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Nova Perspectiva Sistêmica

versão impressa ISSN 0104-7841

Nova perspect. sist. vol.26 no.57 São Paulo abr. 2017

 

EDITORIAL

 

 

Iniciamos o ano com mais um número da NPS. Nesta edição, temos alguns textos especialmente centrados em práticas colaborativas. Mas iniciamos também com um pesar, o falecimento de J. Shotter, grande referência para nossa área. Para marcar este momento, trazemos um artigo traduzido de sua autoria para rememorar seus ensinamentos, que continuarão presentes em nossas práticas profissionais. Neste sentido, agradecemos ao Journal of Collaborative-Dialogic Practices por permitir a tradução do artigo originalmente publicado em inglês.
A NPS reinicia com novas metas e trajetória, com desafios com indexadores e com os formatos online e apresenta custos diversos em sua nova fase e novo ano. Agradecemos o contínuo apoio dos colaboradores e colaboradoras, assim como dos fiéis leitores e leitoras, em especial as/os assinantes da revista impressa. Esperamos continuar contando com seus artigos, comentários, leituras, citações e divulgação, contribuindo para a manutenção e vida deste periódico.
No fim de 2016, além de completarmos 25 anos com uma edição muito especial, também recebemos a notícia de que seguimos avançando no Qualis CAPES, subindo para B3 na classificação de 2015. Seguiremos o caminho com persistência para conseguir novos indexadores e continuar progredindo neste aspecto acadêmico tão importante para as revistas científicas na atualidade. Esperamos, com esta melhora, receber mais colaborações de textos, sempre atentos para manter nosso perfil também prático e profissional, além do acadêmico e de pesquisa, divulgando práticas úteis a terapeutas nas epistemologias que trabalhamos, com experiências, relatos clínicos e ensaios que nos ajudem a seguir avançando e aprimorando nossas práticas profissionais. Pois bem, seguimos apresentando os artigos dessa edição.
Iniciamos com o artigo “Momentos de referência comum na comunicação dialógica: uma base para colaboração clara em contextos únicos”, de John Shotter, professor emérito de Comunicação da Universidade de New Hampshire, EUA. Seu artigo explora o papel da espontaneidade, vivacidade e responsividade na transmissão de informação. Estes elementos são entendidos como potencializadores do entendimento da alteridade, estabelecendo o que o autor chama de “momentos de referência comum”.
O segundo texto, “Caminhando no contexto das práticas colaborativas e narrativas: experiências profissionais transformadas”, é de autoria de Camila Martins Lion. Nesse artigo, a autora oferece conceitos básicos das práticas colaborativas, narrativas e narrativas coletivas, exemplificando com cenários de relatos de experiências profissionais que foram, de certa forma, transformadoras.
Ainda dissertando sobre práticas colaborativas, temos o terceiro texto, “O fazer e o estar em terapia dialógica colaborativa”, de Bruno Lenzi. O autor relata um processo terapêutico de um jovem de 20 anos, focando em práticas colaborativas ao longo de dois anos. Além disso, o terapeuta relata suas próprias transformações durante o processo, explorando as transformações de ambos neste processo colaborativo e dialógico.
O quarto artigo, “Contribuições do pensamento sistêmico, da gestalt-terapia e de práticas da psicologia para o trabalho em um CAPSi”, foi escrito por Isabella Goulart Bittencourt e Elisangela Böing.
No artigo, as autoras refletem sobre as atuações em um serviço de psicologia, em um estágio curricular realizado em um Centro de Atenção Psicossocial para Infância e Adolescência (CAPSi), fundamentado nas bases do pensamento sistêmico e da gestalt-terapia e os princípios e diretrizes do SUS. Foi discutido o trabalho em equipe interdisciplinar, o atendimento integral do sujeito, a avaliação psicológica e a psicoterapia, tecendo conexões entre as abordagens e teorias utilizadas de forma a qualificar as ações realizadas.
No texto seguinte, “A importância da abordagem familiar na atenção psicossocial: um relato de experiência”, de Ana Flávia Dias Tanaka Shimoguiri e Fernanda Silveira Serralvo, o tema centra-se na atenção psicossocial relacionada a álcool e outras drogas, a partir da experiências das autoras neste setor. As autoras buscam sublinhar a aplicabilidade de terapias sistêmicas nestes estabelecimentos como recursos possíveis no tratamento da dependência química, reforçando a importância do atendimento familiar.
O penúltimo artigo desta edição, “O trabalho com equipes reflexivas: revisão de literatura”, é de autoria de Milena Carolina Fiorini, Luciane Guisso e Maria Aparecida Crepaldi. As autoras realizam uma importante revisão integrativa de literatura sobre equipes reflexivas e encontram prevalência de trabalhos qualitativos, avaliação de participação em equipes reflexivas por parte dos clientes e terapeutas, o uso deste formato grupal em outras áreas, entre outros aspectos. Apontam para necessidade de maior exploração teórica e técnica do tema de forma a alinhar uma postura mais coerente com a proposta original desse tipo de trabalho reflexivo.
O último texto, “Meios-irmãos e irmãos não consanguíneos: a fratria recomposta na perspectiva de padrastos/ madrastas”, é de Laura Soares. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com famílias recasadas, focada no tema das fratrias recompostas, a partir de entrevistas semiestruturadas com padrastos e madrastas. Os resultados mostram aspectos que podem ocultar necessidades particulares presentes nessas configurações familiares.
Finalizando esta edição, temos as seções. Ecos revisita o texto de Kenneth Gergen, “Rumo a uma ética relacional para a prática terapêutica”, e foi escrito por Cristiana P. G. Pereira, Monica O. Genofre e Simone Bambini Negozio. As autoras dividem a coordenação do ITFSP – Instituto de Terapia Familiar de São Paulo e relatam as ressonâncias em suas práticas que o artigo proporcionou. Nas palavras das autoras, o artigo “respalda teoricamente nossas ações, responde nossas inquietações e nos acompanha em nossas práticas nas salas de aula, atendimentos terapêuticos, projetos”. Por outro lado, lembram que o texto “traz definições da moralidade de primeira e segunda ordem convidando-nos à uma ética relacional que se estende também para nossa visão de mundo e postura de vida”.
Na seção Estante de Livros, Helena Maffei Cruz, nossa coeditora da NPS, conta-nos sua experiência de leitura do livro “O show do Eu: A intimidade como espetáculo”, de Paula Sibilia. Trata-se de um livro de temática muito atual e pertinente, comum em nossas experiências profissionais com terapeutas e importante tema para pesquisas. Helena nos estimula à leitura e a tecer ressonâncias e reflexões sobre o tema com nossas práticas e experiências pessoais
Temos também a seção Conversando com a Mídia, na qual Liana Fortunato Costa e Matheus Farage Fonseca nos convidam a refletir sobre o filme O lenhador. O texto busca identificar aspectos do processo de responsabilização do ofensor sexual sobre as violências sexuais cometidas contra crianças e/ou adolescentes explorados no filme, de forma a contribuir para a discussão de intervenções com este tema, focando no círculo protetivo.
Sem mais, em nome da equipe editorial da NPS, desejo uma excelente leitura!


Adriano Beiras - Coordenador editorial

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