação de caráter predominantemente exploratório e descritivo, através da qual comparou características das amizades de dois grupos de estudantes universitários residindo no Brasil: um grupo de brasileiros e um de estrangeiros. Os resultados não diferiram substancialmente entre os dois grupos, muito provavelmente porque a maioria dos estrangeiros provem de países ditos coletivistas, assim como o Brasil. As diferenças percebidas podem estar mais relacionadas à condição de distanciamento dos relacionamentos de amizade de longa data, presentes no país de origem, e à condição de adaptação social ao idioma português.

Duas limitações metodológicas do estudo descrito precisam ser discutidas. A primeira limitação do presente estudo corresponde aos instrumentos utilizados, uma vez que os questionários foram desenvolvidos com o objetivo de analisar a percepção de amizades em participantes brasileiros. Essa limitação pode ter duas conseqüências principais, uma decorrente do entendimento da língua portuguesa pelos participantes do estudo, o que dificultaria respostas um pouco mais acuradas. Também poderia justificar a ausência de respostas a algumas variáveis. Isso poderia ser analisado através da variável tempo que os participantes moram na cidade atual. No entanto, tem-se como segunda consequência o fato dessa variável não corresponder ao tempo em que esses estrangeiros vivem no Brasil, e sim na cidade na qual eles estão vivendo atualmente.

A segunda limitação diz respeito ao tamanho amostral, o que não permite a generalização dos achados para a gama de estrangeiros que vivem no Brasil. Da mesma forma, não foi coletado um dado que teria contribuído para o estudo, qual seja, se o participante é residente no Brasil ou se é estudante internacional. Contudo, procurou-se apresentar uma descrição válida para futuros estudos comparativos realizados na área de estudos transculturais sobre amizade, com estrangeiros que residem no Brasil.

Quanto às contribuições do presente estudo, destacam-se o ineditismo da amostra, que abrangeu estudantes de alguns países ainda não investigados nos estudos nacionais encontrados, como Peru, Guatemala, Paraguai, Áustria e Chile. Já não são poucos os estudos brasileiros sobre amizade, da infância à velhice. No entanto, ainda estão em fase inicial de investimento em pesquisa as amizades internacionais, seja de brasileiros no exterior, seja de estrangeiros buscando estudo ou trabalho no Brasil.

Considera-se que estudos sobre as relações de amizade de estrangeiros residindo no Brasil são relevantes em virtude do sucesso esperado para a adaptação social destes indivíduos a nosso país. Este sucesso é parte importante do bem-estar subjetivo destas pessoas, que por sua vez influencia diretamente o empreendimento de trabalho ou de estudo. As universidades brasileiras que recebem estudantes estrangeiros podem começar a atentar para a adaptação social do estudante estrangeiro não apenas em termos de contatos sociais, mas também no acompanhamento da criação de vínculos mais próximos de amizade para estas pessoas.

Um exemplo de programa específico para fomentar amizades entre nativos e estrangeiros é conduzido pela Duke University, universidade dos EUA sediada na Carolina do Norte. O programa intitula-se International Friends e objetiva "promover a amizade e a troca cultural entre cidadãos locais e a população internacional da Duke através da organização de pares de 'locais' com os estrangeiros" (http://www.studentaffairs.duke.edu/ihouse). Além disso, a literatura preconiza, e as pesquisas confirmam, que esses vínculos proporcionam base segura para o enfrentamento de dificuldades e situações novas e estranhas. São estes desafios que mais se apresentam ao estrangeiro, especialmente em sua jornada à adaptação e aceitação social no país que o recebe.

Outra oportunidade de investimento científico que o presente texto pretende destacar é com respeito aos estudantes brasileiros que residem no exterior. Os programas de intercâmbio são cada vez mais acionados pelos estudantes para experiências de um a dois semestres em universidades estrangeiras.

Da experiência da segunda autora do presente texto na condução de entrevistas de seleção para tais programas de intercâmbio, percebe-se uma quantidade elevada de candidatos pouco informados sobre os costumes culturais e interacionais das nações nas quais pretendem estudar e viver. Por vezes trazem estereótipos ou informações colhidas com conhecidos que conheceram o país pretendido como turistas por alguns dias ou semanas. Este desconhecimento sobre os modos de relacionar-se da cultura-alvo do intercâmbio não é considerado um possível dificultador da adaptação, na visão do candidato. No entanto, não são raros os relatos de dificuldades de interação na cultura estrangeira, com repercussões na qualidade do estudo e do aproveitamento da experiência como um todo. Assim, acredita-se que uma preparação prévia e um acompanhamento sobre as interações e as relações interpessoais no país do intercâmbio são necessários. Com as facilidades de comunicação que a Internet proporciona, há suficiente oportunidade para que a universidade brasileira mantenha firme contato com seu estudante de intercâmbio.

O caso não é diferente para o profissional, já adulto e atuante em sua área, que se desloca ao estrangeiro para estudos pós-graduados ou programa sabático. A literatura empírica sobre amizade na vida adulta mostra uma maior dificuldade que os adultos possuem em formar novos relacionamentos, especialmente de amizade (SOUZA; HUTZ, 2008). Da mesma forma estes candidatos devem procurar informar-se sobre os aspectos culturais das formas de interação e de relações humanas no país que escolheram para complementar a formação educacional ou de pesquisa.

A experiência de estar em outro país, não apenas como um turista, que possui as comodidades dos guias e o escape de logo voltar para casa, tem o potencial de criar marcas para uma vida toda. Para além do êxito acadêmico ou profissional, a vivência no estrangeiro e as interações e relações humanas desenvolvidas trazem reflexões sobre os próprios valores morais e culturais sobre os quais se baliza a personalidade. São revistos pontos de vista, certezas e crenças. Como afirmado alhures, o indivíduo é muito mais um representante de seu próprio país quando ele se encontra em terra estrangeira. É nela mergulhado que ele mais vai perceber o que lhe faz brasileiro ou chileno, e de como estas percepções e formas de ser se colocam na experiência nova de ser-no-mundo. Será por elas transformado e, espera-se, trará consigo, não apenas temporariamente, novas formas de ser e de se relacionar, além de novos amigos.

 

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Recebido em: 15-02-2011
Aceito em: 07-07-2012

 

 

Sobre os autores:
Luciana Karine de Souza é Doutora em Psicologia pela UFRGS. Professora Adjunta no Depto. de Psicologia e do PPG-Estudos do Lazer da UFMG. E-mail: lucianak@fafich.ufmg.br
Cristina Yumi Nogueira Sediyama é Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: cristinayumi@hotmail.com