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Nova Perspectiva Sistêmica

Print version ISSN 0104-7841

Nova perspect. sist. vol.25 no.56 São Paulo Dec. 2016

 

EDITORIAL

 

 

Um ditado popular afirma: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.” Como editora da Nova Perspectiva Sistêmica a partir do décimo quinto ano de sua existência, e de 2010 até hoje, como editora associada, contando com a enorme energia, conhecimento e experiência na área, de Adriano Beiras, e a produção profissional, impecável, de Anna Carla Ferreira, ainda assim me ocupo bastante com a publicação dos 3 números anuais. Reafirmo então em letra maiúscula, referindo-me a Gladis Brun e Rosana Rapizo: NÃO SABIAM QUE ERA IMPOSSÍVEL, FORAM LÁ E FIZERAM!
Lançada em dezembro de 1991, a NPS contou, desde seus primeiros números, com a preciosa colaboração de autores de renome de vários países. Alguns queridos amigos já falecidos como Tom Andersen, Harry Goolishian, Gianfranco Cecchin e Michael White. Outros, colaboradores durante todos esses anos, nos prestigiam neste número, como será mencionado posteriormente.
Em São Paulo, o Instituto Familiae, que se constituíra no mesmo ano de 1991, com seis terapeutas formadas no ITF-RJ, lançou a revista durante o workshop de Florence Kaslow, realizado nos dias 12, 13 e 14 de dezembro.
Lembro-me até hoje da equipe do ITF-RJ entrando carregada de revistas para apresentá-las aos participantes do workshop. Na noite do dia 13, o Familiae convidou os colegas paulistanos para um brinde de lançamento da NPS, em sua sede, e daí em diante seria seu representante em São Paulo. Quinze anos mais tarde, foi convidado para ser parceiro na publicação, então sob a responsabilidade do Instituto Noos, especificamente de Carlos Eduardo Zuma, também  responsável pela produção, com a ajuda de estagiários, até abril de 2008, quando passou a contar com uma profissional da área de comunicação. O Familiae encerrou suas atividades em 2015. Abrindo a filial do Instituto Noos em São Paulo, eu, Helena Maffei Cruz, continuei como editora associada da NPS.
Na comemoração do vigésimo quinto aniversário, vemos confirmada nossa escolha epistemológica inicial e seus avanços nestes anos. O Construcionando V, evento coordenado pela revista, realizado recentemente em outubro, trouxe pela primeira vez ao Brasil o Dr. Karl Tomm, psiquiatra e terapeuta familiar de Calgary, conhecido internacionalmente por sua pesquisa, refinada ano a ano, do que nomeou  como Entrevista Interventiva, na qual analisa os diversos tipos de perguntas, sua intenção e efeitos tanto no cliente como no terapeuta.
Em seu primeiro número, a Nova Perspectiva Sistêmica trazia o artigo “Reflexões sobre o ato de perguntar”, de autoria das duas editoras, Gladis Brun e Rosana Rapizo, que terminava com as considerações sobre a pergunta como intervenção terapêutica. Com esses recortes da nossa história, passo a palavra para nosso editor Adriano Beiras.
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Nesta edição tão especial da revista NPS, disse a Helena que precisávamos apresentar este número juntos. Já são alguns anos à frente da coordenação editorial desta revista, desde 2010, mas o diálogo e a parceria com Helena é incansável e de constante aprendizado. Durante estes anos, temos conseguido manter a revista viva, com muitas novidades, reflexões teóricas, práticas, estudos clínicos e acadêmicos. Ainda temos muitos desafios pela frente, diante das exigências crescentes de avaliação acadêmica, como o Qualis da CAPES, mas seguimos sempre com muito fôlego, aprendendo com cada mudança, crescendo com as parcerias e tantas preciosas colaborações durante estes anos, como bem mencionou Helena.
Sigo representando o Instituto Noos Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Santa Catarina na editoração da revista. Para mim, tem sido um privilégio realizar este trabalho e acompanhar em primeira mão o que há de mais novo nas práticas sistêmicas, colaborativas, nas terapias narrativas e outras abordagens sob a perspectiva do construcionismo social. Temos buscado trazer mais parcerias e colaborações nos diferentes estados brasileiros e internacionalmente e avançado na conquista de novas indexações, bases de dados, prestìgio acadêmico e inserção no mundo online.
 Contamos com nossos leitores e leitoras e colaboradores e colaboradoras para seguir caminhando e agradecemos a todas e todos que escolheram nossa revista como fórum de discussão, de apresentação de suas pesquisas e experiências e de discussão e interface de novas ideias. Esperamos continuar contando com a comunidade acadêmica e profissional neste campo epistemológico e de práticas clínicas reflexivas e implicadas na mudança, na coconstrução e transformação social. E com muito entusiasmo, passo a apresentar esse número de 25 anos da revista, e agradeço muito pelas contribuições para essa edição.
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O primeiro texto que apresentamos é internacional, Rumo a uma ética relacional para a prática terapêutica, do importante autor, referência do construcionismo social,  Kenneth J. Gergen, vinculado ao Taos Institute. Gergen discursa sobre os valores éticos do terapeuta, relacionando com os de seus clientes. Traz a pergunta: “Por quais valores o terapeuta deve ser responsável?” Para ilustrar seus argumentos, relata práticas terapêuticas em ética relacional.
O segundo texto que apresentamos vem do Rio de Janeiro, de um grande grupo de autores do instituto Noos, os quais foram responsáveis por um reconhecido curso sobre grupos. Dessa experiência, em coconstrução permanente, derivou-se o texto intitulado Ateliês em curso: tecendo metodologias de facilitação, cujos autores e autoras são: Cecilia Abrahamsson, Cintia Lopes Rangel, Cristina Fonseca Ribeiro, Delaine Martins Costa, Flora Moana Van De Beuque, Heloisa Rodrigues da Costa, Jorge Bergallo, Leonora Corsini, Luciana Abrahamsson, Maria Beatriz Costamilan, Marilia Lopes Modesto, Monica Meurer de Miranda, Regina Peregrino Ribeiro, Rosana Rapizo, Sandra Mara de Mello Lopes e Sandra Santos. Apresentar um texto com tantas mãos na escrita é algo inédito para a revista, mas muito em consonância com as propostas construcionistas e grupais que o texto busca trabalhar. Trata-se de uma narrativa de construção coletiva de um curso de teoria e prática de grupos, feita de forma reflexiva sobre esta trajetória, abordando as premissas da construção coletiva, alinhadas ao construcionismo social e aos autores de referência na área.
O seguinte texto Diálogos entre o discurso construcionista social e a terapia social, de autoria de Ana Flávia Nascimento Manfrim e Emerson Fernando Rasera, ambos da Universidade Federal de Uberlândia, segue com o tema do construcionismo social. Esse texto procura refletir sobre as aproximações entre o construcionismo social e a terapia social, realizando uma análise crítica e comparativa das obras da terapia social. Destacam como ponto importante de aproximação a orientação colaborativa, a relevância de valores, a ênfase relacional e o foco na ação. Além disso, dissertam também sobre as tensões existentes referentes à flexibilidade de perspectivas e à ênfase discursiva.
Seguimos esta edição muito especial e comemorativa com outro texto internacional da renomada autora do campo das práticas colaborativas, Harlene Anderson, Algumas considerações sobre o convite ao diálogo. O tema diálogo, segundo nos conta a autora, tem ganhado muita popularidade entre os profissionais em diversas disciplinas. Para a autora, o diálogo é uma atividade natural e espontânea, um processo relacional e colaborativo, com potencial transformador. Ele provoca uma mudança na nossa forma de pensar, em nossos paradigmas. O breve texto nos auxilia a pensar em alguns pontos a se considerar para produzir mudanças através do diálogo, como método terapêutico.
Seguimos com o texto de outra importante autora internacional intitulado Perspectiva e prática generativa. A autora é Dora Fried Schnitman, importante referência em nosso campo teórico. Nesse texto, continuamos na perspectiva do diálogo, como um processo de aprendizagem generativa e criação dialógica, promovendo a coconstrução de possibilidades de conhecimentos e inovações conjuntas. Essas inovações são entendidas como alternativas para abordar de forma criativa as dificuldades trazidas nas consultas terapêuticas. Nesse texto, a autora descreve as diversas etapas desse processo e seus recursos para uso em terapia e outras intervenções psicossociais em distintas áreas, ilustrando com exemplos de terapia e mediação comunitária.
Como esta edição é especial, temos mais dois textos internacionais muito inspiradores. O seguinte artigo intitula-se Sentido e consciência em uma clínica da verdade, do autor internacionalmente reconhecido, Marcelo Pakman. O autor dialoga com a concepção de intencionalidade, transcendência e consciência não reflexiva em Sartre, relacionando com o conceito de sentido de Jean-Luc Nancy, para trazer contribuições do que nomeia como uma posição crítico-poética em psicoterapia. Propõe um trabalho clínico legitimado como apropriado para recuperar a singularidade de uma experiência vívida que se provou esquiva aos empirismos científicos e linguísticos adotados no trabalho clínico.
Por último, ainda no time internacional que compõe esta edição muito especial, temos um artigo de grande atualidade para pensarmos nossas práticas clínicas: Conexões transnacionais através de tecnologias emergentes, de Gonzalo Bacigalupe e Kimberly Parker. O primeiro é professor na Universidade de Massachusetts, e a segunda é da Universidade de Boston. Neste texto, o autor e a autora exploram a influência das tecnologias emergentes nas relações intergeracionais nas famílias. Essas tecnologias proporcionam desafios e oportunidades para oferecer atendimentos melhores a famílias imigrantes.
A seguir, e não menos especial, apresentamos as seções desta edição. Em Conversando com a mídia, temos o texto “Os cliques do terapeuta”, de Felipe Arruda, Marcos Naime Pontes e Suzy Zveibil Cortoni. Trata-se de uma reflexão sobre atendimentos clínicos realizados a distância e mediados por computador. Tema de atualidade que dialoga com as reflexões do artigo de Gonzalo Bacigalupe e Kimberly Parker, e com os outros artigos do primeiro autor, publicados anteriormente em nossa revista.
A seção Ecos comemora os 25 anos da revista Nova Perspectiva Sistêmica, com o relato de Eloisa Vidal Rosas. Ela nos traz sua narrativa dos primeiros números da revista, o contexto daquela época e as ressonâncias e reflexões, historiando a NPS. Uma bela viagem no tempo, que nos inspira a continuar e seguir neste desafio de coconstrução deste espaço de divulgação de nossas práticas clínicas.
A seção Estante de Livros convida os leitores e leitoras a conhecer a metodologia de grupos reflexivos de gênero do Instituto Noos, em sua nova edição lançada em livro digital este ano. Trata-se da revisão e sistematização da metodologia anteriormente publicada, que fundamenta as práticas de grupos reflexivos de gênero no Instituto Noos, contemplando novos desafios teóricos e revisões de aspectos metodológicos. O livro é de autoria de Adriano Beiras e Alan Bronz, e a resenha foi feita por Fernanda Fontoura, que também participou da edição do curso sobre esta metodologia realizada em São Paulo, pelo instituto Noos. Fernanda apresenta suas reflexões e impactos ao ler a metodologia, diante de sua experiência de trabalho no campo e com olhar feminista.
Finalizando as seções, temos Família e comunidade em foco, com uma entrevista muito preciosa e histórica com Mathilde Neder, realizada por Paula Ayub. É uma honra termos esta entrevista em nossa edição, considerando que Mathilde faz parte da história da psicologia e da terapia de família no Brasil e continua ativa nos inspirando a seguir coconstruindo a história da terapia familiar e de casais no Brasil.
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Finalizamos este editorial com um poema da fundadora e tantas vezes colaboradora da revista, Gladis Brun. Ótima leitura a todas e todos! Agradecemos muito a vocês, leitoras e leitores, por seguirem acompanhando e colaborando com artigos e reflexões a cada edição da revista, sendo verdadeiros alicerces que dão suporte e novos significados para a continuidade da revista, que já se estabeleceu como um importante fórum de diálogo de coconstrução e reflexão sobre práticas clínicas e comunitárias transformadoras!


Adriano Beiras - Coordenador editorial

NOVA PERSPECTIVA SISTÊMICA

25 anos....
Nasceu ...
de um grande desejo
Cresceu...
de um grande encontro
Do sonho...veio o  projeto....
e daí, realidade...
No começo, um território de incertezas ....
E, sem um presente palpável...
um futuro consistente
era já pressentido.
Tempos atentos, tensos, intensos...
Foi tão bom...
adrenalina na veia,
o entusiasmo transbordando...
Foi tão sofrido..
a insegurança  assombrando...
Na pele, sensível,

A dúvida e o medo de errar...
No coração,
uma única certeza...
Nossa gente brasileira,
que fala em português,
precisava  desse espaço...
para o que escreve...escreveu...
escreverá.

Para conhecer o que aqui se faz...
artigos de e para


essa  gente que é nossa.
Atenta a essa realidade,
tão nossa necessidade.
Escrever é criar.
Escrever é pensar.
Será pecado sonhar?
Pretencioso arriscar?
Atingido o ponto
De não retorno....
Apenas uma certeza
Acerto ou erro...
Risco assumido
Tinhosas, vaidosas, inquietas, ambiciosas,
Medrosas, estudiosas, gulosas
Alimentamos nosso bebê.
No começo,


com a seiva da coragem...



NPS ganhava forma
E também conteúdo
Visualizamos o produt... sorrisos...
Lançada enfim a NPS
A palavra Nova nos era cara,
apontava a movimentos, novidades e mudanças
Novas possibilidades e não
Enquadramentos e adaptações
Todos os sentidos ativados...
Perguntar passou a ser
nosso mantra
nossa bandeira
No início, o time
Rosana e Gladis
e
Gladis e Rosana
Duas sonhadoras?
Sabíamos ter o ITF na retaguarda...
Amparadas, protegidas, aplaudidas...
Não estávamos sozinhas...
uma família profissional...
importante garantia amorosa
Instituto de Terapia de Família RJ
Frente aos sinais de
Perigo! Ou qualquer pessimismo
Tipo “Não vai dar!!”
ITF Rio
Lugar de incentivo e proteção...
Surgia então
nova esperança, novo entusiasmo.
Lia Carvalho, colega e amiga,
com seu saber do mundo prático
Importantíssima nesse parto
Abraça com carinho o projeto...
Uma equipe vai se armando
Profissionais nacionais e estrangeiros
Abraçando...abençoando...escrevendo...aplaudindo...aguardando...
Arregaçando a manga
Até que em
Dezembro de 1991
Nasce o Número 1
Anos se passaram
A NPS cresceu, ganhou corpo e o mundo
Parabéns a toda essa gente que
Permitiu, alimentou e acreditou
nesse projeto, nesse percurso...
o “comando” atual, com
Noos, equipe irmã,
representada pelo eficiente
Carlos Zuma....
em seguida por
Helena Maffei Cruz
Com sua energia, entusiasmo e competência
E atualmente abraçada por
Adriano Beiras...
Novo sangue
Continuidade e novidade.
Para falar a verdade,
De minha parte só cabe
Um obrigada
Comovido... muito comovido...
Um Parabéns a todos nós
MERECEMOS

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